- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – escuto a voz da minha mãe atrás de mim.
- NÃO É ISSO, MÃE! – falo quase sem pensar.
Desesperada, finalmente consigo desencaixar do pau do meu irmão e, na velocidade do desespero, cato minhas roupas no chão e saio correndo dali.
Ao passar pela minha mãe, levo umas chineladas na bunda e nas costas e grito de dor.
- MEUS PRÓPRIOS FILHOS! O QUE É ISSO! NÃO, EU NÃO CONSIGO ACREDITAR. NESSA... PUTARIA. SE AGARRANDO. O que eu fiz para merecer isso, meu Deus! Não, estou sonhando, só pode, não é possível uma coisa dessa. O que vocês dois estavam fazendo nus na mesma cama?!
Escuto minha mãe falando com meu irmão aos berros e ao mesmo tempo o som das chineladas e do choro dele. Enquanto isso procuro trêmula a chave do meu quarto no short do pijama e destranco a porta.
- Não mãe, a mana estava com medo e pediu para dormir aqui hoje, foi só isso – com a porta do meu quarto entreaberta, ouço meu irmão soltar essa desculpa.
- E por que vocês estão sem roupa? E com essa ‘coisa’ dura?! – diz ela, e o chinelo comendo.
- É uma ereção matinal mãe, não é putaria não…
- Olha, eu não sei o que fazer com vocês dois! Não consigo nem pensar direito – diz ela, saindo do quarto dele.
Na hora que a mãe aparece de fora do quarto, eu me apreço a fechar meu quarto e trancar.
Depois que ela passa, abro devagar a porta e a vejo enchendo um copo de água do filtro com a mão tremendo. Temo que ela passe mal. Fecho a porta discretamente quando eu a vejo cruzar o corredor em direção ao próprio quarto. Em seguida ela cruza o corredor novamente. Parece desorientada, não sabendo aonde ir, e nos chamando de “cruz” na vida dela, que “ser mãe é padecer no inferno” entre outras coisas mais pesadas que prefiro não repetir.
Não consigo parar de chorar desde que ela me bateu, abafando com a mão.
Em mais uma passada pelo corredor, ouço ela abrir a porta do quarto do meu irmão com violência, fazendo a porta bater na parede, e dizer que ele deve ficar vendo putaria trancado no quarto todo dia.
Ouço meu irmão, soluçando, implorar para ela ‘não fazer isso’. Em seguida, escuto um baque alto no chão do corredor (que deve ter acordado os vizinhos de baixo, pois era pouco mais de 6h da manhã. Na verdade, o prédio inteiro deve estar ouvindo os gritos do nosso apartamento). E mais sons, de algo quebrando.
Pelo choro do meu irmão, entendo sem precisar ver que minha mãe acabou de destruir o Notebook novinho dele em seu surto. Mais tarde descobri que ela colocou o aparelho virado para baixo e pisou em cima até ele ficar reto no chão com a tela inteira destruída (não teve conserto).
Em seguida, bate a porta do quarto dele e esmurra a minha (que estava trancada), dizendo: “Ai de vocês me pedirem qualquer coisa! ‘Mãe, deixa Fulana vir aqui. Mãe me dá isso, me dá aquilo’ (isso ela disse imitando nossa voz). Nunca mais! E isso aqui foi só o começo, ouviu Pedro? Vou tomar banho porque tenho que trabalhar para sustentar essas ‘cruzes’ na minha vida, mas deixa um de vocês pensar em sair do quarto para ver a surra que vão levar!
Nenhum de nós ousa sair, e eu choro sem parar embaixo do edredom, com o quarto escuro e as cortinas fechadas. É o pior dia da minha vida. Choro não só pela surra ou pelas coisas que minha mãe disse, mas de culpa e vergonha.
Minha mãe está certa: como nós podemos ter feito o que fizemos? Nós somos irmãos! Sinto nojo de mim mesma. E também temo que minha mãe conte o que aconteceu para alguém. Nessa manhã, penso mais de uma vez que a única solução é colocar um fim na minha vida.
Depois de alguns minutos, escuto o som do saltinho da minha mãe, já pronta para o trabalho.
