Capítulo 7 – O Outro Par
Quando se escolhe conduzir, o desejo dos outros deixa de ser direção — e vira espelho.
O sol já estava baixo quando Luísa pediu que Henrique voltasse à sua casa. O convite tinha um tom neutro, mas ele já aprendera que, com ela, neutralidade era apenas o ponto de partida. Quando chegou, encontrou o ambiente cuidadosamente preparado: cortinas fechadas, luz suave, uma cadeira no centro do quarto, e Luísa em pé, vestida com uma camisa branca levemente folgada.
Henrique hesitou na porta.
— Entra — ela disse. — Hoje vamos avançar um pouco.
Ele entrou, com a ansiedade estampada no olhar.
Luísa não perdeu tempo. Caminhou até a gaveta e retirou um pequeno objeto metálico envolto em veludo rosa escuro. Henrique arregalou os olhos.
— Isso é...
— Um cinto de castidade. Um anel simbólico, digamos assim — respondeu ela, com voz firme. — Serve para lembrar que você pode ter desejo... mas não decisão.
Henrique ficou sem palavras.
Luísa aproximou-se, ajoelhou-se diante dele e encaixou o item com delicadeza e precisão. Não houve dor. Apenas um frio na espinha — um misto de constrangimento e reverência.
— Agora, tudo o que você sente fica guardado — disse ela. — E só se movimenta quando eu decidir.
Apos finalizar a instalação Luisa pegou um lacinho rosa com elastico e colocou envolta do seu penis e disse sempre que você estiver comogo vc tem que estar com esse lacinho
Henrique apenas assentiu. O olhar abaixado. A respiração curta.
Luísa levantou-se e, com naturalidade, pegou o brinquedo novo — aquele que havia comprado com a mãe. Retirou-o da caixa como quem apresenta uma peça de arte. A base firme. O formato elegante. A intenção clara.
Luísa girou o objeto entre os dedos, observando-o sob a luz como quem avalia uma extensão do próprio poder
— Está vendo isso, Henrique? — disse, com voz baixa. — Isso aqui não é um substituto. É um lembrete. Quando eu quiser prazer, saberei onde buscar. Mas quando eu quiser obediência... saberei onde olhar.
Henrique mordeu o lábio. Sentiu o peso do silêncio que pairava entre eles.
Luísa aproximou-se mais uma vez, inclinando-se levemente em seu ouvido:
— Esse brinquedo... hoje será usado só na superfície. Para provocar. Para marcar território no seu bumbum.
Penetração profunda mesmo... só na noite de núpcias. Quando for meu, de verdade.
Ela se afastou com a mesma calma de quem acabou de assinar um contrato simbólico.
E Henrique entendeu: ele não era mais o centro. Era parte de uma construção que exigia mais que desejo. Exigia devoção.
Ela girou o objeto entre os dedos, observando-o sob a luz como quem avalia uma extensão do próprio poder.
— Está vendo isso, Henrique? — disse, com voz baixa. — Isso aqui não é um substituto. É um lembrete. Quando eu quiser prazer, saberei onde buscar. Mas quando eu quiser obediência... saberei onde olhar.
Henrique mordeu o lábio. Sentiu o peso do silêncio que pairava entre eles.
Do lado de fora, alguém tocou a campainha.
Luísa olhou o relógio. Pontual.
Ela se virou para Henrique, ainda preso simbolicamente ao acessório, e disse com firmeza:
— Fica aqui. Não se mexe. Não fala. Só observa.
Abriu a porta com calma. E então ele entrou.
O novo peguete.
Gabriel.
Não era mais velho. Mas havia nele uma postura diferente. O tipo de olhar que não buscava permissão — mas também não oferecia ameaça. Um rapaz de voz calma, gestos precisos, e olhos que mediam o ambiente com naturalidade.
Luísa o apresentou com simplicidade:
— Gabriel, esse é Henrique. Um… aprendiz.
Gabriel olhou para o rapaz com curiosidade, mas sem desdém. Apenas assentiu, como quem entende o papel de cada um.
Luísa então conduziu Gabriel até a sala. Conversaram em voz baixa. Trocaram olhares que pareciam carregar frases inteiras. Ele a escutava com atenção. Sem tentar conquistar. Apenas compreendendo.
Henrique, do quarto, observava. Ouvia risos suaves, pausas longas, e sentia no próprio corpo o significado do que vivia.
Era o silêncio entre os dois que mais o marcava. Não o que era dito, mas o que não precisava ser dito.
Mais tarde, já com a visita encerrada, Luísa voltou ao quarto. Henrique ainda estava sentado, como ela deixara.
Ela sorriu.
— Viu o que acontece quando você não é mais o único?
Ele assentiu, sem conseguir erguer os olhos.
Luísa se aproximou, colocou a mão sobre o ombro dele e disse com suavidade:
— Eu te amo você. Mas agora, você precisa entender... que me amar não é o bastante. É preciso merecer o privilégio de me ver inteira.
E isso, ele sabia, só começava... quando se perdia a ilusão de controle.
Continua