Eu amo meu marido #28 (Jarbas)

Um conto erótico de Jarbas
Categoria: Gay
Contém 4298 palavras
Data: 09/06/2025 13:49:18

28 (Jarbas)

Eu amo meu relacionamento.

A casa voltou a ter o tamanho que deveria ter. Depois do velório Ricardo meio que entrou em crise, estava assustado e isso é compreensível, sugeri uma viagem, férias que ele nunca teve nem dentro de casa, alguns dias em outro lugar, conhecer museus ou cachoeiras, ele ficou em silêncio.

Na mesa de jantar Felipe fala sobre um setor de mastologia, Conrado estava interessado em voltar a ser assistencialista, Uchôa comemora, Daniel falava sobre novos funcionários para nossa casa, Noah queria os garotos na casa ao lado o mais cedo possível, medo de segurança os garotos andavam com dois guarda-costas, um em direção a cada faculdade, eles estavam assustados também, mas achavam essa medida exagerada e desnecessária, talvez, mas...

Otto não dizia nada e comia pouco, era o que mais estava abalado com a morte de Gabriel, Daniel e Noah tentavam não demonstrar tanto, Danilo estava fazendo terapia e falava sobre isso, o mais novo entre nós é o mais velho de nós. “Eles vão ser transferidos depois de amanhã e eu fiz uma coisa sem falar com vocês”, disse Gaspar, “eu paguei uma grana para uma encenação, eles vão ‘fugir’ durante um ‘resgate’ do bando deles, e de repente, pode ser que surjam em um iate qualquer, talvez o judiciário esteja preguiçoso, mas os gritos de Otávio contra os policiais os instigou a fazer as coisas como elas eram feitas antigamente.”

Dois dias depois Conrado estava pilotando o iate e nós tínhamos cinco convidados no barco, dois atiradores, um mandante (dono de boca), Alex e Pepeu. Uchôa cansou de bater nesses dois, jogou os dois em alto mar, nós nos afastamos um pouco para ver de certa distância eles tentarem prever em que direção ficava o continente, ouvimos as razões de Gabriel e Bruno terem morrido, “perdão, por favor, eu tenho família, foi um erro, foi um erro”, dessa vez fui eu a jogar o lixo pra fora, enquanto a gente voltava, com os tornozelos algemados, boa sorte, tentem.

Ricardo achou o episódio bárbaro, horrendo e desumano, ele não conseguiu olhar para a gente depois disso, perguntou a Gaspar como ele conseguiu ir atrás dessa vingança, “Meu filho tem pesadelos a noite, acorda suado, gritando, criminosos conhecem sua casa, o caminho que ele faz até o trabalho, o carro dele agora é blindado, duas pessoas morreram por colaborar com a polícia, bem... ele está mais seguro agora. Quantos filhos você tem, o que faria pelo bem deles, até onde vai o seu amor pelas pessoas que diz amar? Arrependido? De não divulgar o que fiz na televisão e deixar claro que ninguém pode tocar num fio de cabelo de meu garoto. Entendeu?”

Ele disse isso sem se exaltar, sem um gesto intranquilo, sem nada que pudesse ser tudo como levemente hostil. Ricardo subiu as escadas apressado, Otto ia logo atrás, mandei ele ficar onde estava, depois eu iria resolver. Terminamos o jantar como se fosse um dia comum, como se eu não ouvisse os gritos de pânico de terror, morte lenta e dolorosa, sem uma gota de sangue, eu fiz isso, eu me orgulho disso.

Subi e falei que fui na embaixada da Espanha, falei com as autoridades, falei quem era os cidadãos mortos, que a diplomacia de um país amigo tinha força de pedir punição, e fiz isso quando os culpados ‘desapareceram’, fiz isso para que se descubra quem eram os da polícia que deixaram três dos seus morrer, quem do crime quis retaliação de informantes, eu estava satisfeito como agente do caos, eu acho que um pedido de desculpas não muda o fato de eu ter medo de tomar um café na padaria, de não saber se posso ir ao shopping novamente, e que ele (Ricardo) não está seguro ao meu lado, tanto porque não sabemos se acabou aqui, tanto porque ele me vê como assassino, e eu nunca irei pedir desculpas.

