Laços Proibidos: As Relações Secretas na Empresa e na Família ( parte 14)continuação

Um conto erótico de Carlos
Categoria: Heterossexual
Contém 4212 palavras
Data: 01/06/2025 06:46:33

Depois do almoço, passamos a tarde jogando truco. As risadas iam e vinham, o clima era leve, descontraído, mas por volta das seis da tarde, Camille se aproximou sorrateira. O olhar malicioso, aquele que eu já conhecia bem.

— Chefinho… — sussurrou no meu ouvido, a voz baixa e insinuante, enquanto uma piscadinha acompanhava o convite — Vamos lá pra cima? Hoje eu não bebi.

Antes que eu respondesse, seus dedos já se entrelaçavam nos meus, puxando-me com determinação. Jonathan, sentado por perto, me lançou um olhar cortante — raiva, desprezo e tristeza, tudo num só golpe mudo, como se soubesse exatamente o que estava prestes a acontecer. Mas eu não hesitei.

Subimos as escadas às pressas. Quando chegamos à porta do quarto, Camille me empurrou contra a madeira e colou seus lábios nos meus com uma urgência quente, faminta. A luz dourada do entardecer entrava no quarto, iluminando nossos corpos enquanto entrávamos, tropeçando no desejo, no passo acelerado dos nossos corpos se encontrando.

Ela se despiu com pressa, deixando a blusa e o short caírem pelo caminho, como se cada peça de roupa fosse um estorvo. Veio até mim com aquele sorriso safado, e, sem perder tempo, beijou meu pescoço, mordeu meu queixo e desceu as mãos pelo meu corpo até alcançar meu short, que ela puxou sem cerimônia.

Seus dedos encontraram meu pau já pulsando, e ela começou a me masturbar com firmeza, os olhos cravados nos meus, como se se alimentasse da reação que provocava. Logo se ajoelhou, lambendo a glande antes de me engolir por inteiro, devagar, como quem saboreia um doce proibido. Gemeu com a boca cheia, a garganta vibrando em volta de mim. Às vezes engasgava, mas ao invés de quebrar o clima, aquilo só deixava tudo ainda mais intenso.

Quando eu já estava duro como pedra, ela se deitou na cama e abriu as pernas com um movimento suave, lento, cheio de intenção. Um convite indecente, sem uma única palavra.

Me ajoelhei entre suas coxas, beijei sua barriga e fui descendo aos poucos, até sentir sua pele arrepiar sob minha boca. Sua buceta já brilhava, melada, pedindo por atenção. Passei a língua devagar, explorando, até encontrar o clitóris e começar a sugar com precisão. Os gemidos vieram quase imediatamente, altos, desinibidos.

— Aí… assim… não para… — ela pediu, os dedos se agarrando ao lençol.

Introduzi dois dedos, sentindo seu interior apertado e quente, enquanto continuava a chupá-la com vontade. Cada contração do corpo dela era uma resposta ao meu toque. Ela gozou tremendo, a respiração falhando, soltando um mel adocicado que eu lambi até o fim, como quem devora uma sobremesa favorita.

Peguei a camisinha na mochila, vesti rápido, e me posicionei entre suas pernas. Encostei a glande na entrada úmida e fui empurrando devagar, sentindo seu corpo me acolher com um gemido alto e lascivo.

— Isso… não para… vou gozar de novo! — ela arfou, agarrando meu braço com força.

Ela gozou de novo enquanto eu ainda a penetrava fundo, os corpos colados, suados, famintos. Mudamos de posição; puxei-a de lado e a segurei contra mim, entrando novamente com uma estocada firme. Comecei a meter com mais força, e ela gemia com a cabeça jogada pra trás, sem pudores, entregue.

— VOU GOZAR! — avisei, quase sem fôlego.

— Goza na minha boca — pediu, entre suspiros.

