✦ Parte 1
Depois do almoço, Luiz e Aline retornaram à empresa como se nada houvesse acontecido. O corredor parecia o mesmo, os sons repetiam sua rotina, mas dentro de Luiz, algo vibrava. Aline caminhava à frente, leve, decidida. Já ele, sentia as mãos frias e o corpo quente.
Passadas algumas horas, quase ao final do expediente, Luiz encarou a tela do computador e respirou fundo. Digitou a mensagem como quem crava um destino:
“Aceito. Vamos pra Curitiba, Aline. O que tenho que fazer agora?”
A resposta veio menos de um minuto depois:
“Vem até minha sala.”
O coração de Luiz acelerou. Quando entrou, Aline o recebeu com um sorriso que mesclava profissionalismo e algo mais... íntimo. Fechou a porta com delicadeza.
— Então decidiu? — perguntou.
— Decidi...
Ela se aproximou e, num gesto sutil, ajeitou a gola da camisa de Luiz. Suas mãos tocaram o pescoço dele com naturalidade. O olhar era cálido.
— Vai ser lindo te ver desabrochar, bonequinha... — pensou, sem dizer em voz alta.
— Temos que resolver sua saída do setor administrativo. E você vai comigo.
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Foram até o setor onde Luiz atuava como analista financeiro. Aline liderava o passo. Ao entrarem, todos pararam por um instante.
— Gente — começou Aline, firme —, o Luiz vai ser transferido para a filial de Curitiba. Por ordem direta do senhor Roberto. A mudança é imediata. Preciso que redistribuam as tarefas dele ainda hoje.
Uma mulher mais velha, de óculos e olhar incrédulo, comentou:
— Mas... logo o Luiz? Ele é o melhor aqui. Tem certeza?
Antes que Luiz respondesse, a voz de Jéssica se impôs com um veneno disfarçado de elogio:
— É... tem que puxar bem o saco do patrão mesmo pra ganhar promoção assim, né?
Luiz abriu a boca para responder, mas Aline, com um sorriso doce e tom firme, foi mais rápida:
— Nem todo mundo precisa puxar. Às vezes, basta ser... escolhido.
Jéssica tentou conter a expressão azeda. Quando Aline virou de costas, fez um gesto com os dedos — um pequeno sinal que só Luiz viu, quase um “entre amigas”. Discreto. Protetor.
Ele baixou os olhos, engolindo um sorriso tímido. Sentiu-se protegido. Sentiu-se... conduzido.
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Minutos depois, Aline e Luiz bateram à porta da sala de Roberto. Uma voz firme respondeu de dentro:
— Pode entrar.
Lorena estava sentada no sofá lateral, linda como sempre. Usava um vestido floral leve, com cintura marcada por um laço, sem mangas e com tecido fino o bastante para deixar evidente que não usava sutiã. Os seios fartos, naturais, se moldavam sob o vestido, e os bicos ficavam discretamente marcados.
Luiz sentiu um calor súbito. A culpa se misturava ao desejo. Por um instante, pensou: “Será que Roberto quer seios assim em mim?”
Lorena sorriu ao vê-lo.
— Olha só! Fiquei sabendo agora. Vai pra Curitiba, Luiz?
— Sim — respondeu, tentando manter o tom firme.
— Parabéns, meu querido. Você merece. O Roberto sempre fala de como confia em você.
Ela se levantou, caminhou até ele e o abraçou. Luiz sentiu o volume dos seios roçarem de leve em seu peito. O perfume suave de Lorena penetrou fundo. A culpa o atingiu como um tiro. Era doce. E amarga.
— Estou atrasadíssima... marquei com a Sofia pra revisar uns ajustes no projeto da casa. Aline, cuida bem dele, hein?
— Pode deixar — respondeu Aline, com um sorriso que escondia segredos.
Lorena se despediu e saiu, deixando a sala com leveza. Quando a porta se fechou, o silêncio foi rompido por um olhar entre os três. Luiz ficou imóvel.
Ele respirou fundo, juntou coragem... e disse:
— Roberto... estou pronto.
Aline levantou as sobrancelhas. Luiz não usou “senhor”. Roberto apenas sorriu.
Num gesto inesperado, Roberto se aproximou. Passou a mão pela cintura de Luiz e o puxou. Beijou-o na boca, sem hesitação. Um beijo profundo, de língua, úmido. Luiz tentou resistir por um segundo, mas seu corpo já não sabia dizer não. A respiração ficou curta. Seus joelhos enfraqueceram.
Quando o beijo terminou, Roberto se afastou levemente. Luiz ainda tinha os olhos semicerrados. Aline apenas observava. Silenciosa. Um sorriso contido nos lábios.
— Júlia já deve estar com tudo pronto no apartamento — disse Aline, rompendo o silêncio. — Amanhã mesmo vamos juntas. E em quinze dias, Roberto... você pode ir vê-la.
