O que ficou 25

Um conto erótico de R Valentim
Categoria: Gay
Contém 4895 palavras
Data: 12/06/2025 00:32:02
Assuntos: Gay, primos, segredo, Namoro, irmão

José Filho

— José, ele mandou dizer que não tem colunas no projeto dele — Ícaro, nosso estagiário da obra, fica sempre no meio do fogo cruzado entre mim e o arquiteto metido a besta.

— Pois diga a esse infeliz que a menos que eu use o chifre dele como apoio a casa inteira vai desabar antes mesmo de ficar pronta.

Meu irmão mais velho por parte de mãe é caminhoneiro e sempre nos demos muito bem, mas eu tenho um irmão militar e outro rico, então durante muito tempo ouvi minha mãe dizendo que pelo menos eu teria que estudar, já que o Andrey nem terminou o médio, por isso me formei em engenharia civil mas para dar orgulho a minha mãe, digo isso porque eu odeio o trabalho.

Não sou um gênio como o Rubens, mas sou bom no que faço, porém dentro do meu ramo tenho que lidar com muita gente burra e isso me tira a paciência totalmente. Porra passei cinco anos estudando então quando eu digo que precisa por a droga de uma coluna é porque precisa. Não tem motivos para encarecer o projeto bolando formas de sustentar a fundação sem elas. A integridade estrutural e a capacidade de carga geral dependem de elementos verticais adequados.

— Vou falar com ele de novo — Ícaro já me conhece para saber que não vou ceder.

— Diga a esse babaca bosal do caralho que se ele insistir nessa merda eu tiro meu pessoal daqui e ninguém coloca um tijolo nessa casa até mudarem o arquiteto.

— Seu José como vai ficar nossa diária desse jeito, a gente tem que seguir com a obrar? — O mestre de obras me pergunta preocupado, pois ele sabe que quando eu começo a brigar com os arquitetos o negócio vai longe.

— Pode ir seguindo com a obra da forma que orientei seu Jorge e deixe que o resto eu resolva.

— Sim senhor — é estranho dar ordens para pessoas bem mais velhas do que, nem todos são mais velhos, mas desde que comecei nesse ramo tive que aprender a me impor para ser levado a sério, justo por estar em um lugar de liderança na obra.

Depois de mais um longo dia de trabalho estressante para caralho vou encontrar com Júlia, ela me chamou para tomar uma com uns amigos dela, como amanhã já é sexta aceitei. Não somos tão próximos, mas não sei, tô com a sensação de que as coisas estão mudando um pouco depois do convite para almoçar com eles no aniversário do Ben, até que gosto dessa aproximação. Benjamin sempre foi um irmão foda e agora estou tendo uma oportunidade de ficar mais amigo da Júlia e do Rubens também.

Fiquei chateado quando Ben me contou que não iria conseguir viajar no fim de semana, mas quando pensei que a viagem seria cancelada me surpreendi com uma ligação do Rubens insistindo que eu fosse mesmo sem o Ben. Não vou mentir, dá um pouco de nervosismo se ir só, porém estou empolgado com a ideia de ir visitá-lo. Fora que conheci um primo que nem sabia que tinha e ele é mó gente boa, no fim essa viagem vai me fazer bem.

— Zé Filho! — Júlia pula nos meus braços assim que me vê — gente esse é o José Filho meu irmãozinho.

— Nossa Júlia, seus pais só sabem fazer filho gato puta que pariu — uma das amigas dela me lança um olhar sedutor.

— Claro né gata, eu sou linda, não tinha como meu manos serem diferentes.

— E aí pretinho tá solteiro — a mina é bem gata, branquinha e peituda do jeito que eu gosto.

— Esse negócio de se amarrar né pra mim não — digo cheio de malícia.

— O Zé é engenheiro civil e trabalha para uma construtora — minha irmã diz toda orgulhosa se gabando por mim.

— Quer dizer que além de bonito é bem empregado, desse jeito eu vou me apaixonar, você deve ter algum defeito né, mora com a mãe né?

— Não, sozinho — respondo — é um apezinho pequeno, mas dá pro gasto.

— Júlia, vou ser sua cunhada desse jeito!

A noite passou voando e claro que levei minha nova amiga pro meu apartamento, não sou de perder as chances que a vida me dar se ser feliz. Ela ficou louca pelo preto, quando pegou no pau eu soube que ela ia querer passar a noite me dando. Transamos até quase de manhã, mas como tenho que trabalhar daqui a pouco pedi um carro de aplicativo pra ela.