Ricardo pergunta se ainda gosto dele, não o suficiente para ignorar que ele discorda de mim quanto a isso, e isso é fundamental pra mim, cuidar dos que amo a qualquer preço, doa a quem doer. Eu pedi para ele repensar seus conceitos de certo ou errado, ou para usar as malas mais velhinhas, porque ele não iria precisar nem devolver.

Naquela noite, voltamos a dormir num quarto menor, deixei a noite para Ricardo pensar em solidão e silêncio, ele me abraçou pela manhã, disse que eu tinha razão, as malas mais velhinhas couberam tudo.

Ele disse que não sabe e não quer aprender a nadar, portanto esqueceu todas as lembranças indesejáveis, vai guardar de nós só boas recordações.

Nove.

Conrado diz que a casa poderia ganhar uma biblioteca num dos quartos lá de cima, o maior para hóspedes, o outro para a biblioteca. Uma biblioteca... Ricardo parecia chocado por sua saída ser ignorada. Pessoas morreram, algumas foram embora por ser insustentável, outras por se sentirem delicadíssimas, não temos tempo a perder: fica apenas quem precisa ficar. Ele abriu a porta e deu dois passos em direção à escada, como quem ainda procura algo, mas saiu. Ok, posso lidar com isso.

Uma semana depois eu acordei no auge de um pesadelo, saí de entre meus dois homens, Otto ainda tentou acordar, mas lhe afaguei e ele tornou a dormir, que homem bom... ele quase automaticamente se abraça a Noah, que sorte eu tenho! Desci a escada e abri a porta do aparador da sala de jantar, lá estavam as caixinhas com o pó de Aluízio, meu irmão biológico, de Celso, e agora de Gabriel e de Bruno. Escuto pessoas descendo a escada, Felipe e Conrado, que fecha a porta e me leva a contragosto até o sofá de onde vemos a chuva da madrugada sobre a piscina e a quase escuridão da vizinhança, e a chegada de Felipe com três copos com doses duplas de um uísque que tinha um cheiro de dor existencial. “Será que fizemos algo errado?”, minha pergunta era motivada pelo que aconteceu dias antes a Ricardo, ele contou à família que sempre foi gay, mas agora estava com força de assumir, foi esbofeteado pelo pai algumas vezes, no dia seguinte tentou contra a própria vida no trabalho e felizmente foi socorrido a tempo.

Somos nove.

Fizemos algo que não devamos ter feito?

“Quando ele estiver melhor, vai estar avisado que vai ser castigado quando voltar pra casa!”, digo a Felipe que não o quero, Felipe fala que queria ouvir isso quando eu visse meu capacho frente a frente, Conrado diz que sente falta de um cara para dominar, de alguém para ser cruel, que não ia rolar, Danilo é possessivo, Daniel era absolutamente apaixonado por Danilo, de modo que ele não ia criar caso com dois até estavam resolutos, quarto fechado, sem outros, são três. Felipe diz que não pensa nisso, estava feliz, nem sabia que era gay há um ano atrás, era muita coisa, muita coisa aconteceu de repente, Uchôa, Camila, e nós dois, os melhores irmãos que ele jamais teve, brindamos a isso, eu não podia falar melhor sobre isso, eu aprendi a amá-lo muito, demais.

Sobre o que aconteceu, era uma bobagem, o mar devolveu o corpo de Alex, foi um escândalo, a polícia descreve que pode ter sido os fugitivos tentando uma rota pelo mar e um deles sendo desgarrado ou empurrado para fora do barco que os deu passagem para a liberdade. Ok, estamos livres. Mas eu penso em Ricardo e penso se...

Felipe estava deixando a barba crescer, tirou a camisa do pijama, coça os pelos do peito e me enche de tesão, ao menos isso, sentir tesão era uma obrigação, eu retiro meu samba-canção, meu pau já quase todo duro, Conrado o agarra e diz que sou um fuleiro, Felipe me beija enquanto Conrado chupa minha piroca, roda a língua entre o prepúcio e a cabeça, sinto não só tesão como uma calma, uma alegria, a boca de Felipe é deliciosa e esse puto lambe meu pescoço e diz que tá com vontade de sentir meu caralho no seu cuzinho, “Eu te amo, Lipe, faz pouco tempo, mas desde quando você entrou em minha vida, ela é melhor porque te amo”, ele agora chupa meus ovos e meu cacete, digo a Conrado que o amo, que eu morreria se ele não estiver ao meu lado.

