A casa de Espelhos

Um conto erótico de Gmais77
Categoria: Grupal
Contém 4805 palavras
Data: 04/06/2025 10:33:23
Última revisão: 04/06/2025 10:49:33

Amanda era professora de literatura, apaixonada por palavras e por tudo o que elas

podiam sugerir sem nunca dizer diretamente. Rafael, seu recém-marido, era fotógrafo daqueles que viam o mundo em sombras, ângulos e possibilidades. O casamento ainda era fresco, mas havia entre eles uma química madura, daquelas que não dependiam do novo, mas do descobrimento constante.

Foi numa noite de vinho e confidências que surgiu o assunto.

— Já ouviu falar na Casa dos Espelhos? — Rafael perguntou, com um sorriso

insinuante enquanto mexia preguiçosamente a taça de tinto nas mãos.

Amanda arqueou uma sobrancelha. — A casa de swing?

Ele assentiu, os olhos brincando com os dela. — Dizem que o nome é por causa do jogo de reflexos. Salas com espelhos por todos os lados. Nada é escondido lá dentro. Cada olhar, cada gesto... tudo se multiplica.

Amanda riu, meio cética, meio curiosa. — E você quer ir?

— Só ver — disse ele, com aquele tom ambíguo que usava quando queria provocar. — Fantasiar. Só nós dois. Como se fosse uma história que você estivesse escrevendo... e eu ilustrando com imagens na minha mente.

Na sexta seguinte, Amanda usou um vestido preto justo, simples, mas com um decote insinuante nas costas. Rafael vestia uma camisa escura, aberta no colarinho. Eles chegaram à porta da Casa dos Espelhos com os corações acelerados — não de medo, mas daquela adrenalina típica do desconhecido.

Lá dentro, o ambiente os envolveu como uma brisa morna. Luzes suaves, música que parecia sussurrar nas paredes. Casais dançavam, conversavam, se observavam com uma naturalidade surpreendente.

Rafael pegou a mão de Amanda, apertou de leve. — Só olhar — murmurou ao seu

ouvido. — Como dois personagens perdidos num conto seu.

Eles caminharam por entre corredores de espelhos. À medida que avançavam, viam

reflexos dos outros, e deles mesmos. Amanda se viu de costas, de frente, de lado, com os olhos mais intensos do que imaginava. Rafael também parecia outro — ou talvez mais ele mesmo do que nunca. Nos espelhos, seus olhares se cruzavam de diferentes formas, em diferentes ângulos. A multiplicação dos gestos, dos sorrisos, dos olhares cúmplices, tudo parecia um jogo erótico sem toque, mas com um desejo pulsante crescendo.

Entraram numa das salas mais reservadas — ainda pública, mas mais escura. Ali, um

casal se acariciava em silêncio, em um sofá. Amanda e Rafael sentaram-se num canto, observando. Ela sentia o calor do corpo dele ao lado, o perfume da pele dele misturado ao clima sensual da sala. Sentiu a mão dele deslizar sobre sua coxa, sob o tecido do vestido, em um gesto que parecia casual, mas que tinha a intensidade de um poema.

— Está escrevendo a história em sua mente? — ele perguntou, a voz grave e baixa.

— Sim... mas acho que estamos vivendo uma — sussurrou ela.

Ele a olhou como se quisesse fotografá-la ali mesmo, com os olhos, com a alma. Eles não precisavam fazer mais. O simples estar ali, juntos, cúmplices, cúmplices de um desejo contido, era o bastante.

Voltaram para casa em silêncio. Mas assim que a porta se fechou atrás deles, o desejo que haviam construído na fantasia se tornou carne. Amanda o empurrou contra a parede, os lábios encontrando os dele com urgência. Rafael a segurou pela cintura, como se ela fosse a imagem mais perfeita que já capturara. Fizeram amor como se estivessem ainda cercados de espelhos, como se cada gesto, cada gemido, fosse repetido mil vezes em suas lembranças.

Naquela noite, a Casa dos Espelhos virou metáfora. Eles não precisaram cruzar limite algum. Bastou imaginar. E o reflexo do desejo os incendiou por inteiro.

