Família em primeiro lugar — essa sempre foi a minha principal regra. Mesmo tendo saído de casa, eu sempre me mantive presente na vida dos meus pais. Mesmo o velho não falando mais comigo, eu fazia questão de almoçar em casa e me preocupar com os problemas de todos.
— Cláudio, seu avô está passando aí. Ele disse que vai se acomodar no seu apartamento, que você não tem problema com isso — dizia minha mãe ao telefone, enquanto eu abaixava o som do rádio. Estava bebendo Montilla com Coca, me preparando para jogar um game. Ela continuou: — Ele já deve estar chegando.
— Fica tranquila, mãe. Eu resolvo — sentei-me na cama, incrédulo.
— Faça ele voltar para casa. Se seu pai chega aqui e descobre isso… — minha mãe falava com tormento.
O interfone tocou enquanto ela ainda falava.
— Acho que são eles. Depois te ligo. Te amo — falei, desligando o celular. Atendi o interfone imediatamente. Jailson então falou:
— Tem um senhorzinho e uma coroa aqui na frente. Pode subir, chefe? — Ao fundo, eu podia ouvir a voz do meu avô reclamando na portaria.
— É o meu avô e a cuidadora dele. Ajude-os com as coisas, te devo essa — respondi.
Poucos minutos depois, a campainha tocou. Abri a porta e lá estava ele: o velho de sempre, com a cara fechada, carregando uma mala surrada em uma mão e uma bengala na outra. Ao lado, Lídia, a cuidadora, sorria como se estivesse chegando de férias, e não fugindo de uma confusão familiar. Jailson carregava uma outra mala na mão e a deixou na porta, agradeci meu velho amigo, ele apenas sorriu e voltou para o seu posto.
— Você tá com uma cara péssima, menino — foi a primeira coisa que meu avô disse, empurrando a mala para dentro do apartamento sem esperar convite.
— Boa tarde pra você também, vô. Podem entrar. A casa é de vocês — respondi, dando espaço.
— Por pouco tempo — resmungou, passando por mim. — É só até a poeira abaixar. Depois volto pro meu canto.
Lídia entrou logo atrás, trazendo uma bolsa menor. Os olhos dela brilharam ao me ver, e o sorriso se abriu ainda mais.
— Cláudio! Quanto tempo! Já faz uns dois anos? ficou mais bonito — ela disse, tocando levemente meu braço ao passar. — E esse cheirinho de Montilla... ainda tem os mesmos gostos?
Ri sem graça, fechando a porta atrás dela.
— E você ainda é direta, hein, Lídia? — comentei, tentando manter o tom leve.
Ela deu uma risadinha, ajeitando os cabelos atrás da orelha. — Melhor ser direta do que desperdiçar boas oportunidades, não acha?
Meu avô nem se virou. Já estava deitado no sofá, suspirando alto como se fosse o dono do lugar.
— Essa cama é firme? Minhas costas não aguentam colchão mole. E eu não gosto de barulho, nem de luz acesa à noite. E nada de música alta, hein, moleque?
— Sim, senhor — respondi, já me arrependendo um pouco.
Lídia se aproximou e sussurrou, meio divertida:
— Ele resmunga, mas tá adorando estar aqui. E entre nós… acho que ele precisava disso mais do que imagina.
— Você também, né? — perguntei com um sorriso de canto. Não podia deixar de dar em cima daquela morena rabuda.
Fui até a cozinha preparar algo leve pra eles. Enquanto isso, pensava em como os próximos dias iam ser. Família em primeiro lugar, né? Mas às vezes, família vem com um pacote surpresa — e, aparentemente, com segundas intenções.
A noite caiu sem muitos incidentes. Fiz um macarrão improvisado, meu avô reclamou do sal, Lídia elogiou como se eu fosse um chef de reality show, e depois cada um se recolheu para seu canto. Eu estava no quarto, já com o controle na mão, afundado no colchão, tentando relaxar no game, mas com a cabeça latejando sobre a presença do velho ranzinza e os sorrisos provocantes de Lídia.
Lá pela madrugada, com o silêncio dominando o apartamento e o som do ventilador abafando os pequenos ruídos da cidade, a porta do meu quarto se abriu devagar.
— Cláudio… — sussurrou Lídia, entrando de camisola clara, fina, quase translúcida na luz fraca do corredor. Ela fechou a porta atrás de si. Na mão, algo que eu reconheci na hora: o pequeno pote de metal cromado que eu escondia no fundo da gaveta.