Não é coisa que falo porque tô no momento de foder ou ser fodido, eu amo, acho que foi naquele momento que decidi ignorar todos os outros corpos fora de nossa casa, sei que isso é só uma fase, que logo depois vai aparecer uma gostosa bem puta, bem vulgar na cama, um lady coquete quando vestida que vai fazer eu me apaixonar e pensar nela vinte e quatro horas por dia, ou um veadinho efeminado bem passivo que se sujeite a todas as minhas fantasias, até lá não quero nada, nem um garanhão robusto com a voz grossa, o pau grosso e um jeito grosso me fará mudar de ideia por enquanto, por enquanto estou bem, não quero distrações – estou dentro da bunda de Felipe, Conrado mete fundo dentro do meu cu, isso é maravilhoso, chove lá fora ainda mais forte, está frio e eu sinto calor, ainda que minha pele esteja fria, por dentro é quase febre.

Sentir o cheiro de Felipe, Conrado com aquele papo furado dizendo que eu dificultou o jogo para mantê-lo apaixonado, Felipe tem mamilo pequeno e pontudinho, ele geme quando eu puxo, Conrado diz para eu decidir entre escravizar mesmo Ricardo, ferroar a pele dele com meu nome ou esquecê-lo, mas essa indefinição estava me fazendo mal, Felipe diz que Ricardo não é melhor ou pior que nenhum de nós, mas não como nós, que foi burrice manter ele em meu casamento, estou perdendo a pegada, “mete em Lipe, mas chama esse puto por outro nome”, não, Rick não, “Tá sentindo Conrado, gosta de meu pau em sua bundinha, putinho?”, Lipe gargalhou, Conrado se vingou me agarrando e metendo com mais força ainda. Foi gostoso.

Ricardo teve alta dias depois, eu o visitei duas vezes, conversamos, ele pediu desculpas, queria voltar. Não. Eu tinha razão, quatro não traz estabilidade, ao contrário, eu o amava, bastante, e era por isso mesmo, melhor não, quando ele quisesse voltar a viver em minha casa, tudo bem, mas não no meio da minha cama, nunca entre eu e meus maridos.

De toda forma ele voltou. Voltou como cozinheiro, não queria mais o restaurante, só aceitou falar com um irmão, cortou laços com a família, o irmão de Ricardo foi quem o trouxe, Ricardo ficou no quarto de funcionários, seu irmão com ele, mas no quarto ao lado. Joguei sinuca com ele duas ou três vezes, ele é bom, servil, estava desempregado, a gráfica onde trabalhava fechou, nós o empregamos, era rápido nos serviços da casa, Daniel estava feliz com os irmãos Ricardo e Fabrício.

Certo dia, Ricardo já estava na cozinha, estava preparando uma feijoada, ele me disse que não contou ao irmão sobre Alex e Pepeu, mas contou todo o resto, como foi além do que devia ter ido e tombou de muito alto. Mas que estava feliz por poder estar perto de Noah, Otto e eu. Mesmo esse perto distante.

A presença de Ricardo era absurda, mexia comigo, me perturbava, Noah e Otto tiravam sarro de minha cara, diziam que eu ia me desapaixonar na hora em que eu me entregasse a esse fogo, era um fogo que me consumia, eu perguntava se eles não sentiam ciúmes, medo de serem trocados, Otto me agarrou por trás e disse que eu gosto de macho grande, que se pesa por arroba, que tem pau grande e é macho, meu negócio é derrubar macho, a florzinha passiva... não lhe metia medo. Porra, e por acaso o jeito mais sutil e feminino de Ricardo fazia dele uma fêmea, e se ele fodesse o rabo de Noah, ia ganhar o respeito de Otto?

Era exatamente isso o que eu queria, queria ver meu escravo fodendo a raba de meu marido, o grandão, o halterofilista, o que toma um litro e meio de vitamina com todas as proteínas do mundo segurando a rola no café da manhã, se eu fiz aquele homofóbico ser esse veado viciado em minha gala, por que não faria Ricardo comer um cuzinho?

“Me pede outra coisa... qualquer outra coisa!”, foi o que Ricardo falou quando eu propus chamar um cara para ele foder na nossa frente, Roger, Marcos e Fabrício estavam ali conosco, preparando a feijoada do domingo, organizando o cineminha daquela noite de sábado sem sol, ali eu tive a prova pra o que eu já sabia – acabou.