Parte 2: Ecos no Espelho

Os dias que seguiram àquela noite foram como uma extensão da fantasia. A lembrança da Casa dos Espelhos grudou-se à pele de Amanda e Rafael como o cheiro de um perfume que se recusa a desaparecer. Entre beijos sussurrados e toques no meio da madrugada, o casal se via, cada vez mais, envolto em um jogo mental onde a realidade e o desejo começavam a se confundir.

Foi Amanda quem disse, certa tarde, com a voz carregada de provocação:

— E se a gente voltasse?

Rafael, que editava algumas fotos no computador, ergueu os olhos. — Você quer?

— Quero... explorar mais. Sentir mais. Estar à beira, mas com você. Ver até onde

podemos ir. Sem perder o controle, mas nos testando.

Rafael sorriu. Um sorriso lento, quente. Levantou-se, a tomou pela cintura e encostou os lábios ao ouvido dela:

— Então vamos escrever o próximo capítulo.

Dessa vez, ela foi com um vestido vermelho. Curto, justo, sem sutiã. O tecido colava à pele como uma promessa. Rafael, com um terno escuro sem gravata, exalava confiança contida. Eles se olharam no espelho do elevador e já sabiam: algo diferente ia acontecer.

A Casa dos Espelhos os recebeu como um velho segredo compartilhado. Os corredores, as luzes difusas, os reflexos — tudo parecia mais vivo, mais íntimo. O clima ali não era de pressa ou vulgaridade. Era de jogo. De sutileza. De possibilidades.

Entraram novamente na sala dos sofás. Casais ali trocavam carícias ousadas, mas

respeitosas. Amanda e Rafael sentaram-se mais próximos do centro, e ele a envolveu pela cintura. O ambiente pulsava de desejo silencioso. Amanda sentia os olhos dos outros sobre ela — mas era o olhar de Rafael que a incendiava.

Ela se inclinou e sussurrou:

— E se alguém nos observasse?

Ele a fitou, com uma calma que contrastava com o calor de sua mão em sua coxa. — E se deixássemos? Desde que seja só olhar.

Amanda respirou fundo. Não era ciúmes que sentia. Era um tipo diferente de posse como se estar ali, sendo desejada por outros, só tornasse mais forte o laço com Rafael.

Era como se o mundo inteiro pudesse assistir, mas só ele tivesse as chaves de seu corpo. Então ela se levantou, devagar. Deu alguns passos na direção do espelho maior da sala, que refletia tudo. Parou ali e olhou para si mesma. Para Rafael, sentado, a observando com olhos famintos. E, discretamente, ergueu o vestido, mostrando o início das coxas, a curva da lingerie rendada. O suficiente para provocar. O suficiente para ser vista.

Sentiu os olhares. E sentiu o dele. Foi como se a pele tivesse sido tocada mil vezes.

Rafael se levantou e caminhou até ela. Parou atrás, o corpo roçando levemente. Um

toque que poderia passar por acidental, mas que era cheio de intenção.

— Está pronta pra mais um espelho? — ele sussurrou.

Ela assentiu, e os dois entraram numa das salas privadas, de porta entreaberta, como era de praxe no lugar. Lá dentro, luz vermelha, espelhos por todos os lados. Amanda sentou-se sobre o colo dele. As mãos de Rafael subiram, puxando devagar o vestido até os quadris, expondo suas curvas diante de todos os reflexos. Eles não estavam sozinhos.

Sabiam que alguém poderia olhar. Talvez alguém olhasse mesmo naquele momento.

Mas não importava.

Naquela sala, nos olhos um do outro, Amanda e Rafael se tocavam com um desejo

quase ritual. Um ritmo lento, exploratório, com roupas ainda entreabertas, mas com a nudez da entrega já completa. Não precisaram tirar tudo. Bastou o que mostravam e o que não mostravam para incendiar a fantasia.

Ela sussurrava palavras em seu ouvido, como se recitasse poesia.

