Capítulo 9 – A Semana do Treinamento - Bianca

Um conto erótico de Fiapo
Categoria: Heterossexual
Contém 677 palavras
Data: 24/06/2025 14:09:21

Parte 4 – A Visita à Casa de Bianca: Geometria do Frio

Era fim de tarde quando Henrique chegou ao prédio de Bianca. O elevador subiu em silêncio absoluto até o vigésimo segundo andar, onde as janelas davam vista para a cidade que parecia imóvel sob a luz dourada do crepúsculo. Ao contrário das casas de Laura e Vanessa, onde tudo parecia pulsar, ali tudo era geometria. Linhas retas. Mármore claro. Austeridade. Beleza impessoal.

A porta abriu-se com um clique seco. Bianca o aguardava parada no meio da sala, de braços cruzados, vestindo um macacão preto de alfaiataria sem mangas, saltos finos e maquiagem impecável. Seu olhar era como o apartamento: direto, limpo e implacável.

— Pontualidade é o mínimo, boneca. Entre. Tire os sapatos. Deixe a dignidade do lado de fora — disse ela, virando-se sem esperar resposta.

Henrique obedeceu. Estava em silêncio, como havia sido treinado. Sua roupa era simples: uma blusinha branca de alcinhas, uma saia lápis rosa-clara e a coleira com o nome de Laura ainda pendendo do pescoço. A cada passo, o eco dos saltos batia nas paredes de concreto como uma confissão repetida.

Bianca levou-o até uma sala menor, sem móveis. No centro, um único espelho de corpo inteiro. No chão, uma almofada redonda. Ao lado, um pequeno tripé com um tablet conectado à câmera frontal.

— Sente-se. Cruza as pernas. Fica com a coluna reta. E me escuta. — A voz dela era fria, mas sem raiva. Era como uma professora que não admite erros.

Henrique se posicionou como ela mandou. Estava nervoso. Sentia o suor escorrer pelas costas.

— Hoje, você não vai se mover. Não vai dançar. Não vai rebolar. Vai apenas olhar. Olhar para si. Por três horas.

Ela se aproximou do espelho e tocou o vidro com a ponta do dedo.

— Esse é seu campo de batalha. É aqui que mora a vergonha que você quer esconder. E é aqui que eu quero que ela cresça, se espalhe, te devore... até sobrar só o que interessa: o que obedece.

Bianca posicionou o tablet de forma que a imagem dele fosse duplicada — uma no espelho, outra na tela. Ele teria que se encarar por todos os ângulos. Ver-se como o “bonequinho” que havia se tornado.

— Você quer agradar mulheres como eu, Henrique? Então aprenda a se reconhecer. Aprenda a se ver como nós te vemos.

Ela saiu da sala sem fechar a porta. Henrique ficou ali. Parado. Por horas. Olhando. O tempo não existia mais. Só sua imagem, multiplicada. A curva ridícula da saia. O batom mal passado. O olhar aflito. A jaula apertada entre as pernas.

Bianca voltou já no início da noite, sem fazer barulho. Sentou-se numa cadeira baixa, em silêncio, apenas observando.

— E então, boneca? Ainda se considera um homem?

Henrique balançou a cabeça. Os olhos estavam vermelhos. A boca seca.

— Ótimo. Porque homens não me interessam. Eu não desejo homens. Eu desejo servos.

Ela levantou-se, caminhou até ele e ajoelhou-se diante dele.

— Sabe por que você me excita? Porque você se destrói para nos adorar. Porque você se submete, e ao fazer isso, me lembra que não sou invisível.

Ela passou o dedo pelo contorno da coleira.

— A sociedade inteira tenta nos convencer de que o tempo nos apaga. Que mulheres fortes devem ser discretas, maduras, resignadas. Mas você... você está aqui, de joelhos, para desmentir tudo isso.

Ela se ergueu, foi até uma gaveta e tirou de lá um objeto pequeno, metálico. Um vibrador com controle remoto. Depositou-o na mão dele.

— Isso é para amanhã. Laura vai saber o que fazer com isso. Hoje, você dorme no chão. Ao lado da minha cama. Cobertor, nenhum. Frio, necessário.

Ela apagou as luzes.

No escuro, Henrique deitou-se no tapete. O som da respiração de Bianca era a única coisa viva no ambiente. E, no fundo, ele soube: aquela mulher não precisava humilhá-lo com gritos. O silêncio dela era suficiente para dissolver qualquer vestígio de masculinidade que ainda tentasse resistir.

E ali, na escuridão, ele dormiu. Ou fingiu dormir. Porque dentro dele, algo se mexia — algo que não tinha mais nome.

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