1x08: A Face da Ameaça

Da série Desajustados
Um conto erótico de Lucas
Categoria: Gay
Contém 1763 palavras
Data: 10/06/2025 20:17:35

Ricardo sentiu o medo gelar seu sangue e, sem pensar duas vezes, acionou a gravação no celular. — Por quê? — questionou, a voz tensa. — Não vou me afastar dele, sou amigo dele e vou ajudá-lo.

— O recado está dado — respondeu a voz misteriosa, cheia de ameaça. — Se meta entre nós e pagará caro.

A ligação foi abruptamente encerrada, deixando Ricardo em um turbilhão de nervosismo. Ele reproduziu a gravação, tentando desesperadamente reconhecer a voz, mas era completamente desconhecida. Resolveu então registrar os eventos do dia em seu diário: o encontro com Tony, o primeiro beijo com um garoto, a declaração de Marília, a imagem perturbadora dos dois homens segurando Léo, a história de Fernando, e agora, aquele telefonema ameaçador. Tudo estava ali.

Seu devaneio foi bruscamente interrompido pelo grito da mãe, Zélia: — Amanda, minha filha, o que houve?

— Nada, mãe, nada. Me deixa em paz, por favor — respondeu Amanda, que entrou em seu quarto, de frente para o de Ricardo, batendo a porta com força. Ela se jogou na cama, encolhida, e começou a chorar desesperadamente. André acordou com a confusão.

— O que houve, mãe? — perguntou André.

— Não sei. Rick, você sabe de algo? — Zélia inquiriu.

— Como eu disse, acho que ela brigou com o Bruno, mãe — Ricardo respondeu.

— Briga de namorados, então — concluiu Zélia.

— É. Bom, vou dormir, amanhã tenho aula — disse Ricardo.

— Melhor fazer o mesmo, André — Zélia aconselhou.

— Eu estava dormindo, mas com a gritaria de vocês... — resmungou André.

Todos se recolheram, mas Amanda continuou na cama, o choro abafado e os murmúrios incessantes. — O que faço, meu Deus? Como deixei isso acontecer? — ela lamentava, as lágrimas escorrendo até que o sono a venceu.

Carol finalmente chegou à casa de Marília. A garota estava sentada na varanda, os olhos marejados. Ao sentir a presença da amiga, levantou-se e a abraçou forte, sentindo uma dor imensa.

— O que houve, amiga? — perguntou Carol.

— Ele não me ama, Carol, por quê? — Marília desabafou.

— Não fica assim. Você tem que entender que o amor é seu, nunca se precipite demais em amar outra pessoa. Eu sempre te disse que ele ser seu amigo e te tratar bem não quer dizer que ele te ama como mulher — Carol consolou.

— Mas eu o amo muito! Agora ele sabe. Como vou olhar para ele agora, conversar? Eu não devia ter dito que o amava — Marília lamentou.

— Deveria sim! Guardar isso pra você ia te fazer sofrer mais ainda. Agora ele sabe, pode começar a gostar de você mais do que amiga — Carol argumentou.

— Será? — Marília perguntou, com um fio de esperança.

— Claro! Quando uma pessoa recebe uma declaração, aquilo fica na mente. Com certeza ele já pensou em você, ou ainda vai pensar. Mas não estou te dando esperanças, ele também pode não querer nada, pode gostar de outra garota — Carol ponderou.

— Aham, obrigada, amiga — Marília agradeceu.

— De nada — Carol respondeu.

— Dorme aqui hoje, por favor. Amanhã acordamos cedo e vamos à sua casa — Marília pediu.

— Está bem, durmo sim — Carol aceitou.

As duas entraram na casa para dormir.

O dia amanheceu. Ricardo, como de costume, levantou-se, acordou o irmão e seguiu para o banheiro. Desceu para tomar café e encontrou Zélia e Amanda na sala. Ele notou que os olhos da irmã estavam inchados.

— Mana, o que houve ontem, que você chegou chorando? — perguntou Ricardo.

— Nada não, coisa minha — Amanda respondeu evasivamente.

Ricardo percebeu que seria melhor ficar quieto. Partiu para a escola, teve aulas de matemática e química nos três primeiros horários. Aproveitou o intervalo para falar com Marília.

