Camila e Natália estavam no salão principal quando uma funcionária entrou, aproximando-se com um sorriso educado.
— Boa noite, senhoras. Sou responsável por levá-las às suas suítes. Antes, porém, preciso que me entreguem seus celulares. Não se preocupem, eles serão devolvidos ao final do reality.
— Entregar meu celular? — exclamou Camila, surpresa. — Como vou entrar em contato com minha família?
— Isso não será possível — respondeu a funcionária, mantendo o tom firme, mas gentil.
— Meu marido e meus filhos vão ficar preocupados! Eles acham que estou em uma viagem de negócios! — insistiu Camila, visivelmente nervosa.
Natália, mais calma, colocou a mão no ombro da amiga e entregou seu celular à funcionária.
— Calma, amiga! Isso aqui é um reality. O Seu Ari, deve ter planejado tudo. E, geralmente, em realities, não se pode manter contato com o mundo exterior.
— Eu lá tenho tempo pra assistir a realities... — murmurou Camila, cruzando os braços.
A funcionária interrompeu, com um tom tranquilizador:
— As senhoras podem ficar sossegadas. O Seu Ari, com toda a sua sabedoria, planejou cada detalhe deste reality, incluindo a ausência de comunicação com os familiares. Está tudo sob controle.
— Viu, amiga? Relaxa, está tudo certo! — disse Natália, sorrindo e apertando os ombros de Camila. Em seguida, com um gesto descontraído, ela tirou os tênis e as meias, ficando descalça. Seus pés delicados chamaram a atenção no chão brilhante do salão. — Eu já vou entrar no clima da casa!
— O que você está fazendo? — perguntou Camila, franzindo a testa.
— Não percebeu? Todo mundo aqui anda descalço! Quero entrar na mesma vibe. Por que não faz o mesmo? — sugeriu Natália, com um sorriso travesso.
— Bobagem — retrucou Camila, impaciente. Ela se virou para a funcionária e, com um suspiro, entregou o celular. — Toma, mas toma cuidado. Tem muitos relatórios e planilhas do trabalho aí. Agora, por favor, nos leve logo aos quartos. Estou exausta.
A funcionária assentiu e as conduziu ao segundo andar. Natália foi a primeira a chegar à sua suíte. Antes de entrar, ela abraçou Camila, que ficou visivelmente desconcertada com o gesto afetuoso.
— Boa noite, Camila! Boa sorte pra nós! — disse Natália, com entusiasmo. Em seguida, virou-se para a funcionária e a abraçou também. — Obrigada, você foi muito gentil em nos trazer até aqui!
Natália entrou em sua suíte, e Camila seguiu com a funcionária pelo corredor.
— Ela é estranha, né? — comentou Camila, em voz baixa. — Nos vimos poucas vezes em reuniões da empresa, e ela me trata como se fôssemos amigas de infância.
A funcionária apenas sorriu, sem responder, e continuou caminhando. Ao chegar à suíte de Camila, esta entrou e ficou deslumbrada com o luxo do quarto, embora seu olhar desconfiado perscrutasse cada canto. Enquanto explorava, notou uma porta discreta, quase camuflada na parede lateral. Curiosa, abriu-a com cuidado e descobriu um corredor de serviço. Observou, à distância, alguns funcionários passando, mas sem ser notada. Na parede do corredor, havia outras portas camufladas, cada uma com um botão ao lado. Camila pressionou um deles, e a parede ao lado girou, revelando uma estante de livros que se abria como uma passagem secreta. Sem hesitar, ela entrou.
Era o escritório. Fascinada pelo mecanismo, Camila começou a mexer na estante, mas, de repente, a parede se fechou com um clique. Ela tentou encontrar um jeito de abri-la novamente, sem sucesso. Nervosa, começou a inspecionar a escrivaninha, quando ouviu um barulho próximo à porta principal. Rapidamente, escondeu-se atrás de uma cortina grossa.
Seu Ari entrou, sentou-se em uma poltrona e começou a mexer em alguns papéis sobre a mesa. Logo após, a mesma funcionária que acompanhara Camila e Natália entrou, ajoelhou-se e se prostrou diante dele. Seu Ari fez um gesto com a mão, e ela se levantou.
— Senhor, as participantes Camila e Natália já estão em seus aposentos — informou a funcionária.
— Sim, acompanhei a chegada delas do meu quarto — respondeu ele, com um tom calmo.
Pela fresta da cortina, Camila observava, mas não conseguia ver Seu Ari na poltrona, apenas parte do escritório. Ele fez outro gesto, e a funcionária se retirou. Minutos depois, Seu Inácio entrou, repetindo o mesmo ritual de se ajoelhar e se prostrar. Seu Ari o autorizou a se levantar com um gesto.
