Ela treme ao meu lado, os joelhos marcando o chão como se quisessem fincar raízes em minha presença. Seus olhos me buscam em súplica muda — mas eu não dou resposta. Ainda não. Minha mão paira sobre sua nuca, sem tocar. A ausência do toque é a primeira tortura.
— “Você sabe por que está aqui?” — pergunto, minha voz baixa, como se falasse direto à espinha.
— “Porque pertenço ao Senhor,” — ela responde, num sussurro entrecortado. — “Porque minha pele só faz sentido sob Suas mãos.”
— “Errado,” — corrijo, deslizando os dedos lentamente por sua mandíbula tensa. — “Você está aqui porque eu deixei. Porque entre todas, escolhi você para sangrar por mim.”
Ela fecha os olhos. Solta o ar. Está pronta.
Aos meus pés, a outra ergue o rosto, com lágrimas nos olhos, mas não de dor — de gratidão. Cada lágrima é uma joia, um reflexo do que já foi arrancado dela. Eu me aproximo, puxo seus cabelos para trás com firmeza, forçando-a a me encarar.
— “Diga o que você é.”
— “Sua. Nada além disso. Sua.” — a voz dela quebra no fim da frase. Quase um soluço.
— “E o que você me dá?” — pergunto, sem afrouxar o aperto.
— “Tudo.” — ela geme. — “Minha carne, minha alma, minha vontade. Leve o que quiser… Tire o que sobrou.”
Eu sorrio. Um sorriso de aço.
— “Não quero o que sobrou. Quero o que você ainda não teve coragem de entregar.”
Solto o cabelo dela, e ela cai de volta ao chão como se o mundo tivesse perdido o eixo. A outra, ao meu lado, ainda espera. Passo os dedos lentamente por sua clavícula, descendo até onde a pele se arrepia antes mesmo do toque firme.
— “Você quer que eu te use?” — pergunto, os lábios quase encostando em sua orelha.
— “Mais do que tudo, Senhor,” — ela responde, arfando. — “Quero ser destruída por Você. Quero não lembrar quem eu era antes de me ajoelhar aqui.”
— “Boa garota.” — murmuro. — “Então você vai me dar o grito que ainda se esconde na sua garganta. Vai me mostrar até onde vai o seu limite… e depois, vai ultrapassá-lo por mim.”
Ambas tremem. Ambas esperam. A escuridão do cômodo pulsa com nossa respiração, nossos cheiros misturados, o som das correntes repousando à espera. Não há medo. Só desejo e disciplina. Não há amor. Só devoção e poder.
E quando o primeiro gemido se transforma em grito, quando o corpo se arqueia para escapar mas a alma se curva ainda mais...
É ali que começa a verdadeira entrega.
Ali que nasce o meu domínio.
Ali que elas deixam de ser delas — para serem só minhas.