Na tarde seguinte, estávamos todos de novo sob a mangueira da casa do Jonas. O calor deixava o ar denso, e o silêncio entre nós era estranho. Até que Samuel, com aquele sorriso de quem não aguenta guardar segredo, soltou:
— Acho que chegou a hora da gente parar de fingir que ninguém sabe.
Todos olharam pra ele. Daniel ergueu uma sobrancelha, já sabendo aonde aquilo ia.
— Sobre a Daniela — completou Samuel, com um meio sorriso. — Vamos ser sinceros: quem aqui ainda não teve um momento com ela?
Um por um, as mãos começaram a se erguer. Ninguém se surpreendeu. Só restava colocar as cartas na mesa.
Daniel foi o primeiro a falar — direto, sem rodeios:
— A primeira vez foi no curral vazio, no fim da tarde. Ela me puxou pra trás da porteira e pediu que eu a pegasse por trás, com a calcinha só puxada de lado. Disse que gostava de sentir o vento no rosto enquanto era tocada.
Samuel riu, encostado no tronco da mangueira:
— Comigo foi no açude. Ela me afundou na água, sentou no meu rosto e mandou eu não respirar até deixá-la tremer inteira. Quase me afoguei... mas faria de novo.
Caíque falou logo em seguida, com aquele brilho de quem adora uma boa história:
— Ela me deu uma carona de trator até a estrada. No caminho, subiu no meu colo e cavalgou como se estivesse dirigindo os dois ao mesmo tempo. Nunca mais subi naquele trator sem lembrar do cheiro dela.
Lucas, mais calado, falou só o essencial — e foi o suficiente:
— Comigo foi no depósito de ferramentas. Me mandou encostar na parede e só usar as mãos. Queria saber como eu a faria gozar sem tirar a roupa dela. Consegui. Duas vezes.
Tiago, meio envergonhado, tentou disfarçar o sorriso, mas falhou:
— Aconteceu durante uma tempestade. Nos abrigamos no celeiro. Ela disse que o som da chuva deixava ela molhada de outro jeito. E pediu que eu descobrisse como usar a boca melhor do que os trovões usavam o céu.
Todos riram. Marcel, que até então observava, completou:
— A dela não é só a pele… é o olhar. Ela toca como se lesse o que a gente pensa. Como se soubesse onde encostar pra fazer a gente perder o controle.
Jonas, por fim, olhou pros outros com um sorriso contido:
— Eu só ajudei a esconder... mas confesso: numa dessas, ela me puxou pra perto. Mandou que eu ficasse assistindo. Disse que tinha prazer em ser admirada. E, sim… eu admirei bem de perto, essa e todas as outras vezes.
O silêncio que veio depois não era desconfortável. Era pesado de lembranças, imagens, desejo. Daniela havia sido parte de cada um — e não de forma igual. Ela era como uma brisa quente que passava, marcava a pele e deixava o corpo desejando mais.
Todos sabíamos: aquilo não ia parar por aí.