Os corações de ambos estavam acelerados. Ricardo e Tonny estavam muito próximos, a tensão quase palpável, mas disfarçavam. Tonny então recuou discretamente, saindo da frente de Ricardo. O silêncio entre eles se prolongou, carregado de significado, até que Amanda entrou no quarto, com seus longos cabelos negros e o rosto impecável.
— Os rapazes aí vão me acompanhar? — perguntou ela, animada.
— Por quê? O namorado te chutou, mana? — provocou Ricardo, rindo.
— Haha, muito engraçado. Ele já está me esperando na festa — respondeu Amanda com um sorriso debochado.
— E onde é essa festa? — perguntou Tonny.
— É aqui perto — respondeu Ricardo. — Vamos.
Saíram de casa juntos. Ricardo sentia-se encantado com a presença de Tonny ao seu lado. Era um sentimento forte e inesperado, algo novo que mexia com ele. Enquanto caminhavam, Ricardo olhou para o céu e notou como as estrelas brilhavam intensamente naquela noite.
Ao se aproximarem da casa de Léo, que era grande, o som alto da música já podia ser ouvido à distância. A lembrança de um sonho antigo passou pela mente de Ricardo. Quando estavam quase chegando, um rapaz moreno, alto, com cerca de 1,85 m, sorriso branco e olhos negros, aproximou-se e beijou Amanda apaixonadamente.
— Oi, amor — disse Amanda, sorrindo.
— Oi, Bruno — cumprimentou Ricardo, com um olhar desconfiado.
— Fala, cunhadinho. Como vai essa força? — respondeu Bruno, descontraído.
— Bem, bem... Ainda não entendi o que você viu nessa menina. Eu já teria mandado vazar faz tempo.
— Acho que vou fazer isso já — brincou Bruno, dando risada.
Amanda deu um tapa de leve nas costas de Ricardo e entrou na festa com o namorado, deixando Ricardo e Tonny a sós.
— Vamos entrar — disse Ricardo. — Vou te apresentar à Marilian, à Carol e ao dono da casa — e da festa — meu melhor amigo, Léo.
Tonny apenas assentiu com a cabeça. Ao entrarem, foram imediatamente envolvidos pela vibração da festa. Pessoas dançavam, se beijavam, riam alto e aproveitavam a noite intensamente. Dentro da casa, encontraram o grupo de Ricardo reunido.
— Fala, galera! — cumprimentou ele.
— Oi, lindo — respondeu Carol, sorrindo.
— Lindo como sempre, hein, Rick — disse Marilian, com um olhar tímido.
— Você é que está uma formosura, Mara — retribuiu Ricardo.
A garota corou, e Léo não perdeu a chance de brincar:
— Ih, a Mara ficou vermelha! — disse, rindo.
Todos riram, até mesmo Tonny, mais contido.
— Galera, esse é o Tonny. O carinha novo da escola — anunciou Ricardo.
— Olá — disse Tonny, meio sem graça.
Todos o cumprimentaram, e Carol, mais afoita, o abraçou com entusiasmo. Tonny ficou vermelho, claramente desconcertado com o gesto.
— Carol, já se oferecendo pro cara? — brincou Léo.
Ao ver os dois se abraçando, Ricardo sentiu algo estranho dentro de si. Um incômodo silencioso cresceu em seu peito. Sem pensar muito, chamou Carol.
— Vamos ali comigo pegar algo pra beber?
— Vamos. Tenho mesmo uma coisa pra te dizer — respondeu Carol, trocando um olhar cúmplice com Marilian, que abaixou a cabeça discretamente. Eles se afastaram, deixando Tonny com o restante do grupo.
Léo então se aproximou de Tonny.
— E aí, cara? Por que não falou comigo mais cedo, quando fui até você?
— Nada pessoal, cara. É que eu tava com uns problemas e não tava no clima de conversar com ninguém — respondeu Tonny com sinceridade.
— Ah, entendo. Mas agora você já é nosso amigo. Pode contar com a gente pra tudo, beleza?
— Valeu, cara — respondeu Tonny.
De repente, Léo empalideceu. Seu rosto suava, os olhos fixos na porta. Tonny notou sua mudança repentina de expressão e seguiu seu olhar: dois homens sérios, desconhecidos e nitidamente mais velhos, haviam acabado de entrar. Eles não pareciam fazer parte da escola. Os dois olharam diretamente para Léo e seguiram caminhando em sua direção.
— Cara, você tá bem? — perguntou Tonny, preocupado.
— Léo, você tá branco. Que houve? — questionou Marilian, também notando o comportamento estranho do amigo.
— Nada não, gente... Já volto — murmurou Léo, tentando disfarçar.
Marilian segurou o braço dele.
— Você não está bem, Léo. Fala o que está acontecendo.
— Me solta! — gritou ele de repente, puxando o braço com força e quase fazendo Marilian cair. Tonny a amparou no reflexo, observando atentamente a reação de Léo, que seguiu apressado para o mesmo corredor por onde os homens haviam passado.
— Ele é sempre assim? — perguntou Tonny, intrigado.
— Não... É a primeira vez que ele grita comigo desse jeito — respondeu Marilian, ainda assustada.
Tonny então olhou na direção de Ricardo e Carol, que estavam na área das bebidas, com copos na mão. O clima entre eles parecia sério.
— Então, Carol... O que você tem pra me falar? — perguntou Ricardo, curioso.
— Rick, é sobre a Mara... — começou ela, hesitante.
— O que tem ela?
— Nada... Quer dizer... Ela tá apaixonada.
— Apaixonada? Mas por quem?
— Por você, Rick.
Ricardo ficou em choque. Aquilo não podia ser verdade. Marilian não podia gostar dele. Virou-se instintivamente para olhar na direção dela — e viu Tonny ao lado dela. Os dois juntos. A garota que o amava... e o garoto por quem ele estava começando a se apaixonar.
Continua...