Inimigo intimo - O Peso das Coroas (Pt 10)

Da série Inimigo Íntimo
Um conto erótico de Regard
Categoria: Gay
Contém 1196 palavras
Data: 30/06/2025 06:13:37
Última revisão: 30/06/2025 19:27:40
Assuntos: Gay, Homosexual, homem.

Capítulo 10 — O Peso das Coroas

O e-mail interno foi um som banal para um momento cataclísmico. A nota, assinada pelo conselho de administração, espalhou-se pela empresa como um incêndio.

Não havia um vencedor. Havia dois. A nova estrutura de Co-CEOs, Rafael Salles e Bruno Vianna, era agora oficial, uma aberração corporativa que se tornou o único tópico de conversa nos corredores e cafés da Omnia Corp.

Para Rafael, a notícia, embora já soubesse, tornou-se real de uma forma sufocante. A coroa que ele tanto cobiçara havia sido partida ao meio, e ele teria que usar sua metade enquanto olhava para o homem que usava a outra.

O andar da presidência havia sido reconfigurado. Agora, abrigava dois escritórios idênticos, espelhados, um de frente para o outro, separados apenas por uma colossal parede de vidro inteligente. Com o toque de um botão, ela podia se tornar opaca, garantindo privacidade. Mas, por padrão, permanecia transparente. Uma gaiola de vidro. Um aquário para dois tubarões.

No primeiro dia, a tensão era uma entidade física. E-mails de parabéns inundaram suas caixas de entrada, cada um com um tom sutil de confusão. Gestores apareciam em suas portas, sem saber a qual dos dois se dirigir primeiro. Eles responderam a todos com uma frente unida e polida, uma performance tão perfeita que era quase uma violência.

Mas quando as portas se fechavam, a guerra fria começava.

Eles se observavam através do vidro. Rafael, focado em seu monitor, sentindo o peso do olhar de Bruno em sua nuca.

Bruno, recostado em sua cadeira, girando uma caneta, estudando cada microexpressão de Rafael. Era um jogo de resistência.

O conflito explodiu no meio da tarde. O projeto "Nexus", uma aquisição estratégica, estava na mesa. Rafael defendia uma abordagem cautelosa, uma análise de risco mais profunda.

Bruno queria um ataque rápido e agressivo para surpreender o mercado. A discussão, iniciada por vídeo, rapidamente se tornou acalorada demais para a tecnologia. Bruno desligou e atravessou o espaço entre os escritórios, entrando na sala de Rafael como uma tempestade.

— Cautela é o caralho, Rafael! Isso é hesitação! Enquanto você analisa, a concorrência compra!

— E enquanto você compra, a gente afunda num passivo que você não se deu ao trabalho de ler! — Rafael se levantou, ficando frente a frente com ele. — Seu instinto não paga as contas no fim do trimestre, Bruno!

— E sua análise não fecha negócios! Estamos andando em círculos, porque você não confia em mim e eu não confio na sua falta de coragem!

Eles estavam peito a peito, a respiração ofegante, o impasse absoluto. A parceria era um fracasso antes mesmo de começar.

— Saia do meu escritório — disse Rafael, a voz baixa e trêmula de raiva.

Bruno riu, um som sem alegria. — Tecnicamente, metade dele é meu, parceiro.

Ele saiu, batendo a porta. Rafael observou-o através do vidro, vendo-o andar de um lado para o outro em sua própria jaula. A frustração era um veneno, e o único antídoto que conheciam era muito mais perigoso. A noite caiu. O escritório se esvaziou. Rafael continuava sentado, olhando para os mesmos números, a mesma parede de vidro, o mesmo homem do outro lado. Num impulso, ele se levantou.

Atravessou o espaço entre eles e entrou no escritório de Bruno, que o olhou, surpreso. Rafael não disse nada. Apenas caminhou até a porta e a trancou. Depois, foi até a parede de vidro e, com um toque, tornou-a opaca, mergulhando-os numa privacidade leitosa e isolada do mundo.