Ela fala do corredor:
- Vocês não pensem que ficarão em casa não, viu? E eu vou ligar na escola de vocês para saber se vocês foram. E rezem para eu não contar para todo mundo o que vocês fizeram. Não quero nem imaginar o que mais vocês fizeram nesse quarto, que cruz!
- E de agora em diante, nunca mais eu quero vocês perto um do outro. Infelizmente eu criei dois anormais. Meu Deus, o que eu fiz para merecer! – diz ela, trincada de raiva.
Nunca vi nossa mãe nesse estado de raiva antes, e temo seriamente que ela tenha um ataque. Ela é do tipo que nunca chora, e nas explosões de raiva acaba dizendo as piores coisas. Mas dessa vez eu não tiro sua razão, embora suas palavras tenham me machucado muito.
Escuto ela abrir a porta de casa e em seguida gritar para dentro de novo (os vizinhos da frente nesse momento devem estar todos com os ouvidos colados nas portas. Não quero nunca mais sair de casa de vergonha):
- Pedro! Você tem 10 minutos para ficar pronto. Você vai para a escola mais cedo hoje. Não quero você perto da sua irmã. E vou perguntar para o Seu Jurandir (porteiro) se você foi. E ai de você se não for. E almoce fora. Só volte para casa depois de 13h.
Em seguida, bate a porta.
Uns 10 minutos depois, escuto meu irmão ainda fungando de choro no corredor, dar duas batidinhas leves na minha porta.
- Camila? – a voz dele sai falhada.
Não respondo. Não quero responder.
- Me desculpa – ele diz.
Não sei por que ele diz isso.
Depois, ouço ele sair.
Fico sozinha em casa, pois só estudo de tarde.
Limpando um pouco as lágrimas dos olhos, dou uma olhada nas notificações do celular.
Em seguida, coloco um despertador para 11h30, e volto a me deitar no escuro.
***
Mais tarde quando volto para casa, minha mãe já chegou. Ela não olha na minha cara, fazendo tratamento de silêncio, o que é pior do que se ela estivesse me xingando.
O quarto do meu irmão está com a porta entreaberta e olho para dentro ao passar em direção ao banheiro. Vejo o vulto do meu irmão deitado no escuro.
Fico aliviada dele estar ali, pois temi que ele também estivesse pensando em fazer alguma besteira.
Ao sair do banheiro, vou para meu quarto e fecho a porta. Em seguida, ouço passos pesados e a porta é escancarada com violência.
- Não quero mais nenhuma porta fechada na MINHA casa – diz minha mãe com grosseria, saindo em seguida.
Olho horrorizada e me deito deprimida.
Algum tempo depois, escuto a campainha. Quem será essa hora?
Mesmo curiosa, não tenho ânimo para me levantar.
Ouço uma voz feminina conversar com minha mãe na cozinha e não consigo ouvir nada do meu quarto.
Vinte minutos depois, minha mãe me chama e meu irmão.
Me levanto com custo e vou ver o que é, limpando as lágrimas.
Não tenho coragem de encarar meu irmão e ele parece sentir o mesmo.
Na cozinha, uma garota, pouco mais que uma adolescente, está sentada ao lado da minha mãe.
- Nossa! Você disse que eles eram mais velhos, mas não imaginei tanto – diz ela, nos olhando surpresa. É o tipo de pessoa que fala com animação. Meio que como eu era antes de tudo, mas ainda mais expansiva.
- Pedro e Camila, essa é a nova babá de vocês – diz mamãe.
Olho do rosto da moça para o da minha mãe, em choque. Fico sem palavras com essa humilhação.
- A partir de amanhã, a Amanda ficará aqui no período entre você chegar da escola e eu chegar em casa. Hoje eu consegui sair mais cedo do trabalho para resolver isso, mas amanhã será assim, até eu resolver o que vou fazer com vocês dois.
E se dirigindo para Amanda:
- Cada um deve ficar no próprio quarto até eu chegar. Só deixe eles saírem se pedirem para ir ao banheiro.
- Desculpe a pergunta, dona Juliana, mas porque esses meninos dessa idade precisam de babá? – diz Amanda, encucada. Mas, após um instante, sorri ironicamente para mim e meu irmão: - Ou eles aprontaram alguma?
