O frio da manhã cortava o apê, o vento assobiando pela janela entreaberta. Eu estava na cama, Grazi e Mari dormindo agarradas, o cobertor embolado nos pés. O celular vibrava na mesinha, me arrancando do sono. Peguei, esperando uma mensagem da minha mãe ou da Sônia. Mas era um número desconhecido, a foto minha e da Grazi entrando no prédio, a ameaça ainda ecoando: “Eu vou matar todos vocês! Vocês acabaram com a minha vida.” Meu coração disparou, o estômago revirando.
— Caralho, esse filho da puta não vai desistir. — murmurei, sentando na cama, o frio mordendo a pele.
Grazi abriu os olhos, o cabelo bagunçado, a voz rouca.
— Que foi, Biel? — perguntou, esfregando o rosto.
Mostrei o celular, e Mari acordou, puxando o cobertor.
— Meu Deus, é o Ricardo, né? Ou o Léo? — disse ela, os olhos arregalados.
— Não sei, amor. Mas a gente precisa levar isso pra advogada — respondi, o peso da ameaça me esmagando.
Tomamos café que descia amargo, embrulhando o estômago, e saímos pro escritório da advogada que a Mari tinha indicado. O inverno estava pesado, o vento seco levantando poeira. A advogada, uma mulher de uns 60 anos, óculos grandes, leu a mensagem e franziu a testa.
— Vamos rastrear o número, mas provavelmente é um chip descartável — disse ela, anotando algo. — Vou pedir uma medida protetiva contra o Ricardo e o Léo. A polícia está atrás deles, mas… eles são escorregadios.
— Escorregadios? Eles tão nos caçando, estávamos na frente do meu prédio! — pensei, a raiva subindo.
Na volta, liguei pra Sônia, que estava na casa dos meus pais. Contei da mensagem, e ela ficou em silêncio, a voz tremendo quando falou.
— Gabriel, a polícia achou coisas no notebook velho do Ricardo. Evidências de corrupção antiga… E mais.. Tinha coisa muito pior! Pornografia infantil — disse, quase sussurrando. — Não me disseram quem está nos vídeos. Estou com medo que seja… a Larissa, o Léo.
— Nossa Senhora — murmurei, o estômago embrulhado, sentindo o café me dar azia — Eles disseram mais alguma coisa?
— Um colega do Ricardo foi preso. Disse que ele tava numa cidade próxima, mas sumiu de novo — respondeu ela.
Falei com meu pai depois. Ele estava finalizando a venda do sítio, mas descobriu que o Ricardo tentou acessar os documentos da venda pela internet.
— O desgraçado está desesperado, Gabriel. Mas a gente vai proteger vocês — disse, a voz firme.
Larissa, que tava com a Sônia na terapia, contou pra psicóloga que o Léo gravava vídeos, incentivados pelo Ricardo. Aquilo caiu como uma bomba. E se os vídeos fossem deles? Ou de outras vítimas? O medo pesava em todo mundo.
— A gente precisa sair dessa, Briel — disse Grazi, abraçando a Mari no apê, o frio nos forçando a ficar colados.
— Vamos tirar uns dias. Todo mundo. A família inteira — sugeriu Mari, os olhos brilhando. — Um lugar quente, pras águas termais. Renovar a alma. O que acham de Caldas Novas?
Meu pai topou na hora, disse que pagaria tudo. A Sônia e a Larissa precisavam de um respiro, e a gente também. Era a chance de juntar a família, de lembrar que a gente tava vivo.
***
A viagem foi num sábado, dois carros cortando a estrada, eram aproximadamente 200km, o inverno seco deixando o céu claro. Eu, Grazi e Mari no nosso carro, ouvíamos músicas e conversávamos, parando numa lanchonete com pão de queijo quente e café.
Meus pais, a Sônia e a Larissa vinham no outro carro. A gente ria, falava do futuro: eu queria terminar engenharia, Mari sonhava com mestrado, Grazi tava atrás de um estágio. Até a Larissa, no outro carro, parecia mais leve, mandando áudios no grupo da família.
Chegamos em Caldas Novas à tarde, o hotel com piscinas termais soltando vapor no frio. Pegamos três quartos: um pra mim, Grazi e Mari; um pros meus pais; outro pra Sônia e Larissa. O cheiro de enxofre das águas enchia o ar, e o frio da noite contrastava com o calor das piscinas. Jantamos juntos, uma mesa cheia de risadas, como se o Ricardo e o Léo fossem só um pesadelo distante. Pelo menos ali ele não encontraria a gente e a gente se desconectaria um pouco dos pesadelos recentes.
