Homem o suficiente

Um conto erótico de Turin Tur
Categoria: Grupal
Contém 4452 palavras
Data: 20/06/2025 08:27:03
Última revisão: 20/06/2025 13:14:00

Em frente à cama, ele se ajoelhava. Tinha os olhos fechados e segurava as musculosas coxas com as mãos, enquanto se apoiavam em seus ombros. A língua separava os lábios dela em movimentos lentos, indo e voltando. Depois, abocanhava aquela boceta como se estivesse chupando a última das frutas. Não importava se a posição era desconfortável, se seus joelhos doíam, Gilson se mantinha ali, chupando a sua namorada, dedicado a dar a ela o máximo de prazer que sua língua poderia fornecer. Ao abrir os olhos, viu-a com uma expressão séria, de alguém inconformada.

— Quero o seu pau!

A fala, carregada de insatisfação, desanimou Gilson de vez. Dali, ele se levantou, com o membro flácido, e foi até o banheiro. Ficou ali por bem mais tempo do que o necessário para um banho. Ao sair, ela já não estava mais em sua casa.

Decepcionar pessoas era normal na vida de Gilson. Desde cedo, percebia o desgosto dos pais com a criança introspectiva, medrosa, que sempre precisava ser protegida. Quando alvo de deboche de outras crianças, aprendeu a se esconder. Sendo invisível ao mundo, a dificuldade em se relacionar o torturava com a própria carência e levava a tentativas frustradas. Foi uma adolescência inteira de solidão. Quando adulto, conseguiu alguns poucos encontros, que não passavam dos primeiros. Gilson se sentia vazio, como se nada tivesse a oferecer a ninguém. Até conhecer a primeira e única namorada.

Ela era uma mulher admirável. Linda, inteligente e sexualmente fogosa, era a mulher dos sonhos de qualquer homem. Gilson se sentia um sortudo por estar com ela, principalmente por não se sentir digno dela. Os problemas com a ereção já estavam lá, desde o início do relacionamento, mas com medicamentos e um cuidado melhor da saúde, fizeram o casal ter uma vida sexual razoável até aquele momento em que Gilson não funcionava de jeito nenhum. Ela se queixava de receber flertes de homens o tempo todo e rejeitar todos em prol de uma fidelidade que não lhe dava retorno. O namoro não a satisfazia e, antes que ela o traísse, decidiu terminar.

“Você não é homem o suficiente”. Essa frase nunca lhe foi dita, mas assim era como a decepção era interpretada em sua mente, seja da parte dos pais, da namorada perdida ou mesmo pelos empregadores. Gilson não era assertivo, não tinha “fibra” como muitos de seus chefes diziam. Sua incapacidade de lidar com clientes insatisfeitos o tornava um elo fraco onde quer que trabalhasse. Gilson fora demitido uma semana após ter seu namoro terminado.

Morando no mesmo bairro da ex e sem emprego, ele decidiu se mudar para um apartamento mais barato, no centro da cidade. Achou um apartamento apertado, numa sobreloja em cima de uma escola de desenho. Karen, a dona do imóvel, era professora do curso. Uma mulher de quarenta anos, pele clara, cabelos pretos lisos, que normalmente os usava presos em um coque. Seus óculos tinham lentes grandes. O sorriso charmoso e a fala suave, quase doce, deixavam o rapaz menos nervoso em sua presença. Pagar o aluguel era um momento mágico em que conseguia ter mais de cinco minutos de conversa com uma mulher tão agradável. Gilson, entretanto, se restringia a isso e aos momentos solitários em que convocava aquela mulher para sua imaginação. Sabia bem que aquilo era o melhor que conseguia, ou pelo menos acreditava, até receber um convite incomum.

— Tenho uma turma especial, aos sábados, e preciso de alguém para as aulas de desenho com modelos. Só precisa ficar parado por um tempo.

Karen ofereceu desconto no aluguel, mas nem precisava. Encantado com aquela mulher, Gilson aceitaria qualquer coisa dela, sem ter ideia do que teria que fazer. Na primeira aula, Gilson foi apresentado à turma, de apenas duas alunas. Aline era loira, de poucas palavras, mas de um rosto incrivelmente bonito. Vestia um vestido longo, como se quisesse esconder suas curvas. Era branca, loira e tinha olhos azuis que atraíam os olhares de Gilson como se fosse um ímã. Ao cumprimentá-la, percebeu a esquiva dos olhares e sentiu que a incomodava. Manuela tinha uma energia oposta. Era falante e tinha um sorriso largo. Vestia uma blusinha e uma minissaia jeans, exibindo com orgulho as pernas grossas. Tinha a pele morena e o cabelo castanho, assim como os olhos. Os cabelos ondulados se estendiam até os ombros. Gostava de implicar com Aline constantemente, como que tentando roubar risos dela. Poucas vezes tinha sucesso.

