O internato - Capítulo 1

Um conto erótico de Bernardo, Daniel e Theo
Categoria: Gay
Contém 5078 palavras
Data: 17/05/2025 13:26:13
Última revisão: 18/05/2025 00:12:03
Assuntos: Gay, Amor

Aviso Legal

Esta é uma obra de ficção. Todos os personagens, acontecimentos, locais e situações descritos são frutos da imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, eventos históricos, instituições ou fatos é mera coincidência.

O autor não compactua, não incentiva e não endossa qualquer tipo de conduta ilícita, inadequada ou ofensiva que possa eventualmente ser mencionada na narrativa. O conteúdo aqui apresentado tem o único propósito de entreter e explorar aspectos fictícios da imaginação humana.

As idades dos personagens foram omitidas e ficarão por conta da imaginação de cada leitor.

Leitura recomendada para maiores de 18 anos.

Sinopse

Em um internato tradicional onde a juventude tenta encontrar seu lugar, três garotos vivem conflitos intensos que desafiam suas próprias verdades. Bernardo é um adolescente gay que ainda não teve coragem de se assumir. Theo, seu colega de quarto, é um jovem assumido, mas marcado pela rejeição do pai homofóbico e pela indiferença da mãe diante da sua sexualidade. Daniel, irmão de Theo, chega ao internato com uma namorada e a certeza de ser heterossexual — até a primeira noite, quando um beijo inesperado com Bernardo começa a despertar dúvidas profundas sobre quem realmente é. Em meio a medos, descobertas e confrontos familiares, os três precisam decidir até onde vão para viver seus sentimentos e serem fiéis a si mesmos.

Capítulo 1: Boas-vindas!

Bernardo

Abri os olhos e percebi que já não estávamos mais no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. O cenário tinha mudado totalmente. Agora era só estrada, morro e mato pra todo lado. Mas o que me chamou mesmo a atenção foi o baita colégio que surgiu do nada. Um monte de prédio de no máximo seis andares, cercado por uma cerca de ferro gigante. O portãozão escancarado e uma fila de carrão dando a volta num chafariz enorme, até parar num estacionamento gigante.

– É ainda maior do que eu lembrava – disse meu pai, desligando o carro. – E aí, o que achou, Bernardo?

– É um monstro de grande – respondi, pegando minha mochila e descendo do carro.

A primeira coisa que senti foi o clima mais fresco do lugar, aquele cheirinho bom de mato, de árvore, de grama recém cortada. O coração tava batendo que nem cavalo em disparada – eu não fazia ideia do que me esperava naquele lugar.

Meu pai me abraçou todo orgulhoso. Eu tinha conseguido entrar naquela escola, considerada uma das melhores do país, igualzinho ele tinha feito quando era guri. Acho que nunca vi ele tão emocionado comigo. Não que eu fosse bagunceiro ou coisa parecida – sempre fui estudioso e quieto – mas meu pai sempre esperou mais. Sempre exigiu o máximo. E agora, com meus (1x anos), eu tinha arrancado duma vez a frase que mais queria ouvir dele:

– Tô orgulhoso, Be – disse, botando a mão no meu ombro. – Te diverte, mas não te esquece dos estudos.

– Pode deixar, pai – respondi, engolindo as lágrimas que já tavam querendo saltar dos olhos.

Peguei minhas malas e fui indo com o resto da gurizada até o saguão principal. Era gente pra todo lado, todo mundo meio perdido e curioso. Os alunos iam dos (1x até os 1x) anos, que já estavam se achando, rindo e se abraçando na fila pra saber em que quarto iam cair naquele ano. Nós, os calouros, távamos mais era tremendo de medo – ninguém queria cair com algum chato, porco ou metido a valentão.

No meu caso, o medo era outro também. Eu sou gay. E sabia que não ia conseguir esconder isso por muito tempo. Meus pais nem desconfiam, mas eles vivem trabalhando, só me veem na janta. Já o colega de quarto... bom, esse ia passar o dia inteiro comigo. Cedo ou tarde ia perceber quem eu sou.

