Festa Junina - Parte 1/3

Da série Festa Junina
Um conto erótico de Nelson Enny
Categoria: Homossexual
Contém 4490 palavras
Data: 14/06/2025 13:18:17
Última revisão: 14/06/2025 13:21:36

Uma calça jeans, que minha mãe fez um remendo com retalho no joelho. Uma camisa xadrez vermelha de botões, que meu pai me emprestou. Uma botina velha, que comprei em um brechó. Um chapéu de palha barato, que comprei num supermercado.

Casamento de festa junina de escola é um mico que sempre dei um jeito de fugir. Negava quando a direção da escola pedia ou inventava algum compromisso no dia para não ir. Como essa festa geralmente é feita em um sábado – para não atrapalhar no cronograma das aulas – meus pais nunca me obrigaram a ir. Mas eu gostava das comidas, dos jogos ou de cuidar de alguma barraca de brincadeiras. Só que participar do casamento é demais para mim. Por isso odiava que me dessem algum ultimato para participar e eu me via obrigado a inventar uma desculpa. E não podia ir para não entregar a mentira. Sorte que geralmente conseguia fugir dessas intimações e ir normalmente.

Mas esse ano não tive como escapar. A diferença é que estou namorando, ao contrário de antes. A garota mais linda, popular e simpática da escola.

Sandra tem sua popularidade não somente pela sua aparência, mas também por sua personalidade. Ela não é uma dessas meninas de filmes que são malvadas com os outros e com egos enormes. É simpática com os outros, o que faz com que todos tenham muito apresso por ela.

Mas claro, sua aparência tem sua contribuição, afinal adolescentes presam muito por isso. Sandra é uma personificação da Barbie. Cabelos louros, longos e lisos. Olhos verdes que se destacam no rosto. Lábios carnudos, mas sem procedimentos estéticos, sendo totalmente naturais. Pele clara, mas com um tom levemente dourado. Corpo magro, mas não esguio. Ela tem suas curvas, mesmo que os peitos e quadril não sejam avantajados. Tudo nela é harmônico.

E ela também é muito prestativa. Praticamente todos os anos é a representante da turma; sempre ajuda os professores com seus materiais; ajuda os colegas com os estudos, mas não se nega a passar cola nas provas se for pedido.

E o mais incrível é que ela não faz essas coisas com o objetivo de ser popular e ter a atenção de todos. Ela realmente é assim. Uma pessoa incrível.

Mas uma coisa que nem sempre é positivo é justamente essa sua prestatividade. As vezes por fazer com que ela não me dê muita atenção, mas posso sobreviver. Outras vezes é quando essa prestatividade me envolve e essas situações são mais difíceis para mim. Por exemplo: a diretora da escola perguntou se ela gostaria de ser a noiva do casamento da festa junina e ela aceitou no ato.

Quando neguei ser o noivo, ela ficou chateada. E meus amigos me alertaram que seria muito estranho ela ter um namorado e “casar” com outro. Até tentei fazer ela desistir da ideia de ser a noiva, mas isso foi o princípio de uma discussão.

“Você não manda em mim”, ela disse e contra isso não tenho argumentos. Acho que muito pela relação dos meus pais. Os dois estão casados a 22 anos e ele manda na minha mãe. Ela vive reclamando, mas obedece. Meu pai proíbe ela de usar certas roupas, de ir em determinados lugares e de falar com algumas pessoas. Por exemplo: minha mãe tem uma irmã que ama muito. Mas as duas não se falam a vários anos porque meu pai tem mágoa de uma vez que minha tia fez uma festa e não convidou ele. Eu nem era nascido na época que aconteceu. Mas ele não esquece a “desfeita” e por isso proíbe minha mãe de ver a irmã. Ok, ele não proíbe, mas sempre que minha mãe diz que vai fazer uma visita para a irmã, ele fica quito e emburrado. Então ela desiste para fazê-lo desmanchar a tromba.

