Gabriel conhecia Laura há mais de dez anos.
Se conheceram na faculdade — ela, cursando Arquitetura com seus cadernos impecáveis e olhos sonhadores; ele, já formado em Fisioterapia, dava aulas de alongamento e massagem terapêutica no centro esportivo da universidade.
A amizade nasceu de um convite inocente para aliviar uma tensão no pescoço. Viraram amigos inseparáveis. Anos de confidências, festas, madrugadas em conversas intensas, amores que iam e vinham. Nunca rolou nada entre eles. Não porque não houvesse química, mas porque a cumplicidade falava mais alto. Era como se o desejo que existia — e existia — ficasse adormecido sob a confiança.
Laura era o tipo de mulher que atraía olhares onde passava. Tinha curvas marcantes, pele dourada e um sorriso que desmontava qualquer resistência. Mas o que Gabriel mais admirava nela era sua transparência. Era intensa, mas doce. Forte, mas sensível.
Agora, aos 32, ela estava prestes a se casar com Daniel — um empresário bem-sucedido, inteligente, gentil. O relacionamento era sólido, carinhoso. O tipo de romance que todos diziam: "sorte a sua, Laura".
Mas ninguém sabia do detalhe que lhe tirava o sono nas últimas semanas.
Ela sentia medo. Medo de não estar à altura das fantasias que o noivo projetava sobre ela. Ele achava que Laura era ousada na cama, que já tinha experimentado de tudo, até mesmo o que nunca haviam feito juntos: sexo anal.
Mas Laura nunca tinha sequer tentado.
E, pela primeira vez, ela não queria fingir. Queria tentar, mas sem medo. Queria viver o momento com prazer, não com dor ou insegurança. E foi aí que, entre uma taça de vinho e outra, na varanda do apartamento de Gabriel, ela disse em voz baixa, como quem confessa um segredo íntimo:
— Eu preciso da sua ajuda.
Gabriel a olhou com uma expressão calma, como sempre fazia. Ele sabia ouvir. Era uma das razões por que ela confiava tanto nele.
— Claro. O que aconteceu?
Ela demorou alguns segundos. Bebeu mais um gole, cruzou as pernas, mordeu o lábio. Estava linda, usando um vestido leve, sem sutiã por baixo. Mas ele manteve os olhos nos dela. Sempre foi assim.
— Eu nunca fiz sexo anal. Nunca consegui. Sempre tive medo. Mas o Daniel acha que já… que sou experiente. E agora ele quer tentar. E eu quero também. Mas só de pensar, eu travo.
Gabriel manteve o silêncio. Não por julgamento — mas porque já intuía onde aquilo podia levar.
— E você quer…?
— Que você me ajude. Como massagista. Como amigo. Que você me prepare. Não precisa… ir além. Só quero aprender a relaxar. A entender o meu corpo. Com alguém em quem eu confio. Com você.
Ele apoiou os cotovelos nos joelhos, pensativo. Ela estava pedindo algo íntimo, muito íntimo. Mas a confiança entre eles era antiga, profunda. E ele sabia que seria cuidadoso. Respeitoso. E, no fundo, ele também estava curioso. Nunca havia tocado Laura de forma íntima, mas sempre houve algo entre eles — algo guardado no olhar, na respiração contida quando se abraçavam por tempo demais.
— Se for pra te ajudar de verdade, com cuidado, no seu tempo… eu topo. Mas só se você estiver cem por cento segura.
Ela assentiu. E então sorriu, tímida, como quem acabara de dar o primeiro passo para algo que mudaria tudo.
— Eu tô segura, Gabriel. E confio em você mais do que em qualquer um.
Laura chegou pontualmente às seis. O consultório de Gabriel era tranquilo, limpo, profissional. Ela conhecia aquele espaço — já tinha estado ali antes, várias vezes. Mas nunca daquele jeito.
Daquele dia em diante, seria diferente.
Ela entrou de roupão, cabelos soltos, o rosto quase sem maquiagem. Estava linda, como sempre. Mas havia algo nos olhos dela — um brilho tenso, contido. Como quem quer estar ali, mas também teme o que vai sentir.
