Ele desceu do veículo com uma agilidade habitual, sua silhueta alta e forte se destacando contra a forte luz do sol. No instante em que seus pés tocaram o chão, seu olhar encontrou o meu com uma intensidade imediata, um reconhecimento mútuo que parecia cortar todo o burburinho à nossa volta. “Então, Chapeuzinho?”, ele indagou, a voz grave e familiar alcançando-me. “Quantos doces ainda restam na sua cesta?” Um brilho divertido dançava em seus olhos, um convite a uma brincadeira silenciosa que só nós dois entendíamos.
Com um gesto de orgulho disfarçado de cansaço, abri a cesta, revelando o fundo quase vazio, onde somente alguns poucos brigadeiros e cocadas resistiam. Ele emitiu um riso suave, um som baixo e agradável, e solicitou, com um gesto imperioso, mas que para mim soava como um carinho: “Coloque esses últimos no banco de trás da minha caminhonete. Quero devorá-los após o jantar!”.
Ao abrir a porta traseira e pôr os últimos sobreviventes da fornada de vovó, James estendeu a mão em minha direção, cem reais, uma nota nítida e recém-impressa, contrastando com o bronzeado de sua pele. Por um segundo, meu instinto profissional prevaleceu e solicitei um tempo para buscar o troco na minha sacola, começando a remexer. Entretanto, antes que eu pudesse fazê-lo, ele segurou meu pulso com firmeza suave. Seus dedos, quentes e fortes, envolveram minha pele, enviando um arrepio elétrico por todo o meu braço.
Seus olhos, cheios de uma ternura que me desarmou por completo, encontraram os meus novamente, e o galã afirmou com uma doçura que fez meu coração acelerar: “Não precisa de troco, Tiago. Pode ficar com tudo”. O ronronar suave do motor da caminhonete cinza do lenhador era o único som que quebrava o silêncio crescente à medida que nos afastávamos cada vez mais do burburinho familiar da cidade. Aquele veículo, robusto e confiável, deslizava suavemente pelos asfaltos agora esparsos, deixando para trás o estresse e a agitação que eu nem percebera carregar até aquele momento.
O cenário começou a se transformar gradualmente, mas também de uma forma implacável. As construções coloridas e as ruas apinhadas deram lugar a vastos campos verdejantes, pontilhados por fazendas isoladas e pequenas manchas de mata nativa. Em seguida, quase sem aviso, a estrada se tornou um túnel verde-escuro, ladeado por árvores altas e imponentes que formavam uma muralha natural, e o ar ficou mais puro, mais fresco, carregado do perfume úmido da terra e da folhagem. À medida que a densa floresta nos engolia, senti uma curiosidade premente e quase palpável sobre a sua vida isolada.
“Como é para você morar tão perto da clareira, James, e tão distante de nossa vizinhança?”, indaguei, minha voz preenchida por um genuíno interesse que eu não fiz questão de esconder. Ele sorriu, um leve erguer de canto de boca que, por alguma razão, aqueceu meu peito, dissipando qualquer vestígio de reserva que eu pudesse ter.
“É simplesmente incrível, Tiago. Ninguém me incomoda, e sempre adorei a natureza em sua forma mais pura. Há uma paz aqui que a cidade não consegue oferecer, uma tranquilidade que acalma a alma de uma forma que o caos urbano jamais poderia”, expôs, seus olhos refletindo a placidez e a profunda satisfação que ele descrevia. Seu olhar se perdia na imensidão verde à nossa volta, como se visse algo além do visível, algo que só ele podia compreender plenamente.
Finalmente, a caminhonete desviou da estrada principal, seguindo por uma trilha de cascalho que serpenteava por meio de uma pequena clareira antes de se abrir para uma estrutura belíssima. James conduziu o veículo para uma espaçosa garagem, cujas paredes de concreto nuas e robustas se erguiam imponentes, transmitindo uma sensação de solidez e isolamento. O som do motor silenciou, e a quietude momentânea foi preenchida somente pelo farfalhar das folhas lá fora.
Ao acender a luz, um brilho forte e imediato inundou o espaço, revelando um ambiente amplo e impecavelmente organizado. Ferramentas de todos os tipos estavam penduradas em painéis perfurados na parede, cada uma em seu devido lugar, refletindo a luz metálica. Havia bancadas de trabalho limpas, prateleiras com caixas rotuladas e até mesmo um compressor de ar silencioso em um canto. Um cheiro complexo de óleo de motor, borracha e um toque de poeira limpa pairava no ar, uma mistura que era, de alguma forma, reconfortante e estranhamente viril.