Sentei na cama, imediatamente alerta. — Onde você achou isso?
— No fundo da gaveta, atrás das suas meias. Estava procurando um cobertor pro seu avô, mas parece que encontrei um segredo. — Ela fechou a porta com um clique seco, sem tirar os olhos de mim. — Vai me contar o que é isso… ou prefere que eu adivinhe?
Tentei manter a compostura. — Não é nada sério. Só um extra. Não uso. Vendo pouco. Só pra manter as contas em dia.
Ela se aproximou lentamente, olhando para o pote e depois para mim.
— Um rapaz bonito, com um apartamento só dele, inteligente… e ainda por cima perigoso? — Ela sentou-se ao meu lado, tão perto que consegui sentir o perfume leve que usava. — Não sei se fico preocupada ou interessada.
Engoli em seco.
— Lídia, se você vai me dar um sermão, talvez seja melhor amanhã…
— Quem disse que eu vim aqui pra isso? — Ela sorriu, colocando o pote na mesinha de cabeceira. Depois virou-se pra mim, com uma expressão que beirava o desafio. — Eu te conheci ainda adolescente. Agora tá aqui… homem feito, cheio de segredos. Você sempre me olhou diferente, Cláudio. Achei que era só coisa da minha cabeça.
— Não era. Nunca foi.
Ela deslizou a mão pelo lençol até tocar meu joelho. — Então por que nunca fez nada?
— Porquê da última vez não tivemos tempo… — respondi, sentindo a tensão no ar engrossar como fumaça.
— E agora estou aqui. No seu quarto. No meio da noite. — Ela passou os dedos lentamente pela minha coxa. — O que vai fazer com isso?
Me inclinei devagar, testando o momento, e ela não recuou. Pelo contrário, se aproximou mais, os olhos fixos nos meus. Quando nossos lábios se encontraram, foi como um estouro contido. A tensão, a curiosidade, o perigo — tudo explodiu ali, entre beijos famintos e toques exploratórios.
Ela subiu na cama, montando sobre mim com um sorriso malicioso.
— Só uma coisa, Cláudio… — murmurou no meu ouvido — Se você continuar nesse caminho, vai acabar se metendo em algo bem mais perigoso do que eu.
— E você é perigosa?
Ela riu, puxando meu cabelo suavemente.
— Você ainda não viu nada.
O quarto ainda carregava o calor dos beijos que trocamos minutos atrás. Lídia se deitou ao meu lado, com os cabelos espalhados no travesseiro e um brilho novo nos olhos. Ela sorria, meio ofegante, os lábios vermelhos e inchados pelos beijos longos e desesperados que nos prendiam um ao outro desde que entrara no quarto. Ela tinha um beijo muito gostoso, ela sugava a minha língua e passava a mão no meu pênis me deixando completamente melado. Então ela disse.
— Cláudio… — ela disse, quase num sussurro. — Nunca tomei LSD.
Me apoiei no cotovelo, olhando pra ela com certa surpresa.
— Sério? Você parece o tipo de pessoa que já viu de tudo.
— Ver não é o mesmo que sentir — respondeu, olhando o teto com um sorriso suave. — Quero saber como é. Quero experimentar… com você aqui.
— Lídia, isso não é brincadeira. É forte. É outro tipo de viagem.
Ela virou o rosto devagar pra mim, ainda sorrindo.
— Não quero brincar. Quero viver. Eu confio em você… e hoje é como se alguma coisa tivesse me puxado pra isso. Pra você. — Ela estendeu a mão, tocando meu rosto com delicadeza. — Me mostra.
Hesitei por alguns segundos. Peguei o pequeno pote do criado-mudo e retirei uma das doses. Entreguei a ela com cuidado.
— Vai com calma. Só uma. Coloca na língua e deixa acontecer.
Ela obedeceu sem hesitar. Fechou os olhos e deixou o papel tocar sua língua, depois o engoliu com um gole de água. Voltou a deitar, cruzando os braços atrás da cabeça, o corpo relaxando.
— E agora?
— Agora espera. Sente.
Os minutos passaram em silêncio. Aos poucos, o olhar dela foi mudando. Começou a sorrir sem motivo, a tocar o lençol como se fosse feito de nuvens.
— Nossa… — disse, num tom encantado. — Tá tudo vibrando. As cores… você viu essas cores, Cláudio?
— É normal. Só respira.
Ela se virou pra mim de novo, os olhos brilhando de um jeito novo — uma mistura de euforia, admiração e desejo. Tocou meu rosto com as pontas dos dedos, devagar.
