Arcanos do Prazer

Da série Selmara
Um conto erótico de Jean
Categoria: Grupal
Contém 2378 palavras
Data: 03/06/2025 15:19:08

Era 1783, Anno Domini, quando os céus se tornaram cinzentos e o nome de Selmara voltou a ser sussurrado com temor pelos lábios rachados dos aldeões.

Selmara vivia naquela mesma casa, próxima à floresta, quase na saída do vilarejo a caminho do castelo de Nebelheim — reino incrustado no coração do agora decadente e confuso Sacro Império Romano-Germânico.

Os aldeões nutriam por Selmara um misto de tesão e medo. Era uma mulher de beleza indiscutível; seus trajes, sempre negros e ajustados ao corpo, despertavam a imaginação dos homens da vila. Por outro lado, diziam com convicção que ela praticava artes mágicas e místicas, e que era capaz de invocar demônios.

Algumas mulheres iam às escondidas consultá-la, em busca de respostas por meio de seus oráculos. Muitas daquelas que o faziam não voltavam sendo as mesmas — pareciam carregar um segredo que não ousavam revelar.

O mais intrigante era o tempo que aquela mulher vivia ali. Mesmo com aparência de pouco mais de vinte anos, o aldeão mais velho jurava que, ainda criança, já a via habitando aquela mesma casa, com a mesma beleza e juventude de agora.

Mas foi nessa mistura de desejo e temor que Selmara permaneceu em sua morada. Os aldeões a admiravam e buscavam seus dons divinatórios, ainda que temessem seu suposto poder oculto.

Agora, porém, os céus haviam escurecido.

Selmara sabia — por intuição e pelos próprios oráculos — que aquilo era apenas o início. O inverno seria mais rigoroso que o normal. O verão, inexistente. As colheitas minguariam. E o medo dos aldeões, inflamado pela superstição, inevitavelmente se voltaria contra ela, embora nada tivesse a ver com a calamidade.

Temia por sua segurança, sim, mas enfrentaria tudo com altivez.

Acostumada a prever o futuro, não se surpreendeu quando carro e cavalos pararam à sua porta e soldados reais a convidaram a acompanhá-los. Reuniu seus poucos pertences, incluindo seu baralho de tarô, e entrou na carruagem escoltada.

A surpresa, porém, veio quando percebeu que não se dirigiam a uma igreja ou tribunal — o carro seguiu em direção ao castelo, adentrando discretamente por um dos portões laterais.

Dentro do castelo, foi guiada por uma mucama através de corredores silenciosos. E logo percebeu: estava nas câmaras de dormir da realeza. A mucama abriu um dos aposentos e pediu para que Selmara entrasse. Lá dentro, viu uma bela jovem, na casa dos vinte anos, olhos inocentes e curiosos. Presumiu que fosse uma das princesas.

— Vossa alteza deve ser a princesa Liesel. — disse Selmara.

— Como adivinhou?

— Sei que estou nos aposentos reais do castelo de Nebelheim. Vossa alteza tem a idade de ser a mais jovem dos três filhos da Rainha-Mãe Eleonore: Leopoldo, Teresa e Liesel.

— Que bom que é bem informada sobre a realeza.

— O que eu não souber por mim mesma, as cartas revelarão. — respondeu Selmara, de forma séria.

— Quantos anos você tem? — perguntou Liesel. — Dizem que você já existe há séculos, próxima à aldeia.

— Sinceramente, alteza, creio que seus soldados não me escoltaram até aqui para que perguntasse sobre mim. — respondeu Selmara, abruptamente. — Creio que é sobre sua própria vida que quer perguntar.

Liesel corou. Sentou-se à mesa próxima à cama, convidando Selmara a fazer o mesmo. Respirou fundo.

— Tristan… — balbuciou Liesel. — Quero saber se Tristan seria um bom esposo.

Selmara embaralhou as cartas, concentrando-se para canalizar seu poder. As cartas diriam tudo o que Liesel não ousava confessar.

— A Estrela… esperança ingênua. Entrega antes do tempo. Ela foi sincera. Ele… não.

