📘 Capítulo 1 – Tentativas Molhadas, Resultados Secos
(Do romance “Sob Meus Saltos – Um Romance de Domínio e Prazer”)
O quarto ainda cheirava a suor e frustração. A colcha amarrotada estava empapada nas partes erradas: havia esperma na coxa dela, na barriga dele, e nenhuma gota sequer de satisfação real. O ar-condicionado fazia um esforço inútil para esfriar o clima, mas o calor que os envolvia era outro — um calor de promessas quebradas, de desejo mal servido e de paciência escorrendo, como as gotas que agora desciam entre as pernas dela.
Ela estava deitada de lado, as costas nuas voltadas para ele. Seu corpo de ex-atleta ainda era imponente. Mesmo aos 45, os músculos das pernas mantinham o desenho firme, apesar dos quadris que se alargaram com os anos e o fim das competições. Suas coxas grossas pareciam carregadas de força e fome — uma fome que não havia sido saciada. De novo.
— Foi… bom pra você? — ele perguntou, com voz sem convicção, virado para o teto, onde a lâmpada apagada parecia mais viva que a tentativa de prazer daquela noite.
Ela riu. Baixo. Um riso quase amargo. Não respondeu.
Henrique era pequeno. Não só em estatura — os 1,55 m dele mal alcançavam os seios dela quando ficavam de pé juntos —, mas também no gesto, no gozo, no fôlego. Ele havia sido, desde o início, um homem compensador: presenteava, elogiava, trazia flores e viagens. Mas na hora do toque, faltava-lhe... presença. Faltava a pegada. Faltava coragem.
Ela virou-se devagar, os olhos faiscando na penumbra.
— Você gozou? — ela perguntou com uma naturalidade que doeu mais que qualquer acusação.
Ele não respondeu. Sabia que qualquer palavra soaria como desculpa.
— Porque eu não gozei. De novo.
Silêncio.
— Você quer um filho, Henrique?
— Claro que quero. Eu só…
— Não me interrompe.
Ele murchou.
— Você quer um filho? Então começa pelo básico: fazer a mulher que vai parir esse filho gozar. Sentir. Vibrar. Entregar o corpo sabendo que tem um homem dentro dela… e não um pedido de desculpas com pernas.
Henrique se encolheu. Sentiu o peso das palavras como quem apanha com uma rosa cheia de espinhos: bonitas de longe, cruéis no contato.
— Eu tentei… — arriscou.
Ela se levantou nua da cama. O corpo esculpido, as pernas musculosas e torneadas ainda tinham o brilho do esforço. Ela caminhou até o banheiro. No caminho, pegou a calcinha do chão e, antes de entrar, virou-se para ele.
— Você tentou com sua culpa. Tenta com sua língua da próxima vez. Talvez funcione.
A porta do banheiro se fechou. Henrique engoliu seco. O lençol úmido parecia mais pesado agora.
Na manhã seguinte, o silêncio era ensurdecedor.
Ele colocou o café na mesa com todo o cuidado. Frutas cortadas em cubos pequenos, iogurte com granola, pão integral aquecido na torradeira e uma xícara de café passado na hora — ela gostava assim. Era sua maneira de pedir desculpas, de tentar dizer "eu me importo" sem usar palavras.
Ela desceu de roupa de treino, o corpo ainda úmido do banho, o cabelo preso num coque alto. Nem o rímel havia sido reaplicado. Ela sentou-se à mesa e observou a disposição cuidadosa da refeição. Olhou para ele. Depois para a comida. E comeu. Em silêncio.
Henrique respirou fundo.
— Eu pensei… se você quiser, podemos tentar um tratamento. Fertilização. Ou—
— Você acha mesmo que o problema é clínico?
A pergunta veio seca, como tapa. Ele hesitou.
— Talvez… seja psicológico. Eu ando estressado. O trabalho…
Ela levantou os olhos. A colher parada no ar.
— Eu não quero um filho seu por stress. Quero um filho de um homem.
Ele sentiu o golpe, mas não reagiu. Estava acostumado com o tom direto. Mas agora havia algo a mais nela. Algo firme. Inabalável. Como se ela tivesse decidido. Algo havia mudado na noite anterior, e não era só a paciência dela.
— Ontem à noite... — ele começou.
— Ontem à noite foi só a repetição de todas as outras noites, Henrique. Eu fui usada como um buraco. Você entrou, terminou, pediu desculpas com os olhos. Eu mereço mais. O meu corpo merece mais.
Henrique ficou mudo. A colher dela voltou ao pote. Ela comeu mais uma vez e se levantou.
— Hoje não volto cedo. Tenho aula de funcional. E talvez vá ao sex shop. Preciso de algo que me satisfaça de verdade.
Ele arregalou os olhos.
— Como assim?
— Assim. Com clareza. Com autonomia. Com tesão. Algo que me faça gozar sem precisar fingir. Porque sim, Henrique… eu sempre fingi. Todas. As. Vezes.
Ela saiu, deixando o cheiro do perfume e da decepção no ar.
O dia passou devagar para Henrique. Cada passo no escritório era pesado. As palavras dos colegas viravam ruído. Ele tentava concentrar-se em planilhas e e-mails, mas a imagem dela nua, virando-se e dizendo que nunca gozou, martelava sua mente como um tambor tribal. Era humilhante. E pior: era verdadeiro.
Quando chegou em casa, a luz da sala estava baixa. Um vinho aberto na mesa. Uma caixa pequena com um laço vermelho sobre o sofá. Ele se aproximou, com o coração na boca.
Um bilhete.
"Se quiser me dar prazer, aprenda a usar o que está na caixa. Se não conseguir… talvez você precise aprender a usá-lo de outro jeito."
Ele abriu devagar. Era uma cinta peniana. Preta, firme. O tipo que ele nunca ousaria comprar. Ao lado, um pequeno vibrador de clitóris. E um frasco de lubrificante. Gel quente.
Ele engoliu seco. Olhou para o corredor. O quarto estava com a porta entreaberta.
Ela apareceu. De salto. Robe de cetim vermelho. Os olhos pintados, boca escura. Perna cruzada.
— Vai só olhar ou vai usar?
— Você quer que… eu use em você?
Ela sorriu.
— Não. Eu quero que você aprenda como se faz. Você vai usar em si mesmo, Henrique. Hoje, quem vai ser penetrado é você. E se reclamar… nem o plug você merece.
Ele congelou. O que ela estava dizendo?
— Eu… isso não é o que—
Ela se aproximou, andando devagar. O salto estalava no chão como estalos de comando.
— Eu estou te oferecendo uma chance, Henrique. De aprender. De evoluir. De me dar prazer. E pra isso, você vai precisar sentir o que é ser usada. O que é não ter controle. O que é ser desejado só até o momento em que o outro decide parar.
Ela pegou a cinta e colocou em cima dele.
— Se quiser um filho… vai precisar passar por mim. E eu não abro as pernas pra amador.
Ele ficou parado. Estava de pé, mas por dentro, de joelhos.
Ela se afastou.
— Quando decidir se ajoelhar, estarei no quarto. E lembre-se… eu só gozo com quem me respeita como Deusa. O resto é decoração.
E entrou, deixando a porta entreaberta.
Henrique ficou sozinho na sala. A cinta nas mãos. O coração em chamas. A virilidade em xeque. E o desejo... estranho. Uma parte dele tremia. Outra queria obedecer. Pela primeira vez, ele sentia que, se quisesse ter aquela mulher de verdade, teria que descer. Descer de orgulho. De posição. De status. De altura.
E talvez, ali mesmo, começasse a nascer… um novo homem.