Eu não quero ter uma relação assim com a minha garota. Quero ser uma pessoa melhor que o meu velho. E se isso significa não criar caso por ela ser a noiva da festa junina, então que eu lide com as consequências. E no caso, a consequência é eu ser o noivo.

Agora, entro na escola e sinto aquela sensação estranha de entrar nesse espaço sem uma mochila nas costas. Caminho pelos corredores e cumprimento as poucas pessoas que já estão aqui.

O casamento será a primeira coisa da festa, para liberar o pessoal para curtir e já motivar todo mundo a dançar. O que não vai acontecer, mas enfim.

Vou para a quadra ajudar os responsáveis de montar a decoração. Lá, me dirijo para o arco de casamento, já que o rapaz ali parece precisar mesmo de ajuda.

Quando me aproximo, percebo que o arco, com mais de dois metros de altura, começa a tombar. Feito de madeira e todo coberto de flores coloridas de plástico, seria destroçado na queda. O rapaz que estava colocando as flores virou as costas por um segundo e – caso eu não tivesse perto e corrido para segurar a estrutura – teria ido ao chão sem dúvidas.

– Valeu. – diz ele sorrindo, ainda de olhos arregalados pelo susto, passando a segurar o outro lado da estrutura comigo. – Eu avisei a professora que isso cairia com todo esse peso, mas ela disse que era só ninguém esbarrar.

– Uma escola inteira de adolescentes não esbarraria nesse troço? – ergo uma sobrancelha. – Em que mundo ela vive?

– E nem precisou alguém esbarrar – ele ri. – Aquela mulher precisa aumentar as doses dos remédios pra cabeça dela.

Eu continuo segurando o arco enquanto ele pega um martelo, tábuas e pregos para reforçar a base. Enquanto isso, olho em volta.

As bandeirinhas coloridas que se prendem de um lado ao outro no topo das “grades” que cercam a quadra. As barraquinhas de comida e brincadeiras sendo montadas… É até legal, só que todo ano é a mesma coisa. Mas não acho que dê para mudar muito da organização padrão de uma festa junina, afinal.

– Então… – diz o cara entre marteladas. – Como estão as coisas com a Sandra?

– Ah, está tudo bem.

– Ela te arrastou para ser noivo, hem? – ele ri.

– Pois é.

– Aquela garota ainda vai te sufocar.

– Eu aguento.

– Sabe como chamam homens como você? Bundão. – diz dando uma pequena gargalhada e eu não respondo, só sigo segurando o arco.

Se ele fosse um amigo meu, levaria esse papo numa boa, até riria, apesar de sentar um tapa na nuca. Se fosse outra pessoa, eu pegaria pelos colarinhos e daria um chacoalhão. Mas ele não é nenhum dos dois.

Sérgio é o irmão problemático da Sandra. Ele é um ano mais velho que ela, mas repetiu o ano e estuda no mesmo ano que nós, embora estude em uma turma diferente.

Fisicamente ele é bem parecido com a minha namorada. Alto, louro, olhos verdes, pele clara e acobreada. Parece uma versão masculina dela, mas as similaridades entre eles param por ai.

Já levou várias advertências por brigas, por bater boca com professores e pelas algazarras com seus amigos do fundão. Se essa escola fosse particular ele definitivamente já teria sido expulso a muito tempo, mas escola pública tem uma tolerância maior com coisas assim, por algum motivo.

A última dele, é que estava namorando a melhor amiga da Sandra, até a garota descobrir que a testa dela estava sarapicada de chifres. Ele definitivamente é problema. E justamente por isso é cômico ele ser o padre do casamento de hoje e esteja vestido como um agora.

Pelo que a Sandra me contou, um garoto tímido da turma do Sérgio teve a mochila roubada durante uma aula de Educação Física. Puxaram as câmeras de seguranças e viram o Sérgio pegando a mochila e escondendo em uma cabine do banheiro. Segundo ele, era para ser apenas uma brincadeira, mas o garoto roubado não encontrou a mochila e recorreu à direção para resolver o caso. Como punição, a diretora colocou ele para ser o padre do casamento caipira.