Ele murmurava desejos como se estivesse escrevendo com a boca nas costas dela.

Saíram dali mais íntimos do que nunca. Aquela noite não havia sido traição de nada apenas mais um território conquistado entre dois que sabiam brincar com fogo sem se queimar. Eles descobriram que o verdadeiro prazer estava em saborear o limite... e talvez um dia, com calma, atravessá-lo. Juntos.

Parte 3: A Fantasia no Papel

Era madrugada. A cidade dormia, mas Amanda e Rafael estavam acordados, nus entre os lençóis amassados, com a respiração ainda marcada pela última vez que se fizeram um do outro.

Amanda estava deitada de lado, o dedo desenhando distraidamente círculos no peito dele. Rafael, com o olhar perdido no teto, parecia absorto em algo mais que cansaço.

— Em que está pensando? — ela perguntou, com a voz baixa, quase preguiçosa.

Ele sorriu. — Em você. Em nós. Naquela sala vermelha... e no que ainda não fizemos.

Amanda riu de leve. — Ainda?

Rafael virou-se para ela. — Você já pensou... em como seria se outra pessoa estivesse com a gente?

Ela não respondeu de imediato. Apenas continuou desenhando no peito dele. Depois, ergueu os olhos, encontrou os dele.

— Sim — disse, sem vergonha. — Já pensei.

O silêncio entre eles não era desconforto. Era tensão. Boa. Quente.

— Fala pra mim — ele pediu. — Como você imagina?

Amanda respirou fundo, e sua voz ganhou uma firmeza nova, meio sussurrada, meio provocante.

— Imagino uma mulher. Linda. Daquelas que você olharia se estivesse sozinho. Mas

não está. Está comigo. E ela também. Sabe por quê?

— Por quê?

— Porque é minha fantasia também. Ver você desejando. Me ver sendo tocada com

você olhando. Compartilhar, mas sem dividir.

Rafael fechou os olhos por um instante, como se absorvesse cada palavra como um

toque.

— Eu queria ver isso — ele disse, a voz rouca. — Você guiando. Você dizendo o que

quer. Eu participando... só quando você deixar.

— Então escuta — ela sussurrou, subindo por cima dele, os cabelos caindo como um véu ao redor dos rostos — eu imagino ela me beijando. Suave. Primeiro na boca.

Depois nos meus seios, com calma. E você... ali, do lado, sem tocar. Só olhando.

Mordendo o lábio de tanto querer.

Rafael segurou sua cintura com força, sentindo o corpo reagir ao cenário que se formava entre eles.

— E depois?

— Depois eu te chamo. Eu quero você atrás de mim, me tomando... enquanto ela me beija. Enquanto ela me vê sendo sua. Como sempre fui.

Rafael a virou com um movimento lento, mas firme. Estava com os olhos acesos, a

respiração pesada.

— Isso me enlouquece — ele disse. — Não é ciúmes. É um tipo novo de desejo. Ver

você se descobrindo. Comigo. Dentro da sua liberdade... e dentro de mim.

Amanda sorriu.

— Talvez um dia. Talvez nunca. Mas só fantasiar com você... já me faz gozar duas

vezes.

E naquela noite, entre gemidos e promessas, a fantasia ganhou carne na imaginação — e um novo laço entre eles.

Na manhã seguinte, Amanda abriu o notebook e começou a digitar:

"Ela entrou na sala como se fosse dona do espaço. Mas Amanda já sabia: ela não era posse. Era escolha. E Rafael... era o espelho onde ela se via mais inteira."

Eles estavam escrevendo uma nova história. Juntos.

Parte 4: Quando os Olhos Dizem Sim

A terceira visita à Casa dos Espelhos foi diferente desde o início.

Não havia mais hesitação no olhar de Amanda. Nem perguntas silenciosas entre ela e Rafael. Havia uma vibração compartilhada, como se cada passo fosse o desenrolar de uma dança que eles mesmos haviam coreografado em noites de lençóis bagunçados e fantasias sussurradas.