— Senhor, o quinto helicóptero chegou com as participantes Lívia e Zuleica — anunciou Seu Inácio.
Ao ouvir o nome de Lívia, Camila se mexeu instintivamente, fazendo a cortina tremular. Seu Inácio percebeu o movimento, mas Seu Ari, com um sinal discreto, pediu silêncio. Ele se levantou e se aproximou de Seu Inácio.
— Sabe, Inácio, meu fiel secretário, estou muito animado com este reality. Quem se sair melhor será aquele que for tão submisso quanto você — disse Seu Ari, com uma piscadela, antes de saírem juntos do escritório.
Aliviada por não ter sido descoberta, pelo menos era o que pensava, Camila saiu de trás da cortina. Verificou o corredor pela porta principal e, vendo que estava vazio, correu de volta ao quarto. Encostou-se à porta, ofegante, e murmurou para si mesma:
— Preciso de um banho para relaxar.
Ela começou a se despir, tirando os sapatos, o blazer, a saia, a camisa e o sutiã, ficando apenas com uma calcinha branca e discreta. Dobrou as roupas cuidadosamente sobre a cama, deixando os sapatos no chão, e abriu a bolsa de viagem.
— O quê? Estas não são minhas coisas! Cadê minhas roupas? — exclamou, virando a bolsa sobre a cama.
Nesse momento, um homem saiu do banheiro, completamente nu, enxugando o cabelo com uma toalha. Ao se depararem, ambos ficaram paralisados por alguns segundos antes de gritarem:
— AHHH! Quem é você? — exclamou Camila, cruzando os braços para cobrir os seios.
O homem, igualmente surpreso, cobriu-se com a toalha.
— Sou Wagner — respondeu ele, constrangido.
— Você é funcionário? — perguntou Camila, irritada. — Funcionários podem invadir o quarto dos outros e usar o banheiro? Não existe uma ala para vocês?
— Calma, está havendo um engano — explicou Wagner, ainda sem graça. — Não sou funcionário da casa. Sou tesoureiro da agência de Osasco, do banco. Este é o meu quarto, e essas coisas na bolsa são minhas.
— Não acredito que entrei no quarto errado! — disse Camila, exasperada. — E o que está esperando? Pare de me olhar como um pervertido e volte pro banheiro para eu me vestir!
— Desculpe-me, não foi minha intenção — disse Wagner, vermelho de vergonha, voltando rapidamente ao banheiro.
Enquanto Camila se vestia às pressas, Wagner tentou puxar conversa de dentro do banheiro:
— A senhora não me conhece, mas eu sei quem a senhora é. É uma honra conhecer a diretora de operações do banco. Será um prazer participar...
— Já terminei! — interrompeu Camila, com expressão séria, saindo do quarto sem deixar Wagner terminar.
Ele saiu do banheiro, sentou-se na cama e, ainda atônito, murmurou:
— Não acredito que vi a diretora de operações assim... Que tetas! — Ele se jogou na cama, rindo de nervoso, e deixou a toalha cair no chão e começoua se masturbar.
Horas depois, Camila, já em seu quarto, tomara banho e vestia um pijama de seda, composto por calça e blusa. Deitada, não conseguia dormir, ainda pensando nos acontecimentos do dia. Decidiu sair do quarto para explorar mais. Ao abrir a porta, notou um movimento no corredor. Deixando a porta entreaberta, espiou e viu Zuleica correndo e entrando em um quarto. Logo atrás, Lívia, furiosa, tentava alcançá-la, mas não conseguiu abrir a porta do quarto onde Zuleica se trancara. Lívia prosseguiu pelo corredor, distraída, em direção a outro quarto.
Camila, descalça, tirou os chinelos e os segurou nas mãos. Na ponta dos pés, aproximou-se silenciosamente de Lívia e tocou seu ombro. Lívia levou um susto e virou-se.
— Camila! Você aqui! — exclamou Lívia, surpresa, mas com um sorriso forçado.
Camila apenas a encarou, com um olhar intenso. Lívia, apesar da tensão, manteve o sorriso.
— Vai ser um prazer te vencer novamente — provocou Lívia, antes de entrar em seu quarto e trancar a porta.
Camila calçou os chinelos e, movida pela curiosidade, voltou ao escritório. Ao entrar, deparou-se com Seu Ari sentado na poltrona.
— Seu Ari! — exclamou ela.