Depois que ele termina de arrumar a base do arco, ajudo a colocar as flores de plástico. Para minha sorte, ele não me provocou mais. Ficamos conversando sobre filmes, um assunto que temos gosto em comum. Ninguém se ofende assim, com assunto neutro.

Então o resto do povo da peça chegam. Os pais da noiva, o xerife e várias outras pessoas que a direção impôs de participarem do casamento. E a noiva, claro.

E minha namorada está um espetáculo, com um vestido todo drapeado, com rendas e babados. Não é um vestido de noiva, mas é branco e pode se passar por um em uma festa junina. Seus cabelos estão em duas tranças longas, que vão até abaixo dos seios e com uma tiara florida. Saltos brancos, um colar de pérolas – provavelmente falso – maquiagem discreta, mas com exagero de blush rosa e pintinhas nas bochechas simulando sardas feitas com… Como é o nome? O lápis de olho? Enfim, aquele treco. E nas mãos um pequeno buquê de flores brancas.

Mas um detalhe se destaca nela. O vestido é bonito e tal, mas seus seios estão uma coisa de outro mundo. Provavelmente está usando um espartilho debaixo da peça, forçando os seios para cima, sendo exibidos pelo decote avantajado.

Aquelas duas partes do corpo estão implorando para serem resgatadas. Meus dedos coçam para arrancar o vestido, o espartilho e o que mais estiver entre os seios e minhas mãos. Uma mistura adorável entre ser meiga e sexy.

– Uau! – digo quando ela se aproxima sorrindo e me abraçando.

– Estou bonita?

– Bonita é pouco.

– Você também está lindo. – ela sorri.

– Eu estou comum.

– Por enquanto…

Franzo o senho pra essas palavras e ela me puxa pela mão, me faz sentar em um banco, pega aquela droga de lápis de olho que não sei o nome e junta minhas sobrancelhas, formando uma monocelha e faz um bigode. Quando ela me mostra um espelho, fico apavorado com a minha aparência.

Pouco depois, Sandra foi ao banheiro com algumas amigas e eu me dirijo até os meus próprios amigos. No caminho, Sérgio passou por mim e diz “bundão” bem baixo. Fico olhando suas costas enquanto se afasta.

Primeiro ele me chamou de bundão por deixar que Sandra me arraste até esse “casamento” e agora novamente. Pelo que, agora? Será ainda em referência a nossa conversa anterior? A resposta veio quando cheguei nos meus amigos e Ricardo, meu melhor amigo, diz:

– Não vai me apresentar os amigos da Sandra?

– Que amigos?

– Esses! – ele fala pondo uma mão em cada lado do peito em forma de concha. Dou um tapa na nuca dele e todo o meu grupo ri.

Sandra realmente está linda e talvez seus seios estejam sendo exibidos além do convencional, mas isso não me incomoda. De todos os rapazes desse mundão, eu sou o único com liberdade para tocar neles. E confio nela o suficiente para afirmar isso sem a menor sombra de dúvidas. Sinto até certo orgulho dos rapazes verem o que tenho e eles não. Mas é certo que o “bundão” que o Sérgio disse se refere a isso.

Minha relação com o Sérgio sempre foi meio qualquer coisa. Nunca fomos amigos, mas também tínhamos nada contra um ao outro. Por não estudarmos juntos, basicamente só nos falamos quando vou visitar Sandra na casa dela. E nem sempre ele está lá.

Mas hoje deu para tentar me irritar. O saldo de apresso por ele estava em uma linha no meio, bem neutra. Agora esta linha está passando para o lado negativo.

Enfim, a escola começou a encher com alunos e quando deu 9 horas, a diretora pegou um microfone e fez uma série de agradecimentos e disse outras coisas que não importam. Então começamos a interpretação.