Do nada, uma guria de uns (1x anos) largou as malas e deu um grito, correndo pelo saguão. Se atirou nos braços de um guri que tava no início da fila. Quase fiz o mesmo, porque... bah, que guri!

Devia ter uns dezoito anos, corpo forte, pele clara, cabelo loiro escuro, liso e meio bagunçado – dava um ar rebelde. Mas os olhos... azuis, profundos, com um jeitão de quem era do bem. Usava calça jeans justa e camisa preta que marcava bem o peitão. Me peguei encarando o volume da calça dele e, antes que me desse conta, já tava imaginando a gente dividindo o quarto... e a minha boca descendo pelo corpo dele até o pau.

– Bah, parece que tu vai desmaiar a qualquer momento – uma voz me puxou de volta pra realidade.

Me virei e dei de cara com um guri baixinho, magro, com umas mechas azuis no cabelo loiro.

– N-não... eu... eu... gaguejei, apavorado de ele ter percebido o que eu tava pensando.

– Tava imaginando tu e o Daniel Villela na mesma cama? – disse ele, com um sorrisinho safado. – Acredita, tu não é o único. Ele é bonito mesmo. Prazer, Théo.

– Bernardo – respondi, apertando a mão dele. Era macia, delicada. Ele usava uma camisa branca cheia de caveirinhas pretas.

Fiquei um tempão conversando com o Théo, e confesso: gostei dele. Ele era de Petrópolis, bairro de Porto Alegre, morava com a mãe e dois irmãos, e era gay assumido. Deu um gelo no estômago na hora, porque eu ainda tava no armário, né? Mas vi que a convivência com ele ia ser inevitável.

Ele tinha (1x anos) e, como eu, tava no primeiro ano. E pra completar, quando chegou nossa vez na fila, descobrimos que íamos dividir o quarto. E sem chance de trocar.

Na hora pensei: "Pronto. Vão me chamar de viado o ano inteiro." Mas, no fundo, tava aliviado. O Théo era alguém que entendia o que eu era.

– E aí, tu tem namorado? – ele perguntou, enquanto guardava as roupas no armário ao lado da cama, no nosso quartinho do segundo andar.

– Tava tão na cara assim que eu sou gay? – perguntei, já aceitando que esconder de Théo ia ser impossível.

– Com a tua cara quando viu o Daniel? – ele debochou – Só faltou uma placa de neon piscando: Bicha histérica. Foi hilário.

Soltei uma gargalhada, imaginando minha cara mesmo.

– Mas ele é um gato! – falei, surpreso de como tava à vontade de dizer isso em voz alta. – Tem um ar rebelde que... sei lá! Acho que são aqueles olhos azuis, bem penetrantes.

– Ele é bonito, sim, mas se fosse tu, desistia logo – disse Théo, tirando um urso de pelúcia gigante da mala e botando na cama. – O Daniel é hétero.

– Como tu sabe? – perguntei, percebendo pela primeira vez que Théo sabia o nome completo do guri.

– Acho que conheço meu irmão mais velho – respondeu ele, com um sorrisinho maroto.

Fiquei olhando melhor pro Théo. Tinha razão. O mesmo cabelo loiro e liso, os olhos azuis, a pele clara.

– Não sabia – confessei, vermelho que nem pimentão.

– Tá tudo certo – disse ele, empurrando a mala vazia debaixo da cama. – Só quis te avisar pra tu não te decepcionar.

– Valeu – agradeci. – Aquela guria que abraçou ele...

– É a namorada – respondeu antes de eu terminar – Bonita até, mas um porre de fútil. Só que ele gosta dela, então... – deu de ombros e se jogou na cama.

Daniel

– Vocês vão na festa hoje à noite? – perguntou Samuel, meu melhor amigo e colega de quarto, enquanto a gente descia os degraus do prédio do dormitório masculino.

– Mas é claro que sim! – exclamou Léo, com aquele entusiasmo de sempre. – Jamais perderia a chance de pregar uma peça nos bixos!

O trote dos calouros era uma velha tradição no Colégio Imperial, onde os guris do terceiro ano aprontavam alguma pegadinha com os do primeiro. Uma espécie de batismo mesmo.