Liesel assistia à leitura com apreensão. Selmara tirou outra carta:

— O Diabo. Ele expôs o Reino — e a Rainha. Não apenas a filha.

Liesel estava próxima do choque. Outra carta:

— A Justiça não ouve o coração. Ela corta para restaurar o equilíbrio.

— O que isso quer dizer? — questionou Liesel.

— Não foi boa ideia, alteza, entregar-se a um soldado de baixa patente. — prosseguiu Selmara. — Tristan a viu como um prêmio. Foi indiscreto. A noite de amor de vocês foi exposta em conversas de bar que chegaram aos ouvidos de sua mãe. Pela honra de Nebelheim… ele será preso e executado.

— Isso é horrível! — disse Liesel. — Ele não pode ter feito isso. Não há engano?

— As cartas não mentem, alteza.

— Que desgraça! Como será meu futuro? Vou me casar com quem, então?

— Podemos ver, alteza.

Selmara embaralhou novamente as cartas, desta vez para enxergar o futuro de Liesel von Nebelheim.

— Os Enamorados. Você queima como vinho deixado ao sol. Toma amantes como quem respira. Homens e mulheres. Tristan de longe não foi o primeiro. E você não sente culpa.

Liesel se surpreendeu. Selmara sabia de suas aventuras — segredos que julgava inalcançáveis. Ela corou, pensou em negar, mas percebeu que não adiantaria. Desarmada, sorriu.

— Isso é ruim?

Selmara apenas virou a próxima carta.

— A Sacerdotisa. Suas aventuras não passarão despercebidas. Vossa alteza não irá casar. A Rainha-Mãe irá tratar seu incêndio de desejo internando-a num convento. Será feita um exemplo — para inspirar as mulheres do reino. E para evitar novos escândalos. Não terá nenhuma coroa.

Liesel arregalou os olhos. Selmara virou a última carta:

— A Lua. Haverá votos de castidade. Sim. Mas votos… podem ser quebrados. Seus desejos não cessarão. Serão apenas redirecionados. E trarão às noviças noites de prazer, pecado e culpa.

Liesel olhou para Selmara, boquiaberta, sem esperança.

— O meu futuro será assim? Ou pode ser mudado?

— O futuro pode ser mudado, alteza. E posso ajudá-la.

Selmara se levantou, caminhando com calma até Liesel, que permanecia sentada. Pousou as mãos sobre os ombros da princesa, acariciando-os de leve com os dedos, como se lesse um texto invisível.

— É preciso conter o fogo do seu desejo, alteza. — murmurou, aproximando os lábios do ouvido de Liesel. — É o seu desejo intenso que causa seus problemas.

Liesel franziu a testa, entre inquieta e intrigada.

— E como pretende fazer isso?

Selmara não respondeu de imediato. Apenas deslizou as mãos pela nuca da princesa, depois pelos braços, descendo em movimentos lentos e contínuos. Suas unhas curvavam-se em toques suaves, quase magnéticos.

— Seu corpo não quer o que a sua mente teme, alteza. — sussurrou.

Liesel fechou os olhos. Um calafrio percorreu-lhe a espinha. Havia algo no toque de Selmara que era diferente de tudo que sentira com os soldados, ou mesmo com as mucamas. Um calor estranho, vertiginoso. Não sabia se era magia ou desejo — ou se havia, de fato, alguma diferença entre os dois.

Selmara então se ajoelhou diante dela, mantendo o olhar fixo, firme, como quem dá início a um rito.

Vagarosamente, sem dizer palavra, afastou-lhe as pernas. Com precisão cerimonial, levou os dedos às roupas íntimas da princesa e as afastou sem cerimônia, expondo sua carne à penumbra do quarto.

E então começou a chupar-lhe a buceta com a devoção de quem lê um salmo proibido.

Liesel foi tomada por horror — e ainda mais por prazer.

— Sua bruxa insolente… como ousa…?

Os lábios dela pronunciavam insultos, mas o corpo traía. Sua buceta se tornava melada de tanto tesão. A língua de Selmara explorava com precisão cada ponto, cada dobra, cada vibração. Ela era uma mestra do sexo, e sabia exatamente como provocar, olhar e dominar.

