**Capítulo 13 – O Banquete das Donas**
O apartamento de Laura estava especialmente arrumado naquela noite. Tapetes limpos, luz baixa, taças de cristal nos suportes e uma música instrumental de fundo que parecia vibrar com os próprios batimentos de Henrique. Ele estava ajoelhado no centro da sala, como sempre, mas naquela noite havia algo novo no ar — algo que cheirava a ensaio final antes de um espetáculo maior.
Laura circulava ao redor dele com uma taça de vinho na mão. Usava um vestido preto colado ao corpo, sem alças, sapatos de verniz e uma gargantilha com uma pequena chave pendurada. Ela sorriu ao ver Henrique engolindo em seco.
— Hoje, minha bonequinha, você será nossa bandeja — disse ela, com a voz calma de quem dita um destino.
Vanessa chegou logo depois, com um robe de cetim vinho aberto na frente, revelando um body rendado. Bianca, por sua vez, trajava um conjunto de alfaiataria, com luvas de couro que jamais removia.
— Sabe o que acho mais fascinante? — disse Bianca, enquanto se sentava. — É que ele começa a desejar o que deveria temer.
Henrique foi posicionado de joelhos entre as três, com as mãos apoiadas sobre as coxas e a boca entreaberta. Laura se aproximou lentamente, sentando-se à sua frente. Tomou sua cabeça com as duas mãos e o encarou por um tempo, sem dizer nada. Depois, roçou os dedos em sua boca, contornando os lábios com a taça encostada.
— Abra — ordenou baixinho, como quem abre um livro.
Henrique obedeceu. Laura posicionou a taça junto à boca dele, mas o vinho era apenas um pretexto. Lentamente, guiou sua cabeça com delicadeza e autoridade, até que os movimentos dele começassem a obedecer ao seu ritmo.
A linguagem era velada, mas os gestos falavam alto. O controle estava no toque, no olhar, no peso do silêncio.
— Boa menina — murmurou ela. — Agora passeie entre nós.
Henrique foi levado a Vanessa, que cruzava as pernas e o observava com uma expressão entre escárnio e fascínio. Ela ergueu os pés calçados com meias finas e o fez beijar cada um, umedecer a ponta dos dedos e aspirar o perfume das pernas.
— Prove. Com a boca, com os olhos, com a alma — sussurrou ela.
Depois, foi a vez de Bianca, que não precisou dizer nada. Apenas estendeu a mão enluvada e fez sinal. Henrique encostou os lábios no couro frio, depois no punho da camisa dela, depois no salto. Os olhos dela não piscavam.
Quando o ritual terminou, ele retornou ao centro, tonto de obediência, a boca úmida, a vergonha substituída por uma estranha reverência.
Laura sentou-se ao lado dele e acariciou seu queixo.
— Agora você sabe o gosto de cada uma de nós — disse. — E amanhã, nossos maridos saberão o gosto da vergonha.
Henrique levantou os olhos.
— Maridos? — perguntou, a voz trêmula.
Bianca pegou seu celular e mostrou uma foto: o marido de Vanessa, de joelhos, com as mãos amarradas atrás das costas, enquanto ela o forçava a limpar o chão com a língua.
— Primeiro eles riram. Depois, cederam. Agora, choram por aprovação — disse Bianca.
Vanessa completou:
— Você foi só o primeiro. Agora somos três donas... e múltiplos servos.
Laura aproximou-se de Henrique e sussurrou em seu ouvido:
— Prepare-se. Vamos organizar um jantar com todos eles. As “bonecas” reunidas. E você será o exemplo. A estrela. O espelho.
Henrique sentiu o chão sumir sob seus pés. Mas não disse “não”. Porque ali, diante delas, até a dúvida era um privilégio perdido.