GAROTO, EU ODEIO AMAR VOCÊ [48] ~ EU NÃO LEMBRO DE NADA!

Um conto erótico de Lucas
Categoria: Gay
Contém 2173 palavras
Data: 11/06/2025 08:32:34

No outro dia acordei e o Raul ainda estava dormindo, assim como o Matias que continuava roncando no seu quarto. Me levantei, vesti uma cueca e fui ao banheiro mijar. Me olhei no espelho — uma leve ressaca e a lembrança vívida do Raul na noite anterior, tudo o que fizemos ecoando na minha mente como um filme em slow motion. Como seria a reação dele? O que será que ia acontecer entre a gente? Ou será que ele iria se fazer de doido, como tantos fazem?

Quando saí do banheiro, o Raul tinha acordado e estava mexendo no celular, a testa franzida como quem tenta recuperar pedaços perdidos da memória.

— Porra, não lembro de nada de ontem à noite — disse ele me olhando com uma expressão confusa — A gente dormiu junto aqui?

— Sim, você apagou legal — falei sorrindo, mas por dentro senti uma pontada de decepção.

E então o Raul insistiu que não lembrava de nada. Típico de um "hétero" enrustido, não que ele fosse necessariamente, afinal não tínhamos tido essa conversa ainda. Mas no final das contas, talvez fosse melhor ele não lembrar de nada mesmo — ainda não estava com cabeça para um novo tipo de situação dessas. Apesar de que uma parte de mim queria desesperadamente chupar o Raul de novo. Só de lembrar do corpo dele, fico arrepiado.

O Matias logo acordou, ficou zuando a gente com aquele jeito descontraído dele, e conversamos enquanto ele improvisava um café da manhã. Ficamos na resenha falando de algumas pessoas da noite anterior, rindo de situações engraçadas, quando apareceu uma mensagem no grupo da faculdade — alguém chamando para ir à praia. Logo animamos com a ideia, o Matias nos emprestou sungas e partimos para mais um dia de aventura.

O resto do domingo foi divertido. Fiz amizade com outras pessoas, joguei frescobol, tomei umas cervejas geladas sob o sol escaldante. Mas aí o Raul acabou beijando uma menina da nossa turma, a Ohara — uma morena linda de olhos verdes que sempre chamava atenção na faculdade. Confesso que aquilo me deu um nó no estômago, uma pontada de ciúmes que eu não sabia que era capaz de sentir. Mas eu precisava entender o que estava rolando comigo. Afinal, eu estava mesmo gostando do Raul? Ou era só fogo no rabo? tesão passageiro?

E eu estava começando a me incomodar cada vez mais com o fato dele não se lembrar da noite anterior. Será que eu deveria falar alguma coisa, puxar o assunto? Ou simplesmente esquecer e seguir em frente?

Quando saímos da praia era quase final da tarde, eu tinha tomado umas cervejas a mais e estava naquele estado meio melancólico que o álcool às vezes traz. Voltamos para a casa do Matias, e o Raul disse que tinha que ir embora, que iria pedir um Uber. Ele se despediu meio rapidamente e desceu para esperar o carro. Fiquei mais um tempo jogando videogame com o Matias — qualquer coisa para chegar em casa o mais tarde possível e evitar meu pai.

E então, quando menos esperava, o Matias soltou:

— E você e o Raul, hein?

— O que que tem? — gaguejei, sentindo o coração acelerar.

— Cara, eu ouvi ontem uns barulhos muito familiares... — ele disse com um sorriso maroto — Vocês curtem?

— Eu sim — falei sem medo ou vergonha, decidindo que não adiantava mais esconder — Já o Raul, não sei... ele disse que não lembrava de nada.

— De você eu já suspeitava — o Matias riu — Eu sou gay também, cara. Namorei um rapaz no meu interior, mas a gente acabou quando vim pra cá. Agora quero "aproveitar" a cidade grande, sabe? Recuperar o tempo perdido, se é que você me entende.

— Sei bem como é.

— Mas me conta, como foi? — ele se aproximou, os olhos brilhando de curiosidade — O Raul é um gostoso, né? Hoje de sunga estava um espetáculo, um baita de um volume.

— Nossa, pode colocar espetáculo nisso mesmo — falei sorrindo, sentindo uma liberdade nova em poder falar abertamente — Queria de novo, não vou mentir.

— É grande mesmo então?

— Cara é ENORME, digo a você que é um dos maiores paus que já botei na boca, você precisa provar — disse rindo.

— Precisamos dormir aqui mais vezes... — o Matias piscou — Próxima semana vou tentar dar o bote no nosso "hétero" de Taubaté.

E então seguimos conversando como se fôssemos velhos amigos que finalmente tiraram as máscaras. O Matias se abriu comigo, contou sobre a dificuldade de ser gay no interior, sobre o ex-namorado que deixou para trás, sobre os medos e expectativas de viver numa cidade grande. Eu contei algumas coisas sobre minha vida também, sobre meu pai complicado, sobre as descobertas que estava fazendo sobre mim mesmo. Trocamos figurinhas sobre outros caras da nossa sala, rimos, especulamos, criamos teorias.