Consegui o fim de semana de folga então o plano é trabalhar hoje até às cinco da tarde, tô pensando em tomar banho na obra mesmo e já partir de lá. A ideia era ir de carro com o Ben, mas já que ele não vai vou viajar no meu mesmo, vai ficar meio salgado a gasolina, porém vale mais a pena, afinal o Rubens não dirige e nem tem carro. Estou colocando a mochila no carro quando Julia me liga.

— Zé o que você fez com a Ana, ela não para de te elogiar no grupo — ela diz rindo.

— Só nos divertimos nada de mais — se sou um bom engenheiro na cama posso dizer que foi aulas.

— Ei, a gente vai hoje ou tu quer ir só amanhã — não entendi o que ela quis dizer.

— Não vou poder sair, vou viajar para ver o Rubens.

— Eu sei ué, tô falando disso mesmo, vou com você, te falei naquele dia que iriamos todos juntos, isso que dá passar a noite transando e não dormir.

— Pensei que você não fosse mais por causa do Ben.

— Nada haver Zé, então a gente vai quando? você quer ir no seu carro ou vamos de ônibus, por que se for de ônibus tenho que pedir logo pro Rubens comprar minha passagem.

— Vamos de carro mesmo, o Rubens não tem carro e nem dirige ainda então acho que vai ser melhor se eu for de carro.

— Ótimo, você me busca em casa? Vou descolar com o Rubens uma inteira para gasolina.

— Eu te busco e não precisa se preocupar com isso — posso não ser rico como ele, mas tenho um bom salário e também não quero incomodá-lo com isso.

— Relaxa Zé, ele já teria que comprar minha passagem mesmo, dá na mesma eu falo com ele — Júlia insiste.

Não sei com o que a Júlia trabalha, mas sempre está nas festas e curtindo a vida, Ben uma vez deixou escapar que o Rubens é quem banca ela. Nas poucas vezes em que saí com ela fui eu quem pagou pela nossa conta, não sei o que ela tem, mas quando vejo estou pagando a minha comanda e a dela, ela é bem divertida e muito parceira de festa então tá tudo bem e Júlia é minha irmã, pensando um pouco nisso acho que faz sentido o Rubens ajudá-la.

O arquiteto não quis arrumar confusão comigo, no fim minha fama de ser poucas ideias me rendeu essa vitória. Já ouvi muito conselhos dos mais velhos de que tenho que ter mais paciência, só que não consigo, acabo sendo muito explosivo às vezes. Nunca cheguei a trocar socos com ninguém no trabalho, porém já cheguei perto disso.

Saindo do trabalho no horário que combinei, passo na casa da Júlia para buscá-la. Sua amiga da noite passada já me enviou umas duas mensagens, que respondi dizendo que estou indo ver meu irmão na serra — fiquei com a sensação de que ela ficou esperando um convite, só que já tinha avisado que sou um cara livre.

— Você quer que eu dirija? — Júlia se oferece — tipo você não dormiu quase nada de ontem pra hoje e também estava trabalhando até agora.

— Pode ser, já estava pretendendo me encher de energético no caminho — me surpreende um pouco Júlia ter essa preocupação comigo, como não somos tão próximos, esse é um lado seu que estou conhecendo só agora.

Ela troca comigo e assim pegamos a estrada, parando só pra abastecer e conferir os pneus, depois disso o sono me venceu, foi só o tempo de reclinar um pouco o banco que eu apaguei. Julia, me acorda já quase meia noite, dormi tão profundamente que nem vi o tempo passar. Rubens está abrindo o portão de casa para gente e por um momento sinto o nervosismo de novo — eu realmente estou aqui.

— Fizeram boa viagem? — Ele pergunta aparentemente feliz com nossa presença.

— O Zé dormiu a viagem toda, mas foi tranquilo — Júlia responde.

— Desculpa Julia, você devia ter me acordado pra gente revezar.

— Tá tranquilo Zé, o importante é que chegamos, cadê o Antônio?

— Ele tá tocando hoje, mas já deve está chegando, eu fiquei em casa hoje porque tava em reunião até quase agora e também pra esperar vocês, entrem, a tia Marli fez um jantar pra vocês.

— Zé você vai amar a comida da tia Marli — Julia me diz muito empolgada.