Arranquei a camisinha e ela já se ajoelhava diante de mim, os olhos fixos nos meus. Quando gozei, ela me encarou com fome e prazer, sem desviar o olhar enquanto engolia tudo com uma satisfação Nos deitamos juntos, ainda ofegantes, os corpos entrelaçados, quentes, pulsando em silêncio. Por alguns minutos, o som das respirações dizia mais do que qualquer palavra. Foi só quando o ritmo do peito dela se acalmou que decidi quebrar o silêncio.

— O Jonathan ficou meio puto quando viu a gente subindo — comentei, tentando soar leve, como se não fosse nada demais.

Camille soltou um riso curto, sem humor.

— Eu vi... Foi desnecessário da parte dele.

— Desnecessário? — franzi a testa. — Sei lá, o cara tava contigo, né? Aí eu apareço e... estrago tudo. Eu até entendo ele não curtir.

Ela fechou os olhos, como quem tenta conter algo mais do que uma simples irritação. O silêncio dela foi pesado. Continuei, meio sem jeito.

— Eu vi vocês na cozinha... pelo jeito que ele te olhava, parecia que gosta mesmo de você. Por que não dá uma chance pra ele?

Camille soltou um suspiro longo, impaciente, e desviou o olhar. Mudou de assunto logo em seguida, e eu entendi o recado: melhor não insistir.

Depois de um tempo, fomos tomar banho. Voltamos pro grupo, jogamos uma última rodada de truco e seguimos pra piscina. A galera brincava, rindo e se molhando, mas eu fiquei no canto, sem coragem de entrar.

Foi quando Rafa surgiu do meu lado.

— Oi, garanhão... — disse com aquele sorriso atrevido que ela sabia usar como ninguém. O olhar dançava entre provocação e diversão. — Teve gente que não gostou nem um pouco de te ver subindo com a Camille, viu?

Soltei um riso contido, dei um gole na bebida.

— Eu percebi. A cara dele entregava tudo.

Ela se aproximou mais, de mim , diminuindo a distância entre nos

— Me conta... como você consegue dar conta de três mulheres no mesmo dia? Isso é talento, viu?

— Sei lá... — ri, sem saber como responder, fingindo modéstia, mas sem negar.

Camille apareceu de repente.

O olhar dela encontrou o meu e depois parou na Rafa — demorou um segundo a mais do que o necessário. O sorriso veio torto, contido.

Cruzou os braços, o maxilar travado, como se tivesse engolido alguma coisa atravessada.

— Interrompi alguma coisa? — perguntou, a voz baixa, mas afiada — O que vocês estão cochichando?

— Só tava falando da cara do Jonathan — disse Rafa, tentando disfarçar, como quem muda de assunto rápido pra não levantar suspeita.

Camille não deixou passar.

— Não foi só pro Carlos que ele olhou daquele jeito. Quando ele virou pra mim... foi como se o olhar cortasse. Quase doeu.

— Eu falei pra ela dar uma chance pra ele. O cara parece legal.

— Ah, sei lá... ele é meio sem graça. Mas é um gatinho. — Rafa piscou , provocando Camile.

Camille revirou os olhos e virou o rosto.

— Ai, para vocês dois com esse papo. — A irritação era impossível de disfarçar. — Pega ele pra você então, Rafa. Já que acha ele tão fofo. Tchau.

Ela se afastou pisando firme, cada passo marcando o chão com sua raiva. Nem olhou pra trás.

Rafa suspirou.

— Você sabe que ela não dá uma chance pra ele por sua causa, né?

Assenti, um pouco contrariado.

— Sei. A Fran já tinha comentado. Camille gosta de mim.

— E você? Gosta dela?

Hesitei. A pergunta me atingiu como um soco no estômago.

— Gosto... mas como amiga. Uma amiga com quem eu acabo transando, às vezes.

— Então você precisa deixar isso claro. De verdade. Ela tá criando expectativa. Nunca vi a Camille tão entregue assim.

— Mas eu sempre falei que não queria nada sério.

— Falar é uma coisa. Mas... você foi carinhoso, deu atenção. Pra muita mulher, isso fala mais alto do que qualquer discurso.

Nesse momento, Fran se aproximou e ouviu o final da conversa.