— Tudo certo? — Gabriel perguntou com sua calma habitual.
—Mais ou menos — ela sorriu, um pouco nervosa. — Mas eu tô decidida. Eu quero tentar.
Ele assentiu. Não sorriu demais, não mostrou empolgação. Sabia exatamente o lugar que precisava ocupar ali: alguém em quem ela confiava. Nada mais.
— A gente vai devagar. Se você sentir qualquer incômodo, me avisa. É pra você se sentir bem. E segura.
Ela respirou fundo.
— Obrigada por fazer isso por mim, Gabi. De verdade.
— Tamo junto, Laurinha. Sempre.
Ela subiu na maca e se deitou de bruços, como ele orientou. A toalha cobria o corpo, e ele começou com a massagem como faria com qualquer paciente. Óleo aquecido, movimentos suaves nas costas, nos ombros, na lombar. Era reconfortante. Familiar.
Aos poucos, as mãos dele foram descendo. As nádegas estavam cobertas, mas o toque nas laterais, nas coxas superiores, ia sinalizando uma transição. O corpo de Laura respondeu com respirações mais profundas.
— Posso tirar a toalha agora?
— Pode.
Ele fez com cuidado. Deixou a região totalmente exposta, mas sem vulgaridade. Era um corpo bonito, sim — mas para Gabriel, naquele momento, era um corpo em preparação. Uma missão quase terapêutica.
Derramou mais óleo, morno, sobre as nádegas. Espalhou com movimentos amplos, sem erotismo gratuito. O primeiro toque na região mais íntima foi com os polegares, afastando suavemente os músculos, massageando ao redor do ânus.
Laura prendeu a respiração por um segundo.
— Tá tudo certo? — ele perguntou sem parar o movimento.
— Tá sim. Só… diferente.
Ele assentiu e continuou. Mais óleo. Mais cuidado. Os dedos circularam o centro com extrema delicadeza, apenas tocando, sem invadir. Sentia o corpo dela oscilar entre tensão e relaxamento. Estava funcionando.
— Agora vou tentar com o dedo, tá? Só a ponta. Me avisa se incomodar.
Laura engoliu seco, mas disse:
— Tá. Vai devagar.
O dedo, bem lubrificado, encostou e pressionou com lentidão. O anel cedeu milímetros. Gabriel não forçou. Esperou. Quando sentiu o corpo dela aceitar, deslizou mais um pouco.
Ela soltou um gemido contido — não de prazer sexual, mas de intensidade sensorial. Era novidade, era estranho… mas não era ruim.
— Respira fundo. Isso… assim.
Ela fez. E o corpo cedeu mais. O dedo entrou até metade, depois recuou. Repetiu. Ritmo constante, gentil. Nada apressado.
A sensação foi ficando menos desconfortável. Laura se acostumava. A tensão no maxilar diminuía. Sentia até um leve calor entre as pernas, inesperado — mas não era o foco.
— Tá suportável?
— É mais suportável do que imaginei… — ela disse, com uma risada leve, aliviada. — Não é… sexy. Mas é… estranho bom.
Gabriel sorriu discretamente. Aquilo era sobre ajudar alguém a conhecer o próprio corpo. Era sobre permitir uma vivência que ela teria medo de viver direto com o marido. E que agora, ela poderia enfrentar com mais segurança.
— Vou tentar com dois dedos, bem devagar. Só se o corpo permitir.
— Tá bom.
Ele testou. O corpo dela resistiu, depois aceitou. Devagar. A abertura se alargou, a musculatura foi cedendo, e Gabriel manteve o ritmo firme e seguro. Nada agressivo. Nada apressado.
Laura estava suando leve. Os olhos fechados, a boca entreaberta. Não por desejo reprimido, mas por entrega.
— Eu nunca achei que conseguiria chegar aqui — ela disse, com a voz embargada de emoção.
— Você tá indo muito bem. Isso tudo é seu. Seu corpo, seu tempo.
Ela respirou fundo. Sentiu orgulho. Sentiu paz.
Depois de algum tempo, os dedos dele recuaram.