As regras eram claras: ninguém podia soprar nadinha pros bixos, pra eles serem pegos de surpresa. Os trotes não podiam causar ferimentos nem colocar ninguém em risco. E, acima de tudo, tinha que ser divertido pra todo mundo — até pros calouros, depois do susto.

Lembro do meu primeiro ano... Os veteranos nos levaram até a quadra, mandaram tirar tudo, só ficando de cueca mesmo. Depois nos cobriram de tinta fluorescente e fizeram a gente marchar pelo pátio cantando o hino nacional. Claro que o diretor, seu Cornélio, ficou furioso. Disse que era uma “afronta à pátria”. Todo o terceiro ano tomou uma semana de detenção, mas saíram faceiros. Na formatura deles, passaram um slide com os “melhores momentos”, e lá estávamos nós, marchando pelados de tinta verde e cantando. Foi hilário.

– Já sabem qual vai ser o trote desse ano? – perguntei, enquanto a gente atravessava o pátio em direção à arquibancada onde o diretor daria as boas-vindas.

– Vi no Face que o Rafa, a Júlia e o Vini tão organizando – comentou Léo. – Vai ter uma reunião do terceiro ano depois do discurso do diretor.

– Seja o que for... vou pedir pra pegarem leve com o Théo – falei.

– Deixa de ser mãezona, Daniel – disse Samuel, com uma risadinha. – Teu irmão já tem (1x anos), já pode se virar. Já é quase um homem... mais ou menos, né.

Ri e empurrei ele de leve no ombro. O Théo é gay assumido desde os (1x anos). Pra mim, isso nunca foi problema. Na verdade, sempre achei ele muito mais corajoso que muito marmanjo por aí. Ele se levantou num jantar em família, um daqueles raros momentos em que todo mundo estava junto, e disse: “Eu sou gay”.

O silêncio que se seguiu foi gelado. Lembro do olhar dele – tentando parecer firme, mas eu via o medo por trás. Meu pai só se levantou da mesa. Minha mãe ficou meio sem chão, e tentou acompanhar ele.

– Amor? – ela chamou, fingindo que não tinha escutado o Théo – Amor? Me desculpem, meninos... Eu só... – e saiu junto com ele, sem dizer mais nada.

Théo olhou pra mim e pra nossa irmã mais velha, a Fernanda. A pose desabou e as lágrimas começaram a cair.

– Podem ir também – ele disse, com a voz tremendo – Eu não preciso de vocês.

Eu levantei e fui até ele. Abracei forte. A Fernanda veio junto. A gente não falou nada, mas ele entendeu. A gente tava do lado dele. Sempre.

– Ele é mais homem que muito macho por aí – falei, firme.

– Pra aguentar o que ele aguenta, tem que ser gaúcho raiz mesmo – Léo zombou, mas com carinho.

Se fosse qualquer outro falando, eu ia ficar puto. Mas o Samuel e o Léo conhecem o Théo. Gostam dele de verdade. E aqui, tudo vira piada mesmo. É o jeito deles de lidar com as coisas.

– Falando no diabo... – anunciou Samuel, apontando.

Me virei e lá vinha o Théo, com um piá alto, corpo bem definido, cabelo castanho com franja caindo nos olhos. Aquele tipo de guri que tu vê na rua e vira o pescoço.

Mas tinha algo diferente nele. Os olhos verdes me encararam por um segundo, e foi como se o chão sumisse debaixo dos meus pés. Meu coração disparou, parecia que o colégio inteiro podia ouvir. Borboletas no estômago? Não... era um enxame inteiro. A pele arrepiou, mesmo com o calorão.

Os lábios dele eram carnudos, macios, e a pele... branca, parecia de porcelana. Conforme ele se aproximava, corando, os olhos tímidos ainda grudados nos meus, eu senti como se estivesse flutuando.

– Dani, esse é o Bernardo – a voz do Théo me trouxe de volta à realidade. – Tu tá bem?

– Tô sim – respondi, me recompondo. – Prazer, Bernardo – estendi a mão.

Ele corou ainda mais quando apertou minha mão, e as borboletas voltaram com força total.

– Vocês são colegas de quarto? – perguntei.