— Já falei isso pra ele — disse, colocando a mão no meu ombro. — Pra vocês homens, transar pode ser só sexo. Mas pra gente, principalmente a primeira vez, é diferente. Fica na pele, no peito.

Rafa completou, num tom mais suave.

— Ainda mais quando o cara é gentil. A gente se apega. Eu, por exemplo, não tive essa sorte.

Fran sorriu de lado, melancólica.

— Nem eu.

Ficamos em silêncio. O som da festa parecia distante, abafado. Rafa se afastou pouco depois, sumindo entre os corpos dançantes. Fran permaneceu.

— Eu sei que tudo isso é complicado — disse ela, me observando. — Principalmente por causa da mãe dela. Mas você precisa decidir o que quer.

Suspirei.

— Com você e a Karina... tudo é mais leve. Já com a Camille, com a Helena... é como se tudo pesasse. Parece que eu carrego o mundo nas costas. E agora tem a Vanessa, a garota do passado, voltando do nada. Às vezes eu penso: que merda eu tô fazendo com a minha vida?

— Karina? Sua prima? — Fran levantou a sobrancelha. — Você não acha que já tem mulher demais pra administrar?

— Sei lá... — ri, sem humor. — Com a Karina foi como com você. Natural, leve, sem pressão. Com a Helena e a Camille, tudo parece forçado. Como se tivesse uma cobrança no ar.

— Provavelmente pesa porque elas são mãe e filha. A Camille sabe da mãe dela e tem sentimentos por você... Imagina só o que deve ser pra ela estar envolvida com o cara que é — ou foi — amante da própria mãe. Eu fico pensando em como tudo isso deve ser confuso pra ela, como deve mexer com a cabeça dela. Talvez seja por isso que, com elas, as coisas ficam mais difíceis pra você também. A Helena é daquele jeito com você, ciumenta. Por quê? Porque ela sabe que vocês nunca vão poder viver algo de verdade. Nunca vão poder ficar juntos de verdade. Ela é casada, tem a diferença de idade... essas coisas.

— Você tem que falar com a Camille. Você precisa libertar ela de uma coisa que não existe.

— E se magoar ela ?

— Vai magoar. Mas continuar assim machuca mais.

Assenti, em silêncio.

— Eu sabia que isso não ia dar certo desde o começo.

Ela me lançou um olhar firme, mas doce. Carinhoso. E foi nesse momento que Camille voltou. Estava com um sorriso hesitante nos lábios, mas os olhos buscavam alguma resposta em nossas expressões.

— O que vocês estavam falando? Por que essa cara tão séria?

— Nada, amiga — respondeu Fran.

— Nada, gata — repeti, puxando-a pela mão.

Entramos na piscina. Ela mergulhou de um salto, molhando tudo ao redor. Eu fui devagar, sentindo o peso no peito afundar junto comigo. Camille veio pra perto, sorrindo, brincando. Mas eu mal ouvia o que ela dizia — minha cabeça girava, carregada de pensamentos e culpas.

Olhei pro outro lado. Jonathan me encarava com um olhar duro, que dizia tudo sem precisar mover os lábios. E de alguma forma, isso me feriu mais do que eu esperava.

Mais tarde, eu, Camille, Fran e Rafa pegamos bebidas e fomos pro ofurô. Entramos juntos: Fran de um lado, Camille do outro, Rafa à frente. Riam, se provocavam, trocavam olhares. Mas minha cabeça já estava em outro lugar.

Camille recusou a bebida com um sorriso cheio de intenção.

— Nem um gole, amiga. Hoje quero estar cem por cento pro chefinho.

Dei uma risada tímida, desconcertado.

Quando Fran e Rafa saíram pra buscar algo pra comer, Camille se aproximou. O rosto dela estava mais sério do que antes.

— Você tá diferente. É por causa do Jonathan?

— Não.

— É sobre a gente?

— Não é isso... — tentei desviar, mas ela não deixou.

— Eu ouvi você e a Fran. Ela disse que você tem que me contar.

— Então pergunta logo.

