Bruninho — Parte 01/02

Um conto erótico de Turin Tur
Categoria: Heterossexual
Contém 4404 palavras
Data: 03/06/2025 06:07:03

As chaves chacoalharam enquanto a tranca da pesada porta de madeira era girada. Helena empurrava a folha da porta com os ombros para conseguir passar. O esforço a deixou ofegante e após fechar a porta, jogou a bolsa sobre o sofá e, logo em seguida, a si mesma. Com os braços abertos, como se quisesse ocupar o sofá inteiro, olhou para o teto. Era sexta-feira, no fim de uma semana cansativa de trabalho, e tudo o que queria era nunca mais levantar daquele sofá.

Em outros tempos, estaria em algum barzinho com amigos ou namorados, vivendo uma vida mais agitada. Aos quarenta e cinco anos, com um casamento e um filho nas costas, não tinha mais o pique de antes. Não era nada que a incomodava, até acontecer o divórcio, anos antes. Após o filho sair de casa, o lar onde vivia com sua família parecia um espaço onde o vazio a oprimia. Helena nunca se sentiu tão sozinha quanto nos últimos anos.

Já não buscava aprovação. Mas, às vezes, sentia falta de ser vista. Não como mãe ou colega de trabalho, mas como mulher. Apesar dos sinais da idade, ainda mantinha a sua beleza. A pele branca contrastava com o cabelo castanho ondulado. Os olhos verdes, profundos, chamavam a atenção onde quer que estivesse. Suas curvas continuavam insinuantes, mas ainda assim, se sentia madura demais para ser notada de verdade. Aquela seria mais uma sexta à noite solitária, até uma mensagem incomum surgir em seu telefone.

“Mãe, o Bruno vai fazer prova e me pediu para dormir aí. Não tem problema, né?”

A mania de Jorge, seu filho, de avisar as coisas na última hora fez abrir um sorriso em seu rosto. Quando Jorge era mais novo, isso a irritava, mas, com o filho já adulto, as manias se tornaram uma piada. Bruno era amigo de infância de Jorge e os dois cresceram juntos. Ao entrarem na faculdade, se mudaram. Jorge visitava a mãe de tempos em tempos, mas o Bruno não viu mais. Apesar da surpresa e irresponsabilidade do filho, não parecia má ideia ter algum tipo de companhia.

A campainha tocou mais ou menos uma hora após a chegada e Helena recebeu Bruno. Com vinte e dois anos, o rapaz tinha o cabelo castanho escuro, cortado mais rente nas laterais. Os olhos eram castanho-claros, curiosos e um porte atlético que nada lembrava o menino magrelo que corria por aquela casa anos atrás. Helena olhava o rosto de Bruno, procurando os traços do jovem de quem se lembrava. A barba por fazer e a mandíbula bem marcada davam ares mais maduros, mas ela ainda enxergava “aquele” Bruno ali.

— Bruninho! Como você está diferente! — disse Helena, simpática ao receber o rapaz.

— A senhora, por outro lado, não mudou nada, Dona Helena — respondeu, com um sorriso sincero no rosto.

— Eu aceitaria isso como elogio se não tivesse me chamado de Senhora e de Dona. Só Helena, por favor — brincou ela. No fundo, ser reconhecida pela maturidade a incomodava.

— Tudo bem… Helena. Sempre te chamei de Dona. É estranho falar diferente.

— Estranho nada, logo você se acostuma. Entre!

Helena o convidou para entrar e percebeu o brilho nos olhos de Bruno.

— A casa também não mudou tanto.

— São tantas as lembranças.

Helena ficou olhando o rapaz, admirado com o ambiente onde havia passado parte da infância. Veio a ela, também, lembranças de Jorge e Bruno brincando no chão da sala. Uma época em que se sentia realizada, no ápice do casamento que não existia mais. Por um momento, Helena rejuvenesceu, enquanto percebia os olhares do menino em Bruno.

— Você deve estar bem cansado, Bruninho. Você pode ir dormir no quarto do Jorge. Deixei uma toalha para você tomar banho. — disse Helena enquanto subia as escadas. — Você lembra bem onde fica, não é?