Aos poucos vou tendo a sensação de está em casa, tanto Julia quando Rubens estão se mostrando muito abertos comigo e isso é bom, eu gosto de ter muitos irmãos e meio que é um sonho pra mim me dar bem e conviver com todos eles da forma que for possível e nesse ponto Ben, Júlia e Rubens tem sido incríveis comigo nos últimos dias.

— Vocês podem ficar no quarto da vovó e eu fico com o Antônio — Rubens nos acomoda em um dos quartos.

— Não precisa me dar seu quarto irmão, eu posso dormir em uma rede na sala sem problemas — digo meio tímido e me sentindo mal por tirá-lo do quarto.

— Faz muito frio na sala, e aqui é mais confortável — nesse momento escutamos o motor de um Fusca chegando em casa — o Antônio chegou.

— Boa noite, tudo bem, fizeram uma boa viagem?

— Boa noite primo, fizemos sim — Julia responde abraçando ele.

— Boa noite, foi bem tranquilo — respondo.

— Aproveitando que você chegou Antônio vamos jantar — Rubens nos chama para cozinha.

A comida da tia Marli é divina, que minha mãe não ouça, mas foi a melhor comida que já provei, mesmo depois de dormir a viagem toda esse frio da Serra me deixou com mais sono. Resolvemos descansar por hoje e começar a curtir a viagem somente amanhã, Rubens disse que vai está livre o fim de semana todo, mas o Antônio tem umas coisas pra fazer amanhã então não vai está com a gente o dia todo, mas garantiu que a noite vai nos levar pra beber num pub onde ele toca — foi uma surpresa saber que ele é veterinário e músico, isso pra mim é muito inusitado.

Eles não brincaram quando me disseram que aqui faz frio, mesmo com a coberta sinto o quarto gelado. Júlia dormir logo, deve ter ficado cansada por conta da viagem, ela passou mais de quatro horas dirigindo isso é puxado pra quem não tem costume. Já viajei muito com meu irmão Andrey então já estou mais acostumado, mesmo se ela não tivesse se oferecido para dirigir teria conseguido chegar aqui de boas, meu irmão me colocava para dirigir o caminhão dele sempre que queria dormir ou descansar um pouco, aprendi a dirigir com ele então consigo fazer isso até dormindo.

Estou quase dormindo, mas está me dando cede, só que detesto incomodar — ainda mais que todos já se recolheram em seus quartos para dormir — depois de pensar um pouco decidi ir até a cozinha tomar água. Saio da cama tomando o máximo de cuidado para não acordar a Júlia e como um ladrão invadindo uma casa sigo até a cozinha sem produzir nenhum som.

— Esse fim de semana você vai ter que se comportar Antônio — escuto a voz do Rubens quando estou passando em frente a porta do quarto.

— Eu sei meu amor, mas a Júlia já sabe.

— Sim, só que o Zé não, então por favor, eu sei que você detesta isso, mas é que não sei o que ele pode pensar ou dizer.

— Tudo bem amor, mas a gente tá sozinho aqui, então vem aqui.

Acabei ouvindo bem mais do que deveria, disparo de volta para quarto até esquecendo que estou com sede, Rubens a e Antônio estão juntos e Júlia já sabe, me pergunto se o Ben já sabe. Logo quando achei que estava me aproximando deles, não consigo me sentir mais distante.

Na manhã seguinte Rubens acordou cedo e preparou um café da manhã caprichado para gente. A tia Marli que foi quem preparou o jantar da noite passada se juntou a gente também então a mesa está bem cheia.

— Nossa senhora, como você é a cara do José seu pai menino — ela diz se referindo a mim.

— Minha mãe disse que sou a cara dele quando tinha minha idade.

— E é mesmo, e como tá sua mãe tá boa?

— Tá sim senhora.

— Que negócio de senhora meu filho, pode me chamar de tia, afinal sou sua tia também não sou.

— A tia Marli é maravilhosa — Júlia diz dando um beijo em sua bochecha — desculpa tia não ter visto a senhora da última vez.

— Tá tudo bem minha filha — ela é uma senhora muito gentil e bem humorada.

— Tia eu vou levar eles para passa o dia no sítio do Bosco, a senhora não quer ir com a gente — Rubens convida.

— Não quero atrapalhar meu filho.

— Atrapalha a minha tia, deixe de besteira, vem com a gente — Júlia insiste.