— É sobre nós?

— É.

— É sobre o que sinto por você?

Assenti, devagar.

— Sim...

Os olhos dela se encheram d’água, mas a voz permaneceu firme.

— Eu sei que fui eu quem forçou a barra. Achei que, se me entregasse de verdade, você ia me olhar do jeito que olha pra ela. Mas sentimento não se força, né? Não vou mais te pedir nada. Só... fica comigo essa noite. Só hoje. Amanhã, eu saio do caminho. Você e a minha mãe podem ficar livres pra viver o que quiserem — a voz falhou, mas ela sustentou o olhar. — Sem mim no meio.

Engoli seco. Tentei buscar as palavras certas, mas elas não vinham.

— Camille... eu nunca quis te machucar. Mas... não é só sua mãe. Alguém do meu passado voltou. E eu... ainda sinto alguma coisa por ela.

Uma lágrima deslizou, tímida, pelo canto do olho dela. Nenhuma palavra saiu. Com a ponta dos dedos, limpou o traço úmido com um gesto leve, como se estivesse recolhendo a própria dor. Abaixou a cabeça e soltou o ar com força, o peito afundando num suspiro que parecia levar embora o pouco que restava dentro dela. Quando ergueu o rosto, havia um sorriso — pequeno, firme — contrastando com o brilho molhado nos olhos. Um sorriso de quem já sofreu muito… e ainda assim escolhe ficar de pé.

— Então vamos aproveitar nossa última noite juntos — disse, num sussurro corajoso que me desmontou inteiro.

Fiquei sem palavras. Sempre enxerguei Camille como uma garota mimada, frágil diante das frustrações. Mas ali, naquele instante, ela parecia carregar o peso do mundo e ainda assim manter a cabeça erguida.

Ela se aproximou devagar, sem dizer mais nada, e se sentou no meu colo, de frente pra mim. Minha cabeça ainda baixa, afundada em culpa, só se ergueu quando os dedos dela tocaram meu rosto e o guiaram até o dela. Nossos olhos se encontraram num silêncio denso, cheio de tudo que não conseguimos dizer. E então ela me beijou. Um beijo cheio de urgência, doçura e desespero — como se quisesse deixar ali um pedaço da alma.

Retribuí com a mesma entrega.

Ouvi passos vindos da porta — Rafa e Fran. Mas, ao nos verem, Fran segurou discretamente o braço de Rafa e a puxou de volta, fechando a porta com delicadeza, deixando-nos novamente sós. O silêncio voltou, acolhedor, e tudo ao meu redor se dissolveu até sobrar apenas Camille. A pele dela perto da minha parecia irradiar calor. Levei os lábios até seu pescoço e tracei com a língua um caminho lento, morno, arrepiando cada centímetro. Ela arfou, os dedos se apertando nos meus ombros.

Minhas mãos encontraram o laço do biquíni e, com calma, desfiz o nó. O tecido escorregou, revelando seus seios, firmes e levemente arrepiados ao toque do ar. Beijei cada contorno com cuidado, prestando atenção às reações dela — o tremor leve, o suspiro curto, o arrepio que subia pelas costas. Passei a língua devagar pelos mamilos, alternando entre o toque quente e pequenas mordidas que arrancavam gemidos baixos, quase involuntários.

Enquanto isso, minhas mãos desciam pelas coxas dela, firmes, até alcançar suas nádegas, que apertei com um desejo contido, mas crescente. Camille levou a mão até minha bermuda, e com um gesto direto, puxou meu pau pra fora. Seus olhos me atravessaram, e por um instante, o que nos unia ia muito além do sexo.

Desfiz a parte de baixo do biquíni dela e a ajudei a se posicionar. Ela segurou meu pau com firmeza, alinhando-o à sua entrada, e foi se sentando devagar. O calor e a pressão me fizeram fechar os olhos, respirar fundo. Cada centímetro que ela engolia parecia nos unir mais profundamente. Quando ela me recebeu por completo, parou. Pegou meu rosto entre as mãos, afastando-o do espaço entre seus seios, e me beijou de novo — um beijo longo, cheio de saudade, como uma despedida com gosto de amor.

