Rubens
Não consegui conversar com Zé Filho depois de ontem, ele passou o domingo com Gessika. Levamos eles para jantar no Centro todos juntos, depois eles foram embora de volta para Fortaleza. Mas uma vez minha covardia me fez ficar ainda mais longe daqueles que amou, durante toda minha vida tive medo do fato de ser gay fazer com que meus irmãos se afastassem de mim, quando na verdade foi guardando esse segredo que eu mesmo me afastei deles. O medo foi tomando de conta de mim ao mesmo tempo em que ele me cego para a verdade.
— O que você está pensando? — Antonio me pergunta na volta para casa, agora só nos dois.
— Antonio, você acha que eu devo fazer terapia para tentar superar esse meu medo de me assumir pros meus irmãos?
— Amor, vou apoiar qualquer coisa que queira fazer, se isso vai te ajudar sou totalmente a favor — sabia que ele responderia isso, é muito bom ter um namorado que se preocupa comigo dessa forma e que cuida de mim, as vezes acho que não mereço tanto amor assim.
— Obrigado — ele segura minha mão e leva até sua boca para beijá-la.
— Somos um casal e vamos superar tudo juntos ta bom?
— Tá bom — digo um pouco mais aliviado.
— Agora mudando um pouco de assunto, você viu que a Gessika ficou de quatro pelo José Filho?
— Vi sim, por essa não esperava, sempre pensei que ela fosse se dar melhor com o Ben, mas foi bom que o Zé tenha se interessado por ela também — digo.
— Conheço a Gessika, seu irmão foi mais que um caso para ela, em dois dias eles se apagaram muito, imagina se ele tivesse ficado uma semana, eles teriam casado — ele diz rindo.
— Você acha que eles vão dar um jeito de continuar a distância? — Pergunto.
— Espero que sim, porque vai ser melhor poder dividir a gasolina com alguém quando for te ver ou você vier — ele beija minha mão de novo.
— Eu te amo Antonio.
— Também te amo meu amor — ele é tão lindo e fofo, por mais que eu tente não consigo entender o que ele vê em mim.
Ben conseguiu resolver o problema do Mariano, só isso deixou minha semana muito mais leve, agora minha maior surpresa foi descobrir que Mariano viajou com Andrey. Ben contou que depois de recuperar as coisas do meu ex da casa do seu agressor, eles também entraram com o processo e tudo mais para garantir que o cara nunca mais chegue nem perto dele, o Mariano ficou se sentindo meio mau com a ideia de voltar para casa dos pais, ele ainda está com vergonha do que aconteceu e não quer ter que explicar para os pais dele ainda o que aconteceu. Do nada Andrey deu a dele viajar com ele, pois tinha uma entrega em Belém e vai passar pelo menos duas semanas sem voltar para Fortaleza, minha surpresa maior foi que o Mariano aceitou e foi com ele, a parte boa é que com Andrey o ex abusador dele não vai poder fazer nada e nem sequer imaginar onde ele está.
Faltam seis semanas até meu avô voltar, já estamos no meio do mês e a sensação que tenho é que o tempo está correndo, por conta da inauguração da ong Antônio tem trabalhado muito essa semana também, já fiz minha prova teórica de direção, agora estou esperando para começar as práticas na próxima semana, então essa foi só para deixar o trabalho em ordem para quando tiver que voltar ao horário flexível por conta das aulas práticas. Quando a sexta finalmente começa estou tão cansado que quem levanta para preparar o café da manhã é o Antonio.
— Amor você anda muito cansado, nem vi a hora que você foi para cama ontem.
— Desculpa, é que esse tempo que passei nas aulas teóricas me deixaram com algumas demandas fora do meu prazo, não atrasei nada, mas atrapalhou um pouco meu cronograma e com as aulas práticas vão começar próxima semana tive que cuidar para deixar tudo em ordem.