- Quer contar, Camila? Pedro? – diz mamãe.
Abaixo a cabeça. Minha mãe faz um gesto para sairmos.
***
Nos dias seguintes, nenhum de nós três mal se falou. Era um clima de constrangimento sem igual. Além do notebook do meu irmão, minha mãe recolheu nossos celulares e nos proibiu de ver TV.
A rotina era eu chegar da escola, e Amanda entrar pouco depois (mamãe lhe deu a chave de casa?!). Ela então dava uma olhada em nossos quartos e se sentava na sala e assistindo TV até mamãe chegar, três horas por dia entre o fim da tarde e começo da noite. Quando minha mãe chegava, as duas ainda ficavam um bom tempo batendo papo baixinho na cozinha antes da babá sair.
***
Com o tempo, concluo que provavelmente a mamãe não contará para ninguém sobre o que viu naquela fatídica manhã. Ela também deve estar morrendo de vergonha.
O silêncio e desprezo dela, porém, é ainda mais doloroso que seus xingamentos. O clima em casa é pesado. Eu ainda não falei com meu irmão. Se eu estou envergonhada, imagina como ele não está, já que já é retraído por natureza.
***
Na segunda semana com Amanda, em uma segunda-feira, em certo momento Pedro abre o quarto e pede para ir ao banheiro. Ela diz que tudo bem.
Quando meu irmão volta, escuto ela fazer “psss” para chamar sua atenção. Ele passa em frente meu quarto em direção à sala.
Vou até a porta entreaberta para escutar a conversa. Amanda diz que ele pode se sentar no sofá, que não vai contar para nossa mãe.
Ela primeiro pergunta a idade dele e descobre que é só três anos mais velha. Eles falam em um tom baixo, mas consigo não só ouvir como vê-los (do meu quarto vejo as costas do sofá).
- Desculpa, mas eu estava morta de curiosidade. Eu nunca estive em uma situação dessas, sempre trabalhei como babá de crianças. Vocês dois devem ter feito uma merda MUITO grande – diz ela, com uma risadinha.
E então sussurra em tom de confidência, pegando no braço dele:
- Me conta vai. Eu juro que não conto para a mãe de vocês. Eu mesma já perguntei, mas ela não fala.
Meu irmão olha para baixo e coça a cabeça. Um tempo depois, a babá quebra o silêncio.
- Olha, vamos combinar uma coisa. Se você me contar, eu deixo você e sua irmã ficarem livres na casa sem sua mãe saber. E perto do horário dela chegar, vocês fingem que nada aconteceu e voltam para o quarto. O que acha?
Meu irmão se vira para trás no sofá e seu olhar cruza com o meu, enquanto estou na fresta da porta do meu quarto. Amanda também se vira e faz um gesto para eu me aproximar.
Eu sacudo a cabeça para ele negativamente e me aproximo, tensa.
Meu irmão olha para baixo novamente e suspira.
- Nossa, é tão grave assim? Agora eu estou mais curiosa ainda! – diz Amanda. – Eu estava falando para o seu irmão que já perguntei para sua mãe, mas ela se recusa a contar. Desde que eu contei que faço faculdade de psicologia, sua mãe tem desabafado comigo. Ela deve ter comentado.
- Ela não fala mais com a gente – digo, e Amanda fica surpresa.
Meu irmão suspira novamente e olha para ela.
- Tá bom, eu conto. Você jura que não dirá para ninguém nunca?
O que meu irmão está tramando?! Ele não é louco… faço uma expressão para ele não fazer uma bobagem, mas ele me ignora.
- Juro – diz Amanda.
- Então… Eu e minha irmã transamos.
Meu coração dispara e eu olho para ele completamente em choque.
Então pela primeira vez me recordo daquela fatídica noite. Parece que meu cérebro tinha bloqueado tudo aquilo, desde que fomos flagrados pela minha mãe. Lembro as atitudes ousadas do meu irmão naquele dia, como quando ele me enganou para apalpar meu seio…
E agora vejo novamente esse mesmo tipo de atitude inesperada. Parece que algo mudou dentro dele desde aquele dia, não foi apenas o tesão do momento.