Começou a cavalgar com um ritmo lento, os olhos fixos nos meus, como se quisesse ler meus pensamentos. Seus quadris se moviam com precisão e entrega. A cada impulso, a cada suspiro quente, o mundo parecia se apagar ao nosso redor. Aos poucos, ela acelerava, e eu sentia tudo — as contrações apertadas, o calor úmido, os sons baixos que escapavam da garganta dela e me enlouqueciam.

Quando percebeu que eu estava prestes a gozar, sussurrou, entre arfadas:

— Não goza ainda… — e mordeu o lábio inferior, os olhos brilhando. — Quero que você goze junto comigo.

Ela passou a rebolar com mais força, empinando-se contra meu corpo, os seios deslizando pelo meu peito, as unhas fincadas nos meus ombros. Voltou a cavalgar num ritmo mais intenso, como se quisesse sugar tudo de mim.

— Agora… goza comigo! — pediu, com a voz rouca, arqueando as costas, os cabelos colando na pele suada.

Cravei os dedos em suas nádegas no mesmo instante em que ela cravou as unhas nas minhas costas. Nossos olhares se prenderam e, naquele segundo, fomos ao limite juntos. Eu explodi dentro dela, sentindo cada contração apertada da sua buceta me envolver, e ela tremeu sobre mim, gemendo com um som que misturava prazer e dor. Um gemido que parecia vir da alma.

Ficamos ali, colados, os corpos colapsados, o som das nossas respirações preenchendo o espaço. Ela me abraçou forte, como se tentasse parar o tempo, e por alguns minutos não existia mais nada além daquele abraço.

Depois, me deu um beijo silencioso e se levantou devagar. Sentou-se ao meu lado no ofurô, o olhar perdido. Quando nos encaramos de novo, havia uma despedida nos olhos dela que me atravessou como faca. Fungou baixinho, pegou o biquíni e o vestiu com pressa, antes de sair correndo dali.

Vesti o short às pressas, ainda zonzo, e fui atrás dela. Todos os olhares no ambiente se voltaram pra mim — alguns confusos, outros claramente julgadores. Mas ninguém sabia. Ninguém precisava saber. Só eu entendia o que tinha acabado de acontecer.

Antes que eu a alcançasse, Fran surgiu no meu caminho e segurou meu braço com força. Seus dedos afundaram na minha pele como quem sabia que, se me soltasse, eu faria uma besteira. Rafa correu atrás de Camille logo em seguida.

— Deixa ela ir. Agora não é hora. Ela precisa desse tempo sozinha.

Tentei me soltar. Fran não cedeu.

— Eu peguei suas coisas. Vamos sair daqui. Agora.

Foi quando Jonathan apareceu. O olhar dele queimava — era veneno puro, desprezo escancarado.

— Eu sabia que você ia fazer ela sofrer — rosnou, quase cuspindo as palavras.

A raiva me atravessou como labareda. Avancei sem pensar. Meu punho se fechou. Queria apagar aquele olhar, aquela voz. Porque, no fundo, ele tinha razão. E o que doía mais… era que eu sabia disso.

— Não se mete nisso — falei entre os dentes, o rosto a milímetros do dele.

— Vai fazer o quê? Vai me bater? Vai destruir a minha cara do mesmo jeito que destruiu o coração dela?

— Você não sabe o que rolou. Fica aí, de longe, julgando, como se fosse o herói da história.

— E você é o quê? A vítima? — ele cuspiu, o rosto vermelho. — Cresce, Carlos. A Camille saiu destruída, e a culpa é sua.

Fran se colocou entre nós, me empurrando com firmeza.

— Carlos, para. Não aqui. Não agora.

Depois, virou-se pra Jonathan, com um olhar que poderia cortar vidro.

— E você, cala a boca. Você não sabe nem metade.

Jonathan se afastou, ainda bufando, me lançando um último olhar — um misto de pena e desdém.