Quando montavam o projetor na sala, Ricardo saiu com o irmão, agradeci por aquele dia adicional, falei para Fabrício que coloquei na conta dele o valor e pedi para ele conferir, ele diz que não precisava, “Valorize seu trabalho, isso também é se dar valor.” Eles saíram quase no exato momento em que chegou o tatuador, eu o levei direto para o escritório, ele trouxe uma mala de viagem e depois foi buscar uma cadeira de Shiatsu. Claro que o som da máquina ia interferir no som do filme, eu queria isso, queria que enquanto Otto e Noah estivessem assistindo Forest Gump escutassem a minha tatuagem nova sendo feita, o presente de aniversário de ambos que completam aniversário com a diferença de oito dias, eu ia começar no dia de Noah e acabar no de Otto.

Eles não sabiam, deixei o coitado do tatuador no escritório sem que eles soubessem. Estava combinado e ele concordou, ficou arrumando tudo, todo mundo foi chegando, beijei Noah demais, demais.

Ele passou o dia negociando a compra da editora em que trabalhou, estava atrasando pagamentos e salários, descumprindo prazos, era melhor vender que quebrar, Noah nem queria, estava fazendo pelos amigos que fez naquela época, chegou cansado, eu o joguei na cama e desafivelei a calça dele, ele reclamava que estava cansado, “Não quer ganhar um boquete de aniversário?”, “Eu te amo, pode ser depois do banho?, eu quero ficar limpinho e cheiroso para o homem mais lindo do mundo, o que eu mais amo, a pessoa que eu mais admiro.” Fazia muito tempo que ele não repetia essas palavras, exatamente assim, foi quando ele disse que me amava pela primeira vez, eu havia chegado precisando meter, tinha batido uma e estava mesmo a fim do cu dele, quando ele chegou eu disse que estava na fissura, estava era apaixonado, mas com vergonha de admitir e levar um toco, mas ele disse: “Eu te amo, pode ser depois do banho?, eu quero ficar limpinho e cheiroso para o homem mais lindo do mundo, o que eu mais amo, a pessoa que eu mais admiro.”, e eu chorei, eu nunca havia ouvido isso de um par romântico e ser verdadeiro, honesto, eu disse que achava que estava apaixonado, mas era diferente eu não queria outra pessoa, eu queria ele, pra sempre.

Fizemos amor de verdade, ele de quatro e se deixando domar por mim, eu o amo, por ele se entregar assim de verdade a mim. Quando eu dei o cu a ele, eu sabia que ele iria querer me dar um castelo, me deu mais: Otto! Que sorte tivemos, sem nunca observar Otto com outros olhos, e de repente, bum! Ele era parte tão importante nas nossas horas quanto... não sei nem dizer. Noah me deu um rapaz para ser meu escravo e eu curti, acabou, acabou de verdade, não me vejo dando um abraço em Ricardo, eu preciso admirar, acreditar que a sorte é toda minha em estar fodendo aquela pessoa, que ele pode fazer o que for na cama e vai ser foda. Foi interessante enquanto durou, mas agora tem cheiro de guardado, de mofado, de passado do prazo de validade.

Noah repete as palavras certas e eu me ajoelho diante dos pés dele, relembro que somos casados no papel, mas Conrado e eu descobrimos um juiz sensível a casais de três, e eu queria pedir a mão dele mais uma vez, a dele e a de Otto, porque nunca achei que merecesse tanto amor, eu precisava dividir, e agora dobrou, Otto levantou e perguntou se eu estava pedindo ele em casamento, Noah o beijou e disse que eu estava pedindo pica, eu não sou romântico se não estiver atrás de rola, duas, duas, duas, duas, uma em cada mão, dois sacos pesados, ahhh, a felicidade.

Entre os dois no chuveiro, pego pelos cabelos e colocado contra o vidro do box, alternando pica no meu rabo, cuspe no vidro, “lambe”, “veado lindo, gostoso, barrento, olha a cara desse puto, porra, porra, eu sou o homem mais feliz do mundo, Otto, Otto, mete em mim, me arromba, veado”.

