O sol entrou pelas frestas da cortina como quem não queria interromper.
Eu ainda sonolenta, envolta no calor dos lençóis e do corpo que dormiu comigo. Ele já estava de pé, nu, encostado à janela, com um café na mão. O olhar perdido na cidade e algo no rosto que eu ainda não sabia decifrar.
Ficamos assim por alguns minutos — ele observando o mundo, eu observando-o.
Então, sem me olhar, disse: “Faz tempo que eu não tenho uma companhia tão prazerosa… e tão leve.”
Não era uma declaração. Era constatação. Como se estivesse falando com ele mesmo, mas deixando que eu escutasse.
Sorri em silêncio.
Meu corpo ainda doía em lugares bons, e havia uma paz morna naquele quarto, como se o tempo nos permitisse, por algumas horas, existir fora do mundo.
Ele continuou ali por instantes, em silêncio. Depois se virou, tomou um último gole do café e disse com um sorriso enviesado: “Depois da noite passada… você merece ser acordada assim.”
Pegou uma xícara e me serviu café puro. Sabia exatamente o que me agradaria — e isso, de algum jeito, me aqueceu por dentro.
Enquanto esperávamos pelo café, ele voltou para a cama. Me puxou devagar, colou seu corpo nu no meu, e ficamos assim — deitados, em silêncio, mas com as peles ainda conversando.
Quando a campainha tocou, ele se levantou, pegou o roupão e foi até a porta. Recebeu a bandeja, agradeceu com aquele sorriso discreto, e voltou com a calma de quem sabe que está fazendo tudo no tempo certo.
Colocou a bandeja sobre a mesa, trouxe mais uma xícara até mim e, antes de me entregar, sussurrou: “Você fica ainda mais linda depois de gozar…, mas com sono e café, é covardia.”
Bebi devagar, tentando disfarçar o sorriso.
Era impossível não me sentir desejada — e mais do que isso, cuidada.
Sentou-se de novo ao meu lado, pegou sua xícara e ficou ali, comigo, como se aquele fosse o lugar mais natural do mundo para ele estar.
“Você é diferente,” ele disse, olhando para frente, como quem não quer assustar o que sente.
“Tem algo em você… leve, mas profundo. Fico com a sensação de que te conheço de outros tempos.”
“Talvez a gente se reconheça,” respondi.
E deixei a frase assim — suspensa, como tudo entre nós parecia ser.
“Eu não sou bom com laços,” ele confessou.
“Mas não quero que isso aqui seja só mais uma noite.”
“Nem eu sou,” sussurrei.
“Mas tem coisas que não precisam ser nomeadas… só sentidas.”
Ele passou o braço por trás de mim e me puxou para mais perto. E naquele silêncio cheio de palavras não ditas, nasceu algo.
Talvez um começo.
Talvez só a continuidade de um encontro que insiste em acontecer.
Ficamos ali, depois do café, sem pressa de nada. A cidade lá fora seguia seu ritmo apressado,
mas dentro daquele quarto, o tempo era outro.
Nos deitamos de novo, entre almofadas e lençóis desalinhados. Corpos nus, mas sem urgência. Ele passou os dedos pelo meu ombro, desceu devagar pela minha cintura,
desenhou minha pele como se cada curva fosse novidade. Eu sentia o desejo renascer, quase inevitável.
Mas ele riu, aquele riso calmo, de homem maduro que conhece os próprios limites.
Beijou meu pescoço e sussurrou:
“Calma, menina... já não sou mais um garoto.”
“Você me virou do avesso essa noite. Preciso de um tempo pra respirar.”
Havia ternura ali, e um certo orgulho silencioso — como quem sabe o quanto foi bom… e sabe que pode ser melhor ainda quando não se apressa.
Foi uma manhã de afagos, não de sexo. De toques lentos, de dedos entrelaçados, de pernas enroscadas. De pequenos beijos no ombro, na nuca, no joelho. De conversas baixas e silêncios confortáveis. De descobertas.
Almoçamos juntos num restaurante discreto, quase escondido — daquele que só quem conhece a cidade sabe encontrar. Conversamos sobre filmes, sabores, viagens. Rimos de coisas pequenas, nos ouvimos em silêncio. O sexo já não era o centro — mas tudo ali ainda pulsava desejo.