— Tá bom então — ela parece muito feliz.

— Você tem mesmo que trabalhar, primo? — Júlia pergunta para o Antônio.

— Sim, vou precisar supervisionar a instalação dos equipamentos da clínica que estou abrindo com o Rubens e a Gessika.

Rubens explica que eles tem uma ong de atendimento veterinário e que também faz cirurgias veterinárias, é uma ideia muito interessante.

— Olha Antônio eu sou engenheiro civil, se precisar ajudar lá ficarei feliz em ajudar, afinal é uma boa causa.

— Mas aí você vai perder todo o passeio — Ele questiona.

— Não tem problema, vou ficar feliz em ajudar.

— Então tá decidido, Rubens, tia e eu vamos pro sítio e vocês vão trabalhar — Júlia resolve o problema rapidinho.

Dou a chave do meu carro para a Júlia e vou com o Antônio se Fusca conhecer essa clínica. O espaço é muito bom, mas tem muito trabalho, prateleiras para serem instaladas, fora outros pequenos reparos, tem um pedreiro que veio ajudar, mas com minha ajuda o trabalho acaba ficando muito mais dinâmico.

— Oi com licença — uma mulher muito gata surge na recepção enquanto estou em cima do cavalete arrumando as lâmpadas — o doutor Vilela está por aqui?

— Sim lá dentro, só um segundo que vou chamar ele pra senhora.

— Pode deixar eu sou uma das sócias da clínica — ele tem cara de ser muito inteligente, é um mulherão para ninguém. Por defeito.

— Gessika, pensei que você estaria a manhã toda no fórum? — Antônio do assim que vê sua sócia.

— Pois é, mas consegui um acordo então foi rapidinho, esse lugar vai ficar ótimo.

— Vai né, estamos terminando de instalar as lâmpadas, as prateleiras já foram colocadas, o José Filho tá dando um suporte com a parte elétrica.

— Ah ótimo, eu trouxe as tintas, só que tem um porém o pintor furou com a gente — Antônio faz uma cara feia assim que escuta a notícia.

— Eu posso ajudar com a pintura também Antônio — me ofereço.

Nas obras por onde passei sempre gostei de ficar por perto pra garantir que tudo está saindo como tem que ser, com o tempo e minha proximidade com os pedreiros acabei aprendendo muita coisa que não se ensina na universidade.

— Tá além de eletricista você também é pintor? — Gessika me pergunta — tá, só vou precisar do seu orçamento antes.

— Não preciso que me pague, estou ajudando de forma voluntária.

— Ah que ótimo — Antônio sorrir pois sua amiga achou que eu era funcionário deles.

— Me chamo José Filho — estendi a mão para ele — sou cunhado do Antônio, vim ajudar quando soube que ele precisava.

Antônio me encara ficando um tom mais branco do que já, Gessika me cumprimenta de volta.

— E eu sou Gessika, amiga, advogada e social do Antônio e do Rubens.

— Advogada é interessante — meu sorriso a fez corar um pouco — sou engenheiro civil.

— É e desde quando engenheiros colocam as mãos na massa? — Ela me provoca com uma piadinha.

— Eu gosto de fazer um trabalho completo já que no final dou meu nome assinado no projeto — faz questão de deixar o duplo sentido na ênfase de minhas palavras.

Minha naturalidade parece ter tranquilizado o Antônio que só seguiu com os trabalhos sem me questionar como sabia da sua relação com meu irmão. Foi uma aposta deduzir que a social sabia, mas imagino que ninguém monta uma clínica veterinária com pessoas que você não conhece.

Flertar com a advogada é muito gostoso, ela é linda e tenho a sensação de que está flertando comigo de volta.

— Então, além de eletricista, pintor e engenheiro, o que mais você faz? — Ela pergunta enquanto estou misturando as tintas.

— Sai comigo mais tarde que eu te mostro — ela me encara em tom de desafio.

— Convencido esse seu cunhado né — ela brinca falando com Antônio.

— Rapaz se ele for que nem o irmão dele acho que você não vai se arrepender Gessika — Antônio resolveu me dar uma força.

— Pois tá legal, vou te levar pra tomar uma cerveja e ver se você é tudo isso mesmo.

— Só me dizer que horas te busco e onde — digo sem perder tempo.

— Minha cidade, minhas regras, gatinho, eu busco você.

— Você deve ser uma ótima advogada.