Na primeira aula, Gilson teria seu rosto desenhado pelas alunas. Ter a cor retinta de sua pele elogiada pela professora fez seu rosto queimar. Jamais imaginaria ser elogiado por uma mulher elegante daquelas. Sentiu-se repentinamente confiante em ser modelo, acreditando que poderia agradá-la e quem sabe ficar mais próximo dela. O que aconteceu, na verdade, foi uma tortura. Para o desenho, as alunas ficaram próximas a ele, sempre o olhando. No início, não havia sorriso, apenas olhares concentrados direcionados a ele. Isso o incomodava. O tempo em que tinha que ficar imóvel tornava tudo mais incômodo e piorava quando Manuela começava a falar.

“Esse nariz seu… é tão difícil.”

“Karen, por que não arrumou ninguém com uma boca menor?”

“Essa pele vai gastar o meu carvão todo”

Na segunda aula, os comentários continuavam. Ao posar vestido, para o estudo de tecidos, Manuela brincava com a qualidade de suas roupas e mesmo com a falta de caimento adequado em seu corpo. A cada comentário, Gilson se sentia mais feio, esquisito, como se não fosse digno de estar ali. Tentava lidar com aquilo, pensando que aquela aluna era só uma mulher debochada, mas os risos que arrancava de Aline e até mesmo de Karen o magoaram. Ouvir tudo aquilo em silêncio o fazia lembrar dos tempos em que riam dele, mas não conseguia se defender. Queria dizer umas verdades para aquela mulher debochada, mas não conseguia nem pensar nas palavras. A obrigação de ficar parado, como um bom modelo, o ajudava a engolir aquilo tudo e, ao final da aula, já aceitava que ela podia ter razão.

Certo dia, Karen chamou Gilson para seu ateliê. A sós, com ela, se sentia mais leve, ao contrário de quando estava em presença das alunas. Com uma voz doce e um sorriso discreto, ela pediu algo que ele nunca imaginaria.

— Você consegue ficar nu?

Gilson arregalou os olhos e começou a gaguejar. Karen riu.

— É para a aula, Gilson. A próxima aula delas é de nu artístico. Você é ótimo em ficar imóvel na frente delas, mas vou precisar que fique sem roupa.

O rosto de Gilson queimou. — Não sei se consigo.

— Pode ficar de sunga, se preferir, mas queria dar a elas uma experiência completa.

— Acho que não agradei.

— Isso não importa, Gilson. Até porque você é um rapaz bonito. Elas vão gostar de desenhar você.

— Não é o que parece nas aulas.

— Esquece isso. A Aline e Manuela têm histórias difíceis e a arte está sendo uma terapia para elas. Você está ajudando muito.

— Sinto que só atrapalho.

— Não atrapalha. Você é o homem perfeito para esse trabalho.

O rosto de Gilson queimou. — Não sei o que dizer.

— Só diz que aceita fazer o nu na próxima aula.

— Não sei se consigo.

Karen abriu um sorriso que, além do charme habitual, tinha uma pitada de malícia. — Que tal fazer um teste agora? Tire a roupa para mim.

Pela primeira vez em muito tempo, Gilson se sentiu desejado. O medo e a vergonha estavam em conflito com o genuíno desejo de se exibir para aquela mulher. O sorriso de Karen o encorajava e, ao contrário das aulas, Gilson queria ser olhado. Ele se levantou de sua cadeira, mas ficou alisando a barra da camisa, ainda em dúvida sobre o que fazia.

— Eu te ajudo — disse Karen, com um sorriso ainda mais sapeca. Em um movimento apenas, ela tirou o vestido, que por ser longo, escondia a cinta-liga preta, adornada em rendas delicadas. Aquela mulher preparou aquele momento para ele.