No bar interno, depois de alguns goles de vinho branco, Rafael comentou, quase como quem fala sobre o tempo:

— Ali, no canto. O casal. Estão nos observando.

Amanda olhou discretamente. Era um casal elegante, talvez na casa dos trinta e poucos.

Ela — cabelos curtos, um vestido de seda verde-escuro, postura segura. Ele — alto,

olhar firme, mas respeitoso. E, de fato, os dois olhavam. Sem invasão. Sem urgência.

Apenas presença.

Amanda virou-se para Rafael, com um sorriso que dizia mais do que qualquer palavra.

— Acha que eles jogam o mesmo jogo que a gente?

— Só tem uma forma de saber.

O encontro foi natural. Um elogio trocado, um sorriso respondido, e em poucos minutos os quatro conversavam num dos lounges com luz baixa e som abafado. Nomes foram dados — primeiro nomes apenas. Lara e Miguel. Havia química entre todos, mas o que mais impressionava Amanda era a ausência de pressa. Eles não queriam tirar algo deles, e sim entrar no mesmo tipo de jogo.

— Nós não vamos direto para nada — Amanda disse, com tranquilidade. — Nosso

prazer está no quase. No olhar. No toque negociado. No respeito.

Lara assentiu. — É o nosso também. A excitação começa aqui — ela tocou o próprio

pescoço — antes de descer para qualquer outro lugar.

Rafael riu, o olhar em chamas. — Estamos na mesma página, então.

A sala que escolheram tinha três espelhos grandes, um sofá em “L” e cortinas que

podiam ser fechadas, mas que eles deixaram entreabertas. O ambiente era íntimo, mas não isolado — como eles queriam.

Amanda e Rafael se sentaram primeiro. Lara e Miguel ficaram de frente, num espaço próximo, mas não intrusivo.

Durante alguns minutos, houve apenas conversa baixa, olhares, sorrisos tímidos e

algumas taças tilintando. Mas o calor do ambiente falava por si. E então, lentamente, Lara tirou o salto, cruzou as pernas e se aproximou um pouco de Amanda.

— Posso tocar sua mão?

Amanda olhou para Rafael, que apenas sorriu e assentiu com leveza. Ela estendeu a

mão, e Lara a segurou com suavidade.

O simples contato enviou uma descarga elétrica pelo corpo de Amanda. A delicadeza de outra mulher, o toque de unhas sobre a palma da sua mão, o calor novo e inesperado...

E, acima de tudo, o olhar de Rafael ali. Presente. Calmo. Excitado.

Miguel não tocava ninguém. Observava Lara com admiração silenciosa — e Amanda com interesse respeitoso. Era o equilíbrio perfeito: ninguém avançava. Tudo era sugerido.

Amanda se inclinou até Lara, roçou os lábios na curva de seu pescoço e sussurrou:

— Gosto do seu perfume.

Lara sorriu. — Gosto do jeito que você olha pra ele mesmo quando está me tocando.

E ali estava o jogo: o desejo não era sobre trair, dividir ou substituir. Era sobre

amplificar o que Amanda e Rafael já tinham. Um espelho novo, com reflexos diferentes.

Com tons ainda mais quentes.

Rafael, finalmente, se inclinou até Amanda, segurou-a pela nuca e a beijou — profundo, possessivo, mas cheio de carinho. Como se dissesse: Você é minha, mesmo quando o mundo assiste.

Lara e Miguel os observaram. E se aproximaram. Mas nada foi feito sem um olhar, uma palavra, uma pergunta muda respondida com um gesto de consentimento.

Aquela noite não terminou em uma cena de filme explícito.

Terminou com quatro corpos entrelaçados em sorrisos, toques suaves e prazer em

camadas. O mais intenso foi o que ficou no ar: a certeza de que ultrapassar a linha pode ser seguro quando o amor é o chão, e o respeito é o limite.

Na manhã seguinte, Rafael trouxe café na cama. Amanda, de camisa branca dele, olhava pela janela.

— Escreveria essa cena? — ele perguntou.

Ela sorriu, tomando um gole da xícara.

— Não. Essa eu vou guardar só pra mim.