Sem pensar, Camila tirou os chinelos e se ajoelhou, imitando o gesto que vira os funcionários fazerem. Seu Ari se levantou e caminhou até ela. Sem dizer uma palavra, começou a alisar seus cabelos. Camila ergueu o rosto, sustentando o olhar dele em silêncio. Ele deslizou os dedos pelo rosto dela, e logo em seguida contornando seus lábios com delicadeza. De repente, a estante começou a se mover, assustando Camila, que deu um salto.
Seu Inácio entrou, ajoelhando-se imediatamente.
— Perdão, meu senhor! Não sabia que estava acompanhado. Vim porque o senhor me chamou.
— Sim, Inácio. Estou com tonturas e preciso que me acompanhe até meu quarto — disse Seu Ari.
Os dois saíram pela passagem da estante, ignorando Camila completamente. Após a estante se fechar, ela, ofegante, murmurou:
— O que está acontecendo comigo?
Ela saiu do escritório e, ao caminhar pelo corredor em direção ao seu quarto, ouviu a voz de Natália:
— Ei, amiga!
Camila virou-se, ainda atordoada, tentando processar tudo o que acontecera naquela noite.
Ela vê Natália com a cabeça para fora da porta do quarto.
— Por favor, entra aqui — diz Natália, dirigindo-se à sua cama.
Camila entra, fecha a porta e arregala os olhos ao notar Natália vestindo apenas uma calcinha minúscula e uma camiseta justa, que delineava o contorno de seus seios.
Nossa, ela é perfeita, pensou Camila, admirada.
Natália, alheia ao desconforto de Camila com sua pouca roupa, senta-se na cama descontraidamente.
— Ai, amiga, também perdeu o sono? — pergunta Natália.
— Sim! Tá difícil dormir — responde Camila, tentando manter a compostura.
— Nem me fala! Tô muito ansiosa. E o pior: não tenho costume de dormir sozinha. Tô morrendo de saudade do meu mozão.
Natália suspira, olhando para um porta-retratos que colocara no criado-mudo ao lado da cama.
— Aquele é seu marido na foto contigo? — pergunta Camila, apontando para o objeto.
— Não, é o meu namorado — responde Natália com um sorriso, segurando a mão de Camila. — Sabe, bem que você podia passar o resto da noite aqui comigo. A gente faria companhia uma pra outra até o sono chegar.
Camila observa Natália discretamente, dos pés à cabeça, hesitando.
— Acho melhor não...
— Ah, por quê? Por favor! — insiste Natália, com um tom quase infantil.
Camila reflete por um momento.
— Tá bom, então. Acho que também tô precisando de uma companhia.
— Eba! — comemora Natália, animada.
Logo em seguida, ela se posiciona de quatro na cama, com o bumbum virado para Camila, enquanto ajeita os travesseiros. A calcinha, quase sumida, deixava pouco à imaginação.
— Ainda bem que tem dois travesseiros — comenta Natália, alheia à cena que proporcionava.
Camila, paralisada, não conseguia desviar os olhos do corpo de Natália.
— Ei, amiga, já pode se acomodar! — diz Natália, deitando-se com naturalidade.
Camila se deita ao lado dela, ainda um pouco desconcertada. Natália começa a falar sem parar, enquanto Camila, meio aérea, tenta acompanhar. De repente, uma pergunta a tira do devaneio:
— Amiga, você se masturba?
— Como? — responde Camila, assustada.
— Hello, amiga, parece que tá no mundo da lua! — brinca Natália. — Eu tava dizendo que, pra tentar relaxar, cheguei a me masturbar pensando no meu mozão. Sempre funciona, mas hoje não tá adiantando. Antes de você chegar, já tentei duas vezes e nada do sono vir. Aí te perguntei se você também se masturba, já que tá tão longe do seu maridão. Vi a aliança, sei que é casada.
Camila olha para a mão de Natália, que tocava seu braço, e hesita. Natália percebe e solta uma risada.
— Relaxa, amiga! Já lavei as mãos depois, tá? — diz, com um tom leve.
Camila, finalmente, deixa escapar um sorriso.
— Sabe, Natália, você é muito simpática, um amor de pessoa.
Mas, na verdade, é chata pra caralho, pensou Camila, enquanto falava.
— Só que eu não gosto de falar sobre minhas intimidades com ninguém. Desculpa, não é pessoal.
— Tudo bem, amiga, sem problema! — responde Natália, sem se abalar.
Ela continua falando sem parar, enquanto Camila, aos poucos, começa a relaxar. O cansaço vence, e Camila adormece. Natália, sem perceber, segue falando até que, finalmente, também pega no sono.
Pela manhã... continua no próximo capítulo.