Na primeira cena, a mãe da noiva – uma colega que está acima do peso, que fizeram ficar descabelada e desarrumada – grita com a “filha”:

– Chiquinha, minha fia, eu num disse procê num si assanhá prece moço? Principarrrrmente prum sujeitim fei desse? Agora que teu pai zoiô cês junto, vai ter que casá com esse pamonha.

– Mar mainha? – Sandra diz com sotaque carregado. – Eu tava bizoiando prum homi bunito e rico, só que painho tava chei de canha e si enganô!

As duas continuam debatendo por algum tempo até a “mãe da noiva” puxar a “filha” na direção do arco, onde o “padre” aguarda.

– A noiva tá chegando, meu povo. – diz Sérgio, agora com a roupa de padre. – Vamo batê parma préla! – a plateia aplaude e dão gritos de viva. Os intimados a participar, pelo menos.

– Cadê o noivo, seu padre? – questiona a mãe da noiva.

– Ai, mainha… – diz Sandra enfraquecendo as pernas. – Pió que casá que cum aquele istupricio é ser larrrrgada no artar por ele.

Então a peça segue seu curso. Sandra simula um desmaio; a mãe grita histericamente; o pai diz que vai buscar o noivo, sai e volta me puxando pelo braço; o delegado fica atrás de mim para impedir que eu fuja… Enfim, todo aquele teatrinho que todos conhecem e que assim que a mãe da noiva grita “viva”, indicando o final da peça, eu começo um processo de esquecer tudo aquilo. As falas e as marcações. Não tenho como afirmar, mas posso apostar que eu irei passar a odiar festas juninas para todo o sempre.

Não que eu tenha passado vergonha com algo específico. Disse minhas falas direitinho e o resto foi como o planejado. Mas a vergonha foi ter participado dessa palhaçada em si.

Depois, que terminou, eu e Sandra dançamos um pouco, mas logo paramos para conversar com nossos amigos, passar comendo nas barracas e participar dos jogos.

Sandra não come muito, mas eu passei a manhã comendo feito um esfomeado. Canjica, pamonha, bolo de milho, milho cozido, paçoca, pé de moleque e quentão (sem alcool, afinal isso é uma escola, infelizmente).

Apesar disso tudo – a peça, o papo com o pessoal e a comilança – uma coisa não saiu da minha mente: os peitos de Sandra.

Por isso, no final da manhã, puxo ela para um corredor da escola vazio e a beijo. Por pouco tempo, já que uma professora passa por nós e nos repreende.

– Estraga prazeres. – digo olhando as costas da professora se afastando.

– Ela está certa, esse não é lugar para amassos.

– E onde é? Já tem um tempo. – digo fazendo cara de cachorro sem dono.

– Desculpa, os últimos dias foram muito cheios. Escola, a organização da festa junina, o casamento caipira, o curso de inglês, estudar para o ENEM…

– Eu entendo, quando me meti com você, sabia com o que iria lidar. Mas estou com saudades dos meus amigos.

– Que amigos?

– Esses! – digo apontando para seus seios, roubando a piada do Ricardo.

– Bobo. – ela ri.

– Que tal a gente ir no banheiro? Rapidinho.

– No banheiro? Nem pensar.

– Por que não? Ninguém vai saber.

– Mas eu vou.

Ela me deixa sozinho e volta na direção da quadra para a festa. Sandra ficou chateada? Só porque insinuei em darmos uma rapidinha no banheiro? Acho que foi isso.

Eu gosto mesmo dessa garota e acho um charme o quão correta é. Essa é uma das coisas que mais admiro na minha namorada, mas as vezes isso é um porre. Faz bem quebrar as regras as vezes.

Mas depois de alguns minutos, quando estava com Ricardo, meu celular vibra no bolso. Pego o aparelho e vejo a mensagem de Sandra: “meus pais não vão estar em casa e meu irmão vai sair com os amigos. Se quiser ir comigo para casa...”.