Mas ele sabia: ela já estava escrevendo. Cada lembrança, cada toque, cada permissão.

Tudo registrado — no corpo dela, no corpo dele, e no espaço secreto onde só os dois sabiam entrar.

Parte 5: A Porta Entreaberta

Era o quarto fim de semana seguido que Amanda e Rafael se viam pensando na Casa dos Espelhos antes mesmo de terminar a taça de vinho do jantar.

Dessa vez, porém, não queriam apenas observar, flertar ou tocar. Eles queriam algo

diferente. Uma experiência que misturasse entrega e provocação, desejo e exposição.

Mas sem perder o que os tornava tão invulneráveis: o vínculo silencioso, feroz, que os mantinha unidos mesmo no meio da tempestade mais quente.

— Você confia em mim? — Amanda perguntou, a voz baixa, já no caminho do clube.

— Com os olhos fechados — respondeu Rafael, virando o volante com um sorriso leve.

— Mas prefiro ver tudo de olhos bem abertos.

Na Casa dos Espelhos, foram direto ao andar superior. Lá, algumas salas permitiam que a porta fosse deixada aberta — uma regra conhecida: porta aberta, consentimento ao olhar; porta fechada, privacidade total.

Amanda escolheu a sala. Pequena, com uma cama baixa no centro, espelhos no teto e cortinas que podiam ser fechadas apenas parcialmente. Uma das laterais tinha um vidro escurecido — o famoso "espelho falso". Eles sabiam que, do outro lado, poderiam estar sendo observados.

— E se alguém estiver lá? — Rafael perguntou, ajustando a luz morna da sala.

— Melhor ainda — disse Amanda, tirando os sapatos. — Hoje, quero ser vista. Mas só tocada por você.

Ela se despiu lentamente, sem pressa. Sabia onde ele a olhava. Sabia como o espelho multiplicava cada gesto seu. Rafael não disse nada — apenas sentou-se na beira da cama e assistiu.

Ela se aproximou, montou sobre ele com os joelhos apoiados no colchão e o beijou

como se não houvesse mais mundo além daqueles quatro cantos. Depois, virou-se de costas, roçando nele, oferecendo-se. E foi então que falou:

— Quero que me tome devagar. Quero que saiba... que alguém pode estar vendo tudo.

Mas só você sente.

Ele a penetrou com calma, um movimento quase cerimonial. As mãos em sua cintura, os olhos presos no espelho à frente, onde o reflexo deles — pele contra pele parecia flutuar num tempo paralelo. Amanda arqueava o corpo, gemia baixo, sabendo que alguém podia estar escutando, assistindo. Isso a excitava mais do que esperava.

— Estão nos olhando — ela disse, entre suspiros.

— Eu sei — ele respondeu. — E você está mais linda do que nunca.

No reflexo do vidro, por um breve segundo, um vulto se moveu — como uma sombra curiosa.

Amanda sorriu.

E então, entre um movimento e outro, ela sussurrou algo que Rafael jamais esqueceria:

— Da próxima vez... deixamos alguém entrar.

O pós foi silêncio e pele colada. Amanda deitada sobre o peito dele, os dois ofegantes, suados, cheios de um prazer novo. Um prazer que não vinha só do corpo vinha da permissão. Do risco escolhido. Do prazer partilhado em camadas.

— Qual vai ser o próximo limite? — ele perguntou, os dedos traçando a curva do ombro dela.

Amanda levantou os olhos e disse, com firmeza:

— O próximo? A gente escolhe junto. Sempre. Mas... acho que já está escrito: quero

saber como é te ver com outra. Quero te ver perder o controle. Quero ver você sendo desejado. Quero ficar no canto... e te deixar ir. Até onde eu quiser.

Rafael sorriu, a respiração acelerando de novo.

— Então já estamos mais perto do próximo espelho.

E assim, Amanda e Rafael seguiram explorando. Não como quem se perde — mas

como quem sabe exatamente onde está. E apenas escolhe... expandir o mapa.