Quando percebemos, eram quase 23h. Falei que precisava ir embora, e ele se ofereceu para me deixar. Aceitei na hora — qualquer coisa para adiar mais um pouco o encontro com meu pai. Quando chegamos em frente ao meu prédio, ainda conversamos um pouco mais no carro, como se não quiséssemos que aquele momento de cumplicidade acabasse.

— Cara, que bom ter alguém para conversar sobre essas coisas — disse o Matias antes de ir embora.

— Verdade. A gente se fala amanhã — respondi, e finalmente subi para casa, a cabeça fervilhando com tudo que tinha acontecido.

Durante a semana as aulas foram acontecendo normalmente — trabalhos e mais trabalhos, provas surpresa, apresentações. Realmente a vida na faculdade era bem diferente do ensino médio, e qualquer ponto ajudava na média final. Eu, Matias e Raul éramos o trio inseparável, fazíamos tudo juntos, almoçávamos na cantina, estudávamos na biblioteca, íamos às festas universitárias. Mas ainda não tive coragem de ter uma conversa séria com o Raul sobre o que aconteceu naquela noite. O Matias até tinha me incentivado várias vezes a tocar no assunto, mas preferi deixar para lá — pelo menos por enquanto.

No sábado iria ter uma festa muito boa no bar gay que eu frequentava desde ano passado, e chamei o Matias para ir comigo. Ele ainda não conhecia o ambiente e estava animado com a novidade, mas não sabíamos se deveríamos contar ao Raul ou não. Então, quando estávamos sozinhos após uma aula, conversamos sobre isso:

— E então, vamos chamar o Raul para ir sábado pro bar? — perguntei, meio receoso.

— Cara, não sei... — o Matias coçou a cabeça — Mas eu acho que pode ser uma boa. Ou ele para de andar com a gente, ou ele se solta de vez. E eu aproveito e tenho o meu momento com ele — disse piscando maliciosamente.

— Safado — ri — Então vamos falar. Vamos chamar e ver qual será a reação dele.

— Acho que é melhor do que inventar qualquer mentira ou ficar escondendo.

— Tem razão.

Quando nossa última aula da sexta acabou, estávamos nós três indo pro meu carro. O sol estava se pondo e aquela energia de fim de semana já pairava no ar. Então resolvi quebrar o gelo:

— Sextou finalmente! — falei animado — O que vamos fazer hoje à noite?

— Beber, beber e beber — respondeu o Raul, esticando os braços.

— Achei que você fosse sair com a Ohara — disse o Matias, com um tom provocativo.

— Que nada, ali foi só um lance passageiro — o Raul deu de ombros — Hoje queria dar uns beijos em outras pessoas. E vocês?

— Bom, hoje estamos de boa, acho que um barzinho de leve — falou o Matias, me incluindo propositalmente na resposta.

— E você agora fala em nome do Lucas? "Estamos"? — questionou o Raul, arqueando uma sobrancelha.

— Sim, ele é meu parça.

— E eu sou o quê?

— Você é nossa hétero de estimação — disse o Matias no modo brincalhão, mas com uma pitada de provocação.

— E vocês não são héteros? — o Raul parou de andar e nos encarou.

— Não mesmo. Somos duas monas, duas gays, e você sabe muito bem disso — disse o Matias com naturalidade, como quem fala sobre o tempo.

— Eu sou bi, já fiquei com alguns caras — disse o Raul me olhando pelo retrovisor quando entramos no carro. Senti meu coração acelerar um pouco.

— Olha só, temos um "hétero de Taubaté" aqui — provocou o Matias — Então... amanhã podemos ir pro bar gay. Vai ter uma festinha bacana, o que acha?

— Cara, não curto muito esses locais gays não — o Raul hesitou.

— Ué, você num é bi? — eu falei entrando na conversa, finalmente.

— Bi bicha, né? — completou o Matias, rindo.

— Vocês vão mesmo? — perguntou o Raul, me olhando sério pelos espelhos.

— Sim, a gente se arruma lá em casa e depois dormimos todos lá.

— Combinado então... — ele suspirou — Irei com meus amigos gays.

— Então hoje? Barzinho com a turma?

— Sim. E amanhã quero dançar funk até amanhecer o dia — falou o Matias, já planejando a noite.

Um clima diferente havia se instalado entre nós. O Raul meio que se abriu para a gente, e agora não tínhamos mais segredos. À noite saímos com outros colegas de turma para um bar próximo à faculdade, mas o Raul logo se despediu — não quis ficar muito tempo, disse que estava cansado. Eu e o Matias bebemos mais algumas e depois cada um foi para casa.