— Olha eu faço uma sustentação oral como ninguém — Antônio não se aguenta com nosso flerte juvenil e caí na risada.

— Vocês são bregas demais, dão certinho um com o outro — ele diz não se aguentando de tanto rir.

— E tá vendo, tô sem moral, eu aqui construindo meu projeto com fundações bastante sólidas — entrei na brincadeira dos trocadilhos com o trabalho que ela começou.

— Tá bom, parei com vocês, vamos pintar que é melhor.

Antônio não consegue parar de rir, pois os trocadilhos infames com nossas profissões continuam pelo resto da pintura. Almoçamos na clínica mesmo, Antônio pediu comida pra gente. Gessika e ele parecem ser muito amigos, e ambos são muito divertidos.

— José Filho você é foda cara, sem você teríamos perdido o dia — Antônio me agradece quando em fim terminamos o serviço.

— Que isso, foi um prazer ajudar e melhor ainda que eu conheci minha advogada.

— Sua é? Meus honorários são caros viu — ela continua na brincadeira.

— Tem problema não, eu ganho bem.

— O engenheiro dando carteirada tá vendo aí Gessika.

— Eu vi, ele tá cheio de marra, vamos ver isso mais tarde se é só promessa ou se essa fundação é sólida mesmo.

— Depois que calçar pode é por peso em cima que não cai.

— Chega, vamos embora antes que eu passe mal com vocês dois — meu cunhado não aguenta mais rir.

Chegamos um pouco antes do pessoal em casa, bom que consegui tomar um banho quente. Julia ficou muito animada em saber que mau cheguei e já tenho um encontro com uma advogada gostosa, Rubens ficou surpreso, porém feliz por está me dando bem com Gessika.

— Para onde vocês vão? — Julia quis saber.

— Não sei, ela só falou que vem me buscar — digo animado com a inversão de papeis, porque normalmente sou eu quem busca as mulheres em casa.

— Eita que putão, vai transar e ainda conseguir uma carona, nem eu tenho essa sorte sempre — Julia brinca.

— Ela curtiu o que viu mais cedo o que eu posso fazer.

— Vocês tinham que ver esse fera em ação, foi cada cantada de qualidade que eles trocaram o dia todo, vocês precisavam ver — Antônio já começa a rir só de lembrar.

— Então você não vai pro bar com a gente? — Rubens pergunta.

— Na real não sei, ela só me falou que vai me levar para sair, não perguntei para onde.

— Entendi — Rubens ficou um pouco estranho.

— Mas olha eu prometo que amanhã vou ser inteira de vocês, não estava nos meus planos conhecer alguém tão legal.

— Tudo bem, Gessika é muito gente boa mesmo, fico feliz de vocês estarem se dando bem — Rubens parece sincero, porém acho que ele realmente queria passar um tempo comigo e não me convidou só para ser legal.

Eles acabaram saindo primeiro do que eu, mas não demorou muito para a Gessica me buscar. Caralho ela está com um vestido vermelho curto, um salto que a deixa quase da minha altura, o cabelo solto do jeito que gosto, essa mulher vai me deixar maluco até o final da noite. Quero despi-la aqui mesmo, ainda bem que resolvi me arrumar, coloquei uma camisa polo branca e uma calça jeans, não tem erro, fora o perfume importado que o Rubens me fez usar para agradá-la.

— Nossa não consigo decidir se você está mais gato assim ou com a roupa suja de tinta — ela diz cheia de cobiça.

— Relaxa que logo logo você não vai mais ter que decidir — deixo claro minha malícia nas palavras.

— Eu sei que vai parece desculpa minha, mas não sou de querer dar no primeiro encontro, só que com você quero pular a cerveja e ir direto pro motel.

— Vamos nessa, só que tem uma coisa que preciso te falar antes — ela arqueia uma sobrancelha.

— Você tem namorada?

— Não — digo rindo — é que eu vim ver meu irmão e não passei muito tempo com ele até agora então se você não se importar depois que a gente curti não vou poder dormir com você.

— Ainda é fofo, por onde você andou todo esse tempo em menino? — Ele me faz rir com seu comentário — vamos fazer assim, a gente curte um pouco só nos dois depois te levo pro pub que tal?

— Perfeito.