Roberto passou os dedos pela própria gravata, ajeitando-a com calma.
— Cuide bem dela, Aline. Daqui quinze dias... quero ver uma fêmea em formação.
O peso daquelas palavras caiu como uma coroa e uma coleira sobre os ombros de Luiz. E, pela primeira vez, ele não pensou em fugir.
✦ Parte 2
Após saírem da sala de Roberto, Luiz e Aline caminharam lado a lado até o elevador. No caminho, ela soltou as instruções como quem dá um empurrão carinhoso:
— Amanhã à tarde, aeroporto. Terminal 2. Assim que eu comprar as passagens, te aviso o portão certinho. E pode levar tudo, tá?
Luiz apenas assentiu. Era como se as palavras dela o empurrassem para um abismo... ou para os braços de algo que ele não conseguia mais resistir.
— Ah — completou ela com naturalidade —, desfaz do seu apartamento aqui no Rio. Se um dia você voltar, a empresa tem um flat. Eu mesma uso quando preciso.
Foi tudo dito como quem fala sobre planilhas ou mudanças de clima. Mas para Luiz, cada palavra dela parecia apertar ainda mais o elástico da calcinha roxa que vestia sob a calça.
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No dia seguinte, Luiz chegou ao aeroporto de táxi, ainda antes do horário combinado. Carregava uma mala . Estava de calça jeans escura, camiseta cinza e tênis. Nada chamava atenção. Só ele sabia que por baixo da roupa masculina, uma tanga roxa colava como segunda pele.
Quando avistou Aline, ela sorria de leve. Estava vestida casualmente: blusa justa de alça fina, calça branca elegante e sandália rasteira. Os cabelos soltos, com uma leve onda nas pontas. Um perfume discreto e feminino.
— Ainda bem que veio — disse, pegando o celular da bolsa. — Acabei de confirmar as passagens. Já te mandei por mensagem o portão. Vamos?
Durante o check-in e embarque, tudo foi tranquilo, como esperado.
Sentaram-se lado a lado no avião. A janela era dele. Aline ajeitou o cinto e puxou os cabelos para o lado. O cheiro dela invadia discretamente.
— Nervosa? — perguntou, baixinho, com um sorrisinho.
— Um pouco...
Ela se virou, olhos nos olhos.
— Posso te contar um segredinho?
Luiz assentiu, e ela aproximou os lábios do ouvido dele, sussurrando num tom quase indecente de tão íntimo:
— O Júlio... não foi ele quem se revelou. Fui eu quem provocou. Aos poucos. Jogava umas frases: “Você tem uma bundinha que merecia calcinha.”, ou “Se usasse minhas lingeries, aposto que ia ficar linda.” E ele ria. Mas um dia, quis experimentar.
Ela deu uma pausa e prosseguiu, ainda mais baixo:
— Começou com uma simples calcinha. Depois uma camisola... Aí eu pedi pra ele andar com ela na casa toda. Pedi que falasse como menina. Ele tremia... gemia... Mas nunca disse não.
Luiz sentiu a calcinha roxa apertar um pouco mais entre as pernas. Não era só tensão. Era excitação.
— E hoje... — continuou Aline — quando ele senta no meu colo pra ganhar carinho... eu penso: foi a melhor decisão da minha vida.
Ela sorriu, puxando o encosto da poltrona um pouco pra trás.
— Vai ser assim com você também. Vai por mim.
Luiz virou o rosto para a janela. O céu estava limpo. Mas dentro dele, uma tempestade de sensações. Quase desejava pousar logo — e ao mesmo tempo, queria congelar aquele voo.
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Já em Curitiba, o clima era mais fresco. Ao saírem do desembarque, viram Júlio esperando. Roupas masculinas comuns: calça jeans escura, camiseta preta, tênis branco. Mas quem reparasse nas unhas veria o brilho discreto do esmalte transparente.
O rabo de cavalo baixo dava um ar contido. Androginia pura. Mas o olhar... ali havia algo muito mais profundo. Um reconhecimento. Um chamado silencioso.
— Júlio — disse Aline, abrindo um sorriso cheio de afeto.
Ele abriu os braços e a acolheu num abraço apertado. Em seguida, segurou o rosto dela com carinho e lhe deu um beijo apaixonado na boca, demorado, quente, como se os dias separados tivessem sido meses.
Luiz observou em silêncio. Tímido. Mas fascinado.
— E você... — disse Júlio, voltando-se para ele com um sorriso contido — deve ser o Luiz.
— Sou eu — respondeu, apertando a mão estendida com firmeza, tentando não demonstrar o leve arrepio que percorreu seu corpo.
— Vamos? O carro tá logo ali no estacionamento.
O Corolla prata, modelo novo. Interior limpo, cheiro ainda de carro recém-saído da concessionária.
