Segredos do Coração - Superando o Passado. Parte 32.

Um conto erótico de Ménage Literário
Categoria: Heterossexual
Contém 8594 palavras
Data: 17/06/2025 15:23:23

Parte 32: “Eu Preciso Dizer Que Te Amo, Te Ganhar ou Perder Sem Engano”

O som da porta se abrindo e fechando preencheu a casa. Giba entrou, largou as chaves na bancada e passou direto pela sala. Viu Cora jogada no sofá, deitada, assistindo uma série qualquer, sem se importar muito.

Ele não disse uma só palavra e foi até a cozinha. Bebeu água lentamente, olhando pela janela, tentando organizar os próprios pensamentos. Deixou o copo na pia e seguiu para o quarto. Tomou um banho demorado, depois vestiu uma roupa confortável e foi direto para o escritório que montou nos fundos da casa.

Sentou-se, ligou o notebook, espalhou alguns contratos sobre a mesa e começou a revisar, concentrado no trabalho.

Cora percebeu a indiferença, se ajeitando no sofá, cruzando os braços, nervosa. Se revirou até não aguentar mais, se levantando e indo atrás do marido. Nem bateu, apenas encostou no batente da porta e perguntou, com um toque de provocação e desconforto:

— Não vai falar comigo?

Giba nem ergueu os olhos. Folheou um contrato, revisou uma cláusula e assinou, respondendo seco:

— Vai falar onde estava? Ou vamos fingir que nada aconteceu?

Cora tentou suavizar, ajeitando o cabelo, se fazendo de desentendida:

— Eu só saí. Precisava de um tempo pra mim ... um tempo sozinha ... — Ela deu de ombros, como se não fosse nada.

Giba não desviou o olhar dos documentos. Seu tom era frio, quase cortante:

— Então me faz um favor ... me deixa quieto. Fecha a porta quando sair.

Mas Cora não se deu por vencida. Ela entrou, se aproximando dele e se sentando no braço da cadeira. Ela deslizou a mão pelos ombros dele, tentando quebrar aquele gelo:

— Para com isso, amor ... — Sua voz saiu mais doce, quase manhosa. — Eu tô falando sério. Só fui encontrar umas amigas. Não fiz nada demais, nada de interessante ...

Giba segurou a mão dela, tirando de seu ombro com delicadeza, mas de forma firme, e se afastou, deixando claro o limite.

— Estamos casados há quinze anos, Cora. Eu te conheço. Quando estiver disposta a ser honesta, de verdade, a gente conversa. Agora, por favor, fecha a porta. Eu tenho trabalho para fazer.

Cora fez bico, revirou os olhos e saiu, batendo a porta ao passar. Estava emburrada, mordendo a língua para não retrucar.

Assim que a porta se fechou, Giba respirou fundo, balançando a cabeça de forma negativa e voltou para seus contratos. Mas seus olhos, mesmo fixos no papel, denunciavam que ele não conseguia se concentrar completamente.

{…}

Na sala aconchegante, em casa, Fabi estava no colo de Chris, aninhada, mexendo no celular, passando fotos, stories e memes aleatórios.

Ela respirou fundo, pensativa e comentou:

— A Mari parece que engatou um romance com aquele tal de Jonas. Será que agora ela resolveu seguir em frente de vez?

Chris ajeitou a esposa no colo, passando a mão carinhosamente em suas costas.

— Eu gosto do Celo ... dos dois, pra falar a verdade. Mas olha, não sei o que pensar. Quem diria que a gente ia ser cúmplice, mesmo que sem querer, de separar um casal, né?

Fabi suspirou, deitando a cabeça no ombro dele, meio pensativa:

— Pois é ... e, sinceramente, acho que ainda não chegamos ao fim dessa história, não. Às vezes penso se eu não devia ligar para a Mari. Ela me deve um almoço. Até conversamos brevemente naquela festa do lançamento do novo negócio do Paul, mas nem ela me ligou, nem eu liguei. E, depois, ela começou a sair com esse Jonas ...

Chris segurou o queixo dela, a fazendo olhar em seus olhos:

— Só espero que ela esteja feliz. E que tenha superado o que quer que fosse que a puxava para trás.

Fabi concordou, mas o olhar revelava que nem ela mesma acreditava tanto naquilo.

— Também espero ... — Respondeu, antes de beijar levemente os lábios do marido. — E ainda temos o problema “Cora”.

Chris não entendeu:

— Como assim? Que problema?

Fabi não enrolou:

— A Cora quer o Celo. Eu tenho certeza. As coisas que ela tem falado, as piadinhas, o veneno … isso é inveja, coisa de quem quer atrapalhar. Lá na festa, assim que o Celo chegou, ela fez questão de contar, sem ele nem ter perguntado, que Mari tinha saído com outro.

Fabi encarou o marido:

— Foi o mesmo com você, não lembra? Quando ela soube que você ficou com a Anna primeiro, ela fez aquela cena, esqueceu?

Chris deu risada:

— A gente estava iniciando o Paul e a Anna, no meio liberal. Cora veio com aquele papo atravessado, que queria ser iniciada também, pedindo para a gente olhar para ela e o Giba primeiro.

Chris abraçou a esposa pela cintura.

— Iniciamos os dois casais no final, mas Cora tinha uma certa obsessão em ser a primeira. Ela já superou isso?

Fabi deu de ombros:

— Sei lá, mas ela tem estado muito pior ultimamente. Sumindo, desmarcando compromissos comigo e com a Anna … outras vezes nem aparecendo. Tá estranho …

{…}

O quarto do casal estava com luz baixa. Paul tirou a roupa, o ritual diário antes de se deitar. Só dormia nu. Enquanto Anna, sentada na cama, fechou o livro que estava lendo.

Ela puxou assunto, desconfiada:

— Amor, você percebeu alguma coisa estranha no comportamento da Cora, ultimamente?

Paul ajeitou o travesseiro, se deitou e puxou Anna para o seu peito, acomodando-a de forma carinhosa.

— A Cora ... — Ele riu, balançando a cabeça. — A Cora é uma força da natureza. Tão intensa que, sinceramente, não me surpreendo mais com nada que venha dela.

Anna segurou a mão dele, entrelaçando os dedos, inquieta, desconfiada:

— É que a Fabi comentou umas coisas ... Disse que a Cora anda mais ácida, mais cheia de opinião sobre a Mari, sobre o Celo. E agora com essa história de a Mari estar saindo com o Jonas, e o Celo indo e vindo, todo estranho, chateado ... não sei. Sinto que tem algo fora do lugar. Acho que a gente devia chamar o Celo para um almoço. Sei lá … conversar, ver se ainda dá pra fazer alguma coisa ... Eu sinto que ainda estamos em dívida com eles.

Paul refletiu por alguns segundos, e depois respondeu:

— Eu também estava pensando nisso, na verdade. Com a nova empresa, vamos precisar reforçar a segurança digital. E, convenhamos, o Celo é o melhor no que faz.

Anna sorriu, satisfeita:

— Então pronto. Você convida. Me avisa o dia, e eu cuido do resto. Com a Mari é mais simples, deixa que eu falo com ela.