— Tô feliz que a gente tá aqui — disse a Sônia, apertando a mão da minha mãe, os olhos brilhando.
— Também, amiga — respondeu minha mãe, com um sorriso que dizia tudo.
Eu sabia que não era só amiga, eram na verdade irmãs, mas elas ainda se chamavam assim em público.
Larissa ficou quieta, mas sorriu, o que já era muito. Eu olhei pra Grazi e Mari, o calor delas do meu lado, e senti que a gente ia sobreviver.
***
Naquela noite, no nosso quarto, o vapor da banheira termal subia, a luz suave do abajur iluminando a cama. Grazi tirou o moletom, uma calcinha branca de renda marcando as curvas, os seios livres, os bicos duros. Meu pau endureceu na hora, a bermuda apertando. Mari tirou o suas roupas completamente, a buceta brilhando, e me puxou pra um beijo, as línguas dançando, gemidos abafados.
— Venham para a banheira, seus safadinhos — sussurrou Mari, os olhos famintos, me puxando pela regata.
Entrei na banheira, a água quente abraçando a pele. Peguei o óleo de massagem na mesinha, espalhei nas costas da Grazi, minhas mãos deslizando, sentindo cada curva. Ela gemeu, me sentei na borda e ela se ajeitou com as costas em mim, enquanto eu beijava seu pescoço e orelhas, passava a mão em seus seios sentindo os mamilos firmes, não de frio, de tesão. Mari se ajoelhou e abriu as pernas de Grazi, beijando os seios dela, chupando os bicos, enquanto eu massageava as coxas, meus dedos roçando a sua buceta úmida.
— Meu Deus, Biel, toca ela. Ela é sua. — pediu Grazi, a voz tremendo, puxando meu cabelo.
Enfiei dois dedos dentro de sua bucetinha que brilhava, parece que havia passado óleo nela, senti o seu clítoris pulsando. Mari se abaixou mais e aproximou a língua, circulando entre meus dedos e a buceta de Grazi. Mari fazia esse jogo e subia lambendo os seios da Grazi, depois mudou, chupando o outro lado, nossas línguas quase se tocando. Ela vinha e me beijava também por cima do ombro de Grazi.
Grazi gozou, o corpo tremendo, um grito abafado pela mordida nos ombros de Mari.
— Minha vez — disse Mari, com um sorriso safado, deitando-se na beirada da banheira no lado oposto.
Chupei o clitóris dela, a língua dançando, enquanto Grazi beijava a boca da Mari, as mãos nos seios. Mari gemeu alto, as coxas apertando minha cabeça. Levantei, o pau duro como pedra, e meti nela, lento, sentindo ela apertar, o calor me envolvendo.
— Caralho, amor, mais forte — pediu Mari, as unhas cravando nas minhas costas.
Mudei o ritmo, metendo fundo, o som da água batendo. Grazi se posicionou atrás, beijando meu pescoço, a buceta roçando nas minhas costas. Mari gozou, apertando meu pau, o gemido dela me levando pro limite. Saí antes de gozar, me segurando o máximo.
— Ainda não acabou — sussurrou Grazi, puxando a gente pra cama.
Deitei, Grazi montou em mim, a buceta quente engolindo meu pau, os movimentos lentos, depois rápidos. Mari se ajoelhou, beijando os seios da Grazi, chupando os bicos. Minha mão esfregava o clitóris da Mari, que gemia baixo. Grazi gozou de novo, o corpo tremendo, eu ainda não havia gozado, o prazer me cegando. Mari gozou na minha mão, caindo do lado, rindo.
— Vocês são tudo pra mim — murmurei, puxando as duas pra um abraço, o cobertor nos cobrindo, o vapor ainda no ar.
— Te amo, Gabe — disse Grazi, beijando minha boca.
— Sempre juntos — completou Mari, o cabelo cacheado bagunçado, o sorriso brilhando.
Eu estava deitado, uma de cada lado, elas se abaixaram e vieram chupar meu pau ao mesmo tempo. Ambas revezavam, eu já não conseguia distinguir quem estava chupando aonde, eu queria olhar mas o tesão não deixava, a vista escurecia de tanto tesão.
Gozei como há tempos não gozava, enchendo a boca de ambas de porra que se beijaram compartilhando meu gosto.