Gilson, ao ver Karen nua, não teve mais dúvidas. O desejo em se exibir falou mais alto. Sentia-se feliz, como há muito tempo não acontecia. Ser desejado por aquela mulher provocava nele sensações inéditas. A cada peça de roupa tirada, Gilson perdia toda a inibição e se via como um modelo perfeito, capaz de tirar a roupa naquele lugar, independente de para quem fosse. Encontrava seu lugar no mundo como modelo e, de quebra, conquistou Karen. Beijou-a com desejo, apertando o corpo quente dela contra si. Seu pau endureceu em segundos enquanto apertava a bunda farta daquela mulher. O esfregar de línguas era delicioso e, mesmo assim, uma fração do prazer que sentia. Quando Karen se ajoelhou na sua frente, seu coração quase explodiu.

O toque macio no seu pau o fez estremecer. A boca quente, úmida, lhe arrancou gemidos e Gilson fechou os olhos ao virar o rosto para o teto. O deslizar gostoso dos lábios acariciava o membro enquanto Gilson comemorava que “aquilo” não estava acontecendo. A cabeça de Karen balançava lentamente e Gilson dizia para si que “aquilo” não iria se repetir. As mãos delas apertavam a bunda enquanto Gilson apertava os olhos e trincava os dentes, tentando se convencer de que “aquilo” não aconteceria de novo.

Quando Gilson não sentia mais nada, abriu os olhos e viu Karen ajoelhada com seu membro amolecido na boca.

— É melhor eu fazer de sunga — disse Gilson ao pegar as peças de roupa com pressa, ignorando os chamados de Karen.

Quando a aula chegou, o ateliê estava preparado com refletores posicionados em volta de uma cadeira. Quando o modelo tirou o roupão, exibindo o corpo quase todo despido, Manuela não se conteve.

— Não vai ficar pelado por quê? Está com vergonha de mostrar essa cobra? Ou é só uma minhoquinha?

— Cala a boca, Manuela — disse Karen, a repreendendo. O sorriso involuntário da professora, entretanto, fazia Gilson se sentir pior.

“Sim, eu só tenho uma minhoquinha”, pensou em dizer, mas ouviu as provocações, calado.

A professora orientou Gilson a se sentar em uma cadeira com as pernas abertas e as mãos apoiando os joelhos, olhando para frente. Permanecia imóvel, mas os olhos corriam de um lado para outro, como se buscassem algum conforto em Aline ou Karen, ao mesmo tempo, em que fugiam de Manuela. Não adiantou, pois a morena chamava a atenção da loira para a sua tela. Os risos discretos, carregados de cumplicidade, seguidos de olhares direcionados a ele, o faziam se sentir ridicularizado. Mesmo Aline, cujo jeito calado atraía sua simpatia, o fazia se sentir humilhado com aqueles sorrisos. Aquelas mulheres riam dele. Riam dele ser feio, desengonçado, por ser brocha, por não conseguir fazer nada além de ficar quieto, imóvel, como se não tivesse vida alguma. Gilson queria gritar, impor respeito de alguma forma, mas as palavras não vinham. O que vieram foram as lágrimas. Em meio aquela sensação de humilhação, chorar só faria piorar sua vergonha. Enquanto as lágrimas escorriam, ele se manteve imóvel, como se nada estivesse acontecendo, até Karen suspender a aula.

— Gilson, está tudo bem? — perguntou a professora.

— Coitadinho, não pode ver ninguém rindo? — debochou Manuela.

— Pelo amor de Deus, Manuela! — retrucou Karen.

— É verdade, ficar olhando para a Aline, ele pode? Sabe o quanto isso incomoda a ela.

— Ele não é assim — respondeu Karen, ao se ajoelhar na frente de Gilson, tentando falar com ele.

— É igual a todos os outros.

Karen se colocava na frente de seu modelo. — Gilson, o que foi? Fala comigo.

Gilson estava paralisado. Quando mais se sentia o centro das atenções, mais ele queria estar longe dali. O constrangimento o consumia enquanto me esforçava para conter o que podia daquelas lágrimas.

— Ele é homem, não é? Que masculinidade frágil é essa que não aguenta nada?

— Manuela, o Gilson veio ajudar vocês. Respeite-o.

— Por quê? Eles não respeitam ninguém. Algum deles me respeitou quando espalharam as minhas fotos?

— Ele não tem nada a ver com o que te aconteceu.

— Faria igual. Se não fizesse, é por não ser homem o suficiente. Porque, se fosse, farias as mesmas coisas que fizeram comigo e com a Aline.