Paul abraçou a esposa mais apertado, puxando para um beijo calmo, e os dois se ajeitaram na cama, prontos para dormir.

{…}

O domingo amanheceu preguiçoso, com sol forte, embalado pelo som das ondas e pela ressaca de quem, na noite anterior, bebeu mais do que devia. Três garrafas de vinho, vazias, conversas desconexas, risadas aleatórias, mas nenhum assunto sério. Nem brigas, nem reconciliações, nem promessas. Só o vinho, o mar e o silêncio cúmplice de quem, por ora, não queria mais discutir.

Celo acordou no sofá, meio torto, com a lombar reclamando da escolha. Se espreguiçou, passou as mãos no rosto e olhou na direção do corredor. A porta do quarto estava fechada. Mari, pelo visto, havia aceitado o "acordo silencioso" da noite anterior e ficou com o quarto.

Ela saiu minutos depois, sorrindo para Celo, com os cabelos desgrenhados, bocejando, em direção ao banheiro. Ele se levantou, abriu a porta da varanda e respirou fundo o cheiro de maresia. Sorriu tranquilo, pois, apesar de tudo, aquele lugar fazia bem.

Minutos depois, Dani surgiu, toda animada, já de biquíni, câmera na mão, tirando fotos de tudo e todos. Diego veio logo atrás, rindo, carregando a caixa térmica.

— Bora pra praia! — Anunciou, como se fosse uma ordem inegociável.

E foram. Após o rápido café da manhã: Café que Mari passou, pão, requeijão e leite. A manhã foi inteira deles. Sol, água salgada, futebol de areia, brincadeiras, risadas. Nenhuma tensão, nenhum olhar atravessado. Só a leveza de serem uma família completa. Pelo menos por algumas horas.

Celo e Diego ficaram lado a lado na beira da areia, olhando o mar enquanto jogavam conversa fora.

— A empresa tá rodando bem. — Celo comentou. — Mas já tá na hora de pensar em contratar um administrador. Não dá mais para eu cuidar de projeto, atendimento, financeiro ... tudo.

Diego, secando o rosto com uma toalha, completou:

— E eu tô acelerando os processos. Desenvolvendo aquele sistema que o senhor projetou para gerenciar segurança de dados em pequenas e médias empresas. — E, orgulhoso, lançou: — Tá ficando simplesmente perfeito, pai. Automação, rastreamento, verificação de integridade ... tudo no mesmo pacote.

Celo sorriu, visivelmente orgulhoso.

— Moleque, cê tá voando. — Ele bateu no ombro do filho levemente — Se continuar assim, daqui a pouco eu viro seu funcionário.

Dani, que estava perto, ouvindo, não deixou passar.

— Ah, não! Se for pra vocês ficarem só falando de trabalho, estraga o clima. — Brincou, rindo, segurando o celular e tirando mais fotos, fazendo stories do momento.

Mari, que até então estava mais calada, apenas observando, foi puxada para o papo por Celo:

— E você? Tá de licença da vida profissional, é isso?

Ela suspirou, ajeitou o chapéu e respondeu, olhando para o horizonte:

— É ... fechei o consultório. Por tempo indeterminado. Eu precisava de um tempo pra mim. Pra me reorganizar. — Olhou rapidamente para ele. — Só volto quando estiver inteira de novo. Capaz. Forte.

Dani, meio séria, meio bem-humorada, soltou:

— O próximo semestre começa em dois meses ... — Ela olhou do pai para a mãe, e completou, com um sorrisinho que escondia mais do que revelava: — Espero voltar com tudo em ordem novamente.

O silêncio que se seguiu foi curto. Nem Celo, nem Mari responderam. Apenas trocaram um olhar rápido, quase imperceptível, antes de desviarem o foco de volta para a praia.

A diversão seguiu. Almoço simples na barraca da praia: peixe, camarão, batata frita, arroz, farofa, suco, refrigerante. Não teve álcool, pois os dois ainda estavam de ressaca.

Mais risadas, mais fotos. Dani seguia incansável, registrando tudo, postando, mostrando aquela "família perfeita" nas redes. Nem parecia que, até pouco tempo atrás, tudo parecia desmoronar.

Quando o sol começou a baixar, veio aquele suspiro coletivo: hora de voltar. Enquanto organizavam as coisas, Diego olhou pra Dani e sugeriu:

— Já que tudo deu certo, vamos juntos no carro da mãe. Deixa os dois irem no outro.

— Fechou. — Ela respondeu na hora, sem nem pestanejar.

Os dois riram, se divertindo com a própria tramoia, já sabendo que, mais uma vez, estavam deixando os pais sozinhos. Propositalmente, é claro.

Celo observou a cena, ajeitou a mochila nas costas e, antes de abrir a porta do carro, comentou com Mari, com um meio sorriso no rosto:

— No fim, acho que foi uma coisa boa. — Olhou pra ela. — A gente ainda tem aquela última conversa pra ter, não acha?

Mari respirou fundo, ajeitou o cabelo bagunçado pelo vento e respondeu, relutante, porém serena:

— É ... acho que sim.

Os dois entraram no carro. Daniela e Diego já tinham partido. O som do motor ligando se misturou ao som do mar que ficava para trás, junto com tudo que ainda precisava ser dito.

O carro seguiu pela estrada, com o som do motor preenchendo o silêncio incômodo que se formou desde que saíram da praia. As mãos de Celo apertavam o volante, como se, assim, pudesse organizar os próprios pensamentos. Olhava a estrada, mas, na verdade, estava olhando pra dentro de si.

Até que, de repente, ele quebrou o silêncio. Sem rodeios. Sem enrolação.

— Mari … — Respirou fundo. — Você acha que ... que a gente pode tentar de novo? — A voz dele não era firme, estava carregada de insegurança. — Eu sei que tem muita coisa em mim que precisa melhorar, que eu preciso corrigir, mas ...

— Celo ... — Mari interrompeu, quase em um sussurro, segurando as lágrimas. — Eu te amo. — Disse, de uma vez, deixando as palavras saírem antes que a coragem fugisse. — E eu queria tanto ... tanto ... ouvir você falar isso pra mim. — Ela fez uma pausa, respirando fundo, reunindo o que restava de força. — Só que ... não é tão simples assim.

Ela virou o rosto para a janela, como se o horizonte ajudasse a segurar o que transbordava por dentro. E então, deixou sair:

— Você era meu porto seguro, Celo. Meu melhor amigo. Minha segurança. — A voz dela tremeu. — E, do nada, você foi embora. Simplesmente ... sumiu.

Decidida, continuou:

— Sem olhar pra trás. Me deixou sozinha para lidar com tudo, pra segurar tudo ... enquanto você ... — Ela apertou os olhos, segurando as lágrimas. — … se divertia com qualquer uma que aparecesse. Como se ... como se tudo que a gente viveu não fosse nada. Eu sei que errei também, muito, mas eu jamais te deixaria ... — Ela não conseguiu terminar de falar. A emoção foi mais forte.

O silêncio se fez presente por alguns segundos. Só o som do carro, da estrada, e da respiração pesada dos dois. Celo apertou mais forte o volante. Seus olhos marejaram, mas ele manteve o foco na estrada.

