Onde o Sol se Esconde (Capítulo 19 FINAL)
1. O banho juntos
Era final de tarde, e o calor do verão deixava o ar quase pesado.
Teo chegou do trabalho suado e cansado, largando a mochila no sofá.
Samuel veio logo atrás, já sem camisa, sorrindo daquele jeito que deixava Teo sem ar.
— Vem, amor — chamou, puxando-o pela mão —, vamos tomar um banho.
Teo sorriu cansado.
De mãos dadas, foram para o pequeno banheiro.
A água caiu morna sobre eles, lavando o cansaço do dia.
Debaixo do chuveiro, os beijos foram lentos, cheios de carinho.
Samuel ensaboava o corpo de Teo com movimentos suaves, como se estivesse cuidando de algo frágil e precioso.
Teo fechou os olhos, rendendo-se completamente àquelas mãos.
Ali, sob o som da água e das respirações misturadas, o mundo inteiro parecia muito distante.
Só existiam eles dois.
**
2. Cozinhando juntos
No sábado, resolveram tentar fazer pizza.
A cozinha virou uma bagunça: farinha no chão, molho de tomate espirrando, risadas que ecoavam pelas paredes.
Samuel tentava abrir a massa, mas acabava errando e deixando tudo torto.
Teo ria tanto que mal conseguia ajudar.
— Você não serve pra pizzaiolo, amor — brincou, limpando a testa de Samuel com um beijo.
— Mas sirvo pra outra coisa... — respondeu Samuel, abraçando Teo por trás e mordendo de leve seu pescoço.
Teo riu, fingindo protestar, mas logo se virou e beijou Samuel com vontade.
A pizza saiu horrível.
Mas aquela noite, deitados no chão da cozinha, comendo pedaços queimados e rindo, foi uma das melhores da vida deles.
**
3. Um presente inesperado
No aniversário de Samuel, Teo acordou cedo.
Preparou um café da manhã especial — pão feito em casa, frutas, suco — e colocou tudo numa bandeja.
Em cima, uma pequena caixa embrulhada.
Quando Samuel acordou, Teo entrou no quarto com a bandeja nas mãos.
— Feliz aniversário, meu amor.
Samuel, ainda sonolento, sorriu largo.
Dentro da caixa, encontrou um anel simples de prata, com as iniciais deles gravadas por dentro:
S & T.
Samuel chorou na hora.
Abraçou Teo tão forte que quase derrubou a bandeja.
E ali, no meio da cama bagunçada e dos risos emocionados, se beijaram com uma paixão serena, feita de anos de promessas silenciosas.
**
4. No sofá, à noite
Era uma noite fria.
Eles se enroscaram no sofá, debaixo de um cobertor velho.
Samuel lia em voz baixa um livro, a cabeça de Teo repousando em seu peito.
De vez em quando, Teo fechava os olhos, só ouvindo a voz quente e grave de Samuel preenchendo o silêncio.
Uma mão acariciava devagar as costas de Teo.
Entre uma página e outra, trocavam beijos preguiçosos, risadas baixas.
Era nesses pequenos momentos que sabiam:
tinham vencido.
No coração daquela casinha simples, havia mais do que móveis, livros e memórias.
Havia amor.
Havia eternidade.
O sol de outono pintava a estrada de dourado quando Teo e Samuel estacionaram em frente à grande casa branca, cercada por árvores e pelo riso leve das crianças brincando no jardim.
Era o novo lar de muitos meninos e meninas — o lar que Dona Clarice e irmã Helena tinham ajudado a construir com tanto esforço, depois de toda a dor.
Samuel olhou para Teo e sorriu.
— Vamos?
Teo assentiu, o coração batendo rápido.
**
Assim que entraram, uma pequena multidão de crianças correu para abraçá-los, reconhecendo os dois como velhos amigos, heróis silenciosos da história deles.
No meio da confusão alegre, uma figura conhecida apareceu no topo da escada.
Guto.
Agora com 16 anos, mais alto, com os cabelos desgrenhados e o sorriso largo que tanto tinham sentido falta.
Ele desceu correndo e se jogou nos braços de Teo e Samuel ao mesmo tempo.
— Eu sabia que vocês viriam! — disse, rindo e chorando ao mesmo tempo.
Teo apertou o irmão de coração contra o peito, sentindo a alegria quase doer.
Samuel bagunçou o cabelo de Guto, os olhos brilhando.
— Você tá enorme, moleque.
Guto riu, envergonhado, e puxou os dois para dentro.
**
Na cozinha, Dona Clarice preparava café, rindo baixinho enquanto observava a cena.
Ela os abraçou forte, emocionada, como uma mãe que vê seus filhos voltando para casa.
— Vocês são minha maior felicidade — disse, com a voz embargada.
Teo beijou a testa dela.
Samuel segurou sua mão.
Ali, entre o cheiro de bolo saindo do forno, o barulho de crianças correndo, e o calor de reencontros verdadeiros, eles souberam:
não existia mais orfanato.
Só existia família.
**
À noite, depois de ajudarem a colocar as crianças para dormir, Teo, Samuel e Guto ficaram sentados no jardim.
O céu estava limpo, as estrelas salpicando a escuridão.
Guto encostou a cabeça no ombro de Teo, suspirando.
— Vocês são minha família, né?
— Sempre fomos — respondeu Samuel, olhando para as estrelas.
Teo passou o braço pelos ombros de Guto e estendeu a mão para entrelaçar os dedos nos de Samuel.
Ficaram assim, em silêncio.
Sem medo.
Sem dor.
Apenas juntos.
**
No coração da noite, onde o sol se escondia para descansar, havia uma promessa silenciosa:
**Eles tinham sobrevivido.
Tinham amado.
Tinham vencido.**
E agora, o mundo inteiro estava à frente deles, aberto como uma estrada iluminada pelo nascer do sol.
Fim (ou melhor... um novo começo.)
EPÍLOGO
Cinco anos depois...
O vento do mar brincava com os cabelos de Teo, enquanto ele ajeitava a toalha na areia.
Samuel, alguns metros adiante, corria na beira da água, sorrindo como um garoto, as calças dobradas até os joelhos.
Teo o observava com um amor calmo, maduro — daqueles que resistem a tudo.
Tinham passado por tanto...
E agora, estavam ali: livres, felizes, juntos.
**
Depois que completaram dezoito anos, tinham se mudado para um pequeno apartamento perto da praia.
Trabalhavam, estudavam, viajavam quando podiam.
Guto, agora com vinte e um anos, estudava pedagogia e ajudava Dona Clarice na casa-lar que crescia a cada ano.
A família, aquela verdadeira, continuava forte, mesmo à distância.
**
Samuel voltou da água, rindo, e se jogou ao lado de Teo, molhando tudo.
— Eu te amo, sabia? — disse, com aquela simplicidade que só ele tinha.
Teo sorriu, o coração ainda disparando como da primeira vez.
— Eu sei — respondeu, puxando Samuel para um beijo demorado.
Um beijo que dizia "obrigado", "você é tudo", "nunca mais vou soltar sua mão".
**
Naquela noite, no pequeno quarto com vista para o mar, eles fizeram amor devagar, sem pressa, como quem sabe que o tempo está, enfim, do lado deles.
Depois, deitados abraçados, ouviram o som das ondas batendo na praia.
Teo acariciou os cabelos de Samuel e sussurrou:
— Nós vencemos.
Samuel sorriu contra sua pele.
— Sempre venceremos.
E adormeceram assim.
Do lado de dentro, dois corações batendo em perfeita sintonia.
Do lado de fora, onde o sol se escondia, as estrelas brilhavam em nome deles.
**
Fim.