– Sim – respondeu, com uma voz tão doce que parecia música. – A gente tá no quarto 215.

– Mas tu já tá ciente da situação do Théo, né? – Léo começou a provocar.

– Que ele é gay? – Bernardo respondeu com naturalidade. – Ele já me contou.

– Se eu fosse tu, dormia com um olho aberto e o outro fechado – Samuel disse, rindo. – Esse guri aí é meio safado.

– E tu só diz isso porque nunca te dei moral – respondeu Théo, debochado.

– Mas convenhamos, Bernardo – Samuel continuou, com falsa seriedade – Ele dá em cima de todo mundo, até do pai desse aqui – apontou pro Léo, que se rachava de rir – Mas comigo? Se faz de difícil. Tô até ofendido.

– Já falei que só gosto de guri que tem cérebro – retrucou Théo – E tu, infelizmente, não tá na lista. Burrinho demais.

A gente caiu na risada, inclusive Bernardo, que tinha o sorriso mais lindo do mundo. Era daquele tipo de sorriso que aquece até os dedos dos pés. Eu não sabia bem o que tava sentindo. Só sabia que era forte. E verdadeiro.

Bernardo

Passei o resto do dia pensando no Daniel. A voz dele, o jeito... tudo nele era perfeito e me fazia pensar em anjos. Depois do anúncio do diretor, que foi basicamente recitar um pedaço da história do Colégio Imperial e das regras, almoçamos todos juntos. Notei que ele me olhava com curiosidade e talvez até algo mais, mas ele não disse e nem fez nada que deixasse claro o que queria. O Théo jurava de pé junto que o irmão era hétero, mas eu vi o olhar dele quando me viu chegar, e se aquilo não era uma baita imitação da cara de “bicha louca” que eu fiz de manhã quando o vi, então não sei o que era.

— Não bota nada muito caro hoje, ou que tu não queira perder de jeito nenhum — disse o Théo enquanto vestia uma camisa branca com estampas de pontos turísticos da Europa em vermelho e cinza. — Hoje de noite tem o trote dos calouros.

— Trote dos calouros? — perguntei, já meio desconfiado.

— É tradição nas festas de boas-vindas. Os alunos do terceiro ano sempre aprontam com os calouros — explicou. — Mas ó, não sai contando pra ninguém. O Dani me avisou só pra eu ficar ligado.

Théo passou a mão no cabelo loiro com mechas azuis, tentando encontrar um penteado que combinasse com a personalidade dele. Depois passou um gloss com cheiro de morango.

— Cheiroso esse gloss — elogiei.

— O gosto é ainda melhor — ele disse, se insinuando, o que me fez cair na gargalhada.

— Qual a graça? Vem provar.

Me levantei da cama, onde calçava meu All Star preto, e fui até o meu colega de quarto, que me deu um selinho ligeiramente demorado. O suficiente pra eu sentir o gosto do gloss e como os lábios dele eram macios.

— É realmente bom — falei, me afastando com um sorriso.

— Não te disse? — ele se abanou. — Quer um conselho?

— Manda.

Ele reaplicou o gloss onde eu tinha “tirado”.

— Se quer se passar por hétero, tu não devia beijar teu colega de quarto… nem sair com essa calça aí.

Olhei pra minha calça jeans azul piscina e dei de ombros.

— Eu divido o quarto com o guri mais gay da escola! Minhas chances de parecer hétero já era.

— Isso é bom — ele voltou a mexer no cabelo. — É um saco fingir ser quem não é.

— Um saco mesmo — concordei.

Théo terminou de se arrumar e fomos juntos até o ginásio da escola, onde seria a festa. Eu tava ansioso pra ver o Daniel de novo, queria entender qual era a dele. Tinha sido óbvio que rolou alguma coisa entre a gente de manhã.

Pra ser sincero, eu descreveria aquilo como tudo, menos uma festa escolar. O ginásio estava decorado com balões azuis e amarelos — as cores da escola e da cidade. Tinha um bar com bebidas (obviamente não alcoólicas) e um DJ mandando ver nas músicas, sob luzes que piscavam como se fosse uma boate.