— Eu sei, Mari ... — Respondeu, com a voz baixa, quase um lamento. — Eu sei. Não vou tentar justificar. Eu te machuquei, te abandonei ... — Engoliu em seco — … e hoje eu entendo. Eu estava perdido. Me culpando. Me odiando. Me sentindo inútil. Fracassado. Insuficiente. E, de verdade ... — Ele respirou fundo, com dificuldade. — Eu achei que … que estar comigo, naquele momento, talvez fosse a pior coisa para qualquer pessoa. Até para você.

Ele então soltou uma das mãos do volante e, com cuidado, buscou a mão de Mari. E ela, depois de um segundo de hesitação, deixou. Celo apertou os dedos dela com delicadeza e completou, com a voz embargada:

— Me diz, Mari ... me diz o que eu preciso fazer. Me diz como eu faço pra você me perdoar. Para você, ao menos, considerar me dar uma segunda chance.

Mari fechou os olhos, apertou a mão dele e enxugou, com a outra, as lágrimas que já não conseguiam mais ser contidas.

— Eu ... — Ela suspirou, tentando organizar os pensamentos — … eu quero que você lute por mim, Celo. — Disse, olhando nos olhos dele, séria, firme, intensa. — Eu quero que você me mostre que eu sou a mulher que você realmente deseja.

Ajeitando a postura, se virando para ele, continuou:

— Não só sua esposa. Não só a mãe dos seus filhos. Mas a sua mulher. Aquela que você escolheu. Que você vai escolher sempre. Não importa o que aconteça. Não importa o que a vida jogue no nosso caminho.

Celo apertou a mão dela, quase desesperado.

— Mas você é, Mari ... — A voz dele quebrou. — Nunca deixou …

Mas ela o interrompeu, olhando para ele com dor, mas também, com amor.

— Só que eu deixei de acreditar nisso, Celo. — Soltou, num fio de voz. — Eu ... eu não me sinto mais essa mulher. — Piscou algumas vezes, segurando o choro. — E eu quero ... eu preciso ... que você me faça sentir isso de novo. Que me faça acreditar que eu sou essa mulher pra você.

O silêncio caiu, pesado, denso, cheio de tudo aquilo que ainda estava entre eles. Mas, apesar das palavras duras, as mãos seguiam entrelaçadas. Nenhum dos dois soltou. E talvez ... só isso, por enquanto, já fosse um recomeço.

O silêncio seguia pesado no carro, mas não desconfortável. Era o tipo de silêncio que carregava tudo o que foi dito e, principalmente, tudo o que ainda precisava ser falado.

Celo apertou levemente a mão de Mari e, com a voz mais baixa, mais serena, mas cheia de vontade, perguntou:

— E ... como eu faço isso, Mari? — Virou ligeiramente o rosto, buscando os olhos dela. — Como eu me conecto com o seu coração outra vez? — A voz estava embargada, quase quebrada. — Me ensina ... me mostra o caminho.

Mari respirou fundo, firme, olhando pra frente, como quem encara não só a estrada, mas o próprio destino.

— Você sempre esteve aqui. — Levou a mão livre até o peito, apertando de leve. — A conexão nunca foi perdida. Só ... só ficou em pausa. Perdeu intensidade. Perdeu força. — A voz dela oscilou, entre a fragilidade e a firmeza. — Me mostra que eu posso confiar em você novamente. Me prova isso. Me faz acreditar. Porque ... — Respirou fundo. — se você fizer isso ... eu te prometo ... eu vou te entregar tudo. Corpo e alma. Tudo que, lá atrás, eu te neguei. Tudo que eu te privei. Tudo que eu mesma me impedi de viver por medo.

Ela segurou o choro, apertando mais forte a mão dele, mas não parou. Manteve o embalo, sem fugir do que precisava ser dito.

— Eu me sinto pronta, Celo. — A voz agora era cheia de verdade, sem espaço para dúvida. — Pronta para me entregar por inteiro. Do jeito que você sempre quis. Do jeito que você sempre me pediu. Do jeito que você ... sempre me cobrou. — Ela o encarava com olhos apaixonados. — De uma forma que eu nunca … nunca antes, te permiti me ter.

Celo abriu a boca, tentando dizer alguma coisa, mas Mari ergueu a mão, pedindo com um gesto que ele esperasse.

— Não fala ainda ... — Pediu, com a voz trêmula. — Me deixa ser honesta até o fim. Eu preciso ser. — Respirou fundo mais uma vez, o peito subindo e descendo, pesado, acelerado. — Eu preciso que você saiba que com Paul ... — virou o rosto para ele, olhando nos olhos, séria, transparente — Pede parecer inconsistente, mas não foi nem um décimo do que é com você. Nem perto. Nem sombra.

Ela segurou os olhos dele, sem piscar, sem fugir.

— A Anna me contou. Me contou da conversa que vocês tiveram. — As palavras saíram apertadas, mas firmes. — E eu preciso te dizer, olhando nos teus olhos. E eu preciso que você ouça, e que entenda ... — Ela fechou os olhos por um segundo e então disse, sem filtros. — Você sempre foi o meu melhor amante. O melhor que eu já tive. E se, em algum momento, existiu medo em mim ... — levou a mão ao peito de novo, apertando — era porque eu sabia … sabia que, se eu me entregasse de verdade e depois perdesse tudo … Eu jamais me recuperaria.

Os olhos de Mari estavam marejados, mas não havia tristeza. Era só verdade. Crua. Intensa.

— Paul ... — Mari balançou a cabeça, como se nem quisesse falar o nome — … pode ser o que for. Um cara legal, correto, até mesmo amigo, mas ele ... — Ela apertou a mão de Celo, mais forte. — … ele nunca foi e nunca será você. Ninguém nunca será.

A voz dela agora deslizava entre a emoção e o desejo.

— E, pra mim, isso é amor, é prazer … é tesão. É desejo absoluto. Incondicional. — Ela enxugou as lágrimas novamente. — Esse ... esse é você para mim, Celo. Só você. Com o Paul, assim como com qualquer outro, faltaria o ingrediente principal: “amor”. Esse, eu só sinto com você e, por você.

Celo sorriu. Um sorriso que misturava alívio, alegria, amor e até um pouco de incredulidade. As palavras dela ... eram tudo o que ele sempre sonhou ouvir. Tudo o que ele precisava. O bálsamo que sua alma sedenta tanto procurava.

Ele apertou mais forte a mão dela, olhando com uma ternura que parecia quase palpável.

— Obrigado, Mari ... — Disse, com a voz embargada, olhando nos olhos dela como se ela fosse tudo. — … você não tem noção ... não faz ideia ... do quanto eu precisava ouvir isso.

E, mesmo que os corpos estivessem separados pelos bancos do carro, as mãos seguiam unidas. Coladas. Incapazes de se soltarem. Porque ali, naquela estrada, naquele momento, alguma coisa estava, definitivamente, começando a se alinhar de novo.

O silêncio parecia ter encontrado um espaço confortável dentro do carro, preenchido pelas verdades que acabavam de ser ditas. Mas Celo sabia que havia uma última pergunta queimando dentro dele. Sabia também que poderia estragar tudo. Mesmo assim, não podia deixar passar.