Bruno concordou e subiu as escadas para se dirigir ao quarto do amigo. Helena foi para sua suíte. Deixou a bolsa sobre a cama e se dirigiu ao guarda-roupa. Tirou o blazer, o colocando no cabide. Desabotoou a blusa e a jogou sobre a cama. Abriu os botões da calça e a tirou, jogando-a também na cama. Olhou-se no espelho. A pele branca contrastava com a lingerie preta, que valorizava suas formas. Virou de costas e ajeitou a calcinha no quadril enquanto olhava orgulhosa as fartas curvas da cintura, acentuadas pela cintura que resistia fina mesmo depois dos quarenta. Tinha suas celulites e suas marcas da idade, mas seu corpo se mantinha bonito. Seu momento de contemplação foi interrompido pelo bater na porta.

A batida firme rompeu o silêncio e fez seu corpo tremer. Era acostumada a ficar nua em casa, aproveitando-se da solidão, mas naquele momento, havia um homem ali, do outro lado da porta.

— O que foi, Bruninho?

— Não tem sabonete no chuveiro.

Desde a última visita do filho, que ninguém tomava banho no banheiro social. Helena havia lembrado da toalha e esquecido do sabonete. Foi até o banheiro da suíte, pegou um novo e foi até a porta entregar ao rapaz. Abriu a porta o mínimo possível, escondendo sua seminudez atrás dela para passar o sabonete. O rapaz agradeceu e saiu pelo corredor. Antes de fechar a porta, Helena deu uma espiada. Bruno estava envolvido em uma toalha com as costas nuas. Os músculos evidentes lhe provocaram um sorriso inesperado. Ele de fato havia crescido. Ao fechar a porta, Helena percebeu algo que a paralisou: apesar de abrir uma fresta na porta, ela tinha vista para o espelho, que refletia seu corpo. A calcinha preta que por trás se resumia a um triângulo era uma das favoritas, pois realçava as suas curvas. Por alguns instantes, seu coração acelerou, imaginando se aquele rapaz teria visto algo ou se ele poderia tê-la julgado de alguma forma. Refletindo mais, colocou a cabeça no lugar, lembrando-se de que ele era apenas o “Bruninho” e que, se viu algo, não teria nada de mais. Foi com um sorriso relaxado no rosto que ela foi tomar banho.

Enquanto ensaboava o seu corpo, pensou no quão ridícula era por se sentir daquele jeito. Desde o divórcio, não conheceu mais ninguém. Nos primeiros anos sentia a carência, enterrada com o passar do tempo. A tensão de ficar nua tão próxima de uma rapaz tão jovem parecia ter acordado aquela carência. Ela não se reconhecia, ao ficar daquele jeito pelo amigo do filho.

Após o banho, vestiu uma calcinha confortável e um conjunto de short e blusinha de malha sob o qual os seios permaneciam soltos. Desceu até a cozinha e lá encontrou Bruno, sentado à mesa com um notebook ligado. Vestia um short e uma camiseta regata, que deixavam os ombros e braços expostos, onde se podiam ver algumas tatuagens. Não parecia em nada com o moleque de antigamente.

Foi até o armário sob a pia e pegou uma panela.

— Bruninho, estou pensando em fazer aquele macarrão de que você gostava. O que acha?

— Dona Helena, não quero te dar trabalho.

Helena largou a panela e olhou para Bruno, com as mãos na cintura, e forçou uma expressão de seriedade.

— Bruninho, ninguém mais me chama de Dona.

Bruno riu — desculpa, mas ninguém mais me chama de Bruninho.

Helena abriu um sorriso. — Então não posso te chamar mais de Bruninho? — perguntou, com um tom manhoso.

— Não sou mais criança. — respondeu Bruno, franzindo o cenho.

— Isso não é te infantilizar. É só um jeito carinhoso de falar.

— Assim, como te chamar de Dona, é um gesto de respeito.

Helena fechou a cara — não, isso é um jeito de me chamar de velha.

— Mas a senhora está mais velha…

A provocação pegou Helena de surpresa.

— Acho que alguém vai ficar sem jantar hoje… — disse Helena, irônica.

— Não, Dona… quer dizer, Helena. Falei quando cheguei que não havia mudado nada. Continua bonita como sempre foi.

Helena abriu um sorriso discreto — Então, eu sempre fui bonita, é?