O beijo da advogada é outro nível bom, puta que pariu ela me deixou duro só chupando minha língua. Depois de quase treparmos no carro mesmo ela me leva para o pub, não transamos, mas já sei que ela não vai ser um lance de uma noite e só, vamos acabar ficando de novo. O tesão entre nós é quase palpável, não é fácil achar alguém como ela, essa viagem já se pagou só pelo beijo da minha advogada.

Rubens é o primeiro a nos ver, e tenho mais certeza agora de que ele queria passar um tempo comigo só pelo brilho nos seus olhos ao me ver, faço questão de sentar do lado dele e Gessika por ser uma mulher extremamente bem resolvida nem reclama do nosso distanciamento momentâneo, ela sabe que quero dar um pouco de atenção pro meu irmão, nisso ela só me deixou ainda mais interessado.

— Vou pegar uma cerveja para gente irmão — Julia diz e já sei que ela vai se esbaldar comigo e Rubens aqui.

— Esse lugar é bem legal — adoro um forró das antigas e dei a sorte de ser exatamente isso que está tocando.

Estou curtindo bem mais do que pensei que curtiria, Rubens até está bebendo um pouco com a gente. Quando começa a tocar Me usa da Banda Magníficos Júlia levanta de um pulo e me puxa o Antonio para dançar com ela, minha irmã é uma ótima dançarina e meu cunhado não fica atrás, ele a guia com talento. Rubens nota o brilho nos olhos da Gessika e me dá o toque para levá-la para dançar também.

— Então o pintor, eletricista e engenheiro também é dançarino? — Ela brinca.

— Muitos talentos te falei.

Essa música é muito boa de dançar e não sei se tem algo contagiante e quando Gessika começa a cantar isso para mim ela me deixa maluco, estou com meu corpo tão colado ao dela que é quase impossível não ficar duro feito pedra agora. A música acaba e voltamos para mesa, mas Júlia ainda quer dançar um pouco, como Antônio não quer deixar o Rubens sozinho ele diz está cansado.

— Sério, eu quero dançar.

— Vamos irmã — digo voltando com ela para a pista de dança.

Antonio sabe dançar, mas que nem eu é difícil, ainda mais quando pego uma parceira que se garanta que nem a Julia a gente rouba a cena na pista. Quando Meu Vaqueiro, Meu Peão do Mastruz com Leite começa a tocar Julia e eu estamos dando aulas de dança no meio do povo, adoro essa música. Ainda dançamos mais umas duas músicas até o cansaço bater e a gente resolver da um tempo.

— Vou ao banheiro — Júlia diz quando voltamos à mesa.

— Vou com você — Gessika se oferece e as duas vão juntas.

— Moleque você dança para caralho — Rubens diz impressionado.

— O Andrey diz que puxei o pai — digo.

— Nosso pai conquistava as mulheres dançando forró com elas nas festas — Rubens explica para o Antonio.

— Onde fica o banheiro? A cerveja finalmente me pegou — digo.

Antonio me diz como chegar. Para minha sorte não teve fila foi rápido, mas quando estou saindo percebo uma mulher morena brigando com Julia, Gessika está tentando afastar minha irmã, mas a outra mulher continua provocando a chamando de puta e tudo mais.

— O que tá acontecendo aqui? — Pergunto me aproximando.

— Eu que vou saber, essa recalcada que começou a me xingar — Júlia se defende, Gessika e ela parecem conhecer a mulher, mas não faço ideia de quem seja.

— Luana por favor — Gessika pede a mulher confirmando minha teoria.

— Eu quero saber se essa vagabunda vai ter coragem de repetir na minha cara o que ela acabou de dizer! — A mulher insiste.

— Você é uma maluca, meu irmão não teve nada haver com o seu término querida, ele não é da sua laia não — Júlia se enche de deboche.

— Eu vou te quebrar sua puta! — A tal Luana avança para cima, mas algumas pessoas que estão com ela a segurarão que a confusão está formada.

— Cai para cima vagabunda, puta que nem você eu como na porrada — Júlia é pequena, mas é valente.

— Melhor segurar essa putinha ai — um cara simplesmente solta a frase sobre minha irmã e minha reação é instantânea, em segundo o cara está no chão com o nariz sangrando.

— Olha aqui parça, sua mulher querer se estapear com minha irmã não tenho nada com isso, a Júlia resolve os BOs dela, agora se você ou qualquer outro marmanjo aqui abrir a boca para falar dela eu vou quebrar na porrada ouviu?!