Ele respirou fundo, apertou de leve a mão de Mari, e, sem rodeios, perguntou:

— Mari ... — Sua voz estava mais baixa, mais contida — Por que aquele cara? — Olhou pra ela, sério, buscando entender. — Por que ele? Ele apareceu do nada, vindo sei lá de onde. Por quê?

Ele virou o rosto para frente, respirando fundo de novo. Celo ainda disse:

— Se não quiser responder, tudo bem. Eu entendo. — A mão apertou mais forte a dela. — Eu não tenho esse direito ... — suspirou pesadamente. — Eu que fui embora.

Mari ficou em silêncio por alguns segundos, olhando pela janela, vendo o mundo passar, organizando os próprios pensamentos. Mas não havia por que esconder, não mais. Precisava ser honesta com ele. E, acima de tudo, consigo mesma. Virou o rosto devagar, encarando Celo.

— Porque ele estava lá, Celo. — A voz saiu firme, mas com aquele fundo de dor que só quem já esteve despedaçado sabe reconhecer. — Porque ele fez tudo o que eu queria que você tivesse feito. — Olhou nos olhos dele, sem desviar. — Ele sabia do meu momento. Sabia da complicação. Sabia que que eu não estava inteira. Mas, mesmo assim ... ele decidiu que me queria. Que ia tentar. Que ia lutar por mim.

Celo apertou os olhos, sentindo cada palavra como uma pontada no peito. Mas não interrompeu. Mari continuou, não dava mais para parar.

— Ele foi paciente, Celo. Foi perseverante. Ele ficou lá, do meu lado, aliviando a dor e o sofrimento, me fazendo pensar em outra coisa.

Já que começou, precisava ir até o final:

— Enquanto você ... — Ela respirou fundo, tentando segurar o choro. — Enquanto você tava se distraindo pelo mundo … — Ela baixou a cabeça, apertando os olhos.

Mari o encarou novamente, os olhos marejados, mas cheios de verdade.

— E depois de, sei lá, da décima ... — Sorriu sem alegria. — Da décima desilusão com você, eu cedi, Celo … Achei que era hora. Que eu precisava parar de esperar. Acreditei que você nunca mais voltaria. Que a gente tinha se perdido de vez.

Ela sabia que precisava ir além. Precisava deixar tudo limpo. Tudo claro.

— E quer saber a verdade? — Olhou nos olhos dele, séria, honesta, nua de qualquer mentira. — Como eu já disse, acabei usando o Jonas. — As palavras saíram como uma facada nela mesma. — Mesmo que de forma não totalmente consciente, eu o usei para tapar o buraco que você deixou no meu peito. Na minha alma. Eu tentei ... eu tinha que tentar seguir em frente.

Mari fechou os olhos, respirando fundo, segurando as lágrimas.

— E ele não merece isso, Celo. Não merece mesmo.

Por alguns segundos, tudo ficou em silêncio. Só se ouvia o som do motor, dos pneus no asfalto, da própria respiração pesada dos dois.

Celo sentia como se o peito estivesse apertado, esmagado. Mas, no fundo sabia que não tinha o direito de julgar, de questionar, de exigir absolutamente nada. As palavras não cabiam mais. Não adiantavam. Eram inúteis. O que ele precisava, era agir. Mostrar. Provar. Que ela era, e sempre foi, a mulher da vida dele.

O carro finalmente entrou na rua familiar, a rua da casa que sempre fora deles. Sempre fora o lar. O lar da família que, de alguma forma, ainda pulsava. Ainda existia. Celo estacionou em frente a casa, ainda segurando a mão de Mari e, antes que ela puxasse a maçaneta, falou:

— Eu ouvi, Mari. — Virou-se completamente para ela, olhando fundo, direto na alma dela. — Eu não vou fazer promessas, assim como não vou exigir garantias. Nem pedir nada. — Apertou mais forte a mão dela. — Eu só quero que você saiba que eu vou lutar por você. — A voz quebrou no final, carregada de verdade. — Com tudo o que eu tenho. Com tudo o que eu sou. Porque eu te amo, Mari. Eu te amo, mais do que tudo nesse mundo.

E foi o limite. Mari não resistiu mais. O desejo, o amor, a saudade, o alívio, tudo explodiu ao mesmo tempo. Ela se lançou nos braços dele, e o beijo foi intenso, desesperado, apaixonado, cheio de tudo. De dor, de amor, de esperança, de perdão. Foi um beijo que dizia tudo o que as palavras não conseguiam mais dizer.

Quando o ar faltou, ela ainda ficou abraçada nele, o rosto em seu pescoço, sentindo o cheiro, o calor, o abrigo. Queria puxá-lo para dentro de casa. Queria não soltar nunca mais. Queria tudo. Ali. Naquele momento. Mas, as condições estavam estabelecidas. Ela precisava esperar, ter a certeza de que ele voltaria completo. Esperar para ver se, daquela vez, as promessas seriam cumpridas.

Mari saiu do carro devagar, relutante e, antes de fechar a porta, olhou para ele, mordendo o lábio, com os olhos brilhando.

— Boa noite, Celo ...

— Boa noite, amor ... — Ele respondeu, baixinho, como quem queria que aquele momento nunca terminasse.

Ela fechou a porta. E, naquele silêncio que ficou, Celo sabia: A guerra estava só começando. A reconquista do amor.

Dirigiu de volta para casa com o peito leve, feliz. Celo entrou no apartamento e, assim que fechou a porta, foi tomado por um sentimento incômodo. Era só um apartamento. Quatro paredes frias, sem cheiro de lar, sem alma, sem história. Nunca foi refúgio, nunca foi abrigo ... era apenas um esconderijo, um cárcere.

Deixou as chaves sobre o aparador e ficou alguns segundos parado, olhando ao redor. Respirou fundo, passou a mão no rosto e, decidido, pegou papel e caneta. Precisava organizar seus pensamentos, transformar sentimento em ação.

Começou a lista: Preferências.

“Flores favoritas: Girassóis”.

Simples, fortes, vibrantes como ela, que sempre dizia que girassol era a flor que buscava a luz, e que era assim que queria ser na vida.

“Cor favorita: Azul-turquesa”.

A cor do mar nas viagens que fizeram juntos, a cor que ela sempre escolhia para objetos, detalhes ...

“Comida preferida: Lasanha de berinjela”.

Não era qualquer uma. Era aquela feita em um restaurante pequeno, no centro antigo da cidade, aonde eles iam nos aniversários de casamento.

“Viagem marcante: Gramado, no primeiro ano de casados”.

Foi onde eles riram até não aguentar, brigaram pela primeira vez, fizeram as pazes, se amaram para fazer as pazes, e descobriram que estavam prontos para construir uma vida juntos, que Mari estava grávida. Meses depois, descobriram que era uma gestação dupla, um casal.

Coisas importantes:

1. Levar as flores favoritas dela.

2. Reformar o jazigo da família. (Ela falava disso há anos, e ele sempre adiava. Agora, isso se tornou prioridade absoluta.)