Laura apoiava o rosto na maca, os olhos entreabertos, o corpo suado e ainda vibrando. Os dois dedos dele ainda a preenchiam devagar, com aquele vai e vem calculado. Não havia mais tensão — só um calor novo, pulsando por dentro.
O silêncio se quebrou com um sussurro atrevido:
— Você tá duro, né?
Gabriel travou o movimento por um segundo.
— Como assim?
— Tua calça tá… estufada. Tá parecendo uma barraca. E eu nem tô olhando direto.
Ela riu de leve, sem vergonha. Era algo entre confiança e sarcasmo.
Ele olhou pra baixo, confirmou. De fato, a ereção era evidente, marcada na malha da calça de treino.
— Profissionalismo zero, né? — ele brincou.
— Ah, desculpa, mas com o dedo enfiado na bunda da sua melhor amiga… não dá pra julgar muito, né?
Eles riram juntos. O clima, longe de constrangedor, era quase absurdo. Íntimo. Real.
— Quer parar? — ele perguntou, com calma.
— Não… tô tranquila. Até curiosa.
Ela virou o rosto pra ele, olhos brilhando.
— Quer tentar mesmo com o pau? Só… de leve. Quero ver como é. Mas não goza, hein.
— Me senti usado agora — ele disse, com um meio sorriso.
— Só tô aqui pela ciência — ela respondeu, piscando.
Gabriel se afastou alguns passos, abaixou a calça. Laura ouviu o som do elástico, depois o silêncio.
Curiosa, virou-se um pouco para espiar por cima do ombro.
Arregalou os olhos.
— Nossa… cê tá de brincadeira com isso aí.
— Vai querer cancelar a sessão?
— Não… mas se me rasgar, eu vou te bloquear no WhatsApp.
Ele riu, enquanto espalhava óleo sobre o próprio membro.
— Relaxa. O negócio parece intimidador, mas vai entrar com carinho.
Ela virou de volta, ajeitou o quadril, mordeu o lábio.
— Procede.
Gabriel se posicionou entre as pernas dela, afastando um pouco mais as coxas. Derramou mais óleo sobre a entrada dela, espalhou com cuidado. Segurou a base do próprio pau, guiando devagar até encostar na região que já conhecia com os dedos.
Laura respirou fundo. O toque era novo — mais grosso, mais cheio. Mas não era assustador. O corpo dela, já acostumado, parecia pronto.
Ele começou a empurrar com a ponta. Devagar. A cabeça entrou com certa resistência, depois passou. Ela gemeu baixo, mas sem dor.
— Tá tudo certo? — ele perguntou, imóvel.
— Tô viva. Vai com calma.
Ele foi. Centímetro por centímetro. Esperando a cada avanço. Sentia os músculos dela apertando, soltando, se ajustando. O calor era absurdo. A sensação de estar dentro dela, assim, tão apertada, era quase surreal.
Quando finalmente estava todo dentro, ele parou. As mãos apoiadas nas costas dela, a respiração dele pesada.
Laura falou sem olhar:
— Cara… não achei que fosse conseguir.
— Eu também não. Quer dizer… o encaixe aqui é desafiador.
Ela riu, ainda imóvel.
— E agora?
— Agora… você manda.
Ela fez um sinal com a mão, como quem diz "vai".
Gabriel se afastou e, dessa vez, tirou a calça por completo. Puxou também a cueca, jogando no chão ao lado da maca. Estava completamente nu da cintura para baixo, o pau rígido e brilhando de óleo. Ele não tinha mais como esconder: estava excitado. Muito.
Laura, deitada de lado agora, olhou com mais calma. Mordeu o lábio inferior. O corpo dela ainda estava em alerta, mas havia algo no ar — tensão dissolvida, transformada em vontade.
— Cê realmente não tem noção do tamanho disso, né? — ela murmurou, com um meio sorriso.
— Eu avisei — ele respondeu, se aproximando. — Mas agora já é tarde demais pra correr.
Ela virou de bruços novamente, empinando levemente, os joelhos afastados, a bunda oleosa e reluzente sob a luz suave do ambiente. Gabriel passou as mãos pelas coxas dela, depois nas nádegas, pressionando de leve, espalhando mais óleo pela abertura que já conhecia.