— Bah, que troço foda! — foi a única coisa que consegui dizer.

— E põe foda nisso! — Théo também ficou de queixo caído. Acho que eu tava igual.

— Olá, boa noite calouros! — Três jovens, aparentando uns 17 ou 18 anos, nos receberam na porta do ginásio. — Eu sou Rafael, presidente do corpo estudantil. Esta é a Júlia, nossa vice, e esse é o Vinícius, nosso tesoureiro — todos apertamos as mãos num gesto bem cordial. — Sejam bem-vindos ao Colégio Imperial!

— Queremos que aproveitem muito essa noite — Júlia disse animada.

— Obrigado! — Théo e eu dissemos juntos.

— Não sei se já ouviram falar, mas durante a festa sempre fazemos uma homenagem aos calouros — Vinícius nos entregou uma pulseira fluorescente. — Usem isso durante a festa. E aproveitem!

Théo olhou pra mim com aquela cara de “isso já é o trote”, mas a gente resolveu entrar na onda. Afinal, que mal tinha? Segundo Théo, todo mundo passava por isso.

Começamos dançando sozinhos, mas sinceramente, não sei como ele consegue: em menos de meia hora, Théo já tinha nos enturmado com um grupo de calouros bem divertidos. Fábio era descolado, com jeito de quem pegava geral, e bonito, com cabelo castanho num moicano bem estiloso. Rico também — o pai dele era dono de uma rede de restaurantes. Alice parecia uma Barbie: loira, olhos azuis, bem patricinha. Giovana era gente boa, falava pelos cotovelos e não tinha tanta grana quanto os outros, mas era super inteligente. Patrick era... digamos, diferente. Tinha cabelo ruivo bem curtinho e era primo do Fábio, embora não tivesse o mesmo charme. E por fim, tinha o Nick, um americano que morava no Brasil desde os três anos — sem sotaque nenhum. O pai dele era diretor regional de uma montadora de carros. No geral, parecia que aquele ia ser o meu grupo pra esse ano.

— Fiquei sabendo que estão vendendo maconha atrás da piscina — Patrick disse depois de voltar do banheiro. — Tô afim de ir lá conferir.

— Vai ser bom ficar meio chapada, já que não tem álcool nessa festa — Alice concordou. — Eu tô dentro.

— Eu também — todos toparam, menos a Giovana e eu.

— Sei lá, acho meio arriscado — ela falou, com aquele jeito inseguro.

— Não vai dar em nada, Gi — Nick tentou tranquilizar.

— E se o Cornélio pega a gente? — perguntei. — Aí já era, vamos ser expulsos.

— Qual é, Be — Théo me cutucou — Que graça tem a vida sem um pouco de risco?

— Tinha mesmo que vir com essa frase de efeito? — zombei.

— Por favor! Por favor! Por favor! — Théo pulava igual um pincher implorando carinho — Vai que tem até um gato lá que tu curte!

— E se não for gato, tu vai tá tão chapado que nem vai notar — Fábio gargalhou.

Olhei pra eles cinco, depois pra Giovana, que ainda parecia indecisa, mas disposta a tentar.

— Se a gente for pego…

— Relaxa, cara — Patrick passou o braço por cima dos meus ombros e me puxou pra fora da festa. — Vai dar tudo certo.

Fomos caminhando e rindo de uma das histórias estranhas do Patrick, de quando ele ficou com uma guria, e nos conhecendo melhor até chegar na piscina olímpica da escola, com a água cristalina e iluminada por luzes submersas. Lá nos fundos, perto do vestiário, tinha uns guris fumando algo. Eu tava com medo, mas aquela parte era bem isolada. Pouca chance de sermos flagrados — a não ser que espalhassem demais o boato.

— O que os calouros querem? — Um guri do segundo ano, meio gordinho e cheio de espinhas com pontas amarelas, perguntou com os braços cruzados.

— A gente ouviu dizer que vocês tão vendendo uma parada aqui — Fábio respondeu, mostrando um sorriso de comercial de pasta de dente. — Digamos que estamos interessados.

— Quem falou isso pra vocês? — o guri retrucou.