No sábado passei o dia com o Thanos, meu cachorro, fiz alguns trabalhos atrasados da faculdade, e malhei. À tarde já fui para casa do Matias, peguei o Raul próximo ao shopping, passamos no mercado e compramos algumas bebidas. Chegando na casa do Matias, começamos a beber e ouvir música. Estávamos os três somente de cueca e sem camisa — o calor estava insuportável. Um clima meio tenso começou a surgir: trocas de olhares, uns toques "acidentais", o Matias cada vez mais solto e se insinuando pro Raul. Mas não passamos disso — a festa que íamos começava cedo.

Então nos arrumamos. Um a um foi tomar banho, escolhemos as roupas com cuidado — afinal, primeira impressão é a que fica. Logo estávamos todos prontos, pedimos um Uber, e partimos para a balada.

Quando chegamos, o lugar já estava lotado. Tinha muita gente bonita, a pista fervia de corpos suados dançando. Era uma festa de funk, a decoração era toda vermelha e dourada, e a atmosfera era completamente sensual — luzes baixas, todo mundo se soltando. Fomos direto para a pista, nós três juntos inicialmente.

Logo o Matias começou a beijar um menino moreno de olhos claros, e o Raul também encontrou alguém — um rapaz alto de cabelo cacheado. Olhei e sorri, satisfeito de ver os dois se divertindo. Eu tinha sido paquerado por alguns caras, mas não estava muito afim de nada sério.

Depois ficamos os três juntos novamente e fomos beber uma tequila. O Matias estava todo animado — afinal, ele queria o Raul bem bêbado, e eu estava sacando perfeitamente o plano dele. Beijei alguns meninos, assim como o Matias e o Raul também. A noite estava fluindo perfeitamente.

Até que quando deu umas 2h da manhã, dou de cara com o Carlos. Ele estava com uma roupa social impecável — terno azul marinho, gravata afrouxada no pescoço — tinha vindo de um casamento. Eu estava saindo do banheiro e ele entrando, e batemos literalmente de frente.

— Oi, Carlos — falei timidamente, sentindo meu estômago dar uma guinada.

— Oi, Lucas — disse o Carlos, e pelo tom da voz percebi que ele também ficou surpreso.

— Tão arrumado para uma festa de funk? — tentei puxar assunto.

— Tava num casamento, acabou cedo e quis vir aqui esticar a noite.

— Tá com alguém?

— Vim com dois amigos da faculdade. E você?

— Eu também.

Então nos olhamos por alguns segundos que pareceram uma eternidade. E como se fôssemos dois ímãs, trocamos um beijo. Eu diria que não foi só como um ímã, mas como uma atração magnética irresistível que levou minha boca até a boca do Carlos. O beijo era exatamente o mesmo de meses atrás — intenso, urgente, familiar. O cheiro era o mesmo, aquele perfume amadeirado que eu conhecia tão bem. Meu coração batia descompassadamente.

Fomos nos afastando até uma parede próxima sem desgrudas nossas bocas, encostei as costas na parede fria enquanto ele me prensava com o corpo. Seguimos nos beijando como se o mundo fosse acabar, até que finalmente ele parou e me olhou nos olhos:

— Tinha esquecido como era bom te beijar — ele sussurrou no meu ouvido, a respiração quente arrepiando minha pele.

— Também... estava com saudades de você — confessei, sem filtros.

— Acho melhor pararmos por aqui — ele disse, mas o corpo dele dizia o contrário.

— Por quê? Você não tá afim de mim? — perguntei, aproximando meu rosto do dele — Podemos terminar a noite juntos.

O Carlos mordeu os lábios, hesitou por um momento, mas depois sussurrou:

— Vou me arrepender disso, mas não será a primeira nem a última vez... vamos.

E então fui embora com o Carlos. Me despedi rapidamente do Raul e do Matias, apresentei o Carlos para eles. O Matias estava ocupado ficando com um amigo do Carlos, mas o Raul me olhou de um jeito estranho — uma mistura de surpresa e algo que não consegui decifrar. Mas naquele momento esqueci tudo, só queria terminar a noite com o Carlos.

Pedimos um Uber e fomos embora, deixando a festa e todos os questionamentos para trás

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Comentários

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💕 😈 🫣 Agora dá pra tirar a roupa de qualquer uma e ver tudo ➤ Afpo.eu/ekuza

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Quem quer tudo acaba ficando com nada! Lucas não tem um pingo de foco, uma hora ele quer o Raul e outra hora quer o Carlos. Na verdade, Lucas não vai ficar bem com ninguém enquanto ele não resolver os sentimentos por Carlos e Luke. Estou adorando os rumos da história. E quero ler mais putaria. Estou com saudade de ler um bom escritor descrevendo uma cena de sexo intenso.

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Eu já falei que amo esse casal?! Senão, já estou dizendo rsrsrs! Enfim! Pena que Lucas não merece Carlos. Vamos ver o que acontecer nos próximos capítulos.

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