— Quero falar com você — Ricardo disse.

— Agora não, estou ocupada — ela respondeu, e se afastou, deixando-o sozinho.

Até que Tony veio em sua direção. Ao vê-lo se aproximando, Ricardo se lembrou do beijo e ficou constrangido.

— Depois da aula, vamos ao hospital visitar o Fernando? — Tony perguntou.

— Claro, podemos sim — Ricardo concordou.

— E vamos ter uma conversa também — Tony completou.

Após o intervalo, voltaram para a sala e assistiram o restante das aulas. Quando o sinal bateu, Tony e Ricardo saíram juntos.

— Cara, ontem à noite, quando cheguei em casa, pensei muito sobre mim, minha vida em São Paulo e no que você me disse ontem no hospital — Tony revelou.

— Nossa, pensei bastante também, e tô até com medo do que você vai dizer — Ricardo admitiu.

— Rick, eu quero dizer que... — Tony começou, mas foi interrompido pelo telefone de Ricardo.

— Alô? — Ricardo atendeu.

— Eu te disse para você esquecer o Fernando — a voz misteriosa falou.

— Você de novo, cara? O que você quer? Foi você que bateu no Fernando, não foi? — Ricardo perguntou, nervoso.

Percebendo a tensão, Tony puxou o celular da mão de Ricardo. — Alô? — ele disse.

— Você é outro. Vocês dois, afastem-se do Fernando, ou irão pagar caro — a voz ameaçou.

— Não iremos nos afastar não, iremos continuar a ajudá-lo — Tony respondeu com firmeza.

— Vocês que pediram. Vou machucar um por um, começando com Fernando — a voz concluiu antes de desligar.

Tony olhou para Ricardo, com os olhos arregalados. — Temos que correr para o hospital, o Fernando está em perigo!

— Vamos! — Ricardo exclamou.

Ambos correram para o hospital, chegando ofegantes. Falaram com a secretária e entraram rapidamente no quarto de Fernando, que acordou assustado.

— O que houve? Por que a pressa? — perguntou Fernando.

— Cara, acho que o seu agressor está vindo te machucar — Ricardo disse.

— Como assim? — Fernando questionou, confuso.

— Ele ligou para o Rick e disse que estaria vindo te machucar, que era para nós não nos metermos em sua vida — Tony explicou. Fernando começou a chorar.

— Ontem ele ligou para mim à noite, eu gravei. Escute, vê se reconhece a voz — Ricardo disse, reproduzindo a conversa.

Fernando balançou a cabeça, confirmando. — É realmente ele.

— Nos conte o que ele realmente faz com você — Tony pediu.

— Ele, ele... — Fernando começou a chorar. Tony o abraçou reconfortante, o que o ajudou a continuar. — Tudo começou quando há muitos anos Éramos amigos, até que um dia ele me forçou a beijá-lo. Eu já gostava de garotos, mas não à força. Depois disso, foi piorando. Ele me fazia, me fazia chupá-lo e depois ele, ele tirou minha virgindade brutalmente. Foi horrível. Daí pra cá, ele vem me abusando sexualmente, me agredindo, junto com os amigos dele. Dói, cara, é horrível.

Ricardo e Tony se emocionaram com a história de Fernando.

— Não se preocupe, vamos te ajudar — Tony prometeu.

— Somos seus amigos, pode contar com a gente para tudo — Ricardo assegurou.

— Muito obrigado, amigos, mas será que ele está vindo mesmo? — Fernando perguntou, ainda assustado.

— Foi o que ele me disse — Tony respondeu.

— Mas acho que ele só falou para assustar vocês — Fernando ponderou.

— Mas mesmo assim, vou continuar aqui com você — Ricardo afirmou.

— Eu também — Tony concordou.

Ricardo olhou para Tony e fez um sinal para que saíssem, Tony entendeu e saiu.

— Fernando, eu e o Tony precisamos ter uma conversa — Ricardo disse.

— Ok, sei bem o que é — Fernando respondeu, e ambos sorriram.

Ricardo saiu e encontrou Tony do lado de fora.