A princesa arqueava-se sobre a cadeira. Gemia. Até que finalmente chegou a seu clímax.

A luz das velas vacilava, tingindo o teto com sombras líquidas. Liesel ainda ofegava, as coxas trêmulas, o corpo entorpecido pelo toque de Selmara.

— É isso? — perguntou Liesel. — Toda vez que eu sentir desejo, você vai fazer assim?

— Sejamos francas, alteza. — disse Selmara com um meio sorriso. — Isso foi apenas um aperitivo. Mas sua fome é de banquete.

Ela pegou a carta dos Enamorados entre os dedos e ergueu-a na altura do coração, murmurando em tom cerimonial:

— Gemellus, vultus unius, corda duplicata… apparere, amare, consumare.

A carta brilhou com uma luz púrpura e dourada. Do chão, subiu uma névoa espessa e morna. Liesel tentou se levantar, mas seu corpo não respondeu. Não de medo — mas de um arrepio que a paralisava, como se seu próprio sexo estivesse em transe.

Da névoa, emergiram dois corpos.

Gêmeos. Másculos. Fortes.

Ambos trajavam túnicas douradas drapeadas sobre ombros largos e peitorais esculpidos. Tinham cabelos longos presos em nós rituais, olhos escuros como ônix e mandíbulas marcadas como estátuas vivas de deuses antigos.

No centro, seguravam juntos uma esfera de luz dourada — palpitante como um coração ardente.

Liesel mal conseguia respirar.

Um dos gêmeos se aproximou com passos lentos e firmes. Passou os dedos pelos cabelos de Liesel, ainda úmidos de suor, inclinando-se para beijá-la no pescoço. O outro posicionou-se atrás dela, ajoelhando-se com reverência.

— Você é feita para ser adorada, princesa. — disse Selmara — Tocada em simultâneo, possuída em espelho.

Selmara recuou e sentou-se em uma poltrona de veludo escuro, com as pernas cruzadas, observando como quem preside um ritual antigo. Seus olhos brilhavam. Um leve toque entre as pernas denunciava seu prazer silencioso.

Os gêmeos começaram a despi-la. A túnica escorregou pelos ombros de Liesel como se cedesse à gravidade do desejo. Seus seios estavam à mostra, os mamilos rijos. Um dos irmãos beijou-os devagar, enquanto o outro puxava sua cintura para mais perto, roçando a boca na base de sua coluna.

O primeiro ergueu Liesel no colo, e o segundo a segurou pelas coxas abertas. No ar, ela parecia flutuar — sustentada por braços fortes, envolta em calor e luz.

Eles a tocaram como se fosse oferenda. Como se cada gemido fosse parte de uma ladainha profana.

E Liesel se entregou.

Liesel estava suspensa entre os dois corpos, como uma prece viva no altar do desejo. Os gêmeos a seguravam com naturalidade e devoção — um pela cintura, o outro pelas coxas — como se suas forças tivessem sido moldadas apenas para aquela tarefa.

O primeiro gêmeo, de olhos sombrios e intensos, roçava os lábios pela pele da princesa, subindo da clavícula até o queixo, enquanto o outro, posicionado atrás dela, mordiscava sua nuca com precisão, fazendo seu corpo estremecer como corda tensa de violino.

Selmara, sentada à curta distância, observava em completo silêncio. Seus olhos refletiam a luz da esfera dourada entre os gêmeos, e seus dedos, agora discretamente entre as pernas, deslizavam em ritmo calmo — não por necessidade, mas por comunhão.

Liesel arfava, as pernas trêmulas, o corpo entregue sem resistência. Um dos gêmeos se ajoelhou com ela no colo, deitando-a suavemente sobre o tapete de veludo. O outro ajoelhou-se ao lado, acariciando seu rosto com o dorso da mão. A princesa teve seu desejo intenso atiçado, as pernas se abriram, naturalmente, um convite instintivo e urgente.

O primeiro gêmeo posicionou-se entre suas coxas e a penetrou de uma só vez — lento, profundo, absoluto. Liesel arqueou o corpo, soltando um gemido agudo que ecoou pela câmara.