Eu estava feliz, fiquei feliz em sentir os dois se divertindo como eu, ouvir que Noah me chamava de amor, Otto avisar depois de algum tempo que ia gozar, primeiro Otto e quase imediatamente Noah, fiquei punhetando e eles me fizeram ajoelhar enquanto se beijavam, Otto exigiu que eu abrisse bem a boca. Porra, eu amo meus maridos. Essa coisa que acontece quando eles se divertem, gozei, gozei farto, gozei gostoso, foi delicioso.

Me chamaram para tomar banho com eles, mas preferi ficar observando os dois, puta que pariu, é amor, é amor demais. Observo o jeito como são carinhosos um com o outro e como ficam flertando comigo, tentando me seduzir e conseguindo, mas eu queria pegar todos os detalhes e fotografar na minha memória, eu queria os olhos, a risada, os bíceps e a bunda, os pés e o jeito como a espuma do xampu se desfaz antes de chegar à piroca, “Eu sou mais sortudo que você, bem mais, nosso marido é meu chefe, me dá ordens, me corrige e me elogia e eu ainda ganho pra isso, bocó”, então Noah beija o nosso homem, me levanto quando eles finalmente saem, eu bato uma bronha frenética com dois dedos no cu, em menos de dois minutos... quase sem som, eles saem e eu termino meu banho.

Eu sei que o tatuador jantou, conversei com Murilo antes, todos sabiam disso menos os meus dois. Eu desço e eles estavam esperando só por mim para colocar o filme com Tom Hanks, eu me desculpei e disse que ia ler um pouquinho, mostrei o Kindle, disse que já chegava, que colocassem o filme, Otto chegou antes de Noah, mas os dois queriam saber se eu estava me sentindo bem, se queria companhia e se aconteceu algo, beijei um e outro e disse que voltava logo. Aceitaram contrariados, mas aceitaram.

Escritório, dei um tempo, esperei cinco minutos de quando o som começou, então me sentei na cadeira, olhei o desenho a última vez e tudo bem, podia começar. O artista me sorriu e disse que era um presente e tanto, ele faz o decalque, sim, pode começar, o motor e ligado, tinta preta, ele começa, eu estava lendo Robson Crusoé, dez minutos e tudo bem, de repente o rapaz diz que baixaram um pouco o som, eu não percebi, então escuto o som da porta abrindo, eu estava meio de lado, meio de costas quando Otto pergunta o que era aquilo, ele é o primeiro a dar um grito, “NÃO!”, eu só podia rir, eu gargalhava, Noah me chamou de maluco, de irresponsável, tudo como eu achei que seria.

Os olhos deles estavam elétricos, loucos, cheios de emoção, Noah pergunta por que fiz aquilo, havia gente demais no escritório, todos queriam ver a reação deles, queriam me fazer parar, mas estavam felizes, queriam me abraçar, mas não podiam borrar o decalque, a foto de metade do rosto de um e metade do rosto do outro, para sempre, o rosto de quinze dias antes, rosto de quando eles ouvem um eu te amo, o sorriso tentando não surgir, aquela coisa que só eles dois sabem fazer, o sorriso que eu amo.

Três horas de trabalho, eu estava acabado, mesmo com a pausa que fizemos, mas foi bastante, o rapaz foi limpar e guardar o material dele, paguei e me despedi, fui tomar um analgésico, um banho e passar uma pomada. Bryce foi me ajudar, disse que estava lindo, disse que eu era um louco romântico. Homem lindo da porra, que saudade de beijar Bryce... Voltei para o andar de baixo, mas quis ficar do lado de Roger, ele voltou a se distanciar da família, eles insistiam que ele não podia ser gay, era fase, era do jeito mais delicado possível, mas féria ainda de um jeito que era difícil se defender, estavam cada lado se distanciando do outro, ele estava muito carente, ficou muito apegado a mim, voltou a me chamar de tio, depois de padrinho, mas agora sou dindo, Noah e Otto ele chama de padrasto, não me comove ser chamado de tio ou dindo, mas se meus maridos são padrastos, logo eu sou... Eu janto, todos jantando pizza, depois o rapaz da tatuagem vai embora durante minha segunda fatia, “Tudo bem, Roger?”, ele balança a cabeça que não e chora no meu ombro, com cuidado de não tocar na minha cicatriz. Ele se acalma quando o beijo, ele se acalma e volta com a testa cheia de beijinhos, a bochecha também, encontra Dandara e abre a alça de seu vestidinho, ela fica tímida quando ele a coloca no balcão da cozinha pra lhe chupar o seio esquerdo, ela está envergonhada, mas ele não percebe, eu pego a mão dela e beijo na palma e nas costas, peço para ela ser generosa, ela me observa e abre as pernas para ele se aproximar mais, ele, deixa Dandara nua da cintura para cima e olha para ela, ele olha pra mim e diz “vem”, ela estende a mão em minha direção, o mamilo escuro, preto, jovem em um seio pequeno, aquele bico grande e globoso, pitomba negra, me vejo chupando aquela tetinha, Marcos se aproxima e eu lhe dou lugar, é o correto, e o correto é o melhor caminho.