Parte 6: O Corpo Que Eu Te Entrego

Amanda nunca pensou que fosse sentir tesão ao imaginar outra mulher tocando seu marido. Mas com Rafael, era diferente.

Não se tratava de perder. Era entregar. Comandar. Ser espectadora de um desejo que ela mesma provocara.

Ela planejou tudo com um cuidado que beirava o ritual. Desde a lingerie que escolheu usar (uma peça preta de renda com transparência nos pontos certos), até o casal que reencontraram: Lara e Miguel — os únicos em quem ela confiava o bastante para dividir esse próximo passo.

O convite foi claro:

— Quero que você toque meu marido — Amanda disse a Lara, olhando em seus olhos.

— Mas só quando eu disser. E do meu jeito.

Lara assentiu. Miguel, que conhecia bem o jogo da entrega, apenas se encostou à parede e observou com um sorriso contido. A energia ali era quente, mas controlada — como fogo que se alimenta da pausa.

Estavam numa sala reservada, com um único espelho alto e luz âmbar filtrando através de uma tela. Amanda sentou-se numa poltrona ao canto, como uma diretora de cena.

Cruzou as pernas, tomou um gole de espumante e fez um gesto com a cabeça.

— Tira a camisa — disse a Rafael.

Ele obedeceu.

Lara o observava como se fosse uma peça de arte sendo desvendada camada por

camada. Amanda viu nos olhos dela o desejo, mas também o respeito. Um tipo de

reverência. Isso a excitou mais do que esperava.

— Agora toque o peito dele — Amanda comandou, com a voz firme.

Lara se aproximou devagar, como se estivesse pisando em chão sagrado. As mãos

foram ao tórax de Rafael, subindo pelos ombros, descendo até o abdômen. Ele

permaneceu imóvel, os olhos em Amanda, como se só ela existisse.

Amanda sorriu. Estava quente. E no controle.

— Pode beijar o pescoço. Só o pescoço.

Lara atendeu. Os lábios roçaram a pele de Rafael, e ele fechou os olhos por um instante.

Amanda sentiu um calor subir entre as pernas. Aquela cena era sua. A entrega dele. A contenção dela. A tensão que se acumulava como um trovão que ainda não caiu.

— Abaixa a calça dele — Amanda disse, mais baixo. — Só até o quadril.

Rafael respirou fundo. Lara obedeceu. A ereção dele era evidente, pulsante. Mas ainda não tocada.

Amanda se levantou e caminhou até eles, parando atrás de Rafael. Envolveu o pescoço dele com um dos braços, sussurrou ao seu ouvido:

— Está gostando?

— Muito — ele respondeu, com a voz rouca.

Ela lambeu o lóbulo da orelha dele e completou:

— Agora ela vai te chupar. Mas você só goza quando eu disser.

Rafael assentiu, os olhos quase fechados.

Amanda se afastou, sentou-se novamente, e apenas disse:

— Vai, Lara.

A cena que se seguiu foi pura coreografia de desejo. Lara se ajoelhou diante de Rafael e começou devagar, com língua e lábios, como se saboreasse cada centímetro. Rafael gemia baixo, o corpo tenso, mas não ousava atravessar o limite.

Amanda observava. Tocava a si mesma lentamente, com a perna cruzada, o olhar fixo em Rafael. Era como se o mundo estivesse sob seu comando.

E então, no exato momento em que Rafael começou a perder o controle, Amanda disse:

— Para.

Lara parou imediatamente. Rafael ofegava, os olhos suplicando.

Amanda se levantou e caminhou até ele.

— Agora sou eu.

Ela se ajoelhou, tomou-o em sua boca com fome, com autoridade, e o fez gozar ali, de pé, com Lara observando, sem tocar. Apenas sendo testemunha do prazer que só Amanda podia dar por completo.

Mais tarde, deitados na cama, os corpos colados e suados, Rafael disse:

— Nunca me senti tão teu como hoje.

Amanda sorriu, o rosto no peito dele.

— E nunca te entreguei tanto. Mas só porque sei que você sempre volta pra mim.

Mesmo quando eu te deixo ir.