– Ih, essa tarde tem. – diz Ricardo e eu dou o segundo tapa na sua nuca no dia.

Assim, quando a manhã termina, eu e Sandra fomos juntos para sua casa. Ela mora perto da escola, então fomos a pé mesmo.

Quando chegamos no seu apartamento, fui logo beijando ela, sedento de desejo. Caímos sobre o sofá e abri a parte de trás do seu vestido.

– Espera. – ela diz rindo do meu afobamento e se afasta.

– O que? – pergunto frustrado quando ela senta na outra ponta do sofá.

– Antes, preciso de um banho.

– Precisa não.

– Preciso sim. Depois de toda essa manhã preciso tirar a inhaca do corpo.

– Eu não me importo.

– Mas eu sim.

– Posso tomar banho com você?

– Poderia, mas eu já lavei o cabelo essa manhã, não quero molhar.

– E eu vou ter que tomar banho também?

– Se você quiser tocar nisso… – ela toca os seios. – Sim.

– Desgraçada!

– Besta. – ela ri.

Enquanto Sandra se afasta, eu fico tentando acalmar a minha circulação sanguínea. O que demora para acontecer, já que faz tempo que não me alívio e o meu amigo lá embaixo está louco para ser depenado, mas dessa tarde não passa. Só mais alguns minutos e pronto. Algumas horas de duração, de preferência.

Mesmo sem lavar o cabelo, ela demora mais de 30 minutos no banho e até esse momento já estou mais mole que a pamonha que comi essa manhã.

Então fui tomar meu banho. Em 10 minutos já estou limpo, sem as marcas que ela fez em mim com o lápis de olho – que por mais que tente, não recordo o nome – e com a toalha enrolada na cintura. Não visto a roupa novamente para ficar pronto para o abate.

Caminho pelo corredor e chego na sala e levo um susto. Sérgio está sentado no sofá, ainda usando a batina preta com o colarinho branco da peça.

Graças aos céus não sai do banheiro pelado como tinha imaginado fazer. Mas seria melhor se eu estivesse vestido e não com uma toalha.

– Caraca, tem nem uma hora que vi vocês na escola e já estão até de banho tomado? – ele diz rindo quando me vê. – Isso que chamo de rapidez.

Eu olho para ele sem saber o que fazer. Não era para ele estar em casa. Ele não tinha um compromisso? O que era mesmo? Sair com os amigos?

– Sérgio? – pergunta Sandra saindo do corredor que leva aos quartos. Ao menos ela está vestida. – O que faz aqui?

– Eu moro aqui! – diz rindo.

Sandra me encara de olhos arregalados quando percebe que estou de toalha. E sinto meu rosto esquentar de vergonha da situação.

– Não ia sair com seus amigos? – ela questiona.

– Eles cancelaram. Mas acho que estou interrompendo mais nada.

– Nós ainda fizemos! – digo.

Talvez eu devesse ter ficado na minha e deixado que os irmãos se resolvessem, mas a ânsia de defender minha ejaculação falou mais alto.

– Ah, então ainda vão fazer. – ele ri alto.

– Marcelo! – Sandra me repreende e eu olho para ela com cara de “o que quer que eu faça”. – Se vista. – ela manda.

Giro nos meus calcanhares descalços e obedeço sua ordem. Entro no banheiro novamente e visto minha roupa, a mesma da festa junina.

Passo pela sala para ir na direção do quarto da Sandra e Sérgio diz na passagem: pelo peitoral. O que me deixa vermelho novamente.

No quarto, Sandra me dá uma bronca por ter saído do banheiro sem roupa e eu me defendo dizendo que achava que estávamos a sós e ela responde que mora com sua família e era de se imaginar que alguém poderia aparecer. E ela está certa. As vezes ser certinho evita algumas vergonhas.

Eu até tentei dar alguns amassos nela, mas a garota não quis porque seu irmão está em casa. “fazemos quietinhos”, eu disse, mas ela não quis saber. Que saco!