Amanda faz uma expressão de choque, mas em seguida ri: - Ah, você está me zoando!
Contudo, ela nota a expressão do meu irmão e fica de queixo caído. – Pera, você está falando sério?! Você e sua irmã fizeram…?
Meu irmão sacode a cabeça positivamente, sem alterar o semblante.
- Ah, você está brincando comigo… - diz ela, tentando interpretar o rosto do meu irmão e sacudindo a cabeça em negação.
- Pergunte para a Camila então – continua ele.
Nesse momento tenho um sobressalto.
- É mentira né? – ela pergunta se virando para mim.
Eu titubeio por um instante, sem saber se desminto, se corro para meu quarto e tranco a porta ou se digo a verdade. Nessa breve indecisão, Amanda parece enxergar a verdade em meu rosto.
- Não! - ela exclama de queixo caído, olhando do meu rosto para o do meu irmão.
Meus olhos começam a ficar marejados e troco um olhar com meu irmão pela primeira vez.
Eu devia ter desmentido tudo, era só dizer que era mentira. E já menti tanto sobre meu irmão para atazaná-lo com minha mãe. Inclusive, tudo isso começou quando eu coloquei meus pés em seu colo e ameacei dizer para a mamãe que ele estava me batendo.
Mas parece que depois de tudo que aconteceu, nossa relação mudou. Não sei se é culpa, se é pena de tê-lo deixado apanhar da mamãe, pena de a mamãe ter destruído o Notebook dele… talvez seja porque estou muito confusa nesse momento, me sentindo um lixo completo, uma aberração. Ou uma mistura de tudo.
- Mas… Como assim… é sério? Vocês fizeram mesmo?! – Amanda continua dizendo.
Meu irmão parece ter voltado ao modo “timidez extrema” e eu o acompanho. Me pergunto por que ele foi contar, mas nesse instante só quero sumir.
- Gente, desculpa, eu não quis deixar vocês constrangidos, mas é que é chocante para mim. Vocês são irmãos, irmãos mesmo? De ambos os pais?
Meu irmão olha para ela e balança a cabeça afirmativamente, já um pouco impaciente.
- Meu Deus… sem julgamentos, é só que… Como foi que isso aconteceu? E como sua mãe descobriu?
Meu irmão então faz um resumo de tudo que rolou, desde meu pé em seu colo até aquela fatídica manhã. De vez em quando eu acrescento uma coisa ou outra, ou o meu ponto de vista das coisas.
Ao final, me sinto surpreendentemente leve. Contar tudo aquilo para alguém, e voltar a falar com meu irmão, parece que tirou um peso enorme das minhas costas. Meu irmão parece igualmente aliviado.
Amanda escuta tudo sem piscar, apenas soltando interjeições de espanto em algumas partes do relato.
- Caraca… - diz ela por fim, com um olhar perdido como que tentando assimilar tudo isso. – Nem sei nem o que dizer…
- Não me entendam mal, não estou julgando vocês. Foi só um choque mesmo… Mas podem ter certeza que eu não contarei nada para ninguém, muito menos para a mãe de vocês. Tenho que digerir tudo isso ainda... Mas como combinamos, enquanto sua mãe não estiver aqui, vocês podem transitar livremente pela casa. Falando nela…
As duas últimas palavras vieram com o barulho da chave na maçaneta. Corremos para nossos quartos.
Nos trombamos no caminho e rimos. Me deito ainda sorridente e me sentindo feliz.
***
No outro dia, quando chego da escola, meu irmão está no quarto dele normalmente. Eu me troco e vou para o meu também. Temo que as coisas voltem a ser como nos últimos dias.
Mal me deito e ouço a chave na porta. Amanda guarda sua mochila na lavanderia e depois vai para a sala.
- Pessoal? Tem alguém em casa?
Eu e meu irmão colocamos a cabeça para fora de cada quarto ao mesmo tempo. Viro para ele, que começa a rir, e eu também não aguento. Não sei por que, mas a cena foi hilária, ambos só com a cabeça para fora, como cachorros no portão da rua. Amanda também racha o bico e nós a cumprimentamos com abraços.
