1x06: A Verdade Em Nossos Lábios

Da série Desajustados
Um conto erótico de Lucas
Categoria: Gay
Contém 1006 palavras
Data: 09/06/2025 16:57:01

Os dois rapazes estavam pálidos. À frente deles, o menino sangrava muito. Seu rosto estava coberto de hematomas e arranhões. Eles não sabiam o que fazer, paralisados pelo desespero.

— Cara, o que a gente faz, pelo amor de Deus? — perguntou Tonny, com a voz trêmula.

— Calma, garoto, vamos ajudar — respondeu Ricardo, tentando manter o controle da situação.

Foi então que Tonny apontou para a rua.

— Olha! Está vindo um carro ali!

Ricardo não pensou duas vezes. Correu até o veículo, que freou bruscamente diante dele. Um homem e uma mulher desceram assustados, mas rapidamente entenderam o que estava acontecendo. Com a ajuda dos dois rapazes, o homem pegou o menino nos braços e o colocou dentro do carro. Partiram imediatamente para o hospital mais próximo.

Ao chegarem, a recepcionista os abordou com pressa:

— O garoto tem plano de saúde?

— Não sei, moça — respondeu o homem. — Não o conhecemos, mas podem atendê-lo. Estou disposto a pagar.

A mulher assentiu e chamou os médicos. Logo surgiram com uma maca, colocaram o menino nela e desapareceram pelo corredor. O grupo ficou na recepção, aguardando.

Ricardo suspirou.

— Obrigado, cara. É bom saber que ainda existem pessoas boas neste mundo.

O homem sorriu, gentil.

— Gostamos de ajudar. Acho que, se nós, seres humanos, fôssemos mais caridosos uns com os outros, o mundo seria um lugar melhor.

— E é por isso que eu te amo — disse a mulher, beijando o companheiro com carinho.

Tonny e Ricardo desviaram os olhos, um pouco constrangidos com a demonstração de afeto. O casal percebeu e se afastou entre risos.

— Qual é o nome de vocês? — perguntou Tonny, tentando quebrar o clima.

— Eu me chamo Jonathan — respondeu o homem.

— E eu, Indiara — disse a mulher.

— Eu sou Ricardo, e esse é o Tonny — completou Ricardo.

— Como encontraram o menino?

— Estávamos voltando de uma festa quando o vimos caído na calçada. Ele gritava de dor — explicou Tonny.

— Que tipo de monstro faria isso com uma criança? — exclamou Indiara, indignada.

— Alguém sem alma... ou humanidade — murmurou Ricardo.

Jonathan balançou a cabeça, pensativo.

— Espero que não demore muito. Quero saber o que aconteceu com ele.

Alguns minutos depois, o médico surgiu no saguão, com semblante sério, mas calmo.

— O garoto levou vários socos no rosto e chutes no abdômen. Parece que foi empurrado ao chão com força e bateu a cabeça. O ferimento foi grave — levou seis pontos. Vai precisar ficar internado por alguns dias, mas ficará bem. Alguém quer visitá-lo? Só podemos permitir a entrada de dois por vez.

Ricardo se adiantou.

— Vão vocês. Eu e Tonny já estamos indo. Amanhã voltamos pra vê-lo.

— Não, imagina — disse Jonathan. — Estamos com pressa, vamos resolver o pagamento e sair logo. Vão vocês vê-lo. Qualquer hora, voltamos.

Antes de partir, ele entregou um cartão com seu número.

— Qualquer coisa, me liguem.

Ricardo agradeceu. Após a despedida, ele e Tonny seguiram até o quarto do hospital. Ao entrarem, viram o garoto deitado, olhando para o teto, com o semblante distante. Não percebeu a presença dos dois.

— Oi — disse Ricardo.

Alguns segundos se passaram até que o menino respondeu, ainda com a voz fraca:

— Oi...

— Como você se chama? — perguntou Tonny.

— Fernando.

Ricardo se aproximou da cama.

— Então, Fernando... fomos nós que te encontramos na rua. Você pode nos contar o que aconteceu? Onde estão seus pais?

Ao ouvir a pergunta, Fernando começou a chorar. Lágrimas silenciosas escorriam pelas bochechas feridas.

— Tudo bem, cara — disse Tonny, sensibilizado. — Pode contar pra gente. Vamos te ajudar.

— Eu... eu não aguento mais isso. Não queria ser assim...

— Assim como? — questionou Ricardo, confuso.

— Todo dia... eles me batem, me machucam, me ameaçam. Meus pais não entendem e continuam me mandando pra aquela escola. Eu queria sumir. Acabar com tudo...

— Mas... por quê? — perguntou Tonny, com o coração apertado.

— Por eu ser gay. Dói muito. Eles ouviram uma conversa minha com um amigo e... depois disso, começaram a me abusar, a me bater, a me chamar de monstro, de viado. Eu não aguento mais...

Ricardo e Tonny ficaram sem palavras diante da revelação. O garoto estava ali, todo ferido — física e emocionalmente — por causa de um preconceito cruel.

— Cara... eu entendo como você se sente — disse Tonny, com a voz embargada.

— Não, você não entende! Ninguém entende o que é amar um garoto e ser abusado por ele... ser humilhado por todos... — desabafou Fernando.

Tonny respirou fundo.

— Eu entendo, sim. Também sou gay. Já passei por muitas coisas... coisas horríveis, que nem gosto de lembrar.

Ricardo estava quieto. A conversa mexia com ele profundamente. Era como se cada palavra de Fernando tocasse os seus próprios medos — os mesmos que o impediam de se assumir. Ver Fernando ali, machucado, desejando morrer, doía como um alerta. E saber que Tonny já havia passado por isso... doía ainda mais.

— Então você me entende, Tonny... entende como eu quero sumir, não queria ter nascido assim...

Tonny segurou firme na mão de Fernando.

— Mano... uma coisa que aprendi é que você precisa se aceitar. Sua família... seus amigos de verdade não vão se afastar de você. Você tem que andar de cabeça erguida. Não pode deixar que esses monstros tomem conta da sua vida.

Ricardo levantou-se. Precisava respirar. Saiu para a varanda do quarto, tentando controlar o que sentia. Alguns minutos depois, Tonny apareceu.

— Cara, o que houve? Por que saiu?

Ricardo hesitou. Baixou o olhar. E então, com o coração acelerado, murmurou:

— Tonny, eu...

— Pode falar, cara — encorajou o amigo.

Ricardo se aproximou. Sem dizer mais nada, encurtou a distância entre os dois e o beijou. Um beijo intenso, cheio de sentimento. Tonny correspondeu. Era um beijo molhado, ardente, esperado por muito tempo. Ricardo nunca havia beijado um garoto antes. Mas, naquele instante, sentiu-se entre as estrelas, próximo da lua... como se finalmente fosse ele mesmo.

ContinuaOlá! Vou deixar um cantinho pra comunicar com vocês. A série já está finalizada com 5 temporadas. 110 capítulos ao todo, mas preciso saber de vocês se querem a continuação, gosto de ler comentários e trocar ideias com os leitores. Não deixem eu escrever sozinho aqui :')

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