3. Montar aquele jardim de ervas na varanda, que ela sempre quis e ele nunca considerou que fosse importante.

4. Consertar aquele quadro de fotos da família, que quebrou já há alguns anos.

Celo anotou o que lembrava, o que precisava dar prioridade, quando o celular vibrou. Na tela, "Vicente".

Celo respirou fundo antes de atender, já imaginando o que vinha.

— Fala, irmão! — A voz de Vicente veio animada. — Seguinte: festinha daquelas hoje. Você não vai acreditar quem vai tá por lá ...

Celo sorriu, quase se divertindo com a empolgação do amigo.

— Cara, obrigado pelo convite, de verdade. Você não tem ideia do quanto foi importante o tempo que passei com você, as loucuras, as experiências ... — Disse, com sinceridade. — Me ajudaram a entender muita coisa … sobre mim, sobre a vida, sobre o que eu quero ...

Vicente riu.

— Tá, tá, tá, mas nem vem com esse papo de aposentadoria não. Bora viver, porra!

Celo balançou a cabeça, firme, decidido.

— Não, irmão. Eu sei exatamente o que eu quero agora. E não tem nada a ver com essas festinhas. Foi bom, foi aprendizado, valeu. E você é um amigo que eu quero ter pra vida toda. Bora tomar uma cerveja qualquer dia, falar besteira, rir, mas esse capítulo aí, pra mim, tá encerrado.

Vicente ficou em silêncio por uns segundos, depois soltou um riso sincero.

— Respeito, irmão. De verdade. E torço para você conseguir o que tá buscando. Você é foda, velho.

— Valeu, irmão. E se cuida, hein. — Respondeu Celo. — Te espero para aquela cerveja.

Se despediram e desligaram.

Celo olhou novamente para o papel na mesa, para a lista. Sorriu. Após meses de uma busca sem sentido, de uma felicidade fútil, de relações sem profundidade, o peito estava leve. A cabeça em paz. Mesmo sem ter Mari oficialmente de volta, ele sabia que estava no caminho certo.

Tomou um banho, colocou uma roupa confortável e, deitado no sofá, olhou para o teto escuro, sorrindo sozinho. Naquela noite, Celo dormiu. Mas dormiu de verdade. Sem ansiedade, sem peso, sem vazio. Dormiu como quem sabe que, enfim, encontrou novamente um propósito.

O despertador tocou cedo naquela segunda-feira, mas Celo já estava acordado. Pela primeira vez em meses, não acordou pesado, não acordou vazio. A cabeça estava cheia de planos e o coração cheio de propósito.

Tomou banho, café rápido, se sentou no notebook e começou a colocar tudo em prática. Primeiro, ligou para uma empresa funerária. Contratou um plano completo, com manutenção periódica, limpeza, restauração e até paisagismo para o jazigo da família de Mari. Passou o contato dela e deixou os detalhes para que Mari escolhesse. Aquilo não era só uma obrigação que ele vinha adiando há anos, era um gesto de amor, de respeito pela história dela, pela família dela.

Em seguida, abriu o contato salvo no WhatsApp da floricultura preferida da Mari, onde era cliente há anos.

— Bom dia, aqui é Marcelo. Eu quero uma encomenda especial. Vocês têm girassóis? — Perguntou.

— Temos sim! À pronta entrega. — Respondeu a atendente simpática. — Quantos seriam?

— Quantos você tiver. — Pediu ele, sorrindo. — Quero montar o maior e mais bonito arranjo que vocês já fizeram. Capricha, tá?

Ele fechou o pedido, pagou por Pix e marcou a entrega para aquela manhã mesmo. Antes de sair, olhou para as anotações na mesa. Algo piscou na memória: O carro. Lembrou de quantas vezes Diego passava na frente daquela concessionária perto do escritório, olhando aquele Hatch esportivo, modelo de entrada, perfeito para a idade dele. O filho comentava, fazia piada, tirava foto, mandava no grupo da família, e dizia: “Um dia, quem sabe...”.

Celo sorriu. “O dia chegou”.

Antes de ir para o trabalho, fez um desvio e parou na concessionária. Não pensou duas vezes.

— Bom dia. Quero aquele. — Apontou para o Hatch preto com detalhes grafite, que estava na vitrine, girando numa plataforma. — Posso levar?

O vendedor, claro, arregalou os olhos.

— Claro! Podemos conversar sobre as condições ...

— À vista. — Celo interrompeu. — Faz a papelada, transfere, e me entrega ainda hoje, no escritório. Dá pra fazer?

— Dá sim! — Respondeu o vendedor, empolgado, pensando na comissão. — Claro que dá.

Resolveram tudo rapidamente. Carro pago, documento em processo, chave separada.

Seguiu então para o escritório, onde Diego já estava há algum tempo, cabeça baixa no notebook, concentrado, ajustando os códigos de um novo sistema de segurança que estavam desenvolvendo para um cliente grande, estatal.

O expediente correu. Chamadas, reuniões online, ajustes em projetos. Celo percebeu o quanto Diego tinha se tornado parte importante do que construíam. Ágil, responsável, organizado, com um olhar afiado tanto para a lógica quanto para os detalhes. E percebeu também que, se queria crescer, precisava logo contratar aquele administrador que vinha adiando.

No meio da tarde, o interfone tocou.

— Senhor Marcelo? Chegou uma entrega para o senhor, na garagem.

Celo sorriu.

— Perfeito. Traz pra vaga 15, por favor.

Poucos minutos depois, chamou Diego:

— Vem cá, moleque. Desce comigo um instante.

Diego franziu a testa, meio sem entender, mas se levantou, largando o notebook aberto na mesa, e seguiu o pai até a garagem.

Quando chegaram, o carro estava lá. Reluzente. Laço vermelho em cima do capô. Diego parou, olhou, arregalou os olhos.

— Não ... Não ... — Disse, rindo nervoso, achando que era piada. — Não é possível ...

Celo cruzou os braços, segurando o sorriso.

— Chega de pedir o meu carro emprestado. O seu tá aí.

Diego ficou paralisado. Piscava, olhava para o pai, olhava para o carro.

— Tá brincando ... É sério isso?

Celo entregou a chave para ele.

— É sério. E deixa eu te falar uma coisa: isso não é um presente. É um bônus pelo trabalho duro que você tem feito. Você está se mostrando um homem responsável, um profissional competente e dedicado. E quem trabalha, quem corre atrás, colhe resultado.

Diego pegou a chave, meio sem acreditar. Passou a mão no rosto, segurando a emoção.

— Caraca, pai ... eu ... não sei nem o que dizer ... — Respirou fundo, excitado, a adrenalina pulsando.

Celo deu um tapinha no ombro dele.

— Juízo, moleque. E bora voltar que tem projeto esperando.

Subiram rindo, com Diego ainda olhando para a chave na mão, sem acreditar no que tinha acontecido.

E no meio daquilo, Celo pensava: “É isso. Família, amor, construção. Esse é o meu caminho”.

{…}

De volta à noite de domingo:

Mari se despediu de Celo e entrou em casa com um sorriso que ela mesma não conseguia disfarçar. Era leve, genuíno, daqueles que nascem quando o coração transborda esperança. Na cozinha, Daniela estava terminando de preparar um jantar simples, uma saladinha caprichada, frango grelhado e arroz integral. Enquanto isso, Diego estava à mesa, concentrado no notebook, digitando rápido, totalmente imerso em algum código ou projeto.

