O ventilador girava com um zumbido cansado, espalhando o ar quente do fim de tarde pela sala vazia. Carlos esticou os braços para cima, exibindo sem pudor o torso definido — músculos desenhados por meses de academia, a pele bronzeada contrastando com o branco da regata molhada de suor. As férias universitárias haviam começado, e a ausência dos pais (e da tia, é claro) deixava a casa em um silêncio carregado de possibilidades. Ele mordiscava uma fatia de mamão quando o celular vibrou sobre a mesa.
— Alô? — disse, tentando disfarçar a expectativa na voz.
— Cadê você, garoto? — A voz de Eduardo era áspera como sempre, mas com um tom que Carlos conhecia bem: aquele meio-riso rouco que prometia mais do que palavras. — Tô aqui no sítio, e hoje tem rodeio no Recanto do Boiadeiro. Arruma essa bundinha e vem pra cá.
Carlos sorriu, sentindo o coração acelerar. Já não era o menino nervoso de anos atrás — agora, cada palavra de Eduardo era um fogo que ele sabia como alimentar.
— Tá com medo de me levar, é? — provocou, passando a mão pelo próprio abdômen, como se Eduardo pudesse ver.
— Medo é do que vou fazer com você quando chegar — respondeu Eduardo, e Carlos ouviu o tilintar de uma garrafa de cerveja ao fundo. — Traz esse shortinho que marca essa raba. E vem sem cueca.
A ligação terminou, mas o calor da conversa ficou. Carlos olhou para a mochila já semiarrumada na cadeira — regata azul, short jeans desbotado que ficava colado justo onde devia, um fio dental preto novinho em folha. Nem precisava de espelho para saber o efeito que aquilo teria.
O carro pegou a estrada de terra sob um céu alaranjado, e Carlos abaixou o vidro, deixando o cheiro de capim e poeira invadir o ar. Liberdade. Era isso que ele sentia toda vez que ia para o sítio. Liberdade e aquela pontada de desejo que só Eduardo sabia saciar.
O sol começava a se inclinar sobre o horizonte quando Carlos estacionou o carro sob a mangueira frondosa, cujos galhos pendiam como braços velhos sobre o telhado de telha da casa. O ar carregava o perfume adocicado de frutas maduras caídas no chão, misturado ao cheiro de terra molhada da última chuva. O sítio estava quieto, só o farfalhar das folhas e o canto distante de um sabiá quebrando o silêncio.
Carlos tirou a mochila do banco de trás com movimentos lentos, alongando o corpo de propósito ao se esticar — a regata azul subiu, revelando um pedaço da pele lisa do ventre, e o short jeans, curto demais para passar despercebido, apertou ainda mais em volta das coxas grossas. Ele sabia que Eduardo estaria observando. Sempre observava.
Não decepcionou.
— Caralho, garoto — a voz veio da varanda, onde Eduardo estava encostado num dos pilares de madeira, segurando uma cerveja meio vazia. Os olhos escuros percorreram Carlos da cabeça aos pés, demorando nos lugares certos. — A cidade deixou você ainda mais gostoso, hein?
Carlos sorriu, jogando a mochila sobre um ombro e subindo os degraus devagar, sentindo o peso do olhar de Eduardo em cada movimento.
— Tô só seguindo o exemplo do meu tio favorito — respondeu, parando a um palmo de distância, o suficiente para Eduardo sentir o calor do seu corpo.
Eduardo riu, baixo e rouco, e ergueu a mão livre para puxar a gola da regata de Carlos, os dedos calejados roçando o pescoço dele de propósito.
— "Tio" agora, é? — murmurou, aproximando os lábios do ouvido de Carlos, o hálito quente de cerveja e tabaco fazendo o garoto estremecer. — Lembra direito do que você me chamou da última vez... quando tava de joelhos.
Carlos engoliu seco, mas não recuou. Em vez disso, passou a mão pelo peito de Eduardo, sentindo os pelos ásperos sob a camisa xadrez aberta.
— Tô lembrando... mas hoje eu quero é ver se você aguenta o que aprontei.
Eduardo soltou um grunhido e deu um gole na cerveja, deixando um fio do líquido escorrer pelo queixo. Carlos, num impulso, inclinou-se e lambeu o trajeto da gota antes que ela caísse, os olhos fixos nos de Eduardo.
— Safado — Eduardo rosnou, puxando-o pelo cinto.
O beijo foi voraz, dentes batendo, línguas brigando pelo domínio. Carlos sentiu as mãos grandes de Eduardo agarrando sua bunda com força, os dedos afundando na carne enquanto o short ridiculamente apertado fazia pouco para esconder o efeito que aquilo tinha nele.
— Tá com saudade, é? — Carlos gemeu entre os lábios de Eduardo, esfregando o quadril contra o volume crescente na calça do outro.
— Saudade é pouco — Eduardo mordeu seu lábio inferior, puxando-o para dentro da casa. O cheiro de café fresco e lenha queimada enchia o ar, mesclando-se ao aroma masculino que sempre envolvia Eduardo — suor, sabão de coco e algo selvagem, como o mato depois da chuva.