Nos sentamos, eu e ele no sofá de três lugares, e ela na poltrona de frente para nós.
Olhamos um para a cara do outro por alguns segundos, com um silêncio constrangedor pairando no ar.
- Tudo bem, eu começo – diz ela por fim. – Desde que nós conversamos até agora, eu não consigo parar de pensar no que vocês me contaram. Não aproveitei nada na faculdade hoje (estou no primeiro semestre). Só consigo pensar no que vocês disseram.
- Não precisam ficar com vergonha. Até como estudante de Psicologia, eu não estou julgando vocês. E desculpe se fui um pouco rude ontem na minha surpresa, acho que me empolguei demais.
Balanço a cabeça, com um sorriso sem graça.
- Depois de tanto pensar, me decidi. Quero ajudar vocês com sua mãe.
- Ajudar como? – questiono, preocupada.
- Não, pelo amor de Deus, não fale nada para a mamãe – intervém meu irmão. - Ela não sabe nada sobre os detalhes e não sei se ela está certa que nós realmente fomos até o fim naquilo…
- Calma, calma – ela nos interrompe. – Eu sei gente, não sou idiota. Mas ontem, bem no dia que vocês me contaram, a mãe de vocês resolveu me contar o que aconteceu. Ela disse que pegou vocês dois dormindo juntos, mas sem dizer que estavam pelados. E me pediu para eu tentar conversar com vocês para entender o que está acontecendo. Eu fingi surpresa com o relato dela, e disse que tentaria ajudar.
Mas na verdade quero fazê-la de alguma forma compreender o que vocês fizeram, e que não tem nada de errado nisso.
- Não tem? – pergunto, chocada.
- Não! É completamente normal ter esse tipo de descoberta dentro de casa. Ainda mais com uma mãe que os prende tanto. Freud, o pai da psicanálise, já falou sobre isso até a exaustão. É a sociedade que cria um tabu em cima disso. Antigamente era até justificado, pois os frutos das relações incestuosas costumam vir com deformidades genéticas. Mas desde que inventaram métodos contraceptivos, é pura hipocrisia da sociedade.
Eu e meu irmão nos olhamos surpresos.
- Não que irmãos devam fazer esse tipo de coisa. Mas já que aconteceu, não tem por que sua mãe ser tão dura com vocês, a ponto de contratar uma babá para dois marmanjos que sabem se cuidar sozinhos.
Eu gosto cada vez mais da Amanda.
- Além de tudo que vocês contaram sobre ela quebrar o notebook, recolher seus celulares, proibir porta fechada etc. E hoje em dia é inaceitável uma mãe bater nos filhos. Vocês poderiam até denunciá-la para o Conselho Tutelar! Ela ao menos conversou com vocês sobre o que aconteceu?
- Não, a mamãe é do tipo “fechada”. Ela não é do tipo que discute os problemas. E em matéria de sexo, ela nunca falou sobre isso com a gente, pelo menos não comigo – diz Pedro.
Eu balanço a cabeça concordando.
- Ela sabe que algo aconteceu, pois nos pegou nus na cama, mas acho que ela prefere nem mesmo pensar sobre o que pode ter acontecido – completa.
- Entendo… Sua mãe é do tipo reprimida, que projeta a repressão nos filhos…
Acho um pouco de graça da Amanda já se sentir “a psicóloga” no primeiro semestre da faculdade.
- Se vocês me contarem mais sobre ela, pode ser útil para pensar em uma forma de ajudar vocês.
Meu irmão a faz prometer que não fará nada sem nos consultar primeiro. Amanda pergunta sobre a vida amorosa da mamãe.
Eu digo que até onde sei, está parada. Conto que nosso pai nos deixou quando éramos muito pequenos e nunca nos deu nada, nem pensão e nem afeto. E que a vida dela se resume a trabalhar feito louca ou ficar em casa. Explico que a entendo, pois não é fácil criar dois filhos sozinha, e meu irmão diz algo parecido também sobre compreendê-la.
- Nossa, vocês são muito maduros para a idade de vocês. Mesmo depois de tudo que ela fez, vocês ainda a tratarem assim é muito bonito, de verdade. E eu vejo que sua mãe deve ser bem reprimida sexualmente também, e reprime vocês de lambuja.