— Sim, todos na escola notavam isso. Quando você ia lá, todos os moleques repararam.

O sorriso ganhou ares maliciosos — e o que eles comentavam?

Bruno enrubesceu — hoje não lembro mais, mas sempre te elogiavam.

A expressão suspeita de Bruno deixou Helena intrigada, mas ela não tinha motivos para pressionar o rapaz. — Sei… se safou, rapaz. Vai ganhar o seu macarrão. Até porque estou com fome também.

Em poucos minutos, o macarrão e o molho estavam prontos. Os dois jantaram e Bruno contou como tem sido a vida desde que saiu. Fez faculdade e tinha se formado e estava estudando para passar em um concurso público. A prova no domingo seguinte era uma oportunidade de voltar a trabalhar na cidade natal. Contou sobre os pais, das dificuldades na faculdade e sobre como mantinha contato com Jorge, mesmo à distância. Só um tema não tinha sido abordado.

— Não teve nenhuma namorada nesse tempo?

Bruno enrubesceu na mesma hora. Desviou os olhares para o lado, fugindo da pergunta. — Não teve.

— Você já é um homem bonito! Não conheceu ninguém nesse tempo todo? Não sente falta de uma namorada?

— Não fale do que não sabe.

A resposta atravessada surpreendeu Helena. Bruno, desde a infância, sempre foi educado, a ponto de considerar boa influência para o próprio filho. Lembrou-se da mãe dele dizendo o quanto gostava de levá-lo em sua casa e no quanto ele se sentia mais à vontade ali do que em qualquer outro lugar. Helena de fato não entendia porque a mãe dele reclamava tanto da timidez do filho quando o garoto era tão alegre em sua casa. Naquele momento, anos depois, ela o compreendeu melhor. Entendeu o motivo dele ter olhado para a casa com tanta nostalgia quando entrou. Aquele era um dos poucos lugares em que ele se sentia bem, mas não estava mais porque ela o pressionava.

— Desculpa, Bruno. Não queria te pressionar.

Bruno respirou fundo e esfregou o rosto com as mãos — Peço desculpas. Você me recebe e eu respondo desse jeito…

— Só é estranho que você esteja sozinho.

— Bom, você também está sozinha…

Helena inspirou e soltou o ar devagar enquanto fazia uma careta olhando para o teto.

— É diferente, Bruno. Eu casei, tive um filho, vivi uma vida e agora estou sozinha. Você ainda tem muito para viver. Virou um homem forte, bonito, estudioso. Está aqui para fazer um concurso e ganhar um emprego estável. As mulheres gostam disso, de um homem que passe segurança para elas. Segurança na vida, no relacionamento. Você, na sua tranquilidade, transmite essa segurança. Lembro da sua mãe falando que você era quietinho demais. Talvez te falte levar essa segurança para dentro de si. Mulheres gostam que um homem se sinta seguro para expressar o que deseja. Até mesmo de um jeito sacana. A gente gosta, viu?

Helena deu uma piscadela a Bruno, que sorriu, um tanto sem jeito.

— Obrigado, você também tem muito para viver.

— Talvez, mas eu já passei dos quarenta. Nenhum homem vai me paquerar se pode ir atrás de uma mulher mais nova.

— Mas você não aparenta ter a sua idade. É mais bonita que muita mulher jovem.

Helena sorri.

— Você é um amor, Bruninho. Mas não sou a mesma de quando tinha a sua idade.

Bruno olhou Helena nos olhos, respirou fundo antes de falar.

— Não é o que parece. Você é tão gostosa quanto naquela época.

O elogio pegou Helena de surpresa. Um sorriso imediato rapidamente se contorceu em uma expressão de estranhamento. Viveu anos sem intimidade com qualquer pessoa para aceitar algo assim vindo de uma hora para outra.

— Bruninho, o que deu na sua cabeça? Isso é jeito de falar comigo? Eu podia ser sua mãe, entendeu?

Bruno ficou branco na mesma hora — Me desculpa, Dona Helena.

— É Dona Helena para você mesmo. Que tipo de mulher você acha que eu sou? Só porque estou sozinha, você acha que pode falar assim comigo de uma hora para outra?

Helena se levantou e tirou a mesa. Bruno tentou se desculpar, mas foi cortado por ela — vai para o seu quarto. Já ouvi demais por hoje.