Silêncio. Respiração lenta. Corações marcados por um novo limite atravessado.

Não era traição. Não era perda. Era expansão. Era escrever juntos, com corpos e

gemidos, uma história que só fazia sentido porque era deles. E só deles.

Parte 7: Entre Dois Espelhos

A semana passou devagar — ou foi apenas a ansiedade que a fez parecer mais lenta?

Amanda e Rafael ainda estavam marcados pela última noite com Lara e Miguel. Mas, como todo desejo bem cuidado, aquele que nasce do controle e da entrega, a chama não se apagava. Pelo contrário: crescia em silêncio.

Foi Rafael quem, certa noite, depois de um jantar mais calado que o costume, disse o que ambos pensavam:

— Acha que está pronta pra... ir além?

Amanda o encarou. Não havia medo em seus olhos — apenas uma dúvida natural, o tipo que antecede saltos altos demais.

— Acho que sim. Se for com eles. Se for com você. Se for... com os olhos bem abertos.

Ele sorriu. — Sempre com os olhos abertos.

O reencontro com Lara e Miguel foi íntimo. Não mais como visitantes do mesmo

desejo, mas como cúmplices dele.

Dessa vez, não houve clube. Não houve espelhos nos tetos. Amanda propôs algo

diferente:

— Quero que seja na nossa casa. No nosso espaço. Onde tudo começou.

Eles concordaram.

No sábado, a casa estava cheia de velas. Luz baixa, música instrumental suave, vinho

tinto já decantado. Amanda usava um robe leve, por baixo, um conjunto branco que

deixava mais visível do que escondia. Rafael vestia-se de forma simples, mas elegante como quem não quer seduzir o mundo, apenas uma mulher. Ou duas.

Quando Lara e Miguel chegaram, havia um nervosismo no ar. Mas não era desconforto.

Era expectativa.

Os quatro sentaram-se na sala, riram, beberam. O assunto fluiu — livros, viagens,

lembranças. Até que Amanda, com um gesto quase ensaiado, levantou-se, pegou a mão de Lara e a levou para o quarto. Apenas ela.

Rafael e Miguel ficaram.

Por alguns minutos, não houve toque. Apenas olhares trocados através do corredor.

Amanda entrou com Lara, fechou a porta parcialmente, deixando uma fresta aberta.

Ela virou-se para Lara.

— Quero que ele veja. Quero que saiba... que eu decidi. Que você me toca primeiro.

Lara, serena e firme, assentiu. Aproximou-se com a calma de quem não precisa provar nada. As mãos tocaram a cintura de Amanda, subiram pelas costas. E o primeiro beijo foi dado com a lentidão de quem conhece o valor do tempo.

Amanda sentiu seu corpo responder — não com estranhamento, mas com liberdade. Era diferente. Mais macio, mais atento. E era observado.

Na fresta da porta, Rafael via. E ardiam seus olhos.

Lá fora, Miguel se aproximou dele. Com calma. Com respeito.

— Você está bem? — perguntou.

Rafael não respondeu de imediato. Depois, com a voz rouca:

— Estou descobrindo uma parte de mim. De nós. E você?

— Também.

Eles se olharam por um momento. Como dois homens que entendiam algo que

ultrapassava o sexo. Era sobre honra. Sobre segurança. Sobre saber que o desejo só

cresce quando o respeito o embala.

Foi Amanda quem apareceu na porta, o rosto corado, os lábios marcados.

— É hora — ela disse, estendendo a mão.

Os quatro se encontraram no quarto. As luzes estavam mais suaves, a cama maior

parecia um altar silencioso.

Miguel tocou Amanda primeiro — com a permissão de Rafael, que a observava como quem vê uma obra sendo criada. Ele beijou sua barriga, suas coxas, sua clavícula.

Rafael estava ao lado, e quando ela se virou para encará-lo, ele a beijou.

Lara, por sua vez, se aproximou de Rafael. E Amanda observou.

E ali aconteceu o que ela mais queria: ver seu marido sendo desejado por outra — e

saber que ainda era dela. Que aquilo não o tirava de seus braços, apenas o devolvia mais inteiro.