Alguém dê um diploma logo para essa mulher!
Virando-se para o Pedro, diz:
- Pê, e você, já percebeu sua mãe constrangida com seu corpo de alguma forma?
Pê? Mais uma afim do meu irmão nerd?
- Como assim? – ele diz.
- Sei lá... Evitando te olhar, evitando seu toque. Constrangimento com algo sexual…
Meu irmão pensa um instante.
- Acho que sim... Ela fica meio constrangida se eu ando sem camisa em casa, e eu nem ando mais assim por causa disso. Ela também já muda de canal se está passando uma cena minimamente picante comigo por perto. Por quê?
Nossa, nunca tinha reparado que a mamãe era assim com o Pedro.
- Porque isso mostra que, no fundo, sua mãe também reprime um desejo sexual.
Olho para ela chocada e meu irmão parece mais chocado ainda.
- Ah gente, com sua irmã tudo bem, mas agora fica com essa cara? – diz ela para Pedro.
- Como eu disse, é normal, e isso vale para irmãos como para pais e filhos. E vocês nem precisavam ter me contado muita coisa. É só pensar que se não houvesse uma tensão sexual entre pais e filhos, todo mundo andava pelado dentro de casa sem nenhuma vergonha. E os pais não reprimiriam tanto o uso de pornografia pelos filhos. E os filhos não ficariam tão constrangidos de ouvir os pais transando.
Balanço a cabeça estupefata. Faz muito sentido.
- E agora, eu acho que já sei como ajudar vocês… - diz Amanda, piscando para nós.
***
Mais tarde naquele dia, meu irmão me dá um susto ao entrar no meu quarto, enquanto minha mãe está no banheiro da sua suíte.
- O que você achou? – ele pergunta.
Penso um pouco e digo:
- Acho que dá para confiar na Amanda.
***
Me sinto ainda mais aliviada após a última conversa com Amanda. Acho que ela é um anjo que foi colocado em nossas vidas.
Quando chego da escola na quarta-feira, meu irmão está na sala de pijama, assistindo TV, bem à vontade. Cumprimento ele, dou uma secada em seu corpo disfarçadamente ao passar, e vou me trocar.
Como sempre, pouco depois Amanda chega. Sinto vontade de usar um pijama mais curtinho.
Quando chego na sala, ela está ao lado do meu irmão no sofá. Sento-me entre eles, usando o celular.
- Pedro, pode pausar um pouco? Eu estava só esperando a Camila chegar, pois eu tenho algo muito sério a dizer.
Meu sangue gela nessa hora, e Pedro pausa imediatamente o anime.
Passam mil temores na minha cabeça. Ela se levanta e se senta na poltrona de frente para nós, com uma expressão séria. É a primeira vez que a vejo assim, pois é sempre tão animada.
- Eu disse que ajudaria vocês. Mas desde ontem andei pensando bem, e acho que me precipitei. Pois não tenho certeza se tudo que vocês contaram é verdade mesmo.
Eu e meu irmão nos encaramos e em seguida olhamos para ela estupefatos após esse balde de água fria.
- Mas tem um jeito de vocês me fazerem acreditar de verdade. Quero ver vocês se beijando.
Olho para ela com olhos arregalados e sinto o sangue subir para minha face. Viro para meu irmão e ele também está vermelho. Ninguém diz nada por longos segundos.
Amanda quebra o silêncio.
- Não estou entendendo. Vocês disseram que transaram, e agora estão com vergonha de beijar?
- Mas tudo que aconteceu foi um grande acident.. – digo, mas sou interrompida pelo meu irmão.
- Se a gente fizer, você vai nos ajudar mesmo?
- Vou – diz Amanda.
Olho para meu irmão surpresa e ele se aproxima de mim no sofá.
- Mano, a gente não pode. Foi um erro...
Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele pressiona a mão contra minha nuca e os lábios contra os meus. Meu coração dispara. Tento sair, mas ele usa a mesma estratégia da primeira vez, mordendo meu lábio inferior. Sem perceber, entreabro a boca e estou arfante. Minha mente fica em branco.
Ele começa a correr a ponta da língua lentamente pelo meu lábio inferior. Aproximo instintivamente meu corpo do dele.