— O que você ia me dizer, então? — Ricardo perguntou.

— Ricardo, quero namorar com você, você aceitaria? — Tony disse, direto.

— Sim, quero muito! — Ricardo respondeu sem hesitação.

Sem pensar duas vezes, Tony puxou Ricardo para um beijo, que se entregou completamente. Se o beijo de ontem foi um momento, o de hoje era o beijo de um namoro, um acontecimento que deixou Ricardo muito feliz. Mas novamente, seu celular tocou.

— Alô? — Ricardo atendeu.

— Caíram na minha armadilha, é isso que eu quero. Agora coloque no viva-voz, quero falar com o Fernando — a voz ameaçadora ordenou.

— Você de novo, cara! Deixe o Fernando em paz — Ricardo rebateu.

— Quero falar com vocês três agora — a voz insistiu.

Ricardo obedeceu, colocou no viva-voz e entrou no quarto.

— Pronto, seu doente — Ricardo disse.

— Fernando, está me ouvindo? — a voz perguntou.

Assustado, olhando para Tony e Ricardo, Fernando respondeu: — O que você quer, seu, seu psicopata?

— Você sabe o que eu quero, cara, quero você — a voz disse.

— Mas você nunca vai me ter! — Fernando exclamou.

— Ouviu? Ele não te quer, deixe o garoto em paz — Tony interveio.

— Hehe, não é verdade, né, Nando? Sei que você me ama, e você sabe disso — a voz provocou.

— Como assim? — Ricardo perguntou, confuso.

— Fala para ele, Nando, fala, que você me ama — a voz instigou.

— Fernando, cara, por favor, fala que você não ama esse doente — Tony implorou.

— Desculpas, cara, mas é verdade, eu realmente o amo — Fernando disse, e a risada do outro lado da linha reverberou.

Tony e Ricardo se espantaram com a notícia, olhando para Fernando, que chorava como um bebê.

— Ele pode te amar, mas essas suas atitudes fazem o ódio dele ser maior do que o amor que ele sente por você, seu retardado mental! — Ricardo explodiu.

— Ricardo, não se meta em nossa história, ou André, acho que é seu irmão, pagará. Conheço sua família, cara, sou mais perto de você do que você imagina. Aliás, o Fernando também — a voz ameaçou.

— Não entendi, e deixe minha família fora disso — Ricardo disse, a voz trêmula.

— Haha, Fernando, volte logo, cara, estou com saudades do seu corpo, sua boca, sua bunda — a voz zombou.

— Vai para o inferno, Pedro! — Fernando gritou.

Pedro desligou o celular. A tensão voltou para Fernando, que chorava muito. — Por favor, preciso ficar só um pouco, se vocês não se importarem.

— Nós entendemos, vamos embora, mais tarde venho te ver — Tony disse.

Ricardo e Tony saíram do quarto, cada um chocado com o que acabavam de presenciar.

— Esse garoto está sofrendo e muito. Irei ajudá-lo. Já sofri demais também, e com isso não aguento ver ninguém sofrendo como ele está — Tony disse, a voz embargada.

— Quero saber quando irei saber sobre seu passado? — Ricardo perguntou.

— Um dia te conto, afinal somos namorados agora, não somos? — Tony respondeu, e ao falar isso, partiu para sua casa, deixando Ricardo pensando nisso.

Um sorriso surgiu em seu rosto diante de tudo o que havia acontecido. Agora ele estava namorando Tony. Ele partiu para casa, entrou e a encontrou vazia. Não, seu irmão estava jogando videogame com um amigo no andar de cima. Ricardo entrou na cozinha, bebeu um copo de água e ouviu a conversa dos dois do quarto.

— Está preparado para perder, Pedro? — André perguntou.

— Coitado de você, André — Pedro respondeu.

Ao ouvir a voz de Pedro, Ricardo deixou o copo cair. Correu para o quarto e abriu a porta abruptamente. Pedro se levantou assustado, estendeu a mão com um sorriso falso.

— Olá, Ricardo, me chamo Pedro, amigo do Nando.

Ricardo se viu diante do agressor de Fernando, e seus olhos se encheram de fúria...

Continua...

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