A frustração de Bruno pôde ser percebida pela força com a qual ele pisava nos degraus da escada. Helena lavou a louça e foi para sua suíte. Enquanto lia antes de dormir, pensou no que ouvir de Bruno. “Gostosa”, o último a dizer isso a ela havia sido o ex-marido. Desde então, jamais se sentiria desejada por ninguém. Houve flertes, é claro, mas ninguém que mexesse com ela. Ao dar as costas a ele para lavar a louça, esperava que ele não reparasse nos bicos enrijecidos quase furando o tecido da blusa. Aquilo fora inesperado demais e precisou agir rápido para evitar que a situação saísse do controle. Quem diria que, ao encorajar aquele rapaz, ele se soltaria logo com ela.

Helena se lembrou da vez em que seu filho chegou machucado em casa. Havia brigado com outras crianças que disseram que “batiam punheta” para a mãe dele. Na época, sentiu orgulho do filho defendendo sua honra, ao mesmo tempo que ficou triste por ele ter se machucado tanto por causa dela. No fundo, ninguém soube que ser alvo de desejo daqueles adolescentes mexeu com ela. Helena só não imaginava que Bruno seria um deles. Deixou o livro tombar sobre seu corpo e pensou mais sobre Bruno, se perguntando se seria ela o motivo de ele gostar tanto de ir naquela casa. Ele dizia, efusivamente, adorar os lanches e as refeições que ela preparava. Ela o achava um menino alegre, até a mãe lhe dizer que, na verdade, era muito calado. Bruno sempre se soltou mais com ela e, quando ela o encorajou, ele disse aquilo.

“Gostosa”

A palavra na voz dele ficava indo e voltando em sua mente. Ficou horas na cama, lendo e mal conseguia prestar atenção no texto. Não conseguia tirar do coração a sensação de culpa por ser agressiva com ele, logo após encorajá-lo. Não se deu conta do tempo e percebeu estar na madrugada, apesar de ainda não ter sono. Se perguntou se Bruno estaria acordado e decidiu se levantar e falar com ele.

Com os pés descalços, ela caminhou devagar pelo corredor até se aproximar da porta do quarto. Pensou em bater, mas ouviu gemidos sutis. Ela entendeu na hora do que se tratava e a curiosidade foi mais forte do que qualquer outro sentimento. A fresta da porta entreaberta permitia ver Bruno na cama. Estava nu, iluminado pela lua, com o pau duro na mão, apontando para o teto. Fazia anos que não via um homem nu na sua frente e aquele membro grosso sendo lentamente alisado lhe deu água na boca. Bruno não apenas alisava o pau, mas balançava lentamente o quadril de baixo para cima.

Helena não acreditava na cena, muito menos na umidade que brotava entre suas pernas. Suas coxas se esfregavam entre si e, quando percebeu, já apertava um dos seios com a mão. O corpo jovem e musculoso se movia sensualmente. Os movimentos amplos daquele quadril lhe provocavam imagens deliciosas de como seria ser comida por ele. Helena percebeu o corpo dele tremer e Bruno se esforçou para segurar os gemidos. O quadril se projetou para cima e o sêmen jorrou do pau para o alto. Bruno permaneceu naquela posição, rígido por alguns segundos antes de relaxar na cama. Helena voltou rápido para o seu quarto, antes que ele percebesse sua presença.

Na cama, ria sozinha com a cena que presenciava. Sentia-se viva ao imaginar que ela seria o motivo daquela masturbação. Em alguns momentos, tentou colocar juízo na cabeça, lembrando que ele e o filho são amigos, mas o grelo inchado sempre lhe estimulava pensamentos lascivos ao menor toque. Helena tirou o short e a calcinha e ficou sentada na cama, com as pernas abertas. Alisou a boceta lentamente enquanto seu corpo tremia. Não lembrava mais da última vez em que se masturbou e havia esquecido do quão gostosa era a sensação da própria mão tocando o corpo. Fechou os olhos e imaginou aquela rola jovem apontando para cima e se imaginou sentado nela. Os dedos alisavam os lábios encharcados e o clitóris enrijecido. Outra mão lhe invadia a blusa, buscando o seio. Mordia os lábios com os olhos fechados, imaginando uma foda gostosa com Bruno até que precisou trincar os dentes para não gemer alto. Suas pernas se fecharam, prendendo a mão entre elas, enquanto ela tombou na cama, em posição fetal. O corpo continuou tremendo, com orgasmos sucessivos, onde seus gemidos escapavam de seu controle. Foi um orgasmo poderoso, como há muito tempo não tinha.