Passamos a metade da tarde intercalando entre conversas fúteis e mexendo no celular, cada um no seu aparelho. Não era bem isso que eu imaginava fazer com a minha garota quando ficássemos sozinhos no mesmo ambiente.

Não que eu seja um tarado que só pensa em sexo, mas um homem tem seus desejos. E ter uma namorada deveria ser um facilitador para saciar esses desejos, mas parece que esse quesito é mais complicado que pensei que seria.

Se essa manhã a minha consideração com o Sérgio já estava inclinando para o lado negativo, agora essa linha está bem mais acentuada para o lado vermelho da minha simpatia.

Para piorar, Sandra recebeu uma ligação. Estávamos rindo de um vídeo de um gato caindo de uma mesa que ela me mostrou no seu celular, quando seu aparelho toca.

– Alô?… – diz atendendo e eu volto a atenção para meu celular. – Ah, que isso?… Jura?… Mentira!… Caramba?… Como você está?… Posso, claro… Chego aí em 15 minutos.

Olho para Sandra erguendo uma sobrancelha. Como assim ela vai sair? Ela sequer disse que estava ocupada… Ok, não está necessariamente ocupada, mas passar um tempo com o namorado é alguma coisa.

– Quem era? – pergunto.

– A Ingrid, brigou com a irmã. – diz se referindo à sua melhor amiga, ex do Sérgio.

– De novo? Aquelas duas brigam feito gato e rato.

– São só umas briguinhas bestas. – responde digitando alguma coisa no celular.

– Se alguém briga todos os dias da semana, é o momento de se questionar o motivo.

– Já disse, são besteiras.

– Então porque brigam?

Ela ergue os olhos para mim e abre a boca para dizer alguma coisa, mas parece sem argumentos. Então ri, me dá um beijo no rosto e vai até o armário.

Ver Sandra trocar de roupa ameaça a me fazer ficar animado novamente, o que não é uma boa ideia no momento, já que vou para casa. Então desvio o olhar e levanto, colocando o celular no bolso.

– Não quer ficar? – ela pergunta colocando uma outra camiseta. – Pode jantar com a gente hoje.

– Ah, não tenho certeza se…

– Fica, vai. Faz tempo que não vê meus pais.

Ela tem razão. Tem umas 3 semanas que não vejo meus sogros e uma coisa que minha mãe sempre me aconselhou é ter uma boa relação com a família do meu par. Se for criado uma boa relação, metade dos problemas de um casal nunca surge.

– Ok, eu fico. – digo sentando na cama novamente. – Você tem mesmo que ir?

– Ingrid estava chorando, preciso ver como ela está. Mas não devo demorar muito.

– Certo.

Ela prende o cabelo louro em um rabo de cavalo, pega a bolsa, guarda o celular e me beija. Tão gostoso que fico duro com o contato.

– Você é um bom namorado. – ela diz acariciando meu rosto.

– Eu sei, mas, mesmo assim, obrigado por dizer.

Ela ri, me dá um último selinho e sai do quarto, me deixando sozinho. Eu me acomodo na cama dela e ajusto os travesseiros para ficar confortável e fico mexendo no celular.

Ouço da sala o som da TV alta. Sérgio não saiu da sala, o que impediu eu e minha namorada de ficarmos no outro cômodo, então ficamos aqui para termos mais privacidade. E depois do início da tarde não estou necessariamente ansioso para encarar aquele cara.

O problema é a minha bexiga. Eu bebi muito quentão sem álcool e, 20 minutos depois da saída da Sandra, finalmente ele começou a fazer efeito.

Então saio do quarto e passo pela sala para ir até o banheiro. Sérgio estava assistindo TV, deitado no sofá, ainda usando a roupa de padre. Não fala comigo, sequer me olha, o que é um ponto positivo.

Urino, lavo as mãos, arrumo o cabelo no espelho e saio do banheiro. Na volta vejo que ele não está mais na sala e ouço som de pipoca arrebentando na cozinha.