Daniela percebeu na hora, arqueou a sobrancelha e não perdeu a chance de provocar, com aquele tom brincalhão, mas cheio de segundas intenções:

— E aí, mãe? Tá sorrindo por quê? — Ela fez uma pausa, apertando os olhos — Me conta ... Papai vai voltar pra casa?

Mari tentou disfarçar, balançando a cabeça, mas não conseguiu esconder aquele sorriso bobo, quase adolescente.

— Devagar com o andor, dona Daniela ... — Respondeu, fingindo seriedade — Seu pai e eu ainda temos muita coisa pra resolver. Tudo tem seu tempo.

Daniela sorriu, satisfeita. Sabia ler a mãe como poucos. E não insistiu. Apenas piscou, cúmplice.

Mari subiu para o quarto, tomou um banho rápido, e depois voltou para jantar com os filhos. A mesa estava leve, as conversas fluíam soltas, cheias de risadas, memórias e até alguns planos para os próximos dias. Naquela noite, Mari dormiu com o coração em paz, embora a mente insistisse em lembrá-la que ainda havia uma pendência que ela não podia mais adiar: ser honesta com Jonas. Não podia, nem queria, alimentá-lo com falsas esperanças.

Na manhã seguinte, Mari acordou cedo. Vestiu sua roupa leve, prendeu o cabelo de qualquer jeito e foi cuidar das plantas no jardim, como sempre fazia quando queria organizar os pensamentos. Podava, regava, arrancava folhas seca e, sem perceber, ajeitava também os próprios sentimentos.

Por volta das dez e meia, a campainha tocou. Ela limpou as mãos no avental e foi atender, achando que era alguma encomenda dos filhos ou até o vizinho trazendo alguma correspondência que fora entregue errada.

— Entrega pra senhora. — Disse o rapaz da floricultura, segurando um arranjo espetacular de girassóis, enormes, vivos, radiantes.

Mari segurou o sorriso que teimava em escapar.

— Tem cartão? — Perguntou, mesmo já sabendo a resposta.

O rapaz olhou a ficha e confirmou:

— Não, senhora. Só a entrega mesmo.

Ela agradeceu, recebeu o arranjo — ou melhor, aquele abraço em forma de flores — e levou direto para a sala. Sem pensar duas vezes, pegou o vaso de cristal da mãe, aquele que ela guardava para ocasiões especiais, e colocou os girassóis, ajeitando um a um, como se estivesse colocando ordem nos próprios sentimentos.

E, sim, ela sabia exatamente quem tinha mandado. Girassóis. As flores que Celo lhe deu no início do namoro, quando ela comentou, certa vez, que aquelas flores pareciam o sol, fortes, alegres, que sempre buscam a luz, mesmo nos dias nublados.

Ainda ajeitava o vaso quando o telefone tocou.

— Bom dia, Sra. Marilena. Quem fala é Cláudio, da Funerária Memorial Jardim da Paz. Gostaria de tratar sobre a reforma do jazigo da sua família. Eu posso enviar as opções por e-mail ou, se preferir, podemos agendar para que a senhora venha até nosso escritório.

Mari ficou alguns segundos em silêncio, surpresa.

— Desculpa … — Ela ajeitou o telefone no ouvido — Reforma? Quem solicitou isso?

O atendente confirmou:

— O Sr. Marcelo, seu esposo. Ele já deixou tudo alinhado, inclusive a contratação do plano de manutenção vitalícia. Mas pediu que os detalhes, como acabamento, tipo de mármore, inscrição e outros ajustes, fossem decididos pela senhora.

Por alguns segundos, Mari não conseguiu responder. Apenas sorriu. Aquele sorriso bobo, de quem entende, sem nenhuma palavra, que alguém está, de fato, lutando por ela, preocupado com as necessidades dela.

E não era qualquer luta. Não era só com flores, presentes ou palavras bonitas. Era com ações que tocavam fundo, que demonstravam cuidado, zelo, respeito pela história dela, pela memória dos pais, pela vida que eles construíram juntos um dia, e que, quem sabe, poderiam reconstruir.

— Prefiro ir até vocês, ver as opções …

Combinaram o horário do atendimento e desligaram.

Ali, diante daquele buquê de girassóis, Mari percebeu que Celo não estava brincando. Não estava tentando seduzi-la com gestos vazios. Ele estava, de verdade, disposto a ser o homem que ela precisava, que ela sempre sonhou. E, mais do que isso, que ela sempre amou.

A manhã passou rapidamente, e a alegria voltava plena ao coração de Mari, mesmo que ainda houvesse arestas a serem aparadas.

Mari se olhou no espelho antes de sair. Vestiu aquele vestido leve, que ela sabia que realçava sua beleza natural, sem exageros, sem esforço. Cabelo solto, maquiagem suave, só para acender o olhar e disfarçar o cansaço dos últimos meses. Ou, quem sabe, dos últimos anos.

Encontrou Luciana no restaurante de sempre, aquele bistrô acolhedor que parecia ter sido desenhado especialmente para conversas íntimas e sinceras. Amigas de longa data, Luciana não precisou de mais do que alguns segundos observando Mari atravessar o salão para perceber: havia algo diferente nela. Leveza misturada com ansiedade. Esperança misturada com medo.

— Bom ... — Luciana sorriu, se levantando para cumprimentar a amiga. — Pela sua cara, ou a bomba estourou de vez ... ou, finalmente, tudo começou a se ajeitar.

Mari riu, aceitando o abraço.

— Acho que as duas coisas. — Sentou-se — A vida ... bagunçou tudo pra depois começar a colocar cada coisa no seu lugar.

— Sabia ... Eu sabia que uma hora vocês iam ... — Luciana parou, ajeitou-se na cadeira, trocando o tom de amiga para terapeuta. — Conta. Me dá o contexto.

Mari respirou fundo e começou a falar. Contou sobre o fim de semana na praia, as conversas, os silêncios, as confissões, as mágoas que vieram à tona e, mais do que tudo, sobre a decisão que ela e Celo tomaram de, talvez, tentar se reencontrar. Não era uma promessa. Ainda não era um recomeço. Mas era, definitivamente, uma escolha de olhar para tudo com mais carinho, mais verdade e mais atenção.

Luciana ouvia atenta, balançando a cabeça, com aquele olhar que mistura compreensão e análise, tão característico de quem vive entre a amizade e a profissão.

— Sabe, Lu ... — Mari apertou o copo de suco com as duas mãos, olhando fixamente para o líquido de cor intensa. — Eu sinto, de verdade, que quero isso. Que quero tentar. Mas ... — Respirou fundo — Tem uma coisa que tá me tirando o sono. Eu preciso conversar com o Jonas. E eu não sei como fazer isso sem ... sem parecer que ele foi só ... um curativo barato para tapar o buraco que o Celo deixou.

Luciana não respondeu de imediato. Pegou o guardanapo, ajeitou na perna, cruzou as mãos e olhou fundo nos olhos da amiga.