***
Enquanto isso, no quarto ao lado, Nádia e Sônia se entregavam ao amor que o tempo nunca apagou. Enquanto Jorge estava na academia do hotel, Sônia invadiu o quarto de Nádia, queria conversar apenas, mas pegou a irmã tomando banho e não resistiu.
A luz do abajur jogava sombras suaves na cama, os cobertores caídos no chão. Nádia, nua, os cabelos molhados, beijava Sônia com urgência, as mãos explorando a pele conhecida.
Sônia lambeu os seios de Nádia, os bicos endurecendo sob a língua, os gemidos suaves enchendo o quarto. Nádia arqueou o corpo, a mão de Sônia descendo, acariciando a buceta, os dedos dançando até o orgasmo, um grito abafado.
Jorge entrou no quarto e viu a cena. Ele ficou assustado com o que viu, mas ele imaginava que isso poderia acontecer novamente uma hora ou outra.
Via ali as duas, o amor puro nos olhos delas, e sentou numa poltrona, sem se incomodar ou falar algo, as mãos cruzadas.
Não havia ciúme, só admiração.
Sônia olhou para ele, um sorriso tímido, sem se importar de estar nua na frente de seu cunhado, e continuou, beijando Nádia, os corpos colados.
Nádia gozou de novo, as lágrimas de Sônia caindo na pele dela, anos de repressão se dissolvendo.
Jorge ficou ali se masturbando vendo a cena e gozou no chão, sabendo que aquele amor era maior que ele, que ele não iria atrapalhar.
***
No corredor, Larissa caminhava, o roupão de algodão apertado contra o frio.
Queria falar com a mãe e foi em direção ao quarto de seus tios. Gemidos suaves escapavam, o som de Sônia e Nádia. Ela hesitou, o coração acelerado, sem coragem de abrir. Passou pelo quarto dos primos, os gemidos de Grazi e Mari misturados com a voz grave do Gabriel. O calor subiu pelo corpo dela, a vergonha lutando com o desejo.
No quarto, Larissa deitou, a janela mostrando o vapor das piscinas lá fora. Fechou os olhos, imaginando todos juntos: Gabriel fodendo Grazi, Mari chupando Sônia, ela no meio, as mãos de todos na sua pele. A mão desceu, o clitóris pulsando, os dedos rápidos. Imaginou os gemidos, os corpos suados, o amor que ela queria, mas não podia ter. Gozou em silêncio, o orgasmo misturado com lágrimas. O vazio voltou, a porta ainda fechada, a coragem longe.
***
Em nosso quarto, Mari deitou a cabeça no meu peito, Grazi do outro lado. O silêncio era gostoso, mas Mari quebrou, a voz suave.
— Sabe, a gente devia se assumir de vez. Como trisal. Não para todos, claro. Mas para a gente... E… se vocês quiserem, Gabe, Grazi, está liberado ficarem sozinhos às vezes — disse, olhando pra gente.
Meu coração deu um pulo, como se o chão tivesse sumido. Olhei pra Grazi, que tava com os olhos arregalados, a boca tremendo, uma lágrima brilhando na luz do abajur. Eu senti um nó na garganta, uma mistura de amor, medo e um tesão que não dava pra explicar. Assumir o trisal? Tipo, contar pros amigos, pra família, postar uma foto no Instagram com nós três de mãos dadas? Isso não seria possível claro, mas em lugares que não conheciam a gente? A idéia me excitava. Pensei no pesadelo que passávamos com Léo e Ricardo. Mas ali, com elas, parecia que a gente podia enfrentar qualquer coisa.
— Meu Deus, Mari, os três é… é perfeito — disse Grazi, a voz falhando, a lágrima caindo pelo rosto. — Nunca quis ficar só com o Biel, nunca passou pela minha cabeça depois de ver vocês juntos. Mas saber que você confia na gente, que aprova… isso dá um tesão foda.
Ela riu, enxugando o rosto com as costas da mão, e se inclinou pra beijar a boca da Mari, um beijo lento, cheio de amor, as línguas se tocando de leve. Eu tava sem palavras, o pau já meio duro só de pensar na liberdade que a Mari tava oferecendo, ainda mais vendo o beijo delas.
Não era sobre querer ficar só com a Grazi, era sobre a confiança, o amor que segurava a gente, como uma corda que nunca ia quebrar.