Ele passa a língua pela parte interna do meu lábio com movimentos leves e lentos. Em seguida, vai aumentando a velocidade e a pressão. Percebo que estou ficando molhada.
Pedro desliza a ponta da língua para dentro da minha boca e gentilmente toca a ponta da minha, com movimentos leves velozes, enquanto eu correspondo.
Seus movimentos ficam mais profundos e mais fortes. Com as mãos em minha nuca, ele emaranha os dedos em meus cabelos, me puxando gentilmente. Percorro suas costas até chegar na sua bunda durinha.
Nós alteramos entre beijos leves e fortes, lentos e rápidos, algumas vezes usando apenas os lábios. Nossas bocas se encaixam maravilhosamente, talvez pela genética parecida. Ele mordisca meu lábio gentilmente enquanto me olha nos olhos.
Retorna a língua na minha boca, movendo-a ao redor da minha, enquanto eu sigo seu ritmo. As mãos dele pousam em meu quadril sobre o short fino do pijama. Entre cada beijo, ele me olha nos olhos. Meu próprio irmão.
Massageio e acaricio a língua dele com a minha, com movimentos lentos e pareados, como uma dança. A língua dele passeia dentro da minha boca, e em seguida se entrelaça na minha língua.
Alguns segundos depois, um som nos faz despertar do transe. Tinha até esquecido da Amanda ali assistindo tudo. Nos afastamos um do outro, com saliva escorrendo do canto de nossas bocas, meio sem graça.
- Droga de notificação – reclama Amanda, apertando seu celular que produziu o som que nos assustou.
– Só tenho três letras para vocês: u-a-u. Nunca vi um beijo tão quente como esse na minha vida.
Olho para ela constrangida.
- Desculpem, mas após o primeiro minuto eu resolvi cronometrar. Vocês beijaram por mais de 15 minutos! Isso que é tesão viu. Para quem não queria… - ela ri, mordendo o lábio inferior.
Sorrio de volta. Olho para o meu irmão e ele está com cara de bobo, de quem foi ao céu e voltou. Limpo um fio de saliva escorrendo de seu rosto.
- A verdade é que eu sempre acreditei em vocês, mas estava com muito tesão de ver isso pessoalmente – revela Amanda.
Olho para ela surpresa e finjo indignação.
- Eu vou ajudar, mas posso fazer só mais um pedido? É que parece que seu irmão ficou um pouco animado demais com o beijo.
Olho para ele sem entender e vejo que ele está com as mãos sobre o colo, tapando o volume.
- Desde que você me contou que tudo começou a mudar quando você viu o pinto do seu irmão, eu não me aguento de curiosidade para ver como ele é...
- Não dá… - diz meu irmão, desviando o olhar, ainda com a mão sobre o colo.
Ele me olha surpreso quando sente minhas mãos no elástico de sua bermuda.
- Mana? – sussurra ele assustado.
Abaixo sua bermuda junto com a cueca, encostando os dedos de leve na lateral de suas pernas. Deve ter uma mancha dos meus líquidos debaixo do meu assento.
Seu pau salta para fora completamente duro, a cabeça lustrosa, com uma gota babando gozo na ponta. Na suas coxas grossas ainda dá para ver marcas dos vergões da surra que a mamãe deu. Amanda exclama admirada, levando uma mão aos lábios.
- Realmente… é um belo pau...
Ela olha vidrada, e sinto… um pouco de ciúmes?
- Mais alguma coisa? – dessa vez sou eu que digo para Amanda. Ela está muito vermelha e um pouco arfante.
- Não… está ótimo assim…
- Então beleza.
Começo a subir a bermuda dele de volta e ele me segura pelo braço.
- Não mana, espera… se eu mostrei o meu, não é justo.
De novo esse papo de ‘não é justo’?
- Você quer que eu te mostre meu priquito? – diz Amanda, chocada.
- Por que não? Você viu meu pau! – replica ele, me impressionando com o linguajar chulo, que não é do seu feitio.
De repente, escutamos um barulho de chave na porta.
Corremos dali com insana velocidade para nossos quartos, e Amanda se senta no sofá e liga a TV.