— Mari ... — Começou, com aquele tom doce, mas assertivo — A gente não controla como o outro vai se sentir. Você não tem esse poder. O que você tem é a responsabilidade de ser honesta. Clara. Verdadeira.

Mari assentiu, olhando para baixo.

— E outra coisa ... — Luciana ponderou. — Jonas não é uma criança. Ele sabia desde o primeiro momento no que estava se metendo. Sabia da sua dor, da sua história, da bagagem que você carrega. E escolheu, mesmo assim, estar com você. Você não enganou ninguém.

Mari respirou fundo, absorvendo.

— Isso não significa que ele não vá se magoar. — Luciana reforçou — Talvez vá. Talvez se sinta exatamente como você teme: um tapa-buraco, um substituto temporário. Mas isso é algo que ele vai precisar processar. E, se ele for maduro, se realmente se importa com você, vai entender que você não é culpada por ter tentado seguir em frente. Você não o usou, Mari. Você estava tentando não afundar.

Mari passou a mão no cabelo, como quem tenta espantar a culpa, o medo, a ansiedade.

— Tá. Mas como eu digo isso pra ele? Como eu deixo claro que ele foi importante, que ... que eu gostei dele, que ele me fez bem, mas que agora ... agora eu preciso me reconectar comigo, com minha história, com o Celo?

Luciana respirou fundo, depois falou com calma:

— Seja simples. Seja direta. E, acima de tudo, honesta. Você pode dizer algo como: "Jonas, você apareceu num dos momentos mais difíceis da minha vida e foi um abraço, um colo, uma chance de acreditar que eu ainda merecia carinho, cuidado e desejo. E isso nunca vai ser pequeno para mim. Mas, nesse caminho, eu percebi que ainda tenho coisas não resolvidas. Que ainda amo quem fez parte da minha vida por tanto tempo. E que preciso entender, de forma honesta, se ainda há algo ali pra ser reconstruído. Isso não diminui o que vivemos, mas significa que eu preciso ser honesta comigo e com você". — Luciana segurou a mão de Mari — Simples assim. Sem floreios, sem promessas, sem desculpas.

Mari fechou os olhos por alguns segundos, respirando, processando cada palavra.

— É ... — abriu os olhos e sorriu — É isso. Eu só precisava ouvir isso, Lu. Que tá tudo bem cuidar de mim. Que eu não sou uma vilã por querer ser feliz.

Luciana apertou a mão da amiga, sorrindo.

— Nunca foi, Mari. Você só se perdeu no meio do caminho. Mas tá se encontrando. E isso é lindo de ver. Aliás ... — Ajeitou-se na cadeira, sorrindo maliciosa — Parabéns para o Celo. Ele finalmente entendeu o que sempre esteve debaixo do nariz dele.

Mari riu, relaxando, sentindo que aquele peso começava, aos poucos, a se dissolver.

Ali, naquele almoço simples, entre uma garfada e outra, ela percebeu que estava, de fato, pronta. Pronta para fechar ciclos, para abrir portas e, principalmente, para se escolher. Sem medo, sem culpa.

Mari saiu do restaurante leve, com o coração mais tranquilo. A conversa com Luciana foi como aquele abraço que ela nem sabia que precisava. Ao entrar no carro, antes mesmo de ligar o motor, pegou o celular, abriu a conversa com Celo e, sem pensar duas vezes, digitou:

“Eu preciso te agradecer... Pelas flores, tão lindas. E, principalmente, por ter se lembrado da reforma do jazigo da minha mãe. Só de saber que você se importou e tomou essa iniciativa, isso toca muito o meu coração. Você não imagina o quanto isso significa pra mim. De verdade. Obrigada, Celo. Por estar de volta. Por lutar por mim”.

Demorou pouco para que a notificação de resposta surgisse na tela. Era ele.

“Você merece, Mari. Cada detalhe. E pode ter certeza, isso é só o começo. Eu tô aqui, inteiro. E dessa vez, para não sair mais”.

Um sorriso doce escapou no rosto de Mari, e aquele nó apertado que ainda existia no peito pareceu afrouxar um pouco mais. A música que tocava no rádio, só reforçava aquele sentimento bom: “Preciso Dizer Que Te Amo”, de Bebel Gilberto e Cazuza.

“É que eu preciso dizer que eu te amo

Te ganhar ou perder sem engano

É, eu preciso dizer que eu te amo, tanto

E até o tempo passa arrastado

Só pra eu ficar do teu lado

Você me chora dores de outro amor

Se abre e acaba comigo

E nessa novela eu não quero ser teu amigo

É, que eu preciso dizer que eu te amo

Te ganhar ou perder sem engano, é

Eu preciso dizer que eu te amo, tanto

Eu já não sei se eu tô misturando

Ah, eu perco o sono

Lembrando em cada riso teu qualquer bandeira

Fechando e abrindo a geladeira a noite inteira

É que eu preciso dizer que eu te amo

Te ganhar ou perder sem engano

É, eu preciso dizer que eu te amo, tanto”

Ainda havia um assunto pendente. Um que ela mesma criou e que precisava enfrentar. E adiar não faria aquilo doer menos. Então, abriu a conversa com Jonas. Seus dedos pairaram sobre o teclado por alguns segundos antes de escrever:

“Oi! Você está disponível hoje à noite? Precisamos conversar. Podemos nos encontrar?”.

A resposta não demorou, mas veio diferente de todas as outras vezes. Curta. Seca. Quase fria.

“Passo aí às oito”.

O estômago de Mari revirou. Aquilo não parecia o Jonas que ela conheceu, que sempre a tratou com cuidado, carinho e paciência. Algo estava muito errado. Ela respirou fundo, mordeu o lábio inferior e digitou, decidida:

“Não. Dessa vez eu vou até você. Está no hotel?”.

Demorou alguns segundos, e então:

“Sim. Fico no aguardo”.

Mari bloqueou o celular, segurou-o no colo por um instante, olhando pela janela, refletindo. O clima estava estranho e ela sabia que aquela seria uma conversa extremamente difícil.

Mari chegou em casa e, diferente das outras vezes, não se jogou no sofá, não ligou a TV, nem buscou distrações rápidas. Precisava ocupar o corpo para acalmar a mente. Colocou roupa na máquina, passou aspirador na casa, organizou a cozinha … coisas simples, quase automáticas, mas que ajudavam o tempo a passar.

Quando o relógio se aproximava das seis da tarde, ela subiu para o quarto e começou, sem pressa, a se arrumar. Escolheu um vestido bonito, elegante, discreto, mas que a fazia se sentir bem. Jonas merecia aquilo. Merecia vê-la no seu melhor. Afinal, mesmo que o destino deles não fosse mais um só, ele havia sido um homem bom com ela. Tinha tentado, tinha lutado ... e ela não queria que ele saísse de sua vida com a sensação de que não significou nada.

Quando desceu as escadas, ajeitando os brincos, encontrou Daniela na cozinha, mexendo brigadeiro no fogão. A filha, esperta como sempre, não perdeu a chance de brincar:

— Já vai encontrar o papai de novo? — Perguntou, sorrindo maliciosa. — Aí, sim ...