— Se não conseguimos concordar com palavras — disse Rafael, a voz rouca, virando-se para Bruno —, vamos resolver de outro jeito.

Ele avançou. Pela primeira vez, foi ele quem iniciou o confronto físico. Empurrou Bruno, que, pego de surpresa, deu um passo para trás. Rafael o empurrou de novo, com mais força, até que as costas de Bruno bateram contra sua própria mesa de mogno.

— O grande Bruno Vianna, o conquistador, sem uma resposta?

— provocou Rafael, o rosto a centímetros do dele, os olhos queimando. Ele agarrou a camisa de Bruno. — Precisa que eu resolva isso pra você? Precisa que eu te mostre como se toma uma decisão?

Ele o beijou com fúria. Era um beijo de punição, de raiva, de pura frustração. Bruno ficou imóvel por um instante, o choque paralisando seus músculos. Rafael aproveitou a hesitação, empurrando-o para que ele se sentasse sobre a mesa, uma inversão completa de seus papéis habituais. A vitória de Rafael era palpável. Ele estava no controle.

Foi quando ele passou a mão pelo peito de Bruno e desceu, os dedos roçando o volume crescente em sua calça, que a maré virou. O toque foi a faísca final. Os olhos de Bruno escureceram. O predador, provocado e desafiado, despertou.

Com uma velocidade brutal, as mãos de Bruno agarraram os pulsos de Rafael, a força esmagadora. Ele inverteu as posições com um único movimento fluido, prensando Rafael contra a mesa, o corpo dele aprisionado entre a madeira fria e o calor avassalador de Bruno.

— Você queria uma reação, estrategista? — rosnou Bruno, a voz um trovão baixo, a boca colada na de Rafael. — Você queria que eu resolvesse? Então, parabéns. Você conseguiu.

O beijo que ele deu em seguida não foi uma negociação. Foi uma conquista.

Rafael não lutou. Um sorriso de triunfo secreto e masoquista poderia ter passado por seus lábios se eles não estivessem ocupados. Ele havia vencido. Ele provocara a tempestade, e agora estava em seu epicentro.

Bruno rasgou sua camisa, os botões voando. Ele o ergueu, virou-o e o deitou sobre a mesa que simbolizava metade do reino deles. O sexo que se seguiu não foi sobre prazer, mas sobre poder. Uma resposta direta ao desafio. Cada estocada era Bruno reafirmando seu domínio físico, uma tentativa desesperada de apagar a imagem de sua própria hesitação momentos antes. Era o único idioma que ele tinha para responder à provocação de Rafael.

E Rafael aceitou tudo, seu corpo se arqueando, sua mente clara e vitoriosa. Ele havia encurralado o leão. O fato de que agora estava sendo devorado era apenas o prêmio.

Quando tudo acabou, ele deixou Rafael ali, ofegante, o corpo marcado sobre o símbolo do poder de Bruno. Bruno se afastou, a respiração pesada, ajeitando a própria roupa com uma calma assustadora. Ele olhou para Rafael, e pela primeira vez, não havia zombaria em seu olhar. Havia um respeito relutante, o reconhecimento de que a batalha daquele dia havia sido vencida por Rafael, mesmo que seu corpo dissesse o contrário.

— Agora sabemos o que fazer quando uma discussão de negócios não leva a lugar nenhum — disse Bruno, a voz perfeitamente profissional agora.

Ele destrancou a porta e saiu, deixando Rafael sozinho na escuridão de seu escritório.

Rafael se levantou, as pernas trêmulas. Caminhou até a janela e olhou para as luzes da cidade. Era Co-CEO, um dos homens mais poderosos daquele horizonte. Mas ele sentia o sêmen de Bruno esfriando dentro de si. Ele havia provocado o rei em sua própria toca e o forçara a agir. A submissão física fora a prova definitiva de seu próprio poder. E ele sabia, com uma certeza aterrorizante, que faria tudo de novo.

Continua...

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