— A gente só ficou sabendo — Théo respondeu, como se fosse o dono da verdade. — Vai dizer qual é ou não?

— Some daqui, viadinho — o guri zombou.

— Que que tá pegando aí? — Um rosto conhecido saiu do vestiário. — Théo?

— Léo? — Théo parecia surpreso. — É tu que tá vendendo maconha?

— Acho que tu não gritou alto o suficiente — Léo debochou. — Tá tranquilo, Cara de Chokito — tive que segurar o riso com o apelido do gordinho, mas bah, caiu que nem uma luva. — Eles estão comigo.

Cara de Chokito ficou furioso, ainda mais porque o Théo passou por ele piscando. O guri ficou tão vermelho que achei que as espinhas iam explodir tudo ao mesmo tempo. Graças a Deus, não explodiram.

Entramos no vestiário, e o Léo nos vendeu uns baseados já prontos, mas queria saber quem tinha contado do esquema dele.

— Foi um cara chapado no banheiro — Patrick disse. — Meio parecido com o Fiuk.

— Samuel — Léo suspirou. — Sempre que ele chapa, faz cagada. Vou falar com ele. Daniel!

Meu coração deu um pulo. Ele se virou no fundo do vestiário, mal iluminado, mas os olhos azuis dele brilhavam como estrelas. Um brilho que me fez corar. Ele também ficou corado. Aquilo mexeu com a gente.

— Vou atrás do Samuel — Léo falou. — Tá espalhando demais a nossa festinha.

— Valeu — disse o Daniel, já vindo pra perto da gente, de mãos dadas com a morena que eu vi se jogar nos braços dele de manhã. — Pega leve, Théo — avisou ao irmão, acendendo o baseado. — Quem são teus amigos?

Théo apresentou a galera, e foi aí que eu descobri o nome daquela guria que já me irritava só pelo jeito. Amanda. Linda, morena, olhos castanhos, corpo tipo Megan Fox, mas com um ar de superioridade que me deu nos nervos. Ela foi educada, cumprimentou todo mundo, mas deixou claro que não queria se misturar.

Daniel e Amanda foram pra um canto do vestiário e começaram a se pegar. Eu tive que me controlar pra não puxar ela pelos cabelos. Eu queria estar no lugar dela. Queria aquele guri — e pelos olhares que ele me lançava entre um beijo e outro, ele queria também.

Fumamos o baseado e comecei a sentir meu corpo leve. Tudo parecia mais lento, meio fora de foco. Meus amigos riam, dançavam ao som da música que vinha do ginásio. Théo já tava conversando com um guri e, do nada, sumiram. Nem quero saber o que eles foram fazer. Fábio e Alice ficaram por ali, Giovana dançava com um sorriso enorme no rosto, e Patrick e Nick tentavam arrumar alguma menina.

– Tu parece meio pra baixo – disse Giovana, com os olhos quase se fechando. – Precisa conversar? Sou boa nisso!

– Não é nada – respondi, fitando Daniel e Amanda saírem do vestiário.

Giovana seguiu meu olhar e entendeu na hora.

– Vou te dizer uma coisa – disse, perdendo o sorriso – Não vai dar em nada. Ele é hétero.

– Eu sei, mas eu senti algo especial quando vi ele. Sei lá... foi diferente.

– Tu ficou caidinho por ele – ela podia até estar chapada, mas, tirando os olhos, não parecia nem um pouco – Tu logo acha um guri que goste de ti e supera. Talvez o Théo. Ele é bonitinho. Tirando aquelas mechas azuis no cabelo. Quer dizer... que porra é aquela? Parece uma arara azul.

Dei risada, achando realmente engraçado o que ela disse, e ela ficou feliz por ter arrancado um sorriso meu.

– Valeu, Giovana – agradeci – Eu precisava rir um pouco.

– Disponha – sorriu – Mas agora eu preciso de um bolo de chocolate.

Ok, retiro o que disse sobre ela não parecer drogada. Giovana saiu à procura do seu bolo de chocolate e eu resolvi dar uma volta na beira da piscina. Cumprimentei o Cara de Chokito, que me ignorou por completo, mas não me importei, pois vi eles discutindo a alguns metros de mim.