Depois, caminhamos pelas ruas como dois amantes clandestinos em plena luz do dia. Sem mãos dadas, mas com o corpo dizendo tudo. Paramos para um café, olhamos vitrines sem pressa, e no meio de uma conversa qualquer, ele me olhou sério e disse:
“Quero conhecer sua casa.”
Demorei um segundo para entender. Não era só curiosidade. Era desejo de aproximação — de verdade. “Seu refúgio. Seu templo. Quero saber onde você repousa quando o mundo pesa.”
Ali, eu hesitei.
Não por medo dele, mas porque meu lar não é cenário — é território. E nem todo mundo pode atravessá-lo.
“Eu não costumo abrir esse espaço,” disse.
Ele assentiu com um gesto lento. Não insistiu. Apenas disse, com a voz baixa e firme:
“Quando — e se — você quiser, eu vou.”
E aquilo, mais do que qualquer outra coisa, fez algo em mim relaxar.
No fim da tarde, escolhemos um filme e entramos na sala quase vazia. Durante o filme, nos abraçamos como adolescentes e ele repousou a cabeça no meu ombro. Ali, naquela sala escura, fomos quase crianças. Quase casal.
O filme era chato.
Ele percebeu primeiro. Passou o braço por trás do meu pescoço, me puxou sutilmente pra mais perto. Seu rosto colado ao meu, a respiração quase um sussurro. E sem tirar os olhos da tela, falou:
“Você sabia que o proibido é o que mais me excita?”
Senti um arrepio. Não pela frase em si, mas porque ela dizia mais do que parecia.
Sua mão escorregou pela lateral da minha coxa, tocando de leve, sem pressa, sem pressionar. Um gesto mais promissor do que explícito. Mais ameaça do que posse.
Minha respiração mudou. Ele percebeu.
“Assim como a sua casa,” continuou.
“Eu não preciso entrar… só de saber que não posso, já me faz querer.”
Não houve sexo naquela sala. Mas houve um jogo, um roçar de pernas, um toque que quase não foi. Um beijo curto, escondido, sujo de desejo e elegante como arte.
Andar pelos corredores do shopping, iluminados demais, cheios de gente demais,
tornava tudo ainda mais excitante. Nossos corpos sabiam o que tinham trocado ali dentro. Nossos olhos não paravam de conversar.
Esperamos o carro no estacionamento subterrâneo. O silêncio do lugar, os ecos dos passos,
o som distante do manobrista se aproximando. Tudo aquilo era combustível.
Ele me olhava com aquela expressão que eu já reconhecia: fome calma. Desejo contido, mas latejando sob a pele.
Chegou mais perto, encostou de leve no meu quadril e disse, quase inaudível:
“Eu quero você… de novo. Mas não aqui. Não agora. Quero quando você deixar entrar.”
E naquele momento, eu soube que a próxima porta a ser aberta não seria só a do carro.
Entramos no carro em silêncio. Ele dirigia com uma mão no volante e a outra repousando na minha coxa, sem fazer alarde, sem avançar. O toque era presença, não invasão.
O caminho até minha casa parecia mais longo do que de fato era. Talvez porque, dentro de mim, tudo estivesse em movimento.
Havia uma hesitação — pequena, porém viva. Mas junto dela, havia também uma certeza serena. Uma voz que dizia: é tempo.
Quando estacionamos, respirei fundo. Ele percebeu. Não disse nada — apenas me olhou, como se dissesse: a decisão é sua.
Peguei a chave com dedos quase trêmulos. Desci do carro, ele veio atrás.
Subimos em silêncio. A chave girou na fechadura como quem rompe um feitiço. Empurrei a porta devagar, acendi a luz do hall, e me virei para ele.
“Entra.”
Não foi uma ordem. Foi um convite.
Ele cruzou a porta com um respeito que me comoveu. Olhou ao redor com um sorriso discreto, e disse: “Bela casa.” Fez uma pausa, passeando os olhos pelos detalhes.
“Bela decoração… tem a sua cara.”
Aquele espaço, meu refúgio, havia sido visto. E não houve julgamento. Apenas reconhecimento.
Ele caminhou até o centro da sala, se virou para mim, abriu os braços e disse:
“Agora sim, posso te ver por inteiro.”
E eu… me deixei ver.
