**Capítulo 12 – Ecos e Máscaras**
Os dias que se seguiram ao jantar na cobertura foram um turbilhão de sensações para Henrique. A transformação que parecia física se aprofundava em sua mente e corpo, como uma maré que não permitia recuo. As três mulheres se revezavam em sua casa, em sua rotina, sempre com a mesma precisão cirúrgica que ditava os passos daquela nova vida.
Logo na manhã seguinte, Laura chegou trazendo uma caixa pequena, forrada em veludo. Ela a colocou diante de Henrique, que estava ajoelhado no tapete da sala, vestido com a camisola rosa que se tornara sua segunda pele.
— Hoje vamos trabalhar a sutileza, bonequinha — disse Laura, a voz doce, mas carregada de determinação.
Henrique sentiu o peso da expectativa enquanto ela abria a caixa lentamente, revelando um conjunto de máscaras delicadas, cada uma com detalhes em renda, penas e pequenas joias.
— Você vai aprender que não é só o corpo que deve obedecer, mas o rosto, a expressão, a linguagem invisível que transmite poder e desejo. Não basta estar submisso, tem que parecer desejado — explicou Laura, enquanto colocava uma máscara preta com detalhes em dourado sobre seu próprio rosto.
Vanessa entrou no cômodo naquele momento, vestindo um conjunto elegante de couro vermelho. Ela sorriu ao ver a cena.
— A máscara é o seu escudo e sua prisão — disse, caminhando até Henrique. — Com ela, você vai esconder suas inseguranças e mostrar a imagem que queremos que o mundo veja.
Bianca chegou logo depois, carregando um espelho portátil.
— A cada exercício, você vai se observar — anunciou. — Queremos que você domine essa dualidade: o corpo que se rende e o rosto que comanda.
Henrique experimentou cada máscara, aprendendo a controlar o olhar, a postura, o leve arqueamento das sobrancelhas, o sutil sorriso que desviava o foco da vergonha para a provocação.
Durante a tarde, foram feitas sessões diante do espelho, com correções precisas e ordens que o mantinham em constante tensão. O vibrador controlado pelas mulheres era acionado nos momentos de maior distração, lembrando Henrique que a atenção total era exigida.
As noites eram reservadas a pequenos encontros em ambientes públicos discretos: cafés, galerias de arte, parques pouco movimentados. Henrique andava com a cabeça erguida, máscara no rosto, vestido rosa impecável e salto alto bem ajustado. Era uma aparição que misturava fragilidade e domínio, submissão e controle.
Em uma dessas noites, Vanessa comentou:
— Veja, bonequinha, o mundo não sabe o que fazer com você. Nem nós mesmos. Você está entre o homem e a mulher, entre o desejo e a vergonha, entre o controle e o abandono.
Laura acrescentou:
— Essa é a beleza do nosso jogo. Quebre as regras até que não existam mais.
Bianca finalizou:
— Você não é mais Henrique. Você é o que nós decidimos que você seja.
Henrique, olhando seu reflexo na vitrine de uma loja fechada, sentiu a profundidade da sentença. As máscaras que usava eram muitas: as que as mulheres impunham, as que ele mesmo criava para sobreviver, e aquela última, invisível, que escondia o homem que um dia fora.
O eco daquele homem parecia distante, como uma lembrança de outra vida.