— Manuela, cala a sua boca! — gritou Aline.

Manuela se calou ao ouvir o grito de sua amiga, até o momento tão silenciosa. Gilson ouvia confuso aquela discussão toda. Se sentia humilhado, mas, ao mesmo tempo, se perguntava se havia feito algo para constranger aquelas mulheres. A raiva de Manuela era genuína, embora ele não entendesse muito bem o motivo de ser o foco dela. Foi quando Aline começou a chorar. Mesmo sem ter dito uma palavra a Gilson, a loira se desculpou e desabafou. Contou sobre ter sido educada para ser uma princesa e como, ao longo dos anos, os mimos se tornaram assédios. Sua história envolvia o interesse constante de homens a desejando como objeto e a tratando como uma posse. Foram anos sendo podada desde suas amigas ao jeito de se vestir. O último namorado tinha uma mistura perigosa de ciúme e violência. Os detalhes deixaram Gilson arrasado.

Ao ouvir a amiga contar aquela história mais uma vez, fez a própria Manuela chorar. A morena contou sobre como sua vida tinha se tornado um inferno quando um namorado compartilhou fotos íntimas dela com amigos e estes, com os amigos deles. Quando ela contava como era ser olhada em todos os lugares e ver os risos das pessoas, Gilson se lembrou de várias partes de sua vida, desde a infância até aquelas aulas de desenho.

— Me desculpa gritar com você. Tenho muita raiva e, quando desconto e você fica quieto, fico com mais raiva ainda. Estou cansada de ninguém se importar com meus sentimentos.

Gilson engoliu em seco. Quanto mais durava aquela situação constrangedora, mais ele queria ir embora, sumir. Ao ver Karen abraçar e afagar as duas, percebeu aquelas mulheres tão frágeis quanto ele. Foi a primeira vez, em muito tempo, que falou para se abrir. Ele falou, entre várias pausas para respirar fundo, o quão difícil era para ele reagir quando provocado. Contou sobre como essas situações lembraram quando o pai gritava com ele e que tais gritos eram por frustrar o pai, ao ser fraco o bastante para não se defender de outras crianças. Lembrou-se do ódio pelo filho fraco na voz pesada dele e de como aquilo o moldou em uma pessoa mais introspectiva, silenciosa, invisível. Contou também sobre os empregos perdidos por não ser assertivo o bastante e não saber lidar com clientes insatisfeitos. No fim, deu razão à Manuela ao dizer que não faria mal justante por não ser homem o suficiente, pois não o era para os pais, nem para os empregadores e muito menos para a ex-namorada, com quem broxava frequentemente.

— Tudo o que eu queria era um lugar onde pudesse ficar quieto, imóvel e não incomodasse ninguém.

Gilson se levantou, pegou suas roupas e se foi, da mesma forma que fez noites antes, com Karen. A professora assistiu à cena pela segunda vez, na sua hora de deixar as lágrimas caírem.

Nas horas seguintes, Gilson lidava com sentimentos dos mais variados. As histórias de Manuela e Aline o dilaceravam, pois se sentia mal só pelo fato de ser homem, ao mesmo tempo, em que se sentia péssimo em não ser o mesmo homem que esperam dele. Por outro lado, seu próprio desabafo lhe fazia sentir-se mais leve. Tinha esperança de que, pelo menos, Karen o entendesse. Horas depois, ouviu batidas na sua porta. Era ela.

A professora o abraçou — Gilson, a aula foi um desastre. Me desculpe por colocar você nessa situação.

— Não sei o que pensou ao me chamar para aquilo. Acho que não houve uma aula em que não me sentisse humilhado.

— A intenção não era essa.

— Você disse que eu era perfeito. Não imaginava que fosse para descarregarem em mim.

— Não foi para isso. Elas tiveram experiências muito ruins com homens. Você ouviu. Sendo mais introvertido, achei que daria espaço para elas se expressarem.

— Bom, elas se expressaram demais. Sobretudo a Manuela.

— Ela não fez aquilo por te desprezar. Ela tenta provocar riso na Aline o tempo todo. O último caso de violência a deixou traumatizada. Hoje foi a primeira vez que a vi falar tanto. Eu não queria que fosse desse jeito, mas você acabou ajudando ela de alguma forma.

— Entendi, mas acho que não devo ir mais. Arrume um modelo de verdade.