No dia seguinte, Helena acordou leve. Era sábado, dia em que podia ficar na cama até tarde, mas o fez antes da hora habitual. O orgasmo da noite anterior a fez sentir ter descansado muito mais do que aquelas horas. Estava feliz, radiante e tinha coisas a fazer. Aproveitando que Bruno ainda estava em seu quarto, pôs uma calça e vestiu uma blusa e foi à padaria. Comprou pães, frios e tudo que se lembrava que o rapaz gostasse no café da manhã. Voltou para casa, trocou a calça por um short e desceu para a cozinha. Quando Bruno desceu, tinha uma mesa vasta de opções.

— Nossa! — disse Bruno, impressionado.

— Gostou? Não tinha certeza de quais coisas você gostava mais, então trouxe todas.

Bruno não escondia o sorriso ao olhar a mesa. Seu olhar, porém, o traiu, desviando para as coxas grossas de sua anfitriã. Tentou desviar os olhos, mas eles se apegaram às curvas dela, segundo pela cintura fina, os seios soltos sob a blusa até encontrar o olhar dela. A conversa da noite anterior ainda o fazia se sentir culpado.

Precisou respirar fundo, mais de uma vez para falar. — Dona Helena, me desculpe por ontem. Não sei o que deu em mim para faltar com o respeito pela senhora.

Helena deu um sorriso discreto e foi até Bruno abraçá-lo — Está tudo bem, Bruninho. Preciso me desculpar também. Sei o que falei ontem. Te encorajei a falar o que pensa com uma mulher e você o fez.

Bruno tinha os braços dela o envolvendo, mas não sabia como retribuir. — Sim, mas entendi que não deveria ter me soltado daquela forma.

— Isso é verdade, foi direto demais — sussurrou Helena, no ouvido de Bruno.

— É esse o medo que tenho, não saber o que falar no momento certo.

— Bom… — disse Helena, torcendo os lábios — o tom certo e a hora certa dependem da química que você tem com a pessoa. Isso é uma coisa que você precisa sentir.

— Então, eu “senti” errado com você ontem?

Helena respirou fundo — Sim, se tivéssemos um pouco mais de intimidade, a minha reação poderia ser diferente. — Helena virou o rosto de Bruno para si e o olhou nos olhos — Bruninho, não é uma questão de apenas você desejar uma mulher. Ela tem que, pelo menos, estar aberta a você.

— Você podia ter me dito isso ontem.

— Sim, eu não imaginava que tivesse tanta dificuldade assim. A mulher não pode ser só gostosa, ela precisa ter algum tipo de relação com você, que permita esse tipo de abertura. Se for uma mulher que você só admire a aparência, vai precisar de um ótimo papo para atrair a atenção dela.

— Bom, você não é só uma gostosa.

Helena franziu o cenho — Não?

— Sempre me senti bem com você. Gostaria muito de vir aqui, não só pelo Jorge, mas por você também.

Um sorriso se abriu no rosto de Helena. — Que fofo! — mas sou diferente. Era quase uma segunda mãe para você. Normal que eu seja carinhosa com o melhor amigo do meu filho. Você precisa separar essas coisas.

— Eu entendo. — Bruno fez uma pausa, respirou fundo antes de voltar a falar — posso ser sincero sobre outra coisa?

Naquele momento, Helena temeu que tivesse sido notada quando espiou Bruno se masturbando. Seu coração acelerou, e uma expressão de preocupação se formou em seu rosto.

— Pode, sim, Bruninho. Diga!

— Falei aquilo também por outro motivo. Me incomoda a senhora me chamar de Bruninho. Sinto-me sendo tratado como criança. Queria que me visse como homem.

Helena voltou a apertá-lo com um abraço, lhe dando um beijo na cabeça.