O choque deles foi tão grande que a confusão acabou, acho que devo ter quebrado o nariz desse palhaço e ele agradeça a Deus que fui eu e não Andrey que tretou com ele, até porque meu irmão só para quando o cara não consegue mais se mexer. Antonio e Rubens brotam do nosso lado tirando a gente de perto deles. A Luana ficou gritando com ofensas para o Rubens e para a Júlia, os amigos do cara por outro lado ficaram calados, acho que depois de ver seu amigo cair com um direto devem ter ficado com medo de vir para cima de mim.

— Olha Antonio essa sua ex é um piranha sério, que vagabunda recalcada, ela deu foi sorte que a Gessika não me deixou limpar o chão com a cara dela — Júlia está possessa, eu só estou encarando os caras de forma séria esperando para ver se eles vão cair dentro ou só vazar mesmo.

— A Luana quem começou a chingar você Rubens dai a Julia foi cobrar satisfação — Gessika explica o início da treta.

Pelo que entendi ela é ex do Antônio e deve está culpando o Rubens por eles terem terminado e agora o Antonio está namorado o Rubens, Júlia tem razão deveriam ter deixado ela dar uma lição nessa maluca. Rubens parece muito preocupado com o fato de eu ter entendido o que aconteceu, o que me faz lembrar de que ele contou ao Ben e para Julia, mas para mim mesmo não, embora possa entender seus motivos, ainda sim não consigo não me chatear com esse afastamento que ele criou entre a gente por algo assim.

— José Filho, você está bem? — Rubens pergunta depois que os outros vão indo para o carro nos deixando um pouco para trás.

— Estou sim, já o babaca que falou da Júlia não — digo ainda puto com a audácia do maluco de xingar minha irmã na minha frente.

— Olha sobre mim e o Antonio — ele começa a falar, mas o interrompo.

— Eu já sei Rubens, ouvi vocês ontem sem querer — digo de uma vez, pois percebo que ele daria muitas voltas até conseguir dizer.

— Você está de boas? — Ele pergunta confuso.

— Rubens é sua vida irmão, para mim não tem besteira, eu pego mulher e homem — ele parece chocado — e o Andrey também não liga, ele até já arrumou uns amigos dele para mim.

— Eu não sabia — ele está mesmo chocado.

— Pois é, olha Rubens você tem seu direito de querer guardar segredo, mas eu realmente pensei que você queria na sua vida.

— Eu tive medo de você não entender — ele se justifica.

— Andrey é caminhoneiro Rubens e o Ben passou muito tempo fora, o Santi nem se fala esse sumiu no mundo sem me dar nenhuma notícia, o Biano é outro que prefere se manter longe e você era o único com a minha idade, éramos próximos, mas daí você resolver não ser mais — percebo que ele não notou a distância que ele próprio criou entre nós.

— Zé eu sinto muito.

— Tudo bem Rubens, deixa quieto — nunca me senti tão distante dele como agora, então sem mais ter o que dizer apenas caminho até o carro em silêncio.

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Comentários

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Rafa, você consegue deixar a história cada vez melhor!

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Que conto bom do caralho! Zé filho nunca me enganou rsrsrs! Ele e gessika tem química, espero que fiquem juntos! Amei ver o ponto de ze filho, por favor faça isso com outros personagens! Fica muito mais interessante de ler. Espero que Rubens finalmente se sinta livre de vez com os irmãos, viver assim não faz bem! Mas por outro lado eu entendo ele, nem tudo é tão simples, ainda mais pra nós lgts.

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Eu senti desde o início desse cap que o Zé filho curtia homens tb kkkkk ainda acho que vai rolar algo entre ele e o carinha da obra que implicou com a decisão dele. Mas ainda quero um desenrolar bom entre ele e Gessika.

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Gostaria de saber o ponto de vista do Andrey o caminhoneiro. Deve ser bastante salutar.

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Esse conto está maravilhoso , os personagens são tão reais e cativantes que podem sair vários spin off desse daqui, cada irmão uma história secundária. Com esse fecho o Zé deveria abrir para o Rubens sobre o bem sabe do relacionamento do casal.

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🍑 😏 👀 Dá pra tirar a roupa delas e ver tudo! ➤ Afpo.eu/ekuza

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Não sei porque mas eu tinha uma intuição que Zé Filho curtia… e agora se confirmou. Essa história que eu amo ler

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O Andrey também me passa essa vibe,viu.

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