— Falei para o Guto que não vou tocar esse fim de semana, quero ficar com você — não vou mentir, gostei dessa notícia, depois da confusão do meu irmão com o novo namordado da Luana, tudo que menos quero agora é cruzar com ela de novo por um tempo.
— Podemos ir pro Sitio esse fim de semana, levo o computador só pro caso de aparecer alguma demanda, mas vamos poder relaxar — digo.
— Perfeito, amanhã devo me desocupar na ong por volta do meio-dia, podemos almoçar com a tia e depois caímos pro sítio.
— Pois pronto, vou fazer as reservas — me prontifico a cuidar dessa parte.
— Então deixa que eu compro um vinhozinho para gente aproveitar por lá, lembra de fazer a reserva naquele mesmo chalé da última vez — ele amou mini piscina privativa que tem nesse chalé.
Passei o resto do dia e a manhã do Sábado adiantando o trabalho para que não ocorresse nenhum imprevisto, quero aproveitar o fim de semana o máximo possível, sem ter que trabalhar e nem me preocupar com nada, só quero curtir meu namorado na piscina mesmo. Antônio chegou no horário combinado, almoçamos com na casa da tia e pegamos a estrada para o Sítio, tudo como o planejado, ele está muito animado, o trabalho no ong fez o brilho dos seus olhos voltarem com tudo, a felicidade dele é a minha, só em vê-lo cheio de energia e planos para ong me sinto o homem mais sortudo do mundo, por fazer parte do que deu sentido a carreira dele de novo.
O sol já se punha quando finalmente chegamos ao Sítio do Bosco. A viagem tinha sido tranquila, com Antonio cantando algumas de suas músicas favoritas e me contando animado sobre os próximos projetos da ONG. A atmosfera relaxada do lugar nos envolveu assim que atravessamos o portão, o ar fresco carregado com o perfume das flores e da terra molhada pela recente chuva.
Deixamos as malas rapidamente no chalé – exatamente aquele com a mini piscina privativa, como Antônio havia feito questão de lembrar. Mal fechamos a porta e ele já me abraçava por trás, beijando meu pescoço com carinho.
— Que bom que finalmente estamos aqui — sussurrou em meu ouvido, sua voz rouca me causando um arrepio gostoso.
Virei-me em seus braços, encontrando seus olhos brilhando com uma intensidade que eu tanto amava. Havia um desejo ali, palpável, que ecoava no meu próprio corpo cansado, mas ansioso.
— Eu também estava precisando muito disso — respondi, acariciando seu rosto. A barba por fazer lhe dava um charme ainda maior, e seus lábios rosados pareciam me chamar.
Nossos lábios se encontraram em um beijo lento e sentido, um reconhecimento silencioso de tudo o que havíamos passado na semana e da falta que sentíamos um do outro em meio à correria. O beijo se aprofundou, a urgência crescendo a cada segundo. As mãos de Antônio deslizaram pela minha cintura, me puxando para mais perto, enquanto as minhas se perdiam em seus cabelos macios.
Nos separamos por um instante, ofegantes, e ele sorriu, um sorriso que iluminava todo o seu rosto.
— Que tal um mergulho antes do vinho? — sugeriu, com um brilho malicioso nos olhos, já começando a desabotoar sua camisa.
Não precisei de mais nenhum incentivo. A ideia de sentir sua pele contra a minha na água morna da piscina privativa me acendeu por dentro. Desvencilhei-me da minha camiseta rapidamente, sentindo o ar fresco da noite tocar minha pele. Observei Antônio fazer o mesmo, seus músculos definidos à luz do crepúsculo me deixando completamente entregue.
Em poucos segundos, já estávamos na água, o calor relaxante envolvendo nossos corpos. Antonio se aproximou, seus braços me rodeando novamente. Seus lábios encontraram os meus em beijos molhados e apaixonados, enquanto nossas mãos exploravam o corpo um do outro sem pressa, redescobrindo cada curva, cada textura.
