Um Risco Potencial

Da série Putinho Vermelho
Um conto erótico de Tiago Campos
Categoria: Homossexual
Contém 1282 palavras
Data: 07/06/2025 18:19:58

Sem hesitação, impus um ritmo próprio, impulsionado pela urgência do momento. Comecei a quicar na sua piroca, o movimento ascendente e descente, rápido e enérgico. Charles gemia em resposta, o som grave e rouco a misturar-se com o meu. As suas mãos fortes agarraram-me nos quadris, os dedos a apertar a minha pele, ditando a profundidade de cada estocada, controlando o vaivém do meu corpo sobre o seu.

Senti cada centímetro da sua rola a preencher-me, a sensação de dilatação interna intensa e avassaladora. A cada investida, ele atingia um ponto profundo que me fazia ofegar. Lentamente, a dor inicial da penetração começou a diminuir à medida que o meu corpo se habituava à invasão, transformando-se numa sensação poderosa de plenitude, pressão e um prazer que crescia a cada segundo, a cada impacto.

Era uma sensação intensa, sim, uma maré crescente que me percorria, mas comparada à força quase avassaladora e à brutalidade crua de Johnny, essa intensidade carregava uma doçura e uma entrega diferentes, não sendo tão esmagadora a ponto de apagar tudo o mais. Mal a primeira onda diminuiu, uma nova e arrebatadora onda de prazer sobreveio, subindo rapidamente como uma torrente quente.

Agarrei-me a ele, sentindo a eletricidade percorrer cada nervo, culminando num segundo gozo profundo, quente e líquido, que se espalhou por cada centímetro do meu interior, fazendo as minhas pernas tremerem incontrolavelmente sob mim. Charles soltou uma respiração profunda, o ar quente no meu pescoço. A voz dele, habitualmente controlada, estava rouca, carregada de uma satisfação crua que era quase palpável. “Seu cuzinho é quentinho,” ele sussurrou, um murmúrio rouco e visivelmente contente, que me fez arrepiar de uma forma inesperada.

Com um esforço que a intensidade do orgasmo dificultava, reposicionei-me sobre ele na mesa, virando o corpo para encarar aquele homem completamente. Apoiei as palmas das mãos no seu peitoral — a pele estava quente, pegajosa com uma mistura de suor e o rasto da geleia que ele usara para a nossa brincadeira. Nossos olhos se encontraram por um instante, um olhar de cumplicidade e posse, antes de ele inclinar o quadril com uma força renovada e ditar o novo ritmo.

Instantaneamente, a cadência tornou-se rápida, quase violenta, uma sucessão frenética de estocadas que me deixou ofegante, a cabeça chacoalhando ligeiramente com a força dos impactos. A cada impulso rápido, uma onda de prazer limítrofe e uma pontada de dor subiam, tão intensas que senti gritos ameaçarem irromper da minha garganta. A realidade da situação — o risco de sermos descobertos, o local proibido deste encontro — me impôs a necessidade de silêncio. Levei uma mão trêmula à boca, abafando qualquer som, mordendo os dedos ou a palma enquanto as sensações me consumiam.

E então, no ápice daquela fúria rítmica, num movimento deliberado que atiçou uma eletricidade insana por todo o meu corpo, senti a ponta de um dos dedos do xerife deslizar para dentro, logo ao lado de onde ele me penetrava. A adição daquele segundo ponto de pressão, a sensação de ser preenchido de duas formas simultâneas naquele local tão sensível, foi um choque — um prazer tão agudo e inesperado que me fez enlouquecer de verdade, a minha mente esvaziando-se de tudo, menos da sensação pura.

Aquela sensação duplicada, a combinação da penetração profunda com a pressão do dedo, era excessiva. Beirava o insuportável de tão intensa, uma sobrecarga sensorial que fez a minha visão turvar por um instante, o corpo vibrando sob a força e a dualidade do toque.

Ele removeu o dedo com uma lentidão cruel que prolongou a agonia deliciosa por um segundo, e então, com um último impulso forte, senti a liberação inconfundível. Uma onda quente e espessa preencheu o meu interior, pulsando e transbordando ligeiramente. Era a sua porra, abundante e vital, um calor que se misturava com o meu próprio calor interno, uma sensação de plenitude que era o clímax final daquele ato frenético e secreto. Com a energia drenada e o corpo tremendo — uma mistura de exaustão e o rescaldo visceral do prazer — desabei, descansando a cabeça no seu peitoral úmido.

