Inimigo intimo - Sob as luzes da cidade (Pt 6)

Da série Inimigo Íntimo
Um conto erótico de Regard
Categoria: Gay
Contém 1383 palavras
Data: 23/06/2025 13:17:20
Assuntos: Gay, Homosexual, homem, Sexo, macho.

Capítulo 6 — Sob as Luzes da Cidade

A noite desabou sobre São Paulo com um suspiro de alívio e melancolia. A chuva, que havia dado uma trégua durante a tarde, voltou a marcar os imensos vidros da cobertura do hotel Aurora, cada gota um dedo ansioso tamborilando, impaciente. Lá embaixo, as luzes da cidade se transformavam em borrões coloridos, um cenário impressionista e quase irreal para a execução que estava por vir.

Rafael chegou quinze minutos antes do horário marcado. Era um movimento calculado, uma tentativa de retomar uma fração de controle que ele sabia já não possuir. Vestia um blazer escuro sobre uma camisa branca impecável, mas era uma armadura frágil. Por baixo, seu corpo era um mapa de memórias recentes. A cueca boxer de algodão pima, nova, colava-se à pele recém-banhada, mas o cheiro de Bruno parecia um fantasma teimoso, impregnado não em sua pele, mas em sua memória sensorial, capaz de se materializar com um simples pensamento.

Ele se serviu de um uísque duplo no bar da suíte, o gelo tilintando no copo de cristal com um som agudo, quase violento. Parou diante da janela panorâmica. A cidade aos seus pés, os trovões distantes, e o eco da promessa de Bruno, uma sentença que ressoava em seu sangue:

"Eu vou te foder de pé contra o vidro, pra cidade inteira ver."

Ele bebeu um gole longo. O álcool não o aqueceu. Ele não estava ali apesar da ameaça. Estava ali por causa dela.

A porta da suíte se abriu no horário exato. Sete da noite.

Bruno entrou como se fosse o dono do lugar, o que, naquele momento, talvez fosse verdade.

Sem blazer. A camisa social branca, de um tecido fino que se tornava semitransparente sob a luz do ambiente, estava justa em seu corpo largo. Os primeiros botões, abertos, revelavam o início de seu peito bronzeado. As veias discretas saltavam nos antebraços quando ele fechou a porta atrás de si. E o cheiro… o cheiro dele era uma presença física. Amadeirado, quente, um toque de loção pós-banho e a nota primária de pele limpa, já com um traço do suor discreto do fim do dia.

Os olhos de Bruno o encontraram do outro lado da sala.

Nenhum dos dois falou. O silêncio era uma arena. Não havia mais o disfarce da hostilidade, apenas a verdade nua de sua obsessão mútua. A tensão era quase sólida, uma pressão no ar que dificultava a respiração.

Bruno caminhou até a garrafa, serviu-se do mesmo uísque. Bebeu o líquido de uma só vez, direto, sem desviar o olhar de Rafael. Um gesto de poder. Um brinde silencioso ao que estava por vir.

A chuva batia no vidro, a cidade pulsava lá embaixo.

Lentamente, Bruno começou a cruzar a sala. Cada passo era deliberado, o som suave de seus sapatos no tapete felpudo.

Rafael permaneceu imóvel, um animal hipnotizado, os dedos apertando o copo com tanta força que se admirou por não o quebrar.

Quando Bruno finalmente parou à sua frente, o calor de seu corpo era palpável. A respiração dele, quente e com um traço de uísque, era uma carícia invisível no rosto de Rafael. Sem dizer uma palavra, Bruno ergueu a mão e tocou de leve a gravata de seda de Rafael, deslizando os dedos pelo tecido antes de afrouxar o nó com uma lentidão torturante. Seus olhos nunca deixaram os de Rafael, e neles havia uma pergunta: Você está pronto para se desfazer?

O primeiro beijo foi enganosamente lento. Nenhum ataque, nenhuma urgência. Apenas a pressão de boca contra boca, quente, carregada de tudo o que haviam guardado ao longo daquele dia infernal. O gosto do uísque, o cheiro da chuva, da pele limpa, e aquele fundo familiar de desejo contido que agora era a base de tudo.

As mãos de Bruno pousaram na cintura de Rafael, firmes, possessivas. Os polegares roçaram discretos sob o tecido da camisa, na pele sensível de suas costas. Aquele pequeno toque foi a faísca. A tensão explodiu ali.

O beijo se aprofundou, tornou-se faminto. A gravata foi arrancada, a camisa aberta botão por botão, cada revelação de pele um território conquistado. O peito de Rafael, os pelos escuros úmidos pelo calor do ambiente, o cheiro limpo de seu banho que, ainda assim, não conseguia mascarar a nota de almíscar de sua própria excitação.