A conversa cessou, dando lugar a gemidos baixos e suspiros entrelaçados. A mini piscina se tornou nosso santuário particular, onde as preocupações da cidade ficavam para trás, substituídas pela crescente intensidade do nosso desejo. Seus toques me incendiavam, e a forma como ele me olhava, com tanto amor e tesão, me fazia sentir o homem mais desejado do mundo.
A noite no Sítio do Bosco mal havia começado, mas já prometia ser inesquecível. Aquele era o nosso momento, um refúgio de amor e intimidade, longe de todos os medos e inseguranças. E eu estava pronto para me entregar a ele por completo. No aconchego da mini piscina, nossos corpos se entrelaçaram, a água morna amplificando cada toque, cada arrepio. Os beijos, antes urgentes, deram lugar a carícias mais profundas, Antonio explorando cada centímetro da minha pele, me deixando em brasa. Minhas mãos deslizavam por suas costas, sentindo a força dos seus músculos, enquanto ele me puxava ainda mais para perto, nossos membros roçando um no outro.
Sua respiração em meu ouvido se tornou mais pesada.
— Você me deixa louco, Rubens — ele sussurrou, a voz rouca de desejo.
Eu não conseguia responder, apenas sentia a tensão crescendo em cada parte do meu corpo. Aproveitando que estou em seus braços meus quadris se inclinaram instintivamente em direção aos dele, um convite silencioso que Antônio não hesitou em aceitar. Com um movimento suave e decidido, ele me posicionou contra seu corpo, e senti a ponta do seu membro pressionar minha entrada. Um suspiro escapou dos meus lábios. Antonio me olhou nos olhos, um misto de carinho e paixão refletido na penumbra da noite.
— Pronto, meu amor?
Assenti, incapaz de proferir uma palavra, mas meus olhos gritavam "sim". Ele começou a penetração lenta e cuidadosa, me dando tempo para me ajustar. A sensação de ter seu corpo preenchendo o meu era algo que eu sempre desejava, uma conexão profunda que ia além do físico. A cada centímetro que ele avançava, meu corpo se rendia ainda mais, meus músculos se contraindo e relaxando em resposta.
Com um gemido abafado, Antônio finalmente me preencheu por completo. O choque inicial deu lugar a uma onda de prazer que se espalhou por todo o meu ser. Ele permaneceu imóvel por um instante, permitindo que eu me acostumasse com a sensação da sua ereção pulsante dentro de mim.
Então, ele começou a se mover, em um ritmo lento e sensual no início, que gradualmente se tornou mais profundo e constante. Cada estocada era um convite para o abismo do prazer. Eu me ajusto em seu colo, impulsionando-me contra ele, desesperado por mais. As águas da piscina se agitavam suavemente com nossos movimentos. Minhas mãos apertavam seus ombros, unhas cravando levemente em sua pele enquanto eu me agarrava a ele como a um bote salva-vidas em meio a uma tempestade de sensações.
Antonio me levava ao limite, cada impulso mais forte que o anterior. Minha respiração estava ofegante, o prazer se tornando quase insuportável. Seus lábios encontraram os meus, um beijo feroz que silenciava meus gemidos. Ele acelerou o ritmo, e eu senti a onda se formar dentro de mim, crescente, avassaladora.
Com uma última estocada profunda e prolongada, um grito mudo rasgou minha garganta. Meu corpo tencionou e relaxou violentamente, e eu gozei, sentindo a explosão de prazer se espalhar em ondas por todo o meu ser. Antônio continuou seus movimentos por mais alguns segundos, aprofundando o prazer que eu estava sentindo, até que ele também gemeu alto, seu corpo rígido contra o meu, e eu o senti gozar dentro de mim, quente e pulsante.
Permaneceu alinhado em mim, a respiração pesada, nossos corações batendo em uníssono. A água da piscina parecia abraçar nossos corpos cansados e satisfeitos. Antonio beijou meus cabelos, um beijo suave e carinhoso que falava de todo o amor que sentíamos um pelo outro. Eu estava exausto, mas completamente realizado.
