Entre o Real e o Sonho – Parte VIII: O Começo do Corpo
O papel com as três palavras ainda estava ali, entre eles, sobre o chão de madeira quente. A garrafa de vinho repousava meio vazia, os copos abandonados num esquecimento cúmplice. O tempo parecia ter sido suspenso. Nenhum dos três ousava ser o primeiro a quebrar aquele momento sagrado.
Amanda estava sentada entre os dois — Rafael à esquerda, Marco à direita. Ambos a respeitavam como um altar, como se cada gesto futuro dependesse do que ela permitisse com o olhar, com o gesto, com a respiração.
Ela passou os dedos pela própria coxa, lentamente, sentindo o toque da seda da camisola contra a pele quente. Seus olhos, ao encontrar os de Rafael, pediram sem palavras: vem comigo.
Rafael se aproximou primeiro. Com as costas dos dedos, tocou o rosto dela, depois a nuca, e a puxou para um beijo lento. O tipo de beijo que não apressa — apenas convida.
Amanda fechou os olhos. Seu corpo já sabia: era seguro. Era dela. Era deles.
Enquanto a língua de Rafael explorava sua boca, ela sentiu a mão de Marco se aproximar pela lateral de sua coxa — lenta, hesitante, até encostar. Um toque quase etéreo, como se ele perguntasse com a pele: posso?
Ela não afastou. Nem verbalizou. Apenas abriu levemente as pernas, e foi ali que a tensão que pairava no ar cedeu lugar ao movimento.
Marco deslizou os dedos pela parte interna da coxa dela, devagar, como se estudasse o mapa de um novo território. Seu toque era diferente do de Rafael: mais observador, quase cerimonial. Rafael era fogo familiar. Marco era uma brasa desconhecida que
começava a arder.
Ela sentia os dois. Ao mesmo tempo. Não apenas os toques — mas o foco. Os olhos. A intenção. Estava entre duas presenças masculinas que não a apressavam, não a invadiam, mas orbitavam ao redor dela como satélites em reverência.
Rafael beijava seu pescoço agora, e Marco, de frente, passou a explorar seu braço com os lábios. Suaves. Quase castos. E mesmo assim, profundamente sensuais. Amanda arqueou levemente o corpo, e Rafael entendeu. Ele desceu as mãos até a curva da cintura, ergueu a camisola devagar, revelando centímetros da pele que tremia entre antecipação e entrega.
— Você está linda — disse Marco, com a voz grave e baixa, como um segredo.
— E tão corajosa — completou Rafael, mordiscando a orelha dela.
Amanda os olhou, um de cada lado. Estava entre dois homens, mas não se sentia dividida. Sentia-se multiplicada.
Ela pegou a mão de cada um, colocou sobre os próprios seios, por cima do tecido ainda úmido da camisola. Fechou os olhos. Arqueou de leve.
— Agora sim... agora começa.
Os toques se intensificaram, mas ainda em silêncio. Como se estivessem orquestrando um ritual onde o prazer nascia do respeito, do compasso, da escuta. Amanda era o centro. O altar. O ritmo.
E, pela primeira vez, ao ser tocada por dois ao mesmo tempo, ela não se sentiu usada, nem exposta. Sentiu-se vista. Por inteiro. Como se cada parte sua, antes reprimida, agora fosse celebrada.
Ali, no início do corpo, ela soube: estava pronta.