Aline fez questão de sentar no banco traseiro.
— Vai com ele na frente. Assim você já conhece a cidade.
Durante os primeiros minutos da viagem, Júlio manteve o foco no trânsito. Aline, do banco de trás, falava baixo, mas cada frase vinha carregada de promessas.
— Esse caminho vai se tornar familiar rapidinho... — disse ela. — E aquela mala no porta-malas... um dia vai estar cheia só de saias e calcinhas.
Luiz não respondeu.
✦ Parte 3
O elevador subia silencioso, acolhedor, com luz suave nas paredes espelhadas. Aline, Luiz e Júlio estavam em silêncio, mas não havia constrangimento — apenas tensão discreta, como se algo estivesse prestes a começar.
Ao parar no 6º andar, Aline encostou levemente na mão de Júlio e disse com a naturalidade de quem comanda com carinho:
— Amor, leva minha mala e prepara o jantar pra gente. A Luiza vai jantar conosco hoje.
Júlio pegou a mala com um pequeno sorriso e, antes de sair, perguntou:
— Prefere frango ao curry ou aquele peixe com batata doce que você gosta?
Aline respondeu sem pensar:
— Faz os dois. Hoje é uma noite especial. E capricha no vinho.
Júlio assentiu e, antes de virar-se para a porta, ouviu o sussurro final da esposa:
— Coloca aquela saia preta justa e a blusinha de alcinha de cetim.
E por favor, com salto. Quero você linda, Júlia.
Luiz desviou o olhar. Sabia que não era com ele, mas sentiu um arrepio involuntário. Aquilo não era apenas um jantar — era um rito.
O elevador voltou a subir. Aline ajeitou o cabelo, sorriu, e comentou como se falasse sobre o tempo:
— Vai gostar do seu apartamento. Roberto quis algo aconchegante, e a Júlia se matou pra deixar tudo pronto a tempo. Limpou cada canto, comprou os cheirinhos, escolheu até o aromatizador... Esse perfume de flores frescas no ar é dela.
Luiz permaneceu em silêncio. Quase podia sentir o cheiro antes mesmo de abrir a porta.
No 8º andar, a porta do apartamento se abriu com um clique sutil. Aline entrou primeiro, com o mesmo à-vontade de quem já morou ali. Luiz entrou em seguida, carregando sua própria mala.
O ambiente era fresco, limpo, acolhedor. O tom das paredes, claro. As cortinas de tecido leve, que deixavam a luz natural entrar com suavidade. Almofadas bem arrumadas sobre o sofá, quadros femininos na parede — silhuetas de corpos curvos, flores abertas.
— Aqui você vai aprender o que é viver como fêmea — disse Aline, com firmeza, mas sem levantar a voz.
Luiz respirou fundo. Seus olhos passearam pelos detalhes: os tapetes macios, o cheirinho suave de flores, os porta-velas rosé no canto da estante.
Foram até o quarto. A cama de casal arrumada com enxoval claro, acolchoado, feminino. Ao lado, um pequeno vaso com lavandas secas.
Luiz abriu o grande guarda-roupa. Vazio.
— Acho que dá pra colocar minhas coisas aqui — disse ele, abrindo uma das portas. — Não tenho muita roupa... Acho que cabe tudo em uma porta só.
Aline riu com leve ironia, parando na entrada do quarto com os braços cruzados.
— Uma porta? Espere até precisar guardar os vestidos, saias plissadas, blusinhas de alcinha, conjuntos de lingerie, pijamas de seda, meias 7/8, sutiãs com bojo, camisas femininas, calças de cós alto, shortinhos, bodys, robes transparentes... e pelo menos uns dez pares de salto.
Luiz congelou por um instante. Aquilo parecia exagerado. “Impossível caber tudo isso...”
Mas no mesmo segundo, um pensamento invadiu:
“...e se um dia couber?”
Não disse nada. Apenas tocou de leve no cabide solitário dentro do armário vazio.
Aline virou-se em direção ao banheiro.
— Pode tomar banho. O banheiro tá limpinho, a Júlia deixou tudo no lugar. Amanhã começo a organizar as próximas etapas... Mas hoje é só pra você sentir onde está.
Ela testou o chuveiro, abriu a água quente, conferiu a temperatura com a mão e sorriu.
— Perfeito. Me encontra às oito. Nada de atraso.
Quem tá virando mulher precisa aprender pontualidade e obediência.
E antes de sair, lançou um último olhar sobre Luiza — que continuava ali, parada, tentando absorver tudo.
Aline fechou a porta devagar, com um toque sutil. Quase carinhoso.
O silêncio ficou.
E Luiza... sorriu.
[ CONTINUA...]
Obrigada pelos comentários, adoro ler os comentários. Isso me motiva a continuar a escrever. Espero que estejam gostando da leitura. Bjsss 💋 💋 💋