Me aproximei devagar. Senti os pés nus tocarem na seda do tapete persa, acolhedor — como tudo ali parecia ser. Olhei para ele com a firmeza doce de quem escolhe — não porque precisa, mas porque quer.
“Quero ser sua… na minha cama.”
Ele não respondeu com palavras. Apenas caminhou até mim, colocou as mãos ao redor do meu rosto e me beijou como se aquilo fosse uma promessa. Naquele momento, não era mais sobre posse, nem sobre novidade. Era sobre pertencimento — ainda que provisório. Sobre a escolha de se entregar no próprio território.
E quando cruzamos juntos o corredor até o quarto, soube que, dessa vez, seria diferente. Ali, naquela cama que sempre foi só minha, eu seria dele.
Cruzamos o corredor devagar, como quem sabe que está prestes a cruzar outra fronteira.
A casa em silêncio, o corpo em expectativa. Entrei no quarto primeiro. Ele veio logo atrás.
Olhou ao redor como se quisesse guardar tudo — cada detalhe, cada textura. A luz amena, os livros empilhados, os lençóis em tons claros, o aroma discreto que parecia sair da madeira e da minha pele.
Sem dizer nada, ele me virou de frente para ele. Beijou minha boca com fome calma — daquelas que não têm pressa porque sabem que vão ter tudo. Suas mãos deslizaram pelas minhas costas, afastaram o tecido do vestido com um gesto treinado, firme, até que ele escorregou aos meus pés.
Fiquei nua diante dele. Na minha casa. Na minha cama. E não senti vergonha. Senti poder. Ele me deitou com cuidado, mas com a autoridade de quem sabe o que está fazendo. Começou pelas minhas pernas. Beijou minhas coxas com devoção, como quem reza baixo em um templo. As mãos abertas percorriam minha pele como se reconhecessem o caminho — mas ainda assim se surpreendessem com cada curva.
A língua dele encontrou meu sexo com precisão e reverência. Me abriu com os dedos, me saboreou sem cerimônia. Eu me arqueava, gemia, e ele continuava — atento, firme, entregue.
Subiu lentamente pelo meu corpo. Beijou meu ventre, meus seios, mordeu leve o mamilo esquerdo enquanto massageava o direito com a palma quente da mão.
Me olhava nos olhos. Não desviava.
“Você é um mapa,” sussurrou.
“E eu quero me perder inteiro em você.”
E eu… deixei.
Ele se posicionou entre minhas pernas com o corpo quente, os olhos fixos nos meus, como se pedisse passagem sem dizer uma palavra. A ponta de seu sexo roçava meu clitóris com suavidade. Deslizava de leve, como um convite. Meu corpo já o conhecia, mas ali, naquela cama, o gesto ganhava outra dimensão.
Quando finalmente me penetrou, foi devagar. Um mergulho firme, profundo — como se ele entrasse não só em mim, mas no meu espaço, na minha história, no meu íntimo.
Soltei um gemido. Não havia dor. Havia presença. Cada estocada parecia dizer: eu estou aqui. Ele se inclinou sobre mim, encostando a testa na minha. Sua respiração quente se misturava à minha. “Você é diferente aqui,” ele sussurrou.
“É como se eu estivesse tocando em algo mais do que seu corpo.” As palavras me atravessaram. Fechei os olhos, me abri ainda mais. E o deixei entrar — não só fundo, mas inteiro.
Nossos corpos se moviam num ritmo natural, como ondas que sabem quando recuar e quando romper. Me sentia possuída e amada. Explorada e acolhida.
Gozei primeiro, com força, agarrada aos lençóis, o corpo arqueado, o ventre contraído, o nome dele preso nos lábios. Ele veio logo depois, com um gemido rouco, enterrado em mim até o fim, como quem diz: agora, eu pertenço.
Ficamos assim. Unidos. Quase em silêncio. Mas o que se disse ali… ficaria impresso naquele colchão. E em mim. Ficamos assim por um tempo. Corpos entrelaçados, suados, calmos. A respiração voltando devagar, como se o mundo tivesse desacelerado só para nos assistir.
Ele se virou de lado, me puxou com delicadeza. Beijou minha testa, minhas costas, os dedos passeando distraídos pela curva da minha cintura.
“Isso foi diferente,” ele disse. Não explicava. Não precisava.