Depois de poucos minutos deitado na cama da Sandra, mexendo no celular, a porta do quarto é aberta e Sérgio mete a cabeça pela abertura.

– Fiz pipoca e vou colocar um filme. Vem! – e fecha a porta.

Ah, droga! Não quero ficar no mesmo ambiente que ele. Mas lembro do conselho da minha mãe e decido que não vale a pena me indispor com o cara.

Chego na sala e sento na outra ponta do sofá de 3 lugares, com o balde de pipoca no meio. Na TV, um filme começa com uma daquelas aberturas de estúdio de cinema.

Logo identifico o filme. Rivais. Ainda não assisti, mas fiquei com vontade de ver na época que lançou pela repercussão, mas sei nada da história.

Me concentro trama enquanto como pipoca, dividindo o balde com Sérgio. No filme, temos 2 amigos tenistas que se interessam pela mesma mulher. E ela faz gato e sapato com eles.

Uma cena me deixa um pouco desconcertado. Os dois amigos vão para o quarto com a atriz “namorada do Homem Aranha” (que esqueci o nome) e ela beija os dois. Então eles dão um beijo triplo. E os dois amigos de beijam. Acabo rindo disso.

– O que o tesão não faz. – diz Sérgio, também rindo.

– Acho que até o tesão tem limite.

– Existe coisa mais interessante que papai e mamãe. – ele pisca o olho para mim.

– Existe muita coisa entre papai e mamãe e beijar macho pra pegar mulher.

– Eles não estão fazendo isso pra pegar ela. Estão sendo levados pelo momento.

– Isso é meio duvidoso.

– Se você nunca fez de tudo na hora do tesão, você nunca experimentou o ápice do prazer.

– Até beijar bigodudo?

– Qualquer coisa!

– Você já beijou homem?

– Se te contar, vou ter que te matar. – ele diz rindo.

Que papo estranho foi esse? Nós nem somos próximos para falar sobre essas coisas. E porque raios ele colocou um filme desses pra gente ver? Eu, hem…

A cena do beijo dos rapazes não dura muito. A atriz faz eles pararem o beijo e vai embora, deixando eles na mão. Tem até um “tapa no pau” de um no outro que nos tirou uma rizada sincera.

O filme tem muita tensão sexual. Entre ela e os dois homens e entre eles também. A qualquer momento parece que os dois vão se pegar, mas isso nunca acontece entre os dois.

Tem muitas cenas claramente sexy com os atores masculinos, com closes e gestos. Uma cena em uma sauna é especificamente exitante, ao menos é isso que o filme tenta passar. Mas como sou hétero, pouco tem efeito em mim.

Digo “pouco” e não “nenhum”, porque… Não sei dizer o motivo, talvez pela narrativa do filme que leva o telespectador a sentir algo. O diretor claramente quer passar uma tensão sexual entre eles e consegue.

O que é estranho de se sentir. Querer que eles se peguem logo, sendo que eu sou hétero, é uma sensação esquisita. Talvez por eu não consumir esse tipo de conteúdo.

Isso só me faz querer que Sandra volte logo e que Sérgio vá embora para que eu afogue o ganso de uma vez por todas. Ah, tem isso, né? O tesão acumulado contribuiu para a sensação que tive assistindo o longa.

– Gostou do filme? – Sérgio pergunta.

– Bacana.

– O que mais gostei foi da forma de filmar.

Olho para ele com um princípio de risada debochada, lembrando do momento em que um dos personagens, na cena da sauna, está nu conversando com o outro sentado, em uma posição bem desconfortável de se olhar.

– Forma de se filmar? – pergunto.

– É, as cenas dos jogos de tênis foram da hora.

Então o princípio de riso desmancha e sinto o rosto esquentar. De fato, essas cenas foram muito boas. Porque caralhos pensei justamente num cara pelado? Eu, hem.

CONTINUA...

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