– Quer saber? Tu é um idiota, Daniel Vilella! – ela o empurrou e saiu correndo de volta pros dormitórios.

Achei que ele fosse correr atrás dela ou ao menos chamar o nome, mas ele só ficou olhando ela ir embora. Estranho, pensei. Não queria ser visto, mas Daniel se virou e me encarou com aqueles olhos azuis cheios de confusão.

– Tu ouviu? – indagou com um murmúrio.

– Só o final – admiti, com aqueles lindos olhos penetrando minha alma e desbravando todos os meus segredos, trazendo à tona um sentimento de paz.

– Acho que ela tem razão – falou, caminhando na beira da piscina, e eu comecei a acompanhá-lo – Qual é o meu problema hoje? – Ele cambaleou, e eu o segurei pelo braço.

– Talvez só não seja um bom dia – falei – Tu tem amigos pra rever, tem a festa, malas, o trote dos calouros...

– O Théo abriu a boca? – Ele sorriu, como se já esperasse por isso – Às vezes ele fala demais.

– Pelo que fiquei sabendo, foi tu quem falou demais – provoquei – O trote dos calouros devia ser surpresa.

– Tu tá certo – ele abaixou a cabeça e ficou fitando os próprios sapatos.

– Quer falar sobre isso? – indaguei.

– Tu acha que tem alguma coisa errada em eu não estar afim de transar com a minha namorada hoje? – perguntou, preocupado – Eu sei que ficamos um mês sem nos ver, porque ela tava de férias na Europa, mas eu só não tô no clima, sabe?

– Foi por isso que ela ficou com raiva? – indaguei, frustrado por saber que eles brigaram por um motivo bobo e que provavelmente, pela manhã, tudo estaria bem entre eles.

– Foi.

– Não acho que tenha nada de errado, porque, como eu disse, tu tem muita coisa na cabeça.

Ele ergueu os olhos para os meus e, de repente, eu não senti mais nada além do corpo dele junto ao meu.

– Tu não faz ideia – sussurrou quase de forma inaudível.

Ficamos ali nos olhando por alguns minutos, um esperando que o outro tomasse a iniciativa, mas ambos paralisados, admirando as feições perfeitas um do outro. Não sei se ele fez de propósito ou se era mesmo efeito da tontura causada pela droga, mas Daniel perdeu o equilíbrio e, numa tentativa de se manter de pé, me segurou repentinamente, derrubando nós dois na piscina.

Emergi na água gelada procurando por ele, que surgiu logo atrás de mim.

– Tu tá...

Foi quando os lábios dele interromperam os meus, me conduzindo numa dança de desejo e prazer. Sentia seus braços fortes me puxarem pra junto de si enquanto minhas mãos se enroscavam nos cabelos loiros e encharcados. Sua língua voraz desbravava cada canto da minha boca, obrigando a minha a fazer o mesmo. Seus lábios eram extremamente macios e experientes, me levando à loucura com a selvageria e a delicadeza daquele beijo. O melhor beijo da minha vida.

Quando nos separamos, percebi que algumas pessoas estavam se aproximando.

– Vocês tão bem? – Léo perguntou.

Olhei pra Daniel, que tinha o medo estampado nos olhos.

– Tamo sim – respondi, já que Daniel estava paralisado – Ele perdeu o equilíbrio e eu não consegui segurar ele.

Daniel assentiu e nós nadamos até a borda, onde nos ajudaram a sair da piscina.

– Que porra aconteceu? – Théo surgiu com outro guri logo atrás.

– Caímos na água – respondi.

– E vocês tão bem? – perguntou, preocupado principalmente com o Daniel, que tremia.

– Sim. A gente só precisa trocar de roupa.

E essa foi a nossa deixa pra sair daquela pequena multidão de drogados que se formou. Caminhamos em silêncio, embora estivesse claro que ambos queríamos dizer alguma coisa, mas nos faltava coragem. Olhei para Daniel, e nossos olhares se cruzaram por um momento, mas logo voltamos a fitar o chão, corados.

– Então é isso – disse a Daniel, no momento em que chegamos no segundo andar do dormitório masculino.