Escuto ela disfarçar com a voz mais lavada do mundo com minha mãe. Foi um susto, mas ao mesmo tempo sinto uma emoção gostosa de aventura, e dou risada em meu quarto. Mamãe parece não ter notado nada de errado, e, como acontece todos os dias, elas ficam meia hora conversando na cozinha. O único perigo foi quando ela perguntou sobre uma mancha no sofá, mas Amanda diz ter derramado suco sem querer.
***
Mais tarde, nesse mesmo dia, mamãe nos devolve nossos celulares, “por enquanto, se vocês continuarem se comportando”.
Entre as várias mensagens acumuladas, vejo que fui adicionada pela Amanda em um grupo de WhatsApp. O grupo é composto por ela, eu e meu irmão, e se chama: “Plano em 6º”. Rio quando finalmente entendo, apesar de achar a palavra “incesto” um pouco pesada. Querendo ou não, é a verdade sobre mim e meu irmão, mas escrito assim é um pouco chocante.
No grupo, Amanda explica qual seu plano em relação à mamãe.
“Lembra que eu disse ontem que sua mãe pediu para falar com vocês? Pois ontem mesmo quando ela chegou eu contei que vocês me contaram que naquele dia só estavam conversando na mesma cama. Mas que a Camila não pôde se levantar porque teve medo dela brigar por vocês estarem acordados depois da hora, e acabou apagando. Insinuei que talvez ela seja rígida demais”.
“Sua mãe pareceu um pouco culpada e disse que realmente naquela madrugada ficou vigiando, pois pensou ter escutado o filho acordado até tarde. Então eu disse a ela que vocês me confessaram estar nus naquela manhã, mas que o motivo foi pela Camila ter que ficar escondida debaixo do edredom e estava muito calor. Mas que vocês disseram que não rolou mais nada”.
“Agora, pretendo aprofundar ainda mais a amizade com a mãe de vocês. Chamei ela para sair nesta sexta à noite em um barzinho.
- E ela aceitou? Não acredito! – digito, pois minha mãe é muito caseira.
- Pois pode acreditar. E agradeçam a mim também pelos celulares. Pois agora ela pensa que tudo aconteceu por culpa da rigidez excessiva dela com vocês. Eu disse a ela que a compreendia, pois não é fácil criar dois filhos sozinha.
- Você é demais, Amanda! – digita meu irmão no grupo. E reage com coração na mensagem dela. Sinto um ciuminho.
- E nós dois, na sexta-feira?
- É aí que vocês têm que fazer a parte de vocês. Um de vocês deve pedir para dormir na casa de um amigo. Aí o outro deve dizer que não é justo (me inspirei em você, Pê ♥).
Ela é dura com vocês, mas confessou que já os perdoou, pois ‘coração de mãe é mole’ nas palavras dela. Se vocês pedirem com jeitinho, ela acabará aceitando, até porque eu a convenci que será uma delícia espairecer um pouco e tomar umas.
Não consigo nem imaginar minha mãe bebendo.
- Combinado – eu e meu irmão comentamos em sequência.
Ainda nesse dia (quarta-feira à noite), me sento na sala com minha mãe, que está assistindo TV. Ensaio um sorriso tímido para ela, e ela me olha um pouco mais amável. Depois, peço para dormir na casa da Wanessa, minha amiga evangélica (escolho ela de propósito, pois sei que minha mãe a acha uma boa influência). Minha mãe diz que vai pensar.
Daí a pouco chega meu irmão e faz conforme combinado. E minha mãe diz que pensará também no caso dele.
***
No outro dia, quinta-feira, Amanda chega em casa como sempre e diz que tem uma surpresa.
- Seu irmão tem razão. Realmente não é justo ele ter me mostrado tudo, sem nada em troca. E a relação de vocês, o beijo… me inspiraram muito... – ela diz, se abanando.
Antes que disséssemos algo, ela se levanta e começa a se despir, ficando só de calcinha e sutiã na sala. Ela é pouco mais alta do que eu e tem um corpo bonito. É menos magra também, e tem os seios mais ou menos do mesmo tamanho. Olho para o lado e vejo meu irmão a encarando com os olhos brilhando.