Na cozinha, uma panela de barro ainda morna no fogão a lenha indicava que Eduardo havia preparado algo. Carlos aproveitou a distração para puxá-lo pela camisa, girando-o contra a bancada de madeira maciça.
— Eu vi você me olhando quando cheguei — sussurrou, deslizando as mãos pelo torso largo de Eduardo, descendo até a fivela do cinto. — Tá durão só de me ver, seu tarado.
Eduardo prendeu seu pulso com um movimento rápido, os olhos escuros brilhando de desafio.
— Engraçadinho. Quer provar do que esse "tarado" faz com moleque atrevido?
Carlos respondeu esfregando o corpo todo no dele, sentindo cada curva e músculo através das roupas.
— Tô esperando desde que você ligou.
O gemido que saiu da garganta de Eduardo foi quase um rugido. Ele virou Carlos de costas de um só movimento, pressionando-o contra a bancada. A madeira áspera arranhou a pele nua exposta pela regata levantada, mas o incômodo se perdeu no turbilhão de sensações quando os dentes de Eduardo fecharam em seu ombro, ao mesmo tempo que as mãos desciam para abrir o short.
— Porra, Carlos... — a voz estava rouca de desejo quando Eduardo viu que ele realmente estava sem cueca. — Você veio mesmo pra acabar comigo.
Carlos sorriu sobre o ombro, arreganhando as nádegas num convite mudo.
— Só tô seguindo as ordens...
O vento quente do fim de tarde enroscava-se entre os dois corpos colados na varanda, carregando o aroma doce de frutas maduras e o cheiro acre de suor masculino. A madeira envelhecida do corrimão rangia sob o peso de Carlos, pressionado contra ele pelas mãos calejadas de Eduardo. O sol baixo pintava suas peles de um dourado âmbar, destacando cada músculo tenso, cada veia saltada nos braços que prendiam o garoto com força possessiva.
— Você tá puto ou com tesão? — Carlos provocou, arqueando as costas quando os dentes de Eduardo fecharam em seu pescoço.
— Os dois, sua peste — rosnou Eduardo, esfregando a barba por fazer na nuca do rapaz enquanto as mãos despiam o short até os joelhos. O tecido caiu no assoalho com um baque surdo, revelando as nádegas redondas e bronzeadas de Carlos, já marcadas pelos dedos impacientes do homem.
O ar gelado da tarde contra a pele exposta fez Carlos estremecer, mas o calor do corpo de Eduardo atrás dele — duro, suado, dominador — queimava mais que qualquer lenha no fogão. Ele sentiu a ponta do pau do tio roçando sua entrada, já escorrendo de pré-gozo, e gemeu baixo:
— Vai ficar só olhando ou vai meter como homem?
Eduardo respondeu com uma palmada firme na bunda esquerda, deixando a marca da mão em vermelho vivo na pele.
— Chega de gracinha — ordenou, cuspindo na própria mão e esfregando na rola antes de alinhar na entrada apertada. — Hoje você vai gemer meu nome até os vizinhos ouvirem.
A penetração foi lenta só no começo — o tempo suficiente para Carlos sentir cada centímetro daquele pau grosso invadindo-o, ardendo como fogo e gelo ao mesmo tempo. Ele agarrou o corrimão com força, os nós dos dedos brancos, enquanto Eduardo entrava até o talo com um grunhido animal.
— Porra... esse cuzinho foi feito pra mim — Eduardo rosnou, puxando os quadris de Carlos para trás a cada estocada. A madeira batia contra a carne num ritmo obsceno, ecoando pela varanda vazia.
Carlos jogou a cabeça para trás, os olhos fechados, a boca aberta em gemidos contínuos. Cada movimento de Eduardo acertava em cheio no ponto que o fazia ver estrelas. O calor, a dor deliciosa, o cheiro de sexo e suor — tudo se misturava numa névoa de prazer.
— Tá gostando, é? — Eduardo puxou seus cabelos, forçando-o a olhar para frente, onde o pôr-do-sol incendiava o horizonte. — Olha como você tá levando pau que nem uma puta.
Carlos viu seu próprio reflexo no vidro da porta — rosto rubro, lábios inchados, corpo suado tremendo sob o ritmo implacável de Eduardo. A visão foi quase suficiente para fazê-lo gozar ali mesmo.
— Não... não aguento — gemeu, sentindo o orgasmo se aproximar como uma onda.
Eduardo soltou uma risada rouca e parou de repente, deixando-o à beira do abismo.
— Agora não — ordenou, virando Carlos de frente e levantando-o como se pesasse nada. O garoto envolveu as pernas em sua cintura automaticamente, e Eduardo o empurrou contra a parede da casa. — Quero ver essa cara quando você gozar.
O novo ângulo foi ainda mais profundo. Carlos gritou quando Eduardo voltou a meter, agora com força redobrada, o corpo do homem colado no seu, pele contra pele, o suor escorrendo entre eles. As mãos grandes agarravam suas nádegas, ajudando no movimento, e os lábios de Eduardo devoravam seus gemidos em beijos molhados.
