Eu sempre fui um homem quieto, daqueles que falam pouco e observam muito. Aos 52 anos, a impotência havia se tornado minha companheira silenciosa e cruel. O diabetes foi o diagnóstico técnico, mas o que doía mesmo era o silêncio nos olhos da minha esposa Wandinha quando ela fingia que tudo estava bem. Não estava. Há anos não conseguia satisfazê-la como homem. O medo de cirurgia me impedia de colocar uma prótese. E foi aí que deixei de tentar ser o homem tradicional.
Permiti que ela buscasse prazer com outros homens. Começou devagar, com conversas, depois encontros. E eu assistia. Literalmente. Ver minha esposa nos braços de outros homens, gemendo, viva… de certa forma, me fazia sentir menos morto. Menos impotente. Mas ainda era pouco. Eu era só o espectador, o corno consentido, o broxa calado.
Foi em uma madrugada solitária que encontrei o anúncio. Eu estava num fórum obscuro de fetiches, navegando por curiosidade e vergonha. Entre posts e comentários, vi um nome que me atravessou como corrente elétrica:
"Rafaela Cavalcante – especialista em homens submissos. Atendimento discreto. Dominação ativa com cintas penianas."
O coração acelerou. Cliquei. A foto do perfil era discreta: apenas uma sombra feminina contra uma luz vermelha. O texto abaixo era claro e direto. Sem julgamentos. Sem promessas. Apenas uma proposta: entregar-se.
Mandei uma mensagem. Em menos de uma hora, ela respondeu:
"Primeira sessão amanhã às 16h. Endereço e regras seguem abaixo. Traga o corpo limpo, a mente aberta e a vergonha do lado de fora."
O primeiro encontro com Rafaela foi o início de uma revolução silenciosa.
Ela me recebeu num apartamento pequeno, elegante, com cheiro de incenso e couro. Vestia preto da cabeça aos pés, os cabelos castanhos presos num rabo alto. Jovem, talvez uns 25 anos, mas com a presença de quem já havia dominado muitos como eu.
— Pode tirar a roupa, Christian. Aqui, você não precisa fingir nada.
Tirei cada peça como quem se despe de anos de frustração. Fiquei nu diante dela, o pintinho broxa, a pele marcada pelo tempo. Ela não zombou. Nem riu. Apenas caminhou ao meu redor, analisando.
— Bonito. Frágil. Pronto. — murmurou, como quem avalia uma peça rara.
Como que adivinhando alguma coisa, ela começou a acariciar meu pintinho com as mãos, não causando ereção alguma. Com um sorrisinho maroto no rosto perguntou então:
— Você é broxa? — perguntou.
— Sou — respondi com um sorriso amarelo.
Na primeira sessão, ela usou um cinto discreto, com um dildo de tamanho médio. Me colocou de quatro, lubrificou devagar, me penetrou com firmeza, mas sem brutalidade. E ali, naquele momento em que o plástico quente me invadiu, algo dentro de mim se quebrou — e algo novo nasceu.
Aguentei a dor. Bufando mas aguentei. Era a entrega. Era como se, ao me abrir para ela, eu finalmente me libertasse do papel que o mundo sempre esperou que eu cumprisse.
Voltei na semana seguinte. E na outra. E na outra. Rafaela nunca me tratou com carinho. Mas com respeito. Era firme, exigente, impassível. Usava cintas diferentes, dildos maiores, ângulos novos. Testava meus limites. Cada sessão era uma aula sobre mim mesmo. Eu saía de lá sempre com o anus pegando fogo, mas me sentindo homem!
Ela não queria que eu gozasse. E eu não gozava. Mas sentia um prazer estranho, profundo, que ia além do físico. O prazer de ser penetrado, controlado, usado.
Às vezes, ela falava comigo enquanto me dominava:
— Você gosta disso, não gosta? Gosta de não ter controle. De ser meu brinquedo. Meu homem-broxa, minha cadelinha fiel.
