## **Capítulo 8 – Sorrisos, Sussurros e Salto Alto**
A tarde na chácara de Marcelo prometia mais do que um simples churrasco de confraternização. O convite, assinado por Luísa, deixava claro: **"traje de banho livre, salto opcional para as damas com atitude"** — uma provocação sutil, mas certeira.
Logo ao chegar, Daniela, trajando um maiô vermelho que desafiava a gravidade, atraiu olhares de todos os lados. Luísa, que até então exibia seu biquíni azul com segurança, sussurrou para si mesma, com um olhar enviesado:
— Vou ter que intensificar os agachamentos... competir com essa cavala não vai ser fácil.
Henrique, ao lado dela, notava tudo com uma mistura de nervosismo e encantamento. Não pela Daniela em si, mas pela forma como Luísa o mantinha sempre em estado de alerta — entre o céu da devoção e o inferno da expectativa.
Angela, como sempre, não passou despercebida. O maiô preto recortado e o salto agulha revelavam mais intenções do que tecido. Ela se aproximou de Daniela com um sorriso afiado:
— Reunião de pauta. Agora. — E a puxou discretamente para o quartinho dos fundos da casa.
Minutos depois, enquanto saíam do cômodo com o batom borrado e. Daniela com o volume na altura da virilha os olhos semicerrados, o marido de Angela, um homem baixo, mas de postura controlada, se aproximou e disse:
— Não gostei do que vi.
Angela sorriu com ironia e acariciou suas costas. Levou a mão à cintura dele, depois à virilha, e murmurou, com voz de veludo e veneno:
— Se isso aqui subisse como antes, talvez eu não precisasse recorrer ao “apoio administrativo”...
Ele corou, mas segurou sua cintura. Ela, percebendo o efeito, acrescentou no ouvido dele:
— Você vai ter uma surpresinha. E não é sobremesa.
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Enquanto os convidados se refrescavam, as rodas de conversa giravam em torno de um tema principal: o desempenho da equipe liderada por André, Henrique e — para o desconforto de Angela — Daniela.
— Henrique é um talento em ascensão — elogiava um dos diretores. — Já estão dizendo que é filho de alguém grande...
Angela, que ouvira de forma cruzada que Henrique era, sim, filho de Marcelo Moreira, sentiu um frio na espinha. A proximidade entre ele e Daniela, somada à sua origem, era uma ameaça direta à sua influência.
No canto oposto do gramado, o atual presidente do grupo empresarial chegou cercado por diretores e assessores. Após cumprimentar Marcelo com uma reverência quase simbólica, fez o anúncio que muitos esperavam:
— Meus caros, é hora de descansar. A presidência agora precisa de alguém com vigor, ambição e jogo de cintura. Alguém como você, Marcelo. Tem meu voto.
Os sorrisos se multiplicaram. Marcelo, visivelmente surpreso, sorriu com aquela expressão de quem recebe poder, mas sente o peso. Hellen, do outro lado da piscina, fez um discreto sinal com os dedos — a senha combinada. Marcelo entendeu: era hora de tomar o “suplemento especial”.
Minutos depois, já no canto da varanda, Hellen percebeu os efeitos: Marcelo estava mais vermelho que o vinho no copo. O olhar? Mistura de tensão e desejo.
Ela se aproximou, cruzou os braços e sussurrou:
— Espero que esteja pronto. Porque hoje, querido... você vai subir no cavalinho. E dessa vez, não é metáfora.
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Em paralelo, Henrique circulava entre os convidados, sendo parabenizado. Mas sua atenção se voltou para Daniela, que parecia abatida.
— Está tudo bem? — perguntou ele, genuinamente preocupado.
Ela hesitou. Depois, respondeu com voz embargada:
— Angela disse que eu só sirvo para ser secretária. Ou coisa pior...
Henrique a olhou com firmeza.
— Você é muito mais do que isso. Não acredite em quem tem medo do seu brilho.
Daniela sorriu de leve, e o vínculo entre os dois parecia crescer em silêncio, como brasas sob a brisa.
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No interior da casa, Luísa estava diante do espelho, ajeitando a alça do biquíni. Ao ver Henrique entrar, mordeu o lábio e, com tom casual, perguntou:
— O que achou da Daniela?
— Normal... — respondeu ele, visivelmente nervoso.
Ela riu. Aproximou-se e deslizou a mão pelas costas dele.
— Sabe, Henrique... você ainda tem que passar por mais uns testezinhos. Provas finais... mais intensas que Geografia.
Ele engoliu seco. Ela beijou sua nuca, depois sussurrou:
— Mas se for bem... talvez eu tire o "anelzinho de cetim" e te dê uma... aula prática.
Henrique corou até as orelhas.
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No fim da noite, entre vinhos, provocações e sorrisos calculados, as mulheres se reuniram discretamente com Hellen.
— Então... o tal “upa upa cavalinho” é real? — perguntou a mãe de Luísa, rindo com um certo tom de desafio.
Hellen ergueu a taça.
— Mais do que real. É educativo, terapêutico... e exige musculatura firme.
Ela mostrou discretamente um vídeo no celular. Apenas expressões de espanto e risos abafados se espalharam entre as presentes. A mãe de Luísa, depois de alguns segundos, murmurou:
— Talvez eu deva rever meu... currículo conjugal.
Luísa apenas sorriu.
— Se precisar de ajuda com a teoria... posso emprestar o anel de cetim. Ainda está em perfeito estado.
As mulheres riram. O poder feminino, ali, era mais do que sensual — era estratégico.
E enquanto a madrugada chegava, Henrique — o “príncipe aprendiz” — sentia que estava mesmo no meio de um império. Um onde as coroas eram saltos altos... e os tronos, muitas vezes, simbólicos.