Nós saímos da piscina, nossos corpos ainda pulsando com a intensidade do que havia acontecido. No caminho até o chuveiro, a pegação continuou, as mãos de Antônio explorando cada curva do meu corpo molhado, e as minhas se perdendo em seus cabelos úmidos. A água quente do chuveiro caía sobre nós, misturando-se aos nossos suspiros e beijos.
E então, sem aviso, Antônio se ajoelhou na minha frente. Meu coração disparou. Seus olhos, cheios de desejo e devoção, me olharam por um instante antes que ele tomasse meu pau em sua boca. A sensação era indescritível. Ele me chupava com uma ânsia e uma fome de prazer que me faziam estremecer. Sua língua, seus lábios, tudo se movia em uma sinfonia perfeita que me levou à loucura. Não demorou muito. Em poucos segundos, com um gemido abafado, eu gozei em seu rosto, sentindo o alívio e o prazer explodirem em mim.
Eu era o primeiro homem em sua vida, e o único também. E naquele momento, com a água escorrendo por nossos corpos e a intensidade do que acabara de acontecer, eu desejava, com todas as minhas forças, que eu fosse o último. Não conseguia imaginar um mundo onde eu não pudesse desejar e me satisfazer na imensidão que era o amor dele. Ele era tudo para mim.
Depois de um banho mais tranquilo, onde a gente se lavou, mas os toques carinhosos e os sorrisos cúmplices não pararam, nos secamos e vestimos roupas leves e confortáveis – ele com uma bermuda de moletom e camiseta, eu com um short e uma regata. A fome começava a apertar, mas o desejo de prolongar aquele momento de pura conexão era maior. Antônio abriu a garrafa de vinho que havia comprado, um tinto suave que prometia aquecer a noite.
A sala do chalé era aconchegante, com um sofá convidativo e uma lareira de pedra. Antônio, com um talento nato para criar o ambiente perfeito, acendeu o fogo. As chamas dançavam, pintando a sala com tons de laranja e vermelho, e o cheiro da lenha queimando preencheu o ar, criando uma atmosfera perfeita para esse momento.
Nos sentamos juntos no sofá, ombro a ombro, com a manta macia sobre nós. Antônio me ofereceu a primeira taça de vinho, nossos dedos se roçando enquanto eu a pegava. O sabor frutado desceu suave, aquecendo meu corpo de dentro para fora. Eu me aninhei em seu peito, ouvindo as batidas do seu coração e sentindo seu braço forte me envolver.
— Isso é perfeito — eu murmurei, mais para mim mesmo do que para ele, mas ele me apertou mais forte, como se lesse meus pensamentos.
— Eu disse que a gente ia superar tudo junto, não disse? — ele sussurrou em meu cabelo, e eu senti um beijo delicado em minha cabeça. — E isso aqui, meu amor, é só o começo da nossa superação.
Ficamos ali, em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro, o calor da lareira e o sabor do vinho. As chamas refletiam em seus olhos, e eu podia ver a felicidade e a paz que ele sentia. Era um momento de pura serenidade e amor, onde o mundo exterior parecia não existir. Todas as preocupações da semana, os medos, as inseguranças, tudo parecia dissipar-se no ar como a fumaça da lareira. Havia apenas nós dois, o fogo crepitante e a promessa de um futuro que, eu esperava, seria tão quente e apaixonante quanto aquela noite no Sítio do Bosco.
Só quando a fome apertou mesmo foi que saímos para jantar no restaurante, pegamos uma mesa ao ar livre curtindo o frio agradável da noite, Antônio se diverte com suas piadas bobas e ainda quando começa a fazer planos para o nosso futuro. Não sou o único a pensar em longo prazo sobre nossa relação e isso é uma grande alívio, é simplesmente maravilhoso saber que ele me quer em sua vida por muito tempo, pois quero ele na minha para sempre. Nosso fim de semana foi tão relaxante que me fizeram retornar para o trabalho na segunda de manhã a todo vapor, minhas aulas práticas ficaram marcadas para o final da tarde, então vou conseguir trabalhar bem, não vai me atrapalhar tanto assim, a melhor parte é que Gessika ficou de vir me buscar — segundo ela é o que cunhadas fazem — e depois da aula consigo voltar com Antonio.