— Sério, amor, os três é o que me faz vivo — falei, a voz rouca, puxando as duas pra mim. — Mas… caralho, isso é quente. Você falando assim, me dá vontade de te comer de novo agora.
Mari riu, jogando o cabelo pra trás, e me deu um tapa leve no peito, os olhos brilhando com aquele fogo que me matava.
— Calma, Gabe, a banheira já viu ação demais hoje — disse, mas se inclinou pra me beijar.
Grazi se aninhou, as mãos acariciando o peito da Mari, e a gente ficou ali, beijando, rindo, o vapor nos envolvendo como uma cortina.
Pensei no futuro, em como seria assumir o trisal, como poderíamos nos esconder dos conhecidos e viver uma vida de trisal realmente na frente de quem não saberia que eu e Grazi somos irmãos.
O Ricardo ainda tava lá fora, o Léo com aquelas mensagens estranhas, o notebook com coisas que me davam náusea. Mas ali, naqueles minutos, era só a gente, nosso amor, nosso tesão.
— Vamos pensar direitinho, tá? Mas eu quero isso. Quero o mundo sabendo que vocês são meus! — disse Mari, sorrindo, os dedos traçando círculos na minha barriga.
— E você é nossa — respondi, beijando a testa dela, o coração cheio, o calor da banheira misturado com o frio da janela.
A gente se abraçou, as peles ainda quentes do banho, o cheiro de enxofre e óleo de massagem no ar. Fechei os olhos, imaginando a gente andando de mãos dadas, sem vergonha, sem medo. Era um sonho, mas com elas, parecia possível.
***
Na manhã seguinte, descemos para o café da manhã, o salão do hotel cheio de vozes, pratos tilintando, o vapor das piscinas lá fora brilhando pelas janelas grandes. Larissa estava sozinha numa mesa, mexendo num café com a colher, o olhar perdido, as olheiras marcando o rosto pálido.
Sentamos com ela, Grazi puxando uma cadeira com um sorriso, tentando trazer um pouco de leveza.
— Cadê os nossos pais, Lari? — perguntei, pegando um pão de queijo quente, o cheiro subindo, me lembrando das manhãs na casa dos meus pais.
Ela deu de ombros, olhando pro prato, desconversando, a voz quase sumindo.
— Devem ter saído… Sei lá — murmurou, mas depois baixou os olhos, as unhas brincando com a xícara. — Na real, não vou mentir para vocês, não quero mais isso na minha vida. Eles dormiram juntos. Os três. Minha mãe, a tia Nádia, o tio Jorge. Eu tava sozinha no quarto.
— Meu Deus, Larissa — disse Mari, os olhos cheios de pena, esticando a mão pra tocar a dela, os dedos apertando leve.
Larissa sorriu, meio forçado, o olhar voltando pro café. Eu olhei pra ela, tão frágil, e lembrei do meu aniversário, meses atrás, quando ela se jogou com a gente, os gemidos dela se masturbando, o corpo quente tremendo na minha frente.
Senti uma pontada de culpa, misturada com um carinho que pesava no peito. Ela tava quebrada, o Léo e o Ricardo tinham feito um estrago, e agora ela tava ali, tentando segurar as pontas sozinha.
— Você tá bem, Lari? — perguntou Grazi, a voz suave, tocando o ombro dela, o cabelo cacheado caindo no rosto.
— Tô tentando — respondeu Larissa, o sorriso um pouco mais verdadeiro, mas ainda fraco. — Quero seguir em frente, sabe? Deixar isso tudo pra trás. A terapia tá ajudando, mas… é foda.
— Você vai, mana. A gente está com você — falei, tentando soar firme, mas o peso das palavras dela ficou na minha cabeça.
Mari trocou um olhar comigo e com a Grazi, como se tivesse lido meus pensamentos.
Larissa terminou o café, falou de sua terapia, de tentar um curso novo, talvez algo com arte, que ela sempre gostou. Falou de mudar de cidade. Mas o jeito dela, tão sozinha, com aquelas olheiras, ficou grudado na gente. Peguei outro pão de queijo, mas o gosto parecia vazio, o pensamento nela me puxando.
— Você já pensou em voltar a desenhar? — perguntou Grazi, tentando animar. — Você era tão boa, Lari.
— Talvez — disse Larissa, os olhos brilhando por um segundo, como se lembrasse de algo bom. — Quem sabe, né?