Foi um ritual sem pressa. Não houve pressa em tirar roupas, em inverter posições. Os corpos se tocaram como perguntas e respostas. Nada aconteceu sem um olhar antes, sem um gesto claro de "sim".

Quando Amanda montou sobre Rafael, com Miguel e Lara ao lado, tudo se encaixou.

Era como se os corpos fossem espelhos de vontades que agora estavam livres. Era mais do que prazer — era comunhão.

Na manhã seguinte, o silêncio entre eles era leve.

Amanda acordou com Rafael ao seu lado, os dedos entrelaçados. Não houve culpa. Não houve dúvida. Só a lembrança — quente, viva, pulsante.

— Se arrepende? — ele perguntou.

— Me arrependeria de não ter vivido — ela respondeu.

E ali, naquele quarto ainda com cheiro de velas apagadas e desejo realizado, eles

entenderam: não era sobre abrir a relação. Era sobre abrir camadas. Com coragem. Com amor.

E cada espelho quebrado virava janela. Para algo novo.

Parte Final: O Despertar

Amanda acordou com o coração acelerado.

O sol entrava tímido pelas frestas da cortina, desenhando listras douradas sobre o lençol branco. Ela estava deitada de lado, os cabelos ainda úmidos do suor de um sonho intenso. Um sonho longo. Detalhado. Quase real demais.

Ao seu lado, Rafael ainda dormia. Respirava com suavidade, alheio ao turbilhão que

ainda girava dentro dela.

Amanda sentou-se devagar. Precisava de alguns segundos para distinguir o que era

lembrança e o que era devaneio. Tocou o próprio corpo, como se buscasse rastros

físicos da noite que viveu... mas não viveu.

Não havia Lara. Não havia Miguel. Não havia clube, velas ou lençóis compartilhados.

Tudo, cada toque, cada beijo, cada confissão ousada — havia acontecido apenas

dentro dela.

Ficou ali, imóvel, encarando o vazio por longos minutos, até que Rafael se mexeu e

abriu os olhos, preguiçosamente.

— Bom dia, amor — ele disse, com a voz ainda rouca de sono.

Amanda sorriu, sem saber se era alívio ou frustração o que sentia. Deitou-se ao lado

dele novamente, com a cabeça em seu peito.

— Preciso te contar uma coisa.

— O que foi?

Ela hesitou.

— Tive um sonho estranho... intenso. Quase como se tivesse vivido outra vida.

— Me conta — ele disse, acariciando seus cabelos.

E Amanda contou.

Falou sobre o clube secreto, sobre os olhares trocados com Lara, os convites, as

descobertas, os limites atravessados com cuidado. Contou sobre a troca, os toques, a cumplicidade que sentiu com Rafael naquele mundo onírico. Contou com os olhos brilhando e as mãos nervosas, como quem revela um segredo que ainda não entende.

Rafael ouviu tudo em silêncio. Sem julgamento, sem pressa.

Quando ela terminou, ele não disse nada por alguns instantes. Depois, apenas:

— Foi um sonho... mas parece que te mostrou algo.

Ela assentiu.

— Não foi sobre traição. Foi sobre desejo. Sobre confiança. Sobre... curiosidade. Eu

não quero repetir aquele sonho, necessariamente. Mas talvez ele tenha me feito ver o quanto ainda podemos explorar. Juntos.

Rafael sorriu, com os olhos mais despertos agora.

— Amanda... se o que sonhou te fez sentir viva, então não foi só um sonho. Foi um

chamado. A gente não precisa viver tudo. Mas pode falar sobre tudo.

Ela se emocionou.

E naquele instante — com o passado inexistente, mas o presente vibrando — Amanda percebeu que os sonhos, às vezes, não vêm para nos confundir. Vêm para nos abrir.

Para sugerir possibilidades.

E ela, enfim, estava pronta para olhar para elas. Com os olhos bem abertos.

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Comentários

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Delicioso conto. Amo sentir o toque. As não que acarcia

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