Tudo ia bem até a quarta feira chegar e com ela uma ligação da minha vó que mudaria todos os meus planos. O Antônio está se arrumando para sair pro trabalho quando meu celular começa a tocar, minha vó não liga muito então atendi logo pensando que pode ser algo sobre meu avô.
— Oi vó, bom dia — falei tentando manter a calma e esperar para saber qual o motivo dessa ligação.
— Rubens, eu fiquei sabendo de uma coisa e eu quero saber se é verdade — seu tom é agressivo e já me deixa em estado de alerta.
— Do que a senhora está falando, vó?
— A mãe da Luana me ligou e me contou a safadeza que você e o Antônio fizeram com a filha dela, que história é essa que você gosta de homem Rubens? — Minha pressão dispensou e sinto as forças nas pernas falharem, é preciso me sentar para que não caia no chão — como é que pode rapaz, sua mãe lhe criou tão bem, seu pai também e você me dar um desgosto desse Rubens?
— Vó, não sei o que a senhora ouviu, mas eu posso explicar — falei já em lágrimas e com um pânico me tomando de repente, Antônio já está ao meu lado.
— Seu avô acamado rapaz e você dentro da nossa casa fazendo essas imoralidades, brincando de casinho com outro homem na minha casa, minhas amigas e vizinhas todas falando mau de mim pelas minhas costas, você acha isso certo Rubens, você acha certo profanar meu lar com esse pecado imundo! — Ela está gritando do outro lado da linha e não consigo dizer nada só chorar.
— Sua mãe tá aqui passando mal, olha eu quero que você saia da minha casa e esqueça que você tem avó viu, isso que você fez foi inaceitável, estamos voltando para casa hoje mesmo e não quero você ai quando eu chegar, seu avô já pode viajar graças a Deus.
— Vó me escuta por favor — imploro.
— Não me chame assim, seu pederasta, meu neto morreu para mim, isso que você fez foi inaceitável, com que cara que eu vou para igreja, vou chamar o pastor para hora bem muito até tirar toda essa sujeira que você deixou na minha casa! — Ela continua gritando, ao fundo posso ouvir minha mãe chorando e para piorar Julia ouviu minha vó e agora está discutindo feio com ela e com minha mãe.
A ligação cai — ou é minha vó quem desliga não sei — estou sem chão e pior ainda sem saber o que fazer, Antônio está do meu lado tentando me acalmar. Leva um tempo até que eu consiga contar a ele o que aconteceu, ele fica tão chocado quanto eu.
— Antônio eu preciso ir para Fortaleza agora, preciso ver minha mãe e falar com meus avós, eu tenho que me explicar — Júlia começa a me ligar, mas não estou em condições de falar nada, então deixo o Antonio atender a chamada enquanto começo a jogar minhas roupas dentro da mala de qualquer jeito mesmo.
— Espera amor, eu vou com você — Antonio diz entrando no quarto depois de ter falado com Julia.
— Amor por favor, não fica puto comigo, mas acho que se eu chegar lá com você só vai piorar as coisas, preciso falar com eles sozinho.
— Mas e a gente amor, você vai desistir de nós? — É possível notar o desespero em sua sentença.
— Jamais, a única certeza que tenho na vida Antônio é você — ele fica um pouco mais tranquilo agora.
— Olha amor, faz o que você tem que fazer, vai lá, mas por favor me promete que aconteça o que acontecer vamos seguir juntos, por favor, só te peço isso.
— Amor, essa relação só acaba se você não me quiser mais — digo.
— Eu te amo Rubens, não sei explicar, mas me acostumei com você aqui e para mim a parte mais difícil vai ter que ser dormir sem você.