A gente riu, tentando manter o clima leve, mas o peso da solidão dela tava ali, como uma sombra. Mari apertou a mão dela de novo, e eu senti que alguma coisa tava mudando, como se a gente pudesse ajudar, de algum jeito.
***
De volta ao quarto, Mari jogou a bolsa na cama, o cabelo cacheado solto, e olhou pra gente, séria, mas com um brilho nos olhos que eu conhecia bem. O quarto tava bagunçado, cobertores no chão.
— E se a gente tentasse incluir a Larissa na nossa brincadeira? — disse, a voz hesitante, mas decidida. — Não como fixa, mas… tipo uma namoradinha do trisal.
— Caralho, lembra do meu aniversário? — falei, o tesão subindo só de pensar na Larissa com a gente.
— Sério, foi quente pra caralho — disse Grazi, rindo, os olhos brilhando, mas depois ficou séria, mordendo o lábio. — Mas ela tá quebrada, Mari. O Léo, o Ricardo… não dá pra simplesmente jogar ela no meio da gente.
— Exato. Não é só tesão, é cuidar dela — disse Mari, assentindo, sentando na cama, as mãos cruzadas. — A gente precisa conversar com ela, entender como ela tá, o que ela quer.
Sentei do lado, o colchão afundando, o cheiro do enxofre me lembrando da banheira. Pensei na Larissa, no jeito que ela olhou pra gente no café, tão frágil, mas com uma faísca de vontade de viver. O tesão estava ali, claro, a memória do aniversário queimando, mas tinha algo maior.
Ela era da família, tava sofrendo, e a gente podia ajudar. Mas como? Jogar ela na nossa cama de novo podia ser foda, mas também podia machucar mais.
— Vamos com calma. Falar com ela, ver o que ela sente. Se for pra rolar, que seja com carinho — falei, e as duas assentiram, Grazi apertando minha mão, o calor dela me ancorando.
— Ela merece isso, Gabe. Alguém que cuide, que não use — disse Mari, o tom firme, os olhos brilhando com uma mistura de desejo e responsabilidade.
Concordamos que íamos abordar com cuidado, sem pressão. O tesão da ideia ficou no ar, como uma promessa, mas o peso de fazer a coisa certa era maior. Olhei para o quarto, a bagunça dos cobertores, a janela embaçada pelo vapor, e senti que a gente estava no caminho de algo novo, perigoso, mas talvez lindo.
***
À tarde, nas piscinas termais, o vapor subia alto, mas o frio da noite chegando apertava, o vento gelado batendo na pele molhada. Estávamos na piscina, eu, Grazi e Mari, rindo, jogando água, tentando esquecer o peso do mundo.
Larissa tava do outro lado, o maiô molhado colado no corpo, saindo pra se secar, o olhar meio perdido, os cabelos pingando. O vapor dançava ao redor, as luzes do hotel refletindo na água, e eu senti um nó no peito, uma mistura de carinho, tesão e medo do que tava por vir.
— Lari, espera! — chamei, nadando até a borda, o coração acelerado.
Ela parou, virou, o rosto iluminado pelas luzes, os olhos curiosos, mas com uma sombra de medo, como se tentasse ler a gente. O vento soprou, levantando o vapor, e ela apertou o roupão, tremendo, a pele arrepiada pelo frio.
— Vem pro nosso quarto. A gente quer conversar com você — falei, tentando soar leve, mas a voz saiu mais séria, o peso da ideia me puxando.
Grazi e Mari estavam do meu lado, sorrindo, tentando deixar o clima leve. Grazi jogou o cabelo molhado pra trás, Mari deu um aceno, mas os olhos delas estavam tão nervosos quanto os meus.
Larissa hesitou, o olhar indo de mim pra elas, as mãos apertando o roupão que ela estava vestindo como se quisesse se esconder. Mas então, um brilho passou pelos olhos dela, algo entre curiosidade e coragem, e ela assentiu.
— Tá. Vamos — disse, a voz baixa, quase engolida pelo som da água, mas com uma firmeza que me surpreendeu.
Subimos juntos, o corredor do hotel gelado, nossos corpos pingando no chão. Ela caminhava do nosso lado, o silêncio cheio de possibilidades, de perguntas sem resposta. Pensei no Ricardo, no Léo, tudo ainda me dava pesadelos mesmo acordado.
Mas ali, com Grazi e Mari, e agora a Larissa indo com a gente, parecia que a gente podia construir algo novo. Ou quebrar tudo de vez.