– Acho que é – disse, sem graça – Me desculpa pelo beijo. Eu não sei onde tava com a cabeça.

– Sem problema – sorri simpático – Eu curti bastante.

– Eu não sou gay, nem nada disso – tentou se justificar – Foi só a maconha.

– Claro – disse, formando um sorriso amarelo – Me desculpa se eu te desapontei.

– Ok – disse, me preparando pra fechar a porta – Tchau.

Quando eu estava prestes a fechar a porta, ele a segurou e eu a abri.

– Que se dane – disse, me dando outro beijo, igual àquele que me levou à loucura.

Ele me conduziu pra dentro e chutou a porta pra fechá-la. Os lábios de Daniel deslizavam da minha boca até o pescoço, me fazendo soltar alguns gemidos de prazer.

– Eu quero ser teu – sussurrei no ouvido dele.

Ele entendeu o recado na hora e tirou minha camisa com desejo ardente, depois fez o mesmo com a dele. Nossos corpos úmidos se tocaram, entrando em combustão. Senti a mão de Daniel deslizar até minha bunda e apertá-la, me fazendo gemer ainda mais. Desci meus lábios pelo peito forte e definido dele, e pela barriga dividida, até chegar onde eu mais queria.

Acariciei o volume rígido e grosso, fazendo Daniel gemer. Sorri, porque adorava a sensação de dar prazer a um homem. Desabotoei a calça dele e a baixei, fazendo aquele pau de dezessete centímetros, bem grosso, saltar diante dos meus olhos. Habilmente o segurei pela base e comecei a fazer uma punheta suave, enquanto beijava a cabeça rosada. Daniel ia à loucura, gemendo cada vez mais. E chegou ao clímax quando coloquei a cabeça dele na boca e comecei a chupá-lo delicadamente, apreciando cada momento enquanto ele gemia de tesão.

– Vou gozar – anunciou num suspiro.

Isso só me deu mais vontade. Comecei a chupá-lo com mais intensidade até que ele jorrasse aquele líquido quente e espesso na minha boca. Engoli tudo, como sempre, e depois fui beijá-lo pra que ele sentisse o gosto da própria porra. Ele foi à loucura com isso.

– Acho melhor tu te trocar, se não vai pegar um resfriado – disse, separando nossos lábios.

– Eu não quero sair daqui tão cedo – ele veio me beijar, mas eu o impedi.

– Podemos terminar isso outra hora, mas teu irmão e teus amigos vão sentir tua falta – agora eu tinha ele na minha mão e podia conseguir o que quisesse a qualquer hora

– Fica assim não – dei um selinho ao perceber o muxoxo – Eu adorei o que a gente fez. Agora vai te trocar, gostoso – ordenei, dando um tapa na bunda dele.

Daniel saiu contrariado do meu quarto e eu corri pro banheiro me secar e escovar os dentes. Vesti qualquer roupa e saí antes que ele me encontrasse, porque já foi difícil resistir uma vez. Acho que não conseguiria de novo.

Quando cheguei na entrada do dormitório, dei graças a Deus de ter me livrado dele, pois Théo estava vindo atrás de nós, acompanhado de Giovana e Nick.

– Tu demorou um século! – Théo falou.

– Achamos que tinha acontecido alguma coisa – Giovana disse, parecendo aliviada – Onde tá o Daniel?

– Acho que tá lá em cima – falei, me virando pra apontar pra escada, quando o garoto que eu desejava desceu.

– Olha ele aí.

– Desculpa a demora. Não achava essa camisa – explicou-se, me lançando um olhar que só nós dois entendemos.

– Tranquilo – Théo disse, também aliviado – Vamos voltar...

Um rojão foi disparado e estourou no céu noturno como um sinal. De repente, houve gritos e correria na escola. Nós quisemos entrar no dormitório, mas Daniel bloqueou nossa passagem. Mais uns dez alunos, tanto meninos quanto meninas, surgiram e nos seguraram enquanto Daniel nos amarrava junto com os outros.

– E que comece o trote! – Daniel sorriu.

Continua...

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Comentários

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O Trote do Daniel para o be vai ser diferente vai ter sexo kkkkk

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