Fiquei ali, o corpo tremendo, a raiva latejando nas veias. O gosto metálico na boca. Mas Fran ainda segurava meu braço, como uma âncora. Sabia

— Vamos. Antes que isso piore.

Assenti em silêncio. Mas por dentro, o caos já tinha começado.

No carro, ninguém disse uma palavra. O silêncio era pesado, doído. E eu sabia que aquela noite ainda ia ecoar por muito tempo dentro de mim.

Fran dirigia em silêncio, lançando olhares breves na minha direção, como se quisesse dizer algo, mas sem coragem de romper o peso no ar. Eu estava encolhido no banco, o olhar perdido no chão do carro, com um nó na garganta e o coração esmagado pela culpa. Tinha ferido Camille — e a imagem do rosto dela, partido, me assombrava.

Assim que cruzamos a entrada da cidade, Fran quebrou o silêncio:

— Carlos... Eu sei que você não tá bem. Fica em casa hoje, descansa. Amanhã eu te levo pra tua .

— Valeu... Mas prefiro ficar sozinho.

— Tá... Você que sabe. Vai com meu carro, então.

— Amanhã eu nem vou sair. Se sair, chamo um app.

— Não precisa. Já tô pedindo um carro pra mim — respondi, com a voz baixa.

Ela parou o carro em frente ao prédio. Esperamos juntos, sem dizer nada, até o carro do aplicativo encostar. Antes que eu saísse, ela me puxou para um abraço apertado, demorado.

— Foi melhor assim, Carlos... Ela já tava se iludindo demais. Se você deixasse isso continuar, ia machucar muito mais.

Mas... — Ela hesitou, me olhando nos olhos com uma sinceridade que me desarmou.

— Como alguém que já fez muita besteira na vida — e ainda faz —, te digo: aproveita, vive.

Só... só não finge que não sabe quando alguém te olha com amor.

Porque, às vezes, o que machuca não é a ausência do sentimento... é o silêncio de quem nunca teve coragem de retribuir.

Pensa bem, Carlos. Entre as possibilidades que você tem, qual delas você acha que se encaixaria melhor para um futuro com você?

Nem sempre o que a gente sente é o que vai fazer a gente feliz. Às vezes, o amor existe... mas não é a melhor escolha.

Assenti, sem responder. Entrei no carro e fui pra casa.

Assim que me joguei na cama, um torpor tomou conta do meu corpo. Minha cabeça latejava e os pensamentos martelavam sem parar. Antes de apagar, peguei o celular. Entrei no app de mensagens e vi: bloqueado pela Camille. Suspirei fundo e escrevi pra Rafa:

Eu: “Oi… Ei, como ela tá?”

Esperei. Sem resposta.

Depois de um tempo, o sono finalmente me venceu.

Acordei quase onze da manhã. Pedi algo pra comer, tomei banho, almocei no silêncio do meu quarto. Peguei o celular — algumas mensagens, mas só respondi a Fran e depois a Rafa.

Fran: “Oi, como você tá? Melhorou?”

Eu: “Oi… tô bem.”

Fran: “Quer fazer algo? Almoçar, shopping, cineminha?”

Eu: “Não… tô de boa.”

Fran: “Tá. Qualquer coisa, tô aqui.”

Eu: “Tá bom.”

Depois respondi a Rafa.

Rafa: “Oiii. Ontem ela chorou muito e bebeu muito. Hoje tá curtindo, mas continua bebendo demais.”

Rafa: “E você? Como tá?”

Eu: “Tô bem.”

Rafa: “Tá mesmo?”

Eu: “Não muito… mas tô mais preocupado com ela.”

Rafa: “Fica tranquilo. Você fez o certo. Eu conheço a Camille. Se tivesse deixado rolar, ela ia se apegar ainda mais, e isso só ia machucar mais.”

Conversamos mais um pouco. Depois, liguei o videogame. Joguei até a noite, mas o sono não veio fácil. Dormi mal.

Na manhã seguinte, fui trabalhar. Cheguei e fui direto ao refeitório tomar café. Fran apareceu logo depois, me cumprimentando com um beijo no rosto.