Segurou o membro pela base e o encaixou, sem pressa.
A cabeça tocou, e ela soltou um gemido longo, um pouco rouco.
— Respira fundo… — ele disse, e ela obedeceu.
A ponta entrou. O anel anal cedeu devagar. Um centímetro… depois dois.
Ela prendeu o lençol com as mãos, o corpo se contraindo ao redor dele, mas não recuando. Pelo contrário.
— Isso, Laura… você tá indo muito bem — ele sussurrou, com a voz grave.
Ele continuou entrando. Devagar. Mais. Quente, apertado, quente de novo.
Ela arfava.
— Meu… Deus…
— Quer que eu pare?
— Não. Só… espera um pouco.
Ele ficou parado. O pau inteiro dentro dela, latejando. As mãos dele acariciavam sua cintura, ajudando o corpo dela a se acostumar com o preenchimento.
— Tá melhor?
— Tá. Agora vai devagar.
Ele começou a se mover. Pouco. Centímetros. O som era suave, molhado, ritmado. Laura começou a soltar pequenos gemidos, curtos, quase inaudíveis. Depois, mais fortes. Estava se entregando.
Gabriel aumentou o ritmo levemente. O vai e vem começou a fazer o corpo dela balançar de leve sobre a maca. Ele segurava sua cintura firme, sentindo a bunda contra ele a cada investida.
— Puta que pariu… — ela murmurou, com os olhos fechados, a testa contra o braço.
— Fala comigo — ele pediu, ofegante.
— Tá… bom. Tá… surreal. Tô quente pra caralho.
Ele sorriu, satisfeito. Puxou levemente o quadril dela para trás, mudando o ângulo. As investidas ficaram mais fundas, mais certas. A cada movimento, ela gemia mais alto, mais solta.
— Vira de lado — ele disse, depois de alguns minutos.
Ela virou com a ajuda dele. Deitada de lado, uma perna por cima da outra. Ele se posicionou atrás, encaixou de novo. A penetração foi mais lenta agora, mas mais intensa — com o corpo dela mais fechado, mais apertado. Os gemidos dela voltaram abafados, contidos, enquanto ele a penetrava devagar, profundo.
As mãos de Gabriel seguravam seus seios por baixo, massageando. O calor do corpo dele colado no dela fazia tudo parecer mais íntimo, mais completo.
Ela virou o rosto para trás, sussurrando com a voz rouca:
— Nunca imaginei que fosse gozar assim…
— Você quer que eu continue?
— Até eu desmaiar, se precisar.
Ele sorriu, a respiração pesada. Voltou à posição inicial — ela de quatro sobre a maca, as mãos apoiadas, a bunda empinada. Ele se posicionou de novo, agora mais firme, mais ritmado.
O som da pele batendo, os gemidos dela, o estalo úmido de cada investida… tudo preenchia o ambiente.
Laura estava entregue. Ela gritava baixinho, mordia o lençol, rebolava de leve quando ele parava, como se pedisse mais. E Gabriel dava.
Agora os movimentos eram mais fortes, mais rápidos. Ele entrava todo, recuava até quase sair, e voltava. Cada vez mais fundo. Mais molhado. Mais apertado.
Ela arqueava o corpo, oferecia mais. O óleo escorria, os músculos tremiam. E no clímax do ritmo, ela gritou:
— Gabi…! Porra…!
Foi o sinal.
Ele diminuiu a velocidade. Entrou devagar, profundo, uma última vez. Parou dentro dela, com o pau latejando. Respirou fundo. Não gozou. Mas queria. Muito.
Ficaram assim, suados, arfando.
Ela caiu pra frente, deitando de lado outra vez. O corpo mole, leve, saciado.
— Isso foi… caralho.
— Procedimento completo? — ele perguntou, pegando uma toalha.
— Pode carimbar. Me formei com louvor.
Ele riu. Sentou-se na beirada da maca.
Ela virou o rosto, os olhos ainda fechados:
— Agora posso fazer com o Dani sem medo. Tipo… com dignidade, experiente.
— Missão cumprida então.
Ela sorriu. De verdade.
E pela primeira vez em semanas, sentia-se dona do próprio prazer.