— É o contrário, Gilson. Acho que deveria vir, pois você precisa disso tanto quanto elas. Conversei com as duas e elas querem te pedir desculpas. A Manuela ficou muito arrependida após te ouvir.

Olhando para o chão, Gilson não sabia o que responder. Karen se aproximou e lhe deu um beijo na boca.

— Sabe o que me atrai em você? Não tem o ego inflado demais e não impõe nada a ninguém. Fico curiosa em descobrir o que tem dentro de você.

O rosto de Gilson se desmanchou em uma expressão de tristeza. — Você já sabe que não tem nada. Por isso, minha ex me deixou.

Karen acariciou o rosto dele — Gilson, fui casada por quinze anos, até meu ex-marido me trocar por uma mulher mais nova. Por um bom tempo, me sentia acabada até alugar esse apartamento para você. Faz muitos anos que ninguém me olha como você, então não fique dizendo que “não tem nada aí”, pois o pouco que tive de você já me fez sentir mais viva. Tem muito mais em você, sim, e se me deixar procurar mais, posso te mostrar.

A proprietária deu mais um beijo em seu inquilino e se despediu, dizendo que não iria pressioná-lo. Ele ficou parado em frente à porta, pensando nas palavras dela e nas histórias de Aline e Manuela.

O gosto do beijo de Karen permaneceu nos lábios de Gilson por dias e, no fim de semana seguinte, ele decidiu comparecer. Para a sua surpresa, as duas alunas haviam chegado mais cedo. Manuela lhe deu um abraço apertado e o olhou nos olhos em um pedido de desculpas sincero. Logo em seguida, voltou ao sorriso fácil ao brincar com as roupas curtas de Aline. O vestido vermelho, transpassado, cheio de estampas de flores, realçava as curvas que por muito tempo tentou esconder — nem sabia que cabia mais nele — disse a loira.

Karen chegou um pouco depois de Gilson. Com um vestido rodado, um pouco acima dos joelhos, a professora entrou comemorando o bom entendimento dos três e logo os chamou para trabalhar.

— Hoje quero um estudo rápido. Sombra e volume sem se preocupar com detalhes. O tempo será limitado — disse a professora, enquanto o modelo ia ao vestiário.

Na volta, Gilson vestia um roupão, que retirou para ficar entre os refletores. Vestindo a sunga, assumiu a pose definida por Karen: de frente para as alunas e de pé, com as pernas levemente abertas. O braço direito, esticado para a direita e para o alto, com a palma da mão virada para cima. O braço esquerdo ficaria dobrado, escondendo a mão atrás das costas. Voltaria o rosto para o lado direito. A professora ajustou a iluminação dos refletores para as sombras ficarem ressaltadas.

Gilson não olhava para as alunas, mas pela primeira vez sentia um clima amigável. Karen, no entanto, estava no seu campo de visão e o sorriso charmoso dela lhe deixava mais confiante. Lembrava do que lhe fora dito dias antes por ela e, pela primeira vez, não sentia medo de decepcionar alguém e sim, vontade de orgulhá-la. Foi com esse sentimento que ele decidiu retirar a sunga, assumindo a pose completamente, nu.

— Gostei de ver, Gilson — elogiou Karen.

— Nossa, agora não vou conseguir me concentrar — Brincou Manuela.

— Querem que eu a ponha de volta? — perguntou Gilson, sincero.

— Não! Continua assim — disse Aline, com a voz esmaecendo como se percebesse ter dito mais do que gostaria.

Os risos de Manuela e Karen contagiaram Gilson, que riu sem deixar sua pose desmanchar. Seu rosto queimava com a sinceridade de Aline, que enrubescia sem ele ver, pois tinha o rosto virado para o lado. Dessa vez, não tinha como ver as expressões delas e não se sentia julgado como das outras vezes. Pelo contrário, podia ouvir sussurros entre as alunas, misturados ao som do carvão raspando no papel. Mesmo sem entender o que se falava, sabia que não era nada depreciativo. Tinha, por outro lado, a Karen em seu campo de visão. A troca de olhares com a professora lhe dava confiança, principalmente pelos momentos em que os olhares dela desciam para a altura de seu quadril. Essa comunicação silenciosa se tornou a única naquele ateliê silencioso, até Manuela quebrar o silêncio.

— Karen, o Gilson mentiu para a gente.