— Oi… bom dia! — disse, animada.

— Bom dia… — murmurei, bocejando.

— Nossa, tua cara diz tudo. Dormiu mal?

— É… quase nada.

— Mas tá bem?

— Preocupado com a Camille. Só isso.

— Acho que ela não vem mais.

— Também acho…

Mal terminei de falar e Helena surgiu. Atrás dela, Camille.

Ela estava... deslumbrante. Um vestido roxo justo, os cabelos soltos e aquele sorriso de sempre — mas com algo diferente, mais afiado, talvez. Elas vieram direto na nossa direção.

— Bom dia! — disse Helena, simpática.

— Bom dia… — sussurrei, sem erguer os olhos.

Antes que Fran respondesse, Camille se adiantou:

— Bom dia!

Eu continuei de cabeça baixa, mudo. Foi quando senti a mão dela tocar meu ombro. Levantei os olhos. Ela me encarava com um sorriso leve, mas quebrado.

— Bom dia, chefinho — disse, com a mesma voz doce de sempre.

— Vou subir, adiantar umas coisas, tá?

Assenti, ainda em silêncio, sem saber o que fazer com o coração batendo descompassado. Elas subiram.

— Eu jurei que ela não viria — sussurrou Fran, do meu lado.

— Eu também…

— A sua cara quando viu ela… hihihi!

— Você ri? Meu coração quase saiu pela boca.

— Eu vi. Você travou total. E a Helena ficou te olhando… acho que percebeu alguma coisa.

— Com certeza. Helena é esperta, capta tudo no ar.

Conversamos mais um pouco, até o horário bater. Pegamos o elevador e subimos. Quando chegou meu andar, Fran me abraçou, agora mais séria:

— Qualquer coisa, me chama. Se o clima ficar pesado, eu invento uma desculpa e te tiro daí, beleza?

— Tá… Logo hoje que não tenho nada pra fazer lá em cima…

— É só mandar mensagem — disse, piscando. — Se cuida.

O elevador se abriu. Respirei fundo antes de sair.

Lá estava ela. Sentada na nossa mesa, como se nada tivesse acontecido. Olhou pra mim, sorriu — um sorriso tímido, cheio de dor escondida — e acenou com a mão, me chamando — como se não estivesse fingindo.

Fui até lá.

— Terminei o relatório que você pediu, chefinho. Tem mais alguma coisa pra eu fazer?

— Vou ver com sua mãe se ela precisa de ajuda. Já te passo as próximas.

— Tá bom, chefinho — disse, ainda com aquele sorriso, mas eu percebia a tensão escondida nos olhos.

Entrei na sala da Helena. Ela estava sorridente.

— Aconteceu alguma coisa? Tá com uma cara estranha… nem parece que se divertiu na chácara.

— Você sabe da chácara?

— Claro. Camille me contou. Disse que foi ótimo. Você, Fran, os amigos dela…

Fingi um sorriso e desconversei:

— Foi por isso mesmo… Me diverti demais. Tô exausto.

Ela me passou as demandas do dia. Saí da sala, voltei pra minha mesa. Camille não estava — o que me deu um breve alívio. Mas não durou: minutos depois, ela apareceu com duas garrafinhas de água, entregando a minha com um olhar firme. Nossos dedos se tocaram por um segundo a mais.

Puxei-a discretamente pelo braço e a levei até o setor de arquivos.

— Sobre sábado… eu só queria dizer que…

Ela me interrompeu, séria:

— Não quero falar sobre sábado.

— Tá… Mas eu só queria saber se você tá bem. E, de novo… me desculpa. Não queria te machucar. Nunca foi minha intenção te fazer sofrer.

Ela sorriu. Um sorriso frágil, quebradiço.

— Relaxa, chefinho… tá tudo certo.

Mas não estava.

O resto da semana passou devagar. Falávamos apenas o necessário. Assuntos de trabalho. Nada mais.

E mesmo sem querer admitir...

Eu sentia falta da Camille de antes.

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Comentários

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