— Vamos superar isso juntos — falei para ele e para mim também.
— Vamos sim meu amor — só nos braços do Antônio é que consigo encontrar paz agora.
As próximas horas são insanas, a ansiedade a mil. Falei com Ben e com a Julia e a coisa em casa está bem pior do que eu imaginava, o vovô está bem pelo menos, tive medo dele passar mal com toda essa confusão, minha mãe por outro lado está no quarto arrasada. O pior foi descobrir que meus avós estão voltando para o interior, ou seja não vou encontrá-los, pelo menos aviso ao Antônio para que ele não seja pego desprevenido quando chegar em casa depois do trabalho.
Me despedir do Antônio na rodoviária, mesmo que não seja um adeus definitivo, foi muito doloroso, estou indo, porém meu coração vai ficar com ele. Sabia que esse momento seria difícil, mas nem em meu pior pesadelo imaginei que seria ruim dessa forma, estou sentindo mil coisas diferentes agora, minha cabeça não para de doer, mesmo assim meu único consolo é saber que o Antônio vai está lá me esperando no final desse túnel escuro e turbulento.
Quando chego na rodoviária encontro com o Zé Filho que foi me buscar, Ben está no quartel não pode sair e Julia vai para casa do namorado depois do quebra pau dela com a mãe e a vó. Zé me deu um abraço longo e que me fez aquecer o peito, ter o apoio dele e dos meus outros irmãos vai ser essencial para enfrentar todo o resto, ele oferece seu apartamento para mim caso precise e é bom saber que tenho para onde ir.
Entrar em casa usando minha chave é tão estranho, passei quase dois meses fora. Já estou morrendo de saudades do Antônio também, sinto falta do seu cheiro, do som da sua voz, dos abraços, de tudo. Minha casa está escura e silenciosa, minha mãe está na cozinha, seus olhos inchados indicando que ela deve ter chorado o dia todo me corta o peito. Minha mãe pode ser a pessoa mais dificil do mundo, mas não quero perde-la.
— Mãe — ela me encara com a cara mais amarrada possivel e sem dizer nada coloca um prato com comida na mesa para mim, estou mesmo com fome passei o dia viajando e até essa hora não estava pensando em comida, só que ver o prato na minha frente fez minha barriga gemer.
— Fiz janta pra você, come depois põe o prato na pia, depois eu lavo.
— Mãe, por favor vamos conversar — insisto, mas ela me corta.
— Decepção Rubens, eu tô tão envergonhada — suas palavras são como faca no meu peito — tanto que eu orei para Deus te dar uma mulher descente, uma família, não sei onde errei com você e nem porque Deus está me punindo, mas eu vou continuar orando e tenho fé que ele vai te curar — ela diz erguendo o dedo para o céu.
Preferia que ela tivesse gritado comigo, mas tudo bem, só em não ter brigado ou me expulsado de casa já é um bom sinal, quem sabe amanhã ela vai está melhor. No meu quarto mandei mensagem para os meus irmãos — que fizeram um grupo para facilitar nossa comunicação, tem Andrey, Ben, Zé, Julia e eu com o nome Domingos Brother’s criado pela Julia — depois de tranquilizá-los falando sobre a recepção seca porém pacifica que tive em casa, depois ligo para o Antonio. Sua voz já me faz chorar de saudades, ele está com a voz fraca e não parece nada bem.
— O que aconteceu amor? — Pergunto.
— A gente pode falar disso amanha por favor?
— Claro, você está no quarto? — Pergunto.
— Estou sim, só que na casa da Tia Marli, mas eu juro que te explico tudo depois, agora me conta como você está, fiquei preocupado — conta a ele sobre minha chegada em casa e que meus irmãos tem me dado um apoio incondicional.
Não consigo desligar o telefone, então ficamos em chamada até adormecer e algo me diz que essa vai ser nossa rotina daqui para frente por um bom tempo.