O segundo gêmeo deitou-se atrás dela, puxando-a levemente pela cintura, acariciando-lhe os seios enquanto sua boca explorava o pescoço, depois a orelha, depois a curva do ombro.

Selmara levantou-se do divã e se aproximou sem pressa..

O gêmeo entre suas pernas aumentou o ritmo, com investidas ritmadas, firmes, ora lentas e profundas, ora rápidas e desesperadas. O outro alternava entre beijos e palavras baixas ao ouvido de Liesel, como se conhecesse seus pensamentos antes dela.

O suor escorria pelos corpos. O cheiro de incenso se misturava ao do sexo. As velas tremiam com os movimentos do sexo. Liesel sentia-se cheia, viva, como se cada centímetro de seu corpo estivesse em oração pelo prazer.

Então, sem aviso, o gêmeo de trás se aproximou mais. Deslizou um dedo por sua fenda, lambuzando-se nos próprios sucos dela, e guiou-se para a outra entrada. Quando a penetrou por trás, com firmeza e cuidado, Liesel gritou — mas não de dor. Era espanto. Êxtase. Ela jamais havia sido tocada assim, com tanta força e ao mesmo tempo com tanta reverência.

Dois homens. Dois ritmos. Um só corpo entre eles.

E no centro… o prazer absoluto.

Selmara tocou o símbolo dos Enamorados no chão com a ponta do dedo. A luz da esfera entre os gêmeos pulsava em sincronia com os gemidos da princesa. E então, no ápice do movimento conjunto, quando ambos se enterraram ao mesmo tempo dentro dela — o orgasmo veio como uma tempestade quente.

Liesel gritou.

Selmara ergueu-se lentamente, como se o próprio quarto respirasse com ela. Soltou o laço de sua túnica negra, que escorregou pelo corpo até seus pés. Nua, de pele pálida e curvas imutáveis, ela caminhou entre os três como um animal sagrado.

Os gêmeos se ajoelharam, como se reconhecessem sua hierarquia.

Selmara se deitou ao lado de Liesel, puxando-a suavemente para si. Seus seios se tocaram. Suas coxas se encontraram. Passou os dedos entre as pernas da princesa, ainda úmida, ainda tremendo.

Com um gesto, fez um dos gêmeos se posicionar atrás dela. O outro, diante de Liesel. E entre ambas, Selmara segurou a cabeça da princesa e a beijou.

Um beijo profundo, quente, cheio de comando.

Enquanto isso, os gêmeos penetravam ambas — o primeiro, em Selmara, com força lenta e majestosa; o segundo, na boca de Liesel, que o recebia como se fosse vinho ritual. As mãos de Selmara apertavam os quadris de Liesel, guiando seu ritmo, forçando sua boca mais fundo.

— Isso, minha pequena herdeira do caos… — murmurou Selmara, arqueando-se de prazer. — Aprenda com os arcanos o que nunca te ensinaram no convento.

Selmara gozou primeiro, com um grito que parecia uma palavra em latim antigo. Liesel veio logo depois, engolindo o prazer do gêmeo com lágrimas nos olhos e o corpo convulsionando entre beijos e gemidos.

Quando a luz dourada da esfera se apagou, os gêmeos desapareceram como fumaça que retorna ao baralho.

Selmara, nua, sentou-se ao lado da princesa, afagando-lhe os cabelos, ambas ainda ofegantes.

— Agora sim, alteza… sua iniciação está completa.

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Liesel e Selmara ficaram horas deitadas, nuas, na cama abraçadas. Liesel se sentia plenamente saciada… por enquanto.

— É esse o plano? Sempre quando eu sentir vontade você fazer a magia com a carta e… acontecer.

— Sim, e reconheça que é um ótimo plano princesa.

— O que quer em troca? — disse Liesel.

— Proteção alteza. — respondeu Selmara. — Com a grande névoa cobrindo o sol a aldeia não é mais um lugar seguro pra mim.

— Então vai ser assim — disse Liesel — eu te protejo do mundo lá fora… e você me protege de mim.

— De acordo.

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