— Ahh, Bruninho, quer dizer, Bruno. Te chamei assim por tantos anos que peguei o hábito. Vamos fazer o seguinte: Eu não te chamo mais de Bruninho e você não me chama mais de Senhora ou de Dona. Também quero que me trate como mulher.

— Tudo bem, Helena.

— Isso, agora me abraça, que quero abraçar meu Bruninho pela última vez.

Bruno riu da brincadeira e envolveu a cintura de Helena. Foi um abraço demorado, do qual ela desfez quando sentiu a ereção de seu visitante pressionando a sua coxa.

— Agora, vai tomar seu café que está esfriando.

Bruno agradeceu o carinho e foi montar sua refeição. Helena olhava a ereção, nítida sob o short, discretamente. Saiu dali antes que ele notasse. Deixando o rapaz sozinho, se dedicou à arrumação da casa.

Começou pelos quartos e demais cômodos do andar de cima. Ao entrar no quarto do filho, viu a cama devidamente arrumada. Lembrou-se da noite anterior e foi até o cesto de roupas sujas e encontrou o lençol com o qual Bruno se cobriu. Olhou com cuidado, até encontrar as manchas de sêmen da masturbação. Levou-o ao rosto e fechou os olhos, impregnando as narinas com o cheiro de porra. As manchas eram de tamanho razoável e o cheiro forte denunciava que aquele rapaz carente não se masturbava há muito tempo. Aquele cheiro e a lembrança de Bruno se masturbando molharam sua calcinha, mas Helena saiu rápido dali, levando todo o conteúdo do cesto para lavar, antes que fizesse uma besteira. Desceu a escada, abraçada ao conjunto de lençóis e roupas, e atravessou a sala. Bruno, sentado no sofá enquanto mexia em seu notebook, observou a passagem dela e a seguiu até a área de serviço.

— Helena, posso te ajudar? — perguntou.

— Não precisa, Bruno. Você é visita, não tem que me ajudar.

— Quando eu vinha brincar com o Jorge, você me chamava para te ajudar.

— Era diferente. Aquilo era parte da educação dele e, como você estava ali, participava também.

— Bom, eu não sou um mero visitante, frequentei essa casa por anos e sempre te ajudava. Vou me sentir mal se ficar fazendo tudo sozinha.

Helena parou. Pensou em algo somente para afagá-lo, enquanto se aproveitava mais uma vez do aroma daquele lençol.

— Então, vai lá na minha suíte e traz as roupas que estão no cesto. Traga tudo.

Bruno saiu e, quando o ouviu subir as escadas, Helena esfregou o lençol no rosto para sentir aquele cheiro de homem uma última vez. Pouco tempo depois, ele chegou, um pouco atrapalhado, abraçado a um monte de roupas.

— Ótimo, agora separa o que é branco do que é colorido.

Seguindo as orientações, Bruno separou, em uma bancada, dois montes de roupas por cor. Enquanto arrumava outras roupas, Helena percebeu Bruno constrangido enquanto separava as suas calcinhas.

— O que foi Bruno? Nunca viu calcinha de mulher? — Brincou Helena.

— Você sabe que não. — disse Bruno, com um semblante triste.

— Ahh, Bruno, não fica assim. Agora não posso falar nada que você faz, essa cara?

— Desculpa, mas é verdade.

Helena soltou o ar com força do pulmão, impaciente. Logo se deu conta de que poderia ajudá-lo a ficar mais desenvolto se não o reprimisse. Foi até o monte de roupas, pegou uma calcinha vermelha e a esticou na frente dele. — Então, Bruno, essa é minha calcinha.

Bruno segurou outra, a esticando da mesma forma. — São todas as pequenas assim?

— Não, a que estou usando agora é maior. Para usar em casa, fico com as maiores, mas quando saio ou vou trabalhar, uso essas.

— Por que só para trabalhar ou sair?

— Ah, eu me sinto bem com ela. Ela realça o meu quadril, me deixa mais… como você mesmo disse? Gostosa!

Bruno enrubesceu — Mas gostosa para quem? Se vai trabalhar, então ninguém vai ver.

Helena deu um tapa no ombro de Bruno — deixa de ser enxerido, garoto! Uso porque me sinto bem. Gosto de me sentir gostosa.

A falsa bronca deixou o rapaz menos constrangido. — Deve ficar mesmo — comentou.