— Você tá lindo. Tá vivo. Sua pele… parece que tá cantando. — Ela deu uma risada baixa. — Isso é surreal.
Me aproximei mais, e ela veio ao encontro dos meus lábios. O beijo foi lento no começo, mas logo cresceu em intensidade. Beijamos como se o mundo fosse acabar ali mesmo. Os corpos se enlaçaram por cima do lençol, mas não passamos disso. Era como se tudo estivesse em ponto de ebulição, mas ainda contido.
— Se a gente fizer isso agora… — ela disse, com a testa encostada na minha — vai ser por impulso. Eu quero… mas quero consciente também. Quero lembrar de cada segundo.
— Eu também — respondi, acariciando seus cabelos.
Ficamos ali, nos beijando mais, rindo, respirando juntos no meio daquela viagem compartilhada. O desejo era latente, mas havia algo mais — uma conexão inesperada, quase pura, quase perigosa.
-Eu quero fazer com você, eu quero muito - Lídia voltou a me beijar e abaixou meu shorts, eu estava sem cueca, meu pau saltou pra fora, as veias pulsavam enquanto ela o segurou e colocou seu shortinhos de lado, a danada também estava sem calcinha, ela já tinha planejado tudo.
Fodi com ela ali na minha cama, meu avô no quarto ao lado, eu tampava a sua boca com as minhas mãos enquanto metiamos sem parar, Lídia tinha um fogo que era difícil apagar, foi a mulher que mais me fez suar, valeu muito a pena.
Pela manhã o cheiro de café fresco se espalhava pela cozinha quando me encostei na bancada, ainda com a camisa amassada da noite anterior. A luz da manhã entrava pela janela, suave, quase cúmplice. Lídia já estava lá, de costas, mexendo uma panela com ovos mexidos, o cabelo preso num coque bagunçado e uma camiseta minha cobrindo o corpo como se fosse um vestido.
Ela virou ligeiramente a cabeça, me lançando um olhar rápido por cima do ombro. Um sorriso surgiu no canto da boca. O mesmo sorriso de ontem à noite.
— Bom dia — disse, com a voz baixa, mas carregada de algo que só nós dois entendíamos.
— Bom dia — respondi, a garganta seca sem nem ter tomado o café ainda.
Ela voltou a mexer a panela, mas seus quadris balançavam sutilmente, de um jeito que parecia de propósito. Me sentei à mesa, e instantes depois meu avô apareceu, arrastando os chinelos.
— Espero que esse café esteja forte — resmungou, sentando-se com aquele jeito de velho emburrado que parecia eterno.
— Tá forte sim, seu José — disse Lídia, colocando a xícara na frente dele com todo o cuidado do mundo. A voz dela mudava na frente dele — doce, atenciosa, quase maternal. Mas quando voltou à cozinha, passou atrás de mim e roçou os dedos de leve na minha nuca ao pegar os pratos.
Arrepiei inteiro.
Sentei mais reto, tentando disfarçar enquanto meu avô comentava alguma coisa sobre a política do bairro, sem nem olhar pra mim. Eu só tinha olhos pra Lídia, que agora colocava os ovos na mesa e me servia com um olhar lento, provocante, como se estivesse dizendo “lembra de ontem?” sem precisar abrir a boca.
— Dormiu bem, vô? — perguntei, tentando parecer natural.
— Com o barulho do ventilador? Mais ou menos. E o colchão tá mole. Parece cama de motel barato — ele resmungou entre goles de café.
Lídia me olhou e mordeu o lábio para não rir. Eu desviei o olhar, mas senti o calor subir pelo pescoço. A tensão entre nós era quase palpável, como uma corda esticada prestes a arrebentar.
Ela se sentou à minha frente, cruzando as pernas devagar, o olhar fixo no meu enquanto levava uma colherada de ovo à boca com uma sensualidade casual. Era quase um jogo. E só eu estava jogando com ela.
— Cláudio — ela disse, com aquele tom doce que só nós dois sabíamos que era pura provocação — depois do café, pode me ajudar a encontrar o cobertor do seu avô? Aquele armário tá uma bagunça…
— Claro. O que você quiser.
O velho nem olhou pra nós. Continuava absorto em sua torrada e no noticiário da televisão.
Mas eu sabia que mais tarde, naquele mesmo armário ou em qualquer outro canto da casa, aquela tensão ia explodir de novo.
E dessa vez, sem freio.