Essas palavras, ditas num sussurro firme, me deixavam em transe. Eu gemia baixo, arfava, sentia as pernas tremerem. E, mesmo impotente, sentia-me cheio. Cheio de desejo, de pertencimento.
Em casa, eu continuava sendo o marido corno de Wandinha. Às vezes, ela saía para encontrar Marco, seu atual amante. Às vezes eu assistia. Mas algo havia mudado: agora eu também tinha meu segredo. Meu próprio ritual. Minha própria mulher — mesmo que paga por hora — que me possuía como ninguém jamais possuíra.
Na quinta semana, Rafaela me apresentou ao "Touro".
Era um dildo negro, grosso, texturizado, com veias salientes e uma curvatura agressiva.
— Hoje, você vai conhecer de verdade o que é ser meu.
O lubrificante estava frio. Minhas mãos tremiam. O coração disparava como de um adolescente prestes a perder a virgindade. Quando o "Touro" entrou, rasgando minha resistência centímetro por centímetro, senti lágrimas escorrerem dos olhos. De dor. De entrega absoluta.
Ela me segurou pelos quadris, me puxou contra ela com força, como se estivesse me cavando até o fundo da alma. Não aguentei e pedi aos berros para ela parar. Não adiantou, ela nem deu bola e continuou. A sensação de ser invadido, rasgado, dominado… me levou a um estado que beirava o êxtase. Meu pintinho mole balançando furiosamente junto com os testículos aumentava meu prazer.
— Você nasceu pra isso, Christian. — disse ela, ofegante. — Nasceu pra tomar no cú!
E eu concordei, entre gemidos e soluços, completamente tomado.
Com o tempo, Rafaela começou a usar acessórios. Um plug que me fazia chegar já preparado. Algemas que me mantinham imobilizado. Vendas. Mordedores. Ela montava roteiros. Às vezes era a médica. Outras, a oficial. Eu era o paciente, o prisioneiro, o experimento. Sempre completamente pelado.
Cada encontro era mais profundo. Mais íntimo. Embora nada fosse romântico, havia um vínculo intenso entre nós. Um vínculo de dominação, de obediência, de descoberta.
Wandinha começou a notar minha mudança. Certa noite, depois de voltar do quarto com Marco, ela se deitou ao meu lado e perguntou:
— Você também está transando, né?
Engasguei.
— Não… é diferente.
— Com homem?
— Com mulher.
Ela sorriu.
— E ela te deixa assim? — e passou a mão pelo meu traseiro, enfiando o dedo com leveza e percebendo meu cuzinho todo arrombado. — Hum… entendi.
Wandinha não perguntou mais nada. Mas começou a me olhar com outro tipo de admiração. Não por eu ter recuperado a virilidade — que nunca voltou — mas por ter finalmente me assumido em meu próprio prazer.
Na sessão de número nove, Rafaela me fez usar uma coleira.
— Hoje você não fala. Você rasteja. Você é meu bichinho.
Ela me conduziu pela casa de joelhos, me fez beijar e lamber seus pés, me penetrou enquanto puxava a coleira, me chamou de coisas que jamais ousaria repetir em voz alta. E eu gozei. Pela primeira vez em anos, ejaculei mesmo com o pau mole, apenas sendo invadido por ela.
— Você se curou, Christian. Não da impotência. Mas da vergonha.
Hoje escrevo esse relato nu, com o plug dentro de mim, ainda lubrificado da última sessão. Rafaela está viajando por duas semanas. Me deixou um conjunto de tarefas: me masturbar com o dedo, usar os plugs menores diariamente, manter-me sempre depilado e lubrificado.
Sigo tudo à risca.
Não sou mais apenas um marido broxa. Não sou só o corno consentido. Sou um homem que descobriu que o prazer não precisa de ereção, nem de penetração ativa. Descobri que há um mundo inteiro dentro do corpo, e que abrir-se pode ser muito mais poderoso do que invadir.
Sou passivo. Sou submisso. E sou feliz.
Tudo graças a Rafaela Cavalcante.
E ao "Touro", que, confesso, já não me parece tão grande assim. Já anseio por um maior!