— Como é? — disse Karen, franzindo o cenho.

— Ele disse ser brocha, mas está de pau duro já tem mais de dez minutos.

Karen gargalhou e Gilson quase desfez sua pose.

— Isso é verdade, Gilson. Não costuma ser uma atividade excitante. Homens costumam ficar relaxados.

— Me desculpa por isso. Posso tentar pensar em alguma coisa para mudar isso aqui.

— Não muda, não! — disse Aline, menos constrangida do que na vez anterior.

Os risos no ateliê foram incontestáveis. Gilson exibia um sorriso largo no rosto enquanto se controlava para manter o resto do corpo imóvel.

— Que isso, Aline! Está querendo o pau do Gilson?

— Igual a você, que foi quem chamou a atenção para o pau dele.

— Nada disso. Só acho o pau dele bonito. Até porque ele não ficou duro por nossa causa e sim pela professora.

— Eu? — perguntou Karen.

— Não se faça de santa. Pensa que não vi você olhando o pau dele toda hora, de frente para ele?

Karen riu, sem conseguir negar a acusação. Foi salva por Gilson, que quebrou o próprio silêncio.

— É por vocês também, Manuela. Seu abraço, mais cedo, me deixou assim — disse Gilson, sem desfazer a pose. — Você demorou para me soltar e fiquei assim.

— Você que demorou para me apertar no abraço — provocou Manuela.

Gilson riu — A Aline também está irresistível nesse vestido.

Um sorriso largo se fez no rosto da loira. — Obrigada. Hoje, eu queria que você me olhasse.

Ainda faltavam cinco minutos para o tempo acabar, mas Karen percebeu que ninguém mais se concentrava e decidiu antecipar o término do teste. Foi até a sunga de Gilson e a pegou para entregar a ele.

— Eu não consigo vestir a sunga nesse estado.

Karen abriu um sorriso malicioso e segurou o pau de seu modelo. Gilson arfou — seria um desperdício deixar um pau bonito desse amolecer sozinho.

O toque suave dos dedos em sua rola foi o estopim para Gilson mudar de postura. Sempre passivo, ele puxou Karen contra si, pelo seu lado, e a beijou, ignorando as alunas. As mãos imediatamente subiram o vestido e uma delas apertou a bunda. A outra apertava o seio.

A pegada firme fez a professora se derreter. Sua boca era explorada por uma língua voraz e a mão deslizava por entre as nádegas, sob a calcinha. Seu gemido era abafado pela língua a se esfregar na sua. Foi um beijo longo, em que Karen se esfregava em Gilson. Sentiu o calor de dois corpos se juntando aos deles e abriu os olhos.

Aline e Manuela se aproximaram. As alunas exploravam, aos beijos, o pescoço do modelo enquanto alisavam o corpo dele. Gilson gemia e Karen passou a sentir mãos femininas lhe apalparem por baixo do vestido. A professora passou a beijar cada uma de suas alunas enquanto a outra beijava o modelo. A mistura de toque e apertos tornou difícil saber quem abriu o vestido de Alice, desabotoou o short de Manuela ou suspendeu o vestido de Karen. A única certeza era a participação de pelo menos uma das mãos firmes de Gilson nessas ações.

Com todos nus, Karen teve a ideia de levar Gilson a se sentar na mesma cadeira onde havia posado dias antes. As três o chuparam, ajoelhadas em sua frente, até Gilson antecipar um iminente orgasmo. Foi quando Aline saiu à frente e montou sobre ele. A loira sentou-se de frente, beijou-o na boca e rebolou com a piroca de Gilson dentro de si. Manuela apertou seus seios e lhe chupou o pescoço, enquanto Karen beijava Gilson. A loira pegou uma das mãos dele e o fez segurar seu cabelo, pedindo para puxá-lo. Ela gritou, olhando para o teto, rebolando ainda mais intensa, se entregando a um sexo mais bruto. Aline Gozou, abraçando Gilson enquanto esfregava a boceta no corpo dele.

Manuela tomou o lugar da loira e se sentou de costas. — Sou sua puta, Gilson — disse, alto o suficiente para todos ouvirem. A morena se encaixou no pau e rebolou, esfregando-se inteira de costas para ele. Gilson levou a mão à boceta e dedilhou o grelo endurecido, enquanto Karen e Aline lhe apertavam os seios. Envolvida pelos braços de todos, Manuela gozou tremendo, colada ao corpo de Gilson.