Helena pegou o olhar rápido dele para o seu quadril. Ela pegou a calcinha e encostou na bunda, empinando o quadril. — Eu só não uso o tempo todo porque ela se enfia toda na minha bunda e com o tempo isso incomoda.

Bruno se distraiu ao olhar o quadril de Helena e imaginá-la de calcinha e logo se constrangeu ao perceber-se notado por ela. — Desculpa — disse ele, com os olhos voltados para o chão.

Era notável a tensão de Bruno. Qualquer gesto mais ousado, logo se retraía. Se comportava com medo do julgamento dela, ao mesmo tempo, em que julgava a si próprio. Helena já conheceu homens assim, incapazes de se relacionar por medo do mundo ou de si. A retração exagerada de Bruno apontava para um destino triste demais para um rapaz tão bom. Ela considerou dar mais liberdade a ele. O conhecendo desde sempre, sabia que estaria no controle. Fazia anos que ela não abria uma brecha para outro homem, com medo de se entregar demais. Aquele não seria o caso. Talvez até fosse divertido.

— Relaxa, Bruno — disse Helena, acariciando o rosto dele, com um sorriso no rosto. — Não fique se desculpando à toa. Pode ficar à vontade comigo.

— Ontem, fiquei à vontade com você e me arrependi.

Com as mãos na cintura, Helena olhou nos olhos dele. — Sim, porque você errou. Não devia ter chamado a mãe do seu melhor amigo de “Gostosa”. Errar acontece e você só amadurece sentindo que errou.

— Sim, eu entendi que fui abusado. Me desculpa por isso de novo.

Helena torceu os lábios e respirou fundo, pensando em como fazê-lo entender o que ela queria dizer.

— Não tem problema em ser abusado, querido. Pelo menos não para mim — disse Helena, com um sorriso propositalmente malicioso — é tudo uma questão de contexto. Após anos sem me ver e nunca ter tido intimidade comigo, não é legal me chamar de gostosa de uma hora para outra. Agora, seu eu te conto sobre o quanto eu me sinto gostosa com uma calcinha enfiada na bunda, o contexto é outro. Então, meu amor, pode olhar para a minha bunda à vontade, porque gosto quando certos homens fazem isso.

Helena, vendo Bruno paralisado ao ouvir aquilo tudo, apertou o rosto dele com uma só mão enquanto saía da área de serviço. — Se quer me ajudar, põe as roupas brancas para lavar primeiro. — disse enquanto deixava o rapaz com os próprios pensamentos.

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Foto de perfil genéricaTurin TurambarContos: 322Seguidores: 318Seguindo: 122Mensagem Olá, meu nome é Turin Tur, muito prazer. Por aqui eu canalizo as ideias loucas da minha cabeça em contos sensuais. Além destas ideias loucas, as histórias de aqui escrevo são carregadas de minhas próprias fantasias, de histórias de vi ou ouvi falar e podem ser das suas fantasias também. Te convido a ler meus contos, votar e comentar neles. Se quiser ver uma fantasia sua virar um conto, também pode me procurar. contosobscenos@gmail.com linktr.ee/contosobscenos

Comentários

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Turin, boa tarde. Hoje, numa brecha do romance que estou escrevendo, vim dar uma conferida. Muito bom esse quadro de personagens com suas travas, frustações, vivências do passado, e história pregressa que vai se revelando aos poucos. Excelente a fervura lenta do desejo que vai surgindo para ambos. Vai dar bom. Gostei.

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Parabéns pelo texto Turin...

Mulher é bicho complicado!!! kkkk

Dá uma invertida no menino tímido e depois fica louquinha pra dar para ele!!!

Vamos ver a segunda parte!!!!

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Muito bom,Turin! Bons diálogos e ótimas passagens. Talvez tenha exagerado um pouco na timidez do rapaz,me pareceu bem excessiva,mas contextualiza com o que estar por vir. Bom mesmo,parabéns. Pena que vc já deu o sinal que é curto.

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Astrogildo, muito obrigado pela leitura e comentário.

Eu sempre escrevo personagens tímidos, talvez como reflexo da minha própria timidez. No caso do Bruno, as coisas vão além de uma timidez de se aproximar de uma mulher.

Na quinta tem a conclusão, mas semana que vem tem história nova.

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