Meu olhar percorreu o espaço, notando o quão impressionantemente espaçosa e bem mantida era a garagem, um reflexo claro da personalidade metódica do homem musculoso. Aquele instante de observação e quase admiração foi abruptamente quebrado quando ele se virou para mim, seu olhar fixo no meu. Os olhos dele, antes repletos da serenidade da natureza, agora ardiam com uma intensidade quase febril, uma expectativa tão palpável que senti um arrepio percorrer minha espinha, misturando excitação e um temor ancestral. Houve um silêncio carregado, somente o zumbido tênue das lâmpadas fluorescentes preencheu o vazio.
“Chapeuzinho”, ele pronunciou, sua voz agora mais grave, um sussurro rouco e carregado de uma autoridade inquestionável, um comando velado que ecoou na quietude da garagem. “Quero que você se desnude completamente e se sente naquela cadeira junto à parede. Sim, aquela que está um pouco mais afastada.”
Meu coração, que segundos antes batia em um ritmo normal, disparou no meu peito, um tambor frenético de adrenalina pura. Apesar do choque e da súbita surpresa, não hesitei. Uma necessidade imperiosa de obedecer surgiu do mais profundo do meu ser, suplantando qualquer racionalidade. Obedeci, as mãos trêmulas, mas firmes, enquanto minhas roupas caíam ao chão, camada por camada, revelando minha pele exposta ao ar fresco do ambiente. Cada peça que deslizava liberava um pouco mais da tensão que eu mal sabia que carregava, substituindo-a por uma vulnerabilidade acrescida.
Assim que me acomodei na cadeira, a madeira fria e áspera contra minha pele agora sensível, o loiro delicioso se aproximou, seus movimentos fluidos e intencionais. Suas mãos, antes macias e gentis, tornaram-se
surpreendentemente hábeis e firmes. Senti a textura suave, mas inegavelmente resistente, das cordas roçando em meus pulsos e tornozelos, que foram rapidamente e com precisão amarrados à estrutura da cadeira. Não era doloroso, mas a sensação de imobilidade era absoluta, uma confirmação silenciosa da sua vontade sobre a minha. Eu estava completamente à sua mercê, e uma nova e estranha emoção começou a florescer dentro de mim.
Uma onda avassaladora de ansiedade me inundou, um temor inquietante de que eu estivesse prestes a adentrar uma seção de sadismo para a qual não estava mentalmente preparado. A adrenalina pulsava em minhas veias, e o medo, embora presente, era agora tingido por uma expectativa perigosa. Minha respiração ficou mais rasa, superficial, um reflexo do pânico que tentava controlar, e minhas mãos, agora imobilizadas de forma firme e inabalável, suavam ligeiramente, o suor frio se espalhando pelas palmas.
James, com sua percepção aguçada, deve ter percebido minha inquietação, meu corpo tenso e a luta interna que travava. Seus olhos, profundos e intensos, me capturaram em um instante, e ele ofereceu um sorriso tranquilizador, um gesto que, paradoxalmente, carregava um brilho travesso, um convite velado para o que seguiria. “Está tudo bem, Tiago”, ele garantiu, sua voz um bálsamo suave para minha crescente apreensão, um murmúrio profundo que parecia acalmar os tambores do meu coração acelerado. “Respira. Somente aproveite o espetáculo, meu amigo.”
Minha visão, limitada pela posição em que me encontrava, estava direcionada para a parte lateral da caminhonete. E foi exatamente ali, naquele espaço delimitado, que o galã se posicionou, sua figura imponente e dominante preenchendo meu campo de visão restrito, se tornando o único foco do meu mundo naquele momento. Com um movimento lento, deliberado e carregado de intenção, ele abaixou o zíper do seu macacão bege, o tecido grosso e utilitário deslizando com um som quase inaudível, revelando uma porção generosa do seu peitoral musculoso e o abdômen perfeitamente esculpido. A visão daquele “tanquinho” de fazer inveja, definido e firme sob a luz fraca, me arrancou um suspiro inaudível, um reconhecimento silencioso da sua forma física impecável.
Seus dedos longos e fortes envolveram a protuberância óbvia de sua ereção por cima do tecido do macacão, um toque que parecia eletrizar o ar. A mão começou a deslizar com uma lentidão torturante por todo o comprimento de seu membro, uma carícia que era, ao mesmo tempo, suave e firme, provocante e cheia de promessas. Eu não pude me conter, a tensão acumulada florescendo em uma necessidade avassaladora. Um gemido baixo e rouco escapou dos meus lábios, um som que tentei sufocar, mas que era impossível de conter.