Os garotos vão embora meia hora depois do início do segundo filme. A casa ao lado, eu estou dormindo quando eles vão embora, eu sempre preferi a primeira versão da Fantástica fábrica de chocolates.

O domingo não choveu, foi nublado e não fez sol, mas não choveu. Feijoada, música, putaria. Sabe quando tudo é bom, mas você quer mais? Sim, eu queria ainda mais. Eu vi Laura e Dandara perderem parte da timidez, desfilando nuas em pelo pela casa. Vi Marcos e Murilo beijando-se e beijando o pai. E os vi indo embora depois do almoço, “o soninho é em casa”, conversa, eles queriam era dar e ganhar privacidade.

Comi Noah depois de chupar aquela piroca até ele leitar minha boca toda, só eu e ele, Otto ouvindo música com fones de ouvido, acariciando o cabelo de Noah enquanto fazíamos sexo, ele levanta e bate na minha bunda enquanto acompanha a letra da música na tela do celular, vai ao banheiro, Noah e eu temos uma crise de riso, a trepada interrompida mais engraçada que tivemos.

Estava ansioso por terça, outra sessão de tattoo, quinta mais outra e sábado fecharia, começando no aniversário de um e terminando no do outro.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas.

Xica me telefona e pede por favor para que eu a chame na minha sala para uma reunião de trabalho, só ela e eu. Por que ela mesmo não veio até mim? Por ser ela importante como a sinto importante, por ser objetiva e direta e me pedir esse caminho, e os ir estar morrendo de curiosidade, “sim, senhora”.

Mandei chamá-la através da enfermagem, ela atendeu meu chamado entre uma cirurgia e outra, ficou realmente parecendo que era coisa minha, que ela não iria atrasar as cirurgias como atrasou por vontade própria.

“Oi, querido. Lembra quando você veio dar alta para Cássia e disse que a gente tinha a porta de casa aberta sempre e a qualquer hora, isso ainda está disponível, tá valendo?” Xica é deslumbrante, apenas isso, não é o caso de ser linda ou não, e ela é linda, é uma coisa nela, estuda com aqueles pijamas do bloco cirúrgico, Crocks nos pés, sem brincos, o rosto quase sem maquiagem, cabelo preso numa touca, jogada no meu sofá, olhando para a janela e me evitando, porque não nasceu para pedir nada. Pouca gente é tão poderosa quanto Xica.

Minha tendência natural é dar voz a alguém antes de dizer sim ou não. “Como você quer que eu faça ou que você quer que eu faça.”

Naquela terça saí mais cedo, a tatuagem, sim, ela. Mas também porque não tinha mais demandas e eu estava muito cansado. Cheguei em casa e ainda deu para me sentar no sofá e ver que o dia estava indo embora, subi para o lounge externo no primeiro andar, a gente quase nem lembra daquele espaço, sentei lá e fiquei olhando o sol desaparecer na linha do horizonte, Daniel trouxe café para nós dois e sentou-se do meu lado sem dizer nada, nem ficou me encarando, apenas tomar um café perfeito num lugar perfeito tendo uma vista perfeita, não precisava dizer nada, eu não sei por ele, mas a felicidade daquele instante era tão sublime que imagino que o paraíso deva ser algo como aquele instante em loopping infinito. Pássaros se agitavam rompendo o silêncio, quinze minutos depois descemos, Conrado pergunta o que aconteceu, Daniel o abraça chorando, disse que estava rezando ao meu lado. Otto me pergunta desde quando sei rezar, que nojento! Ele diz que vai ter um monte de cirúrgicas no dia seguinte, me pede para eu o incluir em minhas orações. Noah ainda não havia chegado, eu sempre inclui tanta gente, como posso esquecer logo dele?

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