Pude ouvir o batimento rápido do seu coração sob a pele pegajosa, a respiração pesada que ecoava a minha própria. Ficamos ali por alguns minutos que pareceram uma eternidade e, ao mesmo tempo, um instante. A trégua foi curta. A voz de Charles, que minutos antes estava rouca de prazer, regressou abruptamente ao seu tom habitual — frio, direto, de comando quotidiano que não admitia questionamento.

Não havia mais calor, somente a eficiência prática que ele sempre exibia em tudo. Quebrou o silêncio com a sua voz, agora completamente regenerada para o tom de comando cotidiano: “Agora, limpe-se e volte para a casa da sua avó antes que ela perceba que você está demorando”. A frase foi como um corte seco que dissipou qualquer vestígio de intimidade residual, lembrando-me instantaneamente da realidade precária da nossa situação.

Levantei-me com um esforço, sentindo a dor surda e deliciosa nos músculos e no local da penetração. Mas, apesar da dor, havia uma estranha leveza no meu corpo, como se o peso da tensão tivesse sido liberado, substituído por uma sensação de calmaria pós-coito. Executei a ordem sem hesitar, a obediência já automatizada. Charles apontou para um pacote de lenços úmidos deixado estrategicamente à mão.

Usei-os meticulosamente, limpando a pele, apagando os vestígios físicos daquele encontro que era, ao mesmo tempo, profundamente proibido e estranhamente, inegavelmente, doce. Cada passada do lenço era um ato de ocultação, removendo as marcas visíveis e a geleia pegajosa de uma experiência intensa que, no entanto, ficaria gravada em mim de uma forma muito mais profunda.

O rangido familiar da velha porta de madeira, descascada pelo tempo e com a maçaneta fria e polida por incontáveis toques, serviu como um preâmbulo para a tranquilidade que eu buscava. Ao cruzar o limiar, fui imediatamente envolvido pelo aroma reconfortante e rico de chocolate, misturado talvez com um toque de noz-moscada e baunilha. Aquela fragrância invadiu minhas narinas como um abraço invisível, apagando, por alguns instantes, as memórias da minha foda e trazendo aquela familiar e profunda sensação de lar que sempre acalmava as bordas ásperas e afiadas do meu dia.

Encontrei vovó, em seu avental florido, curvada com devoção sobre a vasta superfície do balcão da cozinha. Suas mãos, mapas delicados de anos e histórias gravados em rugas finas, moviam-se com a precisão de uma artista, decorando os biscoitos quentes, ainda exalando calor, recém-saídos do forno. Ela usava fios brilhantes de glacê dourado e uma chuva alegre de confeitos coloridos que salpicavam seu avental.

Mal tive tempo de fechar a porta atrás de mim, o eco do rangido ainda no ar, para sequer formar um “Vó?” nos lábios, quando sua voz, que sabia ser, ao mesmo tempo, suave como um carinho e afiada como uma lâmina quando necessário, cortou a quietude perfumada do ar. Não foi uma pergunta casual, foi uma constatação carregada de expectativa, seguida pelo respiro exasperado: “Por que demorou tanto, querido? Pareceu uma eternidade para voltar para casa.”

Instantaneamente, um nó frio e pesado se formou na boca do meu estômago, puxando toda a leveza que o aroma trouxera segundos antes. Minha mente começou a correr, desesperada, vasculhando por uma desculpa minimamente plausível, mas antes que eu pudesse articular a primeira sílaba da minha mentira esfarrapada, ela me parou com a calma autoridade de quem já conhece o roteiro.

Ela ergueu os olhos e encontrou os meus, e deu um sorriso. Entretanto, não era um sorriso gentil; era um sorriso perspicaz, penetrante, o tipo que desarmava armaduras e expunha verdades escondidas, que impossibilitava a menor das falsidades. “Já sei o que aconteceu”, ela disse, a voz baixa e firme. “Não precisa nem tentar inventar histórias para mim, menino.”

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