Me levantei ainda nua, sentindo o toque dos tapetes sob os pés, fui até o armário e peguei algumas roupas. Senti o olhar dele me acompanhando em silêncio — não de desejo imediato, mas daquela admiração silenciosa de quem observa o depois com a mesma fome do durante.
“Vamos?” perguntei, sorrindo com leveza.
Ele assentiu. Voltamos ao hotel.
No trajeto, as luzes da cidade piscavam preguiçosas, e dentro do carro, o silêncio era confortável. Ele dirigia com uma mão no volante, a outra na minha perna, como antes. Mas agora, havia algo novo entre nós: eu o havia deixado entrar.
Não só no corpo — mas naquilo que protege.
Entramos no quarto que já não parecia só cenário. Agora, era extensão de algo que começava a ser nosso. Ele pousou a valise no chão, me puxou devagar pela cintura, encostou a testa na minha e sussurrou: “Obrigado por me deixar entrar…”
Assim que entrei no quarto, algo me parou. Tudo estava arrumado — mas não como de costume. Os lençóis esticados com capricho, as toalhas trocadas, e sobre cada travesseiro, dois bombons alinhados com delicadeza. Havia até um leve aroma de lavanda no ar, e a luz suave, filtrada pela luminária, deixava o ambiente com cara de… celebração.
Era como uma cena de núpcias. Discreta, silenciosa, mas inegável. Até hoje não sei se foi coincidência. Ou se foi a pedido dele.
Olhei para ele com a pergunta nos olhos. Ele apenas sorriu — meio enigmático, meio cúmplice. “Gostou da recepção?”, perguntou, como se fosse só uma brincadeira. Mas o tom dizia mais.
Aquilo me desarmou. E ao mesmo tempo, me acendeu. Larguei minha bolsa na poltrona, e comecei a tirar a roupa ali mesmo, sem urgência, mas com precisão. Como quem sabe que será vista, tocada, adorada.
Ele me observava em silêncio, com aquela expressão entre desejo e contemplação. E eu… sabia exatamente o que estava por vir. Comecei a me despir ali mesmo, diante dele, que me olhava como quem assiste um milagre se repetir. O vestido escorregou pelos ombros, meus seios nus se ergueram sob a luz suave do quarto, e eu fui me despindo até estar inteira para ele — mais uma vez.
Ele se aproximou devagar, despiu a própria camisa, depois a calça, e ali estava ele — de pé diante de mim, nu, firme, com o sexo já ereto, grosso, pesado.
O tamanho dele sempre me impressionava. Não apenas pela extensão — que era generosa, mas pela forma como ele o conduzia. Como sabia usá-lo. Como o desejo dele sabia esperar, mirar, conquistar.
“Deita-se,” ele disse, com a voz rouca, grave, baixa. Como uma ordem que me fazia tremer por dentro. Obedeci.
Deitei-me nos lençóis brancos como uma oferenda. Ele veio por cima, se debruçou sobre mim, me beijou a boca com uma mistura precisa de força e doçura. Suas mãos agarravam minha cintura, subiam para os seios, os polegares acariciavam os mamilos com precisão de quem conhece cada reação minha.
Ele me abriu com os dedos, sentiu o quanto eu já estava molhada, e sussurrou contra meu ouvido: “Você me quer desse jeito… ou ainda mais fundo?” Meu corpo inteiro se arqueou como resposta. E ele entrou.
Devagar no começo, me preenchendo centímetro por centímetro, até que tudo em mim fosse dele.
A sensação era sempre avassaladora. O tamanho dele me esticava por dentro, mas o que me enlouquecia era o contraste: a pegada firme com o cuidado nos gestos. A maneira como me dominava sem me ferir. Como me possuía sem me apagar.
Ele começou a se mover com mais força. Os quadris batendo contra os meus, os gemidos roucos escapando da garganta dele, me fazendo gozar só pelo som. Eu agarrava seus ombros, cravava as unhas em suas costas, pedia mais — e ele dava.
Me virou de lado, depois de bruços. Segurava meus quadris com força, me puxava contra ele como quem não queria deixar nem espaço para o ar. Cada investida vinha mais fundo, mais certa, mais alucinante.
“Você nasceu pra isso,” ele dizia, ofegante.
“Pra ser minha assim… entregue.”
Gozei gritando o nome dele, me desfazendo entre os lençóis, sentindo minha alma sair e voltar pelo mesmo caminho. Ele gozou logo depois, enterrado em mim até o fim, com um gemido longo, intenso, bruto — e lindo.