Mari segurou o riso, mas não mentiu:

— Na verdade, não. — Ajeitou a bolsa no ombro. — Preciso resolver um outro assunto antes.

Daniela não perguntou mais. Só assentiu, séria, como quem entende muito mais do que diz. Conhecia a mãe como ninguém.

O caminho até o hotel foi tenso, mesmo que rápido. Não pelo trânsito, mas pelos pensamentos. O estômago revirava, a boca seca, e aquela sensação que ela detestava — de conflito, de ter que encarar o desconforto — apertava o peito. Mas precisava. Era certo. E ela faria.

Ao chegar, a recepcionista sorriu, já a conhecia.

— Boa noite, Sra. Marilena. O senhor Jonas já deixou liberado o acesso ao quarto. Pode subir.

— Obrigada ... — Mari respondeu, gentil, tentando manter a voz firme.

O elevador parecia mais apertado que o normal. As luzes, mais fortes. O coração batia no ritmo das portas se fechando. E então, o andar número seis. O corredor longo, o carpete abafando os passos. E, ali, a porta 604.

Quando foi bater, percebeu: estava entreaberta. Ainda assim, bateu.

— Jonas? — Chamou, esperando uma resposta. — Jonas, sou eu.

Silêncio. Tentou mais uma vez:

— Posso entrar?

Sem retorno. Mari empurrou a porta devagar, e a cena que encontrou, a paralisou por alguns segundos: Jonas estava largado no sofá, a camisa aberta, o cabelo desgrenhado, uma garrafa de whisky pela metade na mesa de centro, ao lado de dois copos. Um vazio, outro ainda com gelo derretendo no fundo. As olheiras profundas, a expressão fechada. Ele não fez menção de se levantar, nem de sorrir. Apenas lançou um olhar pesado, misturado entre mágoa e exaustão.

Mari respirou fundo. O nó apertou na garganta. Ela sabia ... Aquele talvez não fosse um bom momento. Mas era necessário. Melhor não adiar mais.

Mari respirou fundo. O cheiro forte de álcool impregnava o ambiente, misturado ao aroma amargo de decepção e mágoa. Ela deu alguns passos cautelosos, olhando ao redor, buscando entender a situação, mas seu instinto gritava para ir embora dali.

— Acho ... acho que seria melhor a gente conversar em outro momento — Tentou, mantendo a voz calma, mas trêmula. — Você ... você não me parece bem.

Jonas se levantou de repente, num pulo, como se tivesse levado um choque. Seu corpo se projetou até ficar a centímetros dela, o rosto tão próximo que Mari pôde sentir o cheiro do whisky em sua respiração. Os olhos dele estavam vermelhos, injetados, uma mistura de dor, raiva e frustração.

— Por quê? — Ele cuspiu as palavras. — Podemos falar agora, não podemos? Tem alguma coisa pra me dizer?

O tom agressivo fez Mari dar dois passos para trás, surpresa e assustada.

— Você não tá bem ... — Disse, mantendo as mãos erguidas, como se tentasse acalmar um animal prestes a atacar. — Aconteceu alguma coisa?

Jonas não deu espaço. Avançou de novo, encurtando a distância, obrigando-a a recuar ainda mais.

— Me diz você, Mari ... Aconteceu? — A voz dele era cortante, quase venenosa. — Como foi o fim de semana na praia, hein? Aproveitou bem o tempo de mãe e filha?

Mari recuou até sentir as costas colidirem contra a parede. O coração disparou. Ela apertou a bolsa contra o peito, tentando se proteger, os olhos arregalados.

— O que ... o que você tá dizendo? — Gaguejou. — Tava me vigiando? Me seguindo?

O riso que saiu de Jonas não parecia humano. Era histérico, descompassado, desequilibrado. Ele puxou o celular do bolso e, sem olhar para a tela, foi deslizando as fotos, encarando Mari com um olhar sombrio, frio, como se ela fosse apenas uma peça em seu jogo.

— Não precisei. — Respondeu, cruel. — Sua filha fez questão de mostrar pro mundo ... a família feliz ...

Mari abriu a boca para tentar se explicar, para se defender, para qualquer coisa.

— Isso foi um acaso, Jonas ... — Tentou, com a voz embargada. — Meus filhos que ...

Mas não deu tempo. Jonas largou o celular na mesa e, num movimento inesperado, segurou Mari pelos braços, imprensando-a contra a parede. O rosto dele se colou ao dela. Ele tentou beijá-la, forçando os lábios contra os dela, contra seu pescoço, agarrando-a, passando as mãos pelo corpo dela com uma mistura de desespero e desejo doentio.

Por um segundo, lembranças de um passado que ela tinha vivido inundaram a sua mente, como um pesadelo. Mari congelou. O choque, o medo, a incredulidade a paralisaram. Ela não esperava aquilo. Não daquele homem. Não de Jonas.

Mas a paralisia durou só um segundo. Mari logo reagiu.

— PARA, JONAS! — Gritou, lutando. — Você tá bêbado ... PARA ... por favor ...

Mas ele não ouviu. Ou não quis ouvir. Os olhos estavam turvos, desconectados da razão, tomados por algo que Mari nunca havia visto nele. E então, num reflexo de sobrevivência, de puro instinto, Mari fez o que precisava fazer: Ergueu o joelho e acertou com toda força, com toda a raiva, com todo o medo e indignação, exatamente onde mais doía. Um golpe seco, certeiro, brutal.

— Ai, caralho! — Gritou Jonas, dobrando o corpo instantaneamente, levando as mãos às partes íntimas, caindo de joelhos no chão, gemendo de dor.

Mari respirava ofegante, trêmula, com o corpo inteiro vibrando de adrenalina.

— SEU IDIOTA! — Gritou, com os olhos marejados, mas cheios de ódio. — Eu vim aqui pra conversar com você, pra ser honesta, pra fazer a coisa certa! Mas, mas eu me enganei! Me enganei feio ... Você não é o homem que eu acreditei que fosse!

Apontou o dedo pra ele, com o corpo inteiro tremendo:

— Fica ... FICA LONGE DE MIM!

Sem esperar qualquer resposta, Mari virou as costas, abriu a porta com força e, antes de sair, ainda disse:

— Eu vou relevar dessa vez, esquecer, fingir que nunca aconteceu, pois sei que te machuquei, e entendo o que você deve estar pensando, se sentindo enganado, mas isso não te dá o direito de tentar … de me …

Estava tão chocada, tão indignada, tão decepcionada, que nem se deu ao trabalho de terminar de falar, apenas bateu a porta com força, saindo dali.

Os passos apressados ecoaram no corredor, enquanto atrás dela, Jonas ainda gemia no chão, apertando-se, curvado, humilhado … derrotado. Mas principalmente, com vergonha da própria atitude.

Continua …

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Foto de perfil de Ménage LiterárioMénage LiterárioContos: 68Seguidores: 342Seguindo: 37Mensagem Três autoras apaixonadas por literatura erótica. Duas liberais, e uma mente aberta, que adora ver o parquinho pegando fogo.

Comentários

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Muito bom, um pontapé nos tomates não falha

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Achei que Jonas iria ser calculista na vingança, mas meteu o pé e ficou fácil para se seguir em frente. Parabéns. Melhