Cena Extra — Sala de Servidor
O chamado não veio em palavras. Veio durante o almoço, um roçar deliberado e quente dos dedos de Bruno contra os de Rafael ao alcançarem a mesma garrafa de água sobre a mesa. Foi um toque de um segundo, mas carregado de uma ordem silenciosa. A mensagem era clara: agora.
A sala de servidor ficava nos fundos do 15º andar, um santuário esquecido de tecnologia. Os técnicos de TI passavam por ali em rondas programadas, mas àquela hora, no torpor pós-almoço, era um território perfeitamente neutro e isolado.
Rafael chegou primeiro, o coração martelando contra a caixa torácica.
O ar ali dentro era denso, quase mastigável. Um zumbido constante e grave, a alma elétrica da empresa, vibrava através da sola de seus sapatos. O cheiro era uma mistura de metal aquecido, o odor acre de plástico e o ozônio de eletricidade estática. Pairava sobre tudo, misturando-se ao leve perfume que ele havia reaplicado, numa tentativa fútil de disfarçar o cheiro persistente de Bruno que parecia ter se agarrado à sua pele.
Quando a porta rangeu atrás dele, Rafael não precisou se virar. A mudança na pressão do ar, a interrupção no zumbido constante, a súbita presença de calor anunciaram a chegada dele.
Bruno encostou a porta sem trancá-la. O clique seco e definitivo ecoou no espaço.
— Porra, Rafa... — a voz grave veio arranhada, carregada de uma urgência que dispensava preliminares.
Um arrepio percorreu a espinha de Rafael. Sua boxer branca, antes seca, agora estava colada à pele pela leve transpiração e pela excitação latente que o dominava desde aquele toque no almoço. Ele se virou lentamente.
Bruno estava ali, uma aparição de puro instinto em meio à ordem dos cabos e luzes piscantes. O terno aberto, a camisa com os dois primeiros botões desfeitos, o cheiro amadeirado e de pele aquecida pelo turno da manhã atingindo Rafael em cheio. A calça de grife não fazia esforço para esconder o volume grotesco que se projetava contra o tecido.
Sem mais palavras, Bruno avançou.
As mãos grandes prensaram Rafael contra uma estante de cabos, o metal frio contrastando com o calor febril que emanava dos corpos. A boca veio como um ataque, não nos lábios, mas no pescoço, os dentes roçando a pele, a barba áspera deixando um rastro de fogo. O cheiro de Bruno era um pecado original. Quente, masculino, uma combinação de couro caro, suor e um desejo sujo, primordial.
"Filho da puta, ele tem cheiro de vício", pensou Rafael, a cabeça tombando para o lado, entregando mais acesso.
Ele arfou, o pau pulsando dolorosamente, a boxer úmida agora uma segunda pele sobre o membro grosso e latejante.
A mão de Bruno desceu, desabotoando a calça de Rafael com uma brutalidade eficiente. Os dedos quentes deslizaram por cima do tecido da boxer.
— Porra, já tá assim, hein? — A voz grave, sussurrada no ouvido, fez cada pelo de seu corpo se eriçar.
Rafael mordeu o lábio, o gosto de sangue se misturando ao turbilhão de sensações. O cheiro de seu próprio corpo excitado fundindo-se ao de Bruno era uma droga potente, aniquilando a razão.
Bruno ajoelhou-se, a gravata solta balançando, o rosto já úmido de suor. A boxer de Rafael foi puxada para baixo, e o membro escapou, livre, grosso, com as veias saltadas, a cabeça rosada brilhando sob a luz fria das lâmpadas.
Bruno passou a língua pela glande, devagar, saboreando o gosto salgado. O cheiro ali era forte, inconfundível. O cheiro de homem excitado e mal-resolvido.
Um gemido baixo escapou de Rafael. "Não... não aqui... foda-se."
A boca de Bruno o engoliu com uma fome selvagem. As estocadas do quadril vinham instintivas, a língua áspera, a garganta quente. O som molhado era abafado pelo zumbido dos servidores, que pareciam indiferentes, cúmplices involuntários daquela profanação. O cheiro agora era de suor, sexo e a poeira metálica das máquinas.
Bruno se levantou, a boca marcada, os olhos brilhando de uma luxúria sombria. Virou Rafael contra os servidores, o calor dos aparelhos contra sua barriga.
A cueca branca de Rafael ainda estava enrolada em suas coxas. Bruno puxou a própria calça e cueca para baixo. O pau dele era uma arma, grosso, longo, a cabeça larga brilhando, exalando um cheiro amargo e quente de desejo puro.
Sem aviso, cuspindo na palma da mão, ele pressionou a glande contra a entrada de Rafael. O calor, a dor inicial, a invasão. Rafael arqueou as costas, o corpo inteiro se contraindo, e mordeu o próprio antebraço para sufocar um grito.
Bruno se enterrou devagar, fundo, até o final. A respiração dele era pesada no silêncio da sala.
— Porra... você tá sempre mais apertado.
As estocadas começaram, firmes, o som da pele contra pele um contraponto orgânico ao zumbido eletrônico. As luzes verdes e âmbar dos servidores piscavam ritmicamente, iluminando a cena em flashes intermitentes.
Bruno inclinou-se, o corpo suado colado ao de Rafael, a barba áspera raspando sua nuca.
— Vai gozar pra mim de novo, Rafa. Pra mim.
E ele gozou. Rápido, forte, sem se tocar. O esperma quente jorrando contra um feixe de cabos de rede, a cueca suja colada na coxa, os gemidos finalmente vencendo sua censura.
Bruno veio logo depois, enterrando-se até o limite, o sêmen quente enchendo Rafael mais uma vez, a sensação viscosa começando a escorrer por suas coxas.
Por um longo momento, ficaram parados, ofegantes. Rafael encostou a testa no metal frio, respirando como um animal exausto. O cheiro de esperma e suor dominava o ambiente.
Bruno se afastou. Ajeitou a roupa com uma calma desconcertante e passou a língua pelos lábios, como se limpasse os vestígios de uma boa refeição. Ele olhou para Rafael, para a bagunça que haviam feito.
— Viciado — ele sentenciou, a palavra caindo como uma pedra.
E saiu, deixando a porta se fechar lentamente.
Rafael ficou. Sozinho com o zumbido das máquinas, o cheiro de sexo e eletricidade, o pau ainda semi-duro, o corpo marcado por dentro e por fora. Ele olhou para os cabos sujos, para a mancha em sua coxa. Com um movimento lento, pegou um lenço do bolso, limpando-se com uma precisão robótica que contrastava com o caos em sua mente.
"Eu vou acabar com ele", pensou, o ódio e a estratégia tentando retomar o controle. Mas a verdade pulsava junto com seu membro dolorido.
"...ou vou gozar de novo pra ele amanhã."
Continua...