Ficamos assim, exaustos.
Mas inteiros.
E enquanto ele me puxava pra junto do peito dele, eu sabia: aquele quarto, preparado tinha abrigado algo que, mesmo sem nome, já era nosso.
Algo que ainda não sabíamos nomear, mas que nos cobria.
Ficamos deitados ali. Corpos suados, corações ainda acelerados. O quarto em silêncio, exceto pela respiração que aos poucos voltava ao ritmo.
Me puxou para cima dele, me encaixando no peito como se meu corpo tivesse sido feito para aquele espaço. A mão dele deslizou lentamente pelas minhas costas, traçando linhas invisíveis de afeto sobre a pele já gasta de prazer.
“Nunca imaginei você assim,” ele disse, com a voz mais suave que o normal.
“Tão inteira. Tão minha.”
Beijou meu ombro. Depois o pescoço. Depois minha testa.
Não havia mais pressa, nem fome — mas um tipo raro de plenitude que só vem quando o corpo repousa onde quer ficar.
Dormimos abraçados. A noite ainda nos vestia por dentro, e os lençóis brancos, agora desalinhados, guardavam os traços do que havíamos sido ali.
Acordei com a luz da manhã filtrando pela cortina. Me espreguicei com preguiça e prazer. Percebi que ele já estava acordado.
Estava sentado na poltrona, me observando — nu, com a expressão tranquila de quem já sabia o que queria. Se aproximou devagar, com um brilho nos olhos. Trazia algo nas mãos.
Uma gravata.
Me olhou nos olhos e disse, como quem pergunta e afirma ao mesmo tempo:
“Confia em mim?”
Assenti com um sorriso. E ali, naquele quarto que já tinha nos visto de todos os jeitos, ele amarrou meus pulsos com a gravata dele — com firmeza, mas com reverência.
Me deitou de costas, as mãos presas acima da cabeça. E me tomou de novo. Com intensidade e ternura. Com autoridade e amorosidade.
Totalmente entregue, eu me tornei dele pela última vez naquele encontro – ao menos achei que seria a última vez. Presente. Submissa por vontade. Com o corpo aberto, e o coração… em suspensão.
Ainda amarrada à gravata dele, gozei com o corpo inteiro. Sem defesas. Sem direção. Apenas entregue.
Ele me soltou com cuidado, beijou meus pulsos marcados pela seda, me cobriu com os lençóis e se deitou ao meu lado, puxando meu corpo de volta ao dele.
Tomamos café no quarto. Outra bandeja, outro ritual. Pães, frutas, café forte. Rimos de besteiras, comentamos a bagunça dos lençóis, e tudo parecia ter um gosto suave de fim — mas sem amargor.
Começamos a nos vestir. Ele, com calma. Eu, prática.
Vesti uma legging escura, uma blusa de ginástica — ia caminhar depois. Movimento sempre me ajuda a voltar ao eixo. Mas segui como antes. Sem calcinha.
Não por provocação. Mas por hábito, por prazer, por mim.
Quando estávamos prontos para sair, ele abriu a porta. Eu peguei a bolsa.
E nesse exato momento, ele percebeu.
“Você continua sem calcinha…”, disse, com a voz baixa, rouca.
Aquilo não era pergunta. Era faísca.
Fechou a porta devagar, se virou pra mim com olhos escurecidos. O homem delicado do café da manhã havia desaparecido.
O macho havia voltado.
Me encostou contra a parede do hall. Puxou minha legging para baixo com um único gesto. Me ergueu pela cintura, como se eu não pesasse nada, e me penetrou ali mesmo.
Em pé.
Com força.
Com fome.
Segurei nos ombros dele, as pernas ao redor do corpo dele, e me deixei ser tomada pela última vez naquela estadia. Cada estocada era possessiva. Como se ele dissesse com o corpo: “Ainda é minha.”
E eu era.
Ali, no hall. No limite entre o quarto e o mundo, me desfiz mais uma vez. Com gemidos abafados no pescoço dele, e o corpo inteiro grato por ter sido tão… vivido. Quando enfim saímos do quarto, já não éramos os mesmos.
E esse… foi apenas nosso segundo encontro.
Depois de um tempo, nos vimos novamente. Mas isso… terá que ser relatado em outro momento.