Jack de LOST (1)

Um conto erótico de L. Amaral
Categoria: Homossexual
Contém 1006 palavras
Data: 05/05/2025 21:33:28

Eu quis caminhar um pouco, precisava me afastar de todo aquele caos. Sem rumo, andei pela areia e, perto de algumas árvores e rochas, alguém me chamou:

— Ei, você, venha aqui! Como se chama?

— Donnie — respondi.

— Donnie, eu preciso que você me ajude.

— O que você quer que eu faça?

Era um homem de cabelo curtinho e de rosto amigável. Ele mostrou suas costas ferida — um grande corte perto da cintura.

— Você vai ter que costurar.

— O quê? Mas eu nunca...

— Por favor, eu estou perdendo muito sangue. Não se preocupe, eu sou médico. Vou te explicar como fazer isso.

Fiquei quieto.

— Donnie, por favor.

— Tá, eu vou te ajudar.

Ele sorriu agradecido. Bebeu um gole de vodka, em seguida me deu uma garrafinha.

— Eu não bebo.

Ele riu e disse:

— Essa são para as suas mãos.

— Ah, certo.

Depois, me mostrou alguns tubos de linhas coloridas.

— Vai querer qual cor? Hehe — perguntei.

— Escolhe você — Ele sorriu também.

Com uma linha preta, comecei a suturar o ferimento. Enquanto era orientado pelo doutor.

— Você não me disse o seu nome — aventurei.

— Jack. O meu nome é Jack.

Então voltou a gemer de dor, quando eu enfiava a agulha em sua pele.

— Você sempre viaja com um kit médico, Jack?

— Não. Mas acho que agora eu vou cogitar essa ideia. Eu encontrei a linha e a agulha nos destroços.

— Quais são as chances de alguém viajar de avião com um kit de costura?

— Com certeza são maiores do que alguém sobreviver a um acidente aéreo.

48 sobreviventes de um voo de Sydney para Los Angeles. No entanto, o destino foi outro. Após um desvio, por causa de turbulências, caímos numa ilha. Sabe Deus onde.

— Você está bem? Não está machucado?

— Só com alguns arranhões — respondi.

Jack vestiu sua camisa e acrescentou:

— Posso dar uma olhada?

Então, mostrei meus machucados ao Jack.

— Seria bom esterilizar. Posso?

Assenti.

— Só vai arder um pouquinho.

— Eu aguento — falei.

— Tá bem. Hehe.

Depois de um tempo, segurando a dor, eu disse:

— Só vai arder um pouquinho? — debochei e soltei um gemido.

Jack riu. Ele segurava o meu pulso, enquanto limpava o meu braço.

— Eu já estou terminando. Pronto. Agora deixa ver o seu rosto — acrescentou.

Jack tocou o meu queixo, em seguida limpou o arranhão na minha testa.

— Prontinho.

— Obrigado, Jack.

Ao trocar olhares, sorrimos.

Jack parecia ser aquele tipo de pessoa que fica sério a maior parte do tempo, porém, carrega um belo sorriso consigo. Belos olhos também, olhos verdes. Por um instante, me perguntei o que será que ele pensava de mim, se tinha me achado interessante também. Provavelmente não.

Abaixei o olhar.

— Você tem um belo sorriso, Donnie.

Fiquei vermelho, mas, como a minha pele não era tão clara, não deve ter ficado tão aparente assim.

— Você ficou vermelho.

Me enganei outra vez.

Rimos.

— O seu sorriso também é bonito — comentei.

— Obrigado.

Por um momento tudo parecia tão tranquilo, apesar de estarmos náufragos naquela ilha.

Novamente na praia, Jack e eu nos separamos lá. Vasculhei os destroços, em busca de água e comida, e tentei ajudar alguém que precisa. Contudo, acabei ficando mais no meu canto. Eu quase chorei de felicidade quando encontrei a minha mala. A mantive à vista de mim, por onde eu andava, por exemplo, quando fui tomar banho no mar.

Mais tarde, fizeram fogueiras e a comida foi repartida com todos.

Eu estava sozinho perto do fogo, quando Jack me fez companhia.

— Por onde você esteve? — indaguei.

— Por aí. Hehe. Tem um homem com um ferimento na barriga. Um dos destroços o atingiu.

— É muito grave?

— É sim. Se o resgate não aparecer até amanhã eu vou ter que tirar aquilo da barriga dele.

Engoli em seco.

— E se não vierem, Jack? E se demorem para vir. Como vamos sobreviver aqui?

— Eles vão vir.

— Mas se não vierem?

— Eles vão vir.

— Eu já vi isso na tv, Jack. Quando acontece uma coisa dessas, não é tão fácil de se resolver.

Jack tocou no meu ombro.

— Ei, vamos dar um jeito — disse-me ele, confiante. — Ainda temos suplementos, a ilha vai nos fornecer comida e água. Tem muita gente aqui para ajudar, se desesperar é a pior coisa a se fazer agora.

Olhei para a fuselagem do avião, a maioria dos não sobreviventes estavam lá dentro.

— Me desculpa, Jack. Eu acho que ainda estou um pouco assustado com tudo isso.

— Ei, tudo bem — Jack me fez olhar para ele e completou: — Eu também estou com medo.

Eu sorri, aliviado.

— Você é de Sydney ou Los Angeles, Jack?

— Los Angeles.

— O que foi fazer na Austrália?

— Eu fui procurar uma coisa.

— E encontrou?

Após uma pausa Jack disse:

— Sim. Eu encontrei.

O semblante dele era pesado.

— Não parece que foi algo muito bom — comentei.

— Não — Jack virou o rosto para o lado. Olhos brilhantes — Não mesmo — repetiu.

Nesse momento, toquei no ombro dele.

— Jack...

Ele fungou o nariz antes de mudar o assunto:

— E quanto a você? De onde você é, Donnie?

— Eu sou de Sydney.

— O que ia fazer em Los Angeles?

Antes que eu respondesse, um estrondo veio da mata. Não muito longe, alguma coisa parecia arrancar árvores por onde passava. Isso durou quase um minuto, mas foi suficiente para apavorar a todos.

— Não estamos sozinhos — disseram.

E, enquanto a maioria conversava entre si, eu me dei conta de estar agarrado ao braço de Jack.

— Desculpa — falei e me soltei dele.

— Não precisa se desculpar — ele passou o seu braço por trás de mim e acrescentou: — Vai ficar tudo bem.

— Jack, eu posso ficar com você? Quero dizer, passar a noite perto de você?

— Claro.

Os meus olhos estavam lacrimejantes e o meu corpo, trêmulo.

— Ei, está tudo bem — Jack sorriu e acrescentou: — Eu não vou deixar nada acontecer com você.

Aproveitei o momento e deitei o meu rosto no peito forte do Jack e minha mão, na coxa dele. Apesar de tudo, me senti seguro. Me senti seguro com o Jack. E eu não sabia como eu estaria se ele não estivesse ali comigo. Suspirei, grato.

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