Na vez de Karen, Gilson se levantou. A colocou de joelhos na cadeira, apoiada no encosto traseiro. A professora abriu um sorriso lascivo, que logo desmanchou em um morder de lábios ao se sentir penetrada. O mesmo sorriso voltou quando seu cabelo foi puxado. Em Karen, Gilson meteu devagar, mas fazia questão de empurrar o mais fundo possível. Manuela e Aline estavam à sua volta. As duas acariciavam o corpo que balançava para frente e para trás com as estocadas firmes do modelo. Gilson fodeu Karen num ritmo lento e, quando o corpo dela começou a tremer, acelerou. Com a professora gozando, o modelo a comeu com ainda mais intensidade até chegar a sua vez. Empurrou tudo, desabando em seguida quando perdeu o fôlego de vez.

Os estalos dos beijos e gemidos sutis eram tudo que rompia o silêncio do ateliê. Todos os quatro haviam se transformado de alguma forma. Com o tempo, a ereção de Gilson retornou, mas Aline e Manuela entenderam que deveriam deixá-lo a sós com Karen. Quando o casal ficou a sós, entretanto, Karen tinha outra coisa em mente e levou seu modelo para os quadros de suas alunas.

— Olha como elas te enxergam.

As duas representavam Gilson de forma semelhante. O corpo magro não parecia fraco, mas sim, elegante. Os músculos, se não eram volumosos, eram definidos por excelentes trabalhos de sombra.

— Olha aqui — disse Karen, apontando para o desenho de Aline — ela gastou mais tempo trabalhando no volume do seu pau — continuou, rindo antes de apontar para o outro desenho. — Já a Manuela caprichou nos seus ombros e no peito.

— O que isso significa?

— Que isso não é só um retrato, é como elas te enxergam. É o desejo delas explícito em desenho. Lembra que falei sobre encontrar o homem que você esconde? É esse aí. Ele é mais do que suficiente.

Gilson sorriu. — Eu queria ver um desenho seu.

— Com a sua disposição em ficar pelado para mim, farei vários.

FIM

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Foto de perfil genéricaTurin TurambarContos: 328Seguidores: 326Seguindo: 122Mensagem Olá, meu nome é Turin Tur, muito prazer. Por aqui eu canalizo as ideias loucas da minha cabeça em contos sensuais. Além destas ideias loucas, as histórias de aqui escrevo são carregadas de minhas próprias fantasias, de histórias de vi ou ouvi falar e podem ser das suas fantasias também. Te convido a ler meus contos, votar e comentar neles. Se quiser ver uma fantasia sua virar um conto, também pode me procurar. contosobscenos@gmail.com linktr.ee/contosobscenos

Comentários

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Turin, que maravilha de conto. Tenho notado nos seus contos a sua habilidade em trabalhar personalidades depressivas, angustiadas, de baixa autoestima, e isso é algo muito delicado, em se tratando de contos eróticos, pois trafega numa via limite entre o frustrante e o angustiante, para o leitor. Mas você conseguiu a "volta por cima" e a "saída do fundo do poço" com seu personagem resgatado de seu mundo de trevas pela professora e suas duas alunas. Sem deixa de se referir das exposições feitas por machistas da nudez de vítimas involuntárias, e os abusadores das lindas meninas, no seio de suas próprias famílias. Os abusadores e incestuosos aqui sutilmente expostos em suas taras abusivas. Conto excepcional. Parabéns.

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Leon, muito obrigado!

Como disse ao Ryu, esse é um pedaço meu. Reparei que o tema do desafio evocou um pouco das angústias dos escritores. Comigo não foi diferente.

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Não tem como não lembrar do Caio de Tentações Cruzadas, inseguro e tímido. Também foi ajudado por uma mulher, e pegou todas as mulheres da historia. Lá teve o simbolismo do livro, aqui o dos desenhos. Mas ambas as histórias muito boas.

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Ryu, muito obrigado.

Se olhar minhas histórias mais antigas, vai encontrar esse arquétipo mais vezes. É um dos meus "pedaços" que ficam nessa história.

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Direto, excitante e sem delongas, apesar que cabe mais uns 03 capítulos.

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Moc2727 , muito obrigado.

Essa história também poderia ser maior e ser subdividida em mais capítulos também, mas no caso ficará apenas messe.

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