— Vai gozar, seu safado — Eduardo ordenou, a voz um comando impossível de ignorar. — Goza sem tocar nessa rola.
Carlos obedeceu como sempre. O orgasmo atingiu-o como um raio, o corpo arqueando, o cuzinho apertando involuntariamente em volta do pau de Eduardo, que gemeu alto e seguiu o exemplo, esvaziando-se dentro dele com estremecimentos brutais.
Por um longo minuto, só havia o som da respiração ofegante e do vento nas folhas. Eduardo ainda o segurava contra a parede, os músculos tremendo de esforço, o rosto enterrado no pescoço de Carlos.
— Caralho — resmungou, finalmente soltando-o com cuidado. — Você me tira do sério.
Carlos escorregou pela parede até os pés, as pernas bambas, um sorriso vitorioso nos lábios.
— Eu tô aqui pra isso — respondeu, lambendo os lábios.
A água gelada da ducha externa escorria pelos corpos ainda fumegantes de Carlos e Eduardo, formando pequenas poças aos seus pés sobre as pedras gastas do chão. O crepúsculo tingia o céu de tons de púrpura e ouro, enquanto os primeiros vagalumes começavam a dançar entre as árvores. O ar noturno trazia agora um frescor que fazia a pele arrepiar, contrastando com o calor que ainda queimava por dentro.
Eduardo pegou a barra de sabão de coco e começou a esfregar as costas de Carlos com movimentos firmes, mas surpreendentemente delicados. Seus dedos desenhavam círculos na pele macia, limpando cada vestígio do que haviam feito.
— Você tá diferente — murmurou Eduardo, a voz rouca da água corrente. — Mais... dono de si.
Carlos virou-se sob o jato d'água, enfrentando o olhar escrutinador daquele homem que conhecia cada centímetro do seu corpo. Gotas escorriam pelos cílios longos enquanto sorria:
— Aprendi com o melhor. — Suas mãos desceram pelo peito peludo de Eduardo, lavando a espuma que escorria pelos músculos definidos. — Mas ainda tenho muito pra aprender.
Eduardo riu, um som grave que se misturou ao barulho da água. Pegou uma toalha áspera e começou a secar Carlos com cuidado, parando para apertar uma nádega com força.
— Essa bunda hoje vai dar o que falar no rodeio — comentou, os olhos escuros ardendo de posse. — Mas lembra que é minha.
Vestir-se foi uma cerimônia lenta, cada peça de roupa uma provocação calculada. Eduardo surgiu da casa vestido como o arquétipo do peão: botas de couro envernizado que rangiam a cada passo, calça jeans justa que marcava cada curva muscular, cinto de fivela larga que Carlos tinha vontade de morder. A camisa xadrez vermelha estava aberta até o umbigo, revelando o peito cabeludo que cheirava a sabão e a algo inerentemente Eduardo.
Carlos, por sua vez, escolheu com cuidado:
— O que você acha? — perguntou, girando para mostrar o conjunto. A regata branca molhada colada ao torso definido, a calça skinny jeans que parecia pintada nas coxas grossas e, principalmente, naquelas nádegas que Eduardo não cansava de apertar.
— Vira — ordenou Eduardo, a voz mais grossa. Quando Carlos obedeceu, exibindo o volume na frente da calça, o homem soltou um grunhido aprovador. — Safado do caralho.
Carlos sorriu, malicioso, e então fez o movimento que estava planejando desde que saíra da cidade. Virou de costas novamente e abaixou levemente a calça, revelando a surpresa prometida: um fio dental vermelho que desaparecia entre as nádegas ainda rosadas da marca das mãos de Eduardo.
O silêncio que se seguiu foi quebrado pelo som do cinto de Eduardo sendo afrouxado às pressas.
— Porra, garoto! — rosnou, avançando sobre Carlos. — Você quer chegar atrasado nessa porra de rodeio?
Carlos escapou com uma risada, ajustando a calça com movimentos provocadores:
— Depois, cowboy. — Mordeu o lábio inferior. — Prometo que você pode desfiar esse fio dental com os dentes quando voltarmos.
Eduardo o encurralou contra a parede da casa, o corpo quente mesmo através das roupas:
— Melhor você dançar só comigo hoje — ameaçou, mas os olhos brilhavam de antecipação. — Se eu ver algum peão encostando em você...
Carlos fechou a distância, selando os lábios de Eduardo num beijo que sabia a cerveja e a promessa de noite longa. Quando se separaram, ofegantes, o som distante de música country já chegava até o sítio.
— Vamos, tio — provocou Carlos, passando por Eduardo e descendo os degraus com um rebolado calculado. — Vou te mostrar como moleque da cidade dança forró.
Eduardo seguiu, os passos pesados das botas ecoando na madeira, os olhos fixos naquele corpo que conhecia tão bem e que ainda conseguia surpreendê-lo. A noite mal começara, e o rodeio seria apenas o prelúdio do que ainda estava por vir.