Bruno afastou os lábios dos dele e desceu, a língua traçando um caminho de fogo pelo colo de Rafael, saboreando o sal de sua pele. O corpo de Rafael respondeu de forma visceral e imediata. Seu membro, já duro, pressionou contra a boxer branca, marcando o tecido de forma inequívoca.

Bruno sorriu de canto ao ver, deslizando a mão pela frente da calça de Rafael, apertando o volume com uma intimidade que era ao mesmo tempo erótica e humilhante.

— Sempre pronto para mim.

A voz dele era um murmúrio rouco que desfez as últimas defesas de Rafael. Com as mãos trêmulas, ele soltou o cinto de Bruno. A calça cara caiu aos seus pés, revelando a boxer preta de algodão. O volume desenhado, as veias marcadas, a cabeça larga perceptível sob o tecido. Era uma promessa de dor e de um prazer tão intenso que beirava o esquecimento.

O cheiro de pele quente misturado à chuva e ao uísque no ar era o perfume daquela noite.

Foram para junto do vidro. Para o palco. A cidade era a plateia.

Bruno virou Rafael e o encostou gentilmente contra a superfície fria. O choque térmico arrancou um suspiro agudo. As mãos firmes de Bruno em sua cintura o mantinham ali, imóvel.

"Olhe para fora, Rafa", Bruno sussurrou em seu ouvido, a voz uma ordem suave e terrível. "Olhe para as luzes. Elas estão te vendo. Eu estou te vendo."

A humilhação e a excitação se fundiram numa onda vertiginosa. Ele estava exposto. Vulnerável. E queria aquilo mais do que jamais quis qualquer coisa.

Bruno abaixou a calça e a cueca de Rafael de uma vez, expondo-o à noite, à chuva, à cidade. A boca de Bruno percorreu suas costas, a curva da lombar, descendo até encontrar o ponto de sua mais absoluta entrega. A língua deslizou, quente e molhada, e Rafael arqueou-se, as mãos espalmadas contra o vidro frio, os dedos deixando marcas na superfície embaçada.

A cueca de Bruno caiu, libertando seu membro ereto, grosso, quente. A cabeça rosada brilhando com o próprio desejo.

Bruno se posicionou atrás dele, o calor de sua virilha contra as nádegas de Rafael.

Ele não o penetrou de imediato. Apenas pressionou a glande contra a entrada de Rafael, um toque que fez os dois ofegarem. Então, ele se inclinou e sussurrou novamente, a barba roçando a pele sensível de seu pescoço.

"Eu quero que eles vejam o quão lindamente você se quebra para mim."

E então ele deslizou para dentro. Devagar, o calor invadindo, sem pressa, esticando, preenchendo. As mãos em concha na cintura de Rafael, controlando cada milímetro daquela invasão. O ritmo veio natural, forte. Estocadas ritmadas, profundas, cada uma um impacto que parecia ecoar pela cidade inteira. O som abafado da pele contra pele, a chuva lá fora, os carros como um rio de luz lá embaixo.

As respirações. Os gemidos baixos, que Rafael tentava abafar contra o vidro.

"Não esconda a voz", Bruno ordenou. "Deixe-os ouvir."

Ele virou o rosto de Rafael, forçando-o a olhar para ele, o reflexo de ambos sobreposto ao mar de luzes. O cheiro dele. Sempre o cheiro.

"Te quero assim. Exposto. Meu. Sempre", Bruno disse, e acelerou.

O prazer cresceu, quente, úmido, inevitável e avassalador. Rafael gozou primeiro, um grito abafado escapando de seus lábios, o sêmen quente marcando o vidro como uma confissão. No mesmo instante, Bruno enterrou-se fundo, a respiração presa, o corpo latejando, derramando-se dentro de Rafael.

Por um longo tempo, ficaram ali. Parados. O corpo de Bruno protegendo o de Rafael do frio do vidro. As luzes da cidade, a chuva, a respiração de ambos desacelerando em uníssono. O cheiro deles, agora um só, preenchendo o silêncio.

Sem palavras. Sem disputa. Apenas aquilo. Bruno não o soltou. Apenas o abraçou por trás, a testa encostada em suas costas suadas.

Naquele momento, sob as luzes da cidade, a ruína de Rafael se completou. E ele descobriu que era um lugar surpreendentemente parecido com um santuário.

Continua…

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Comentários

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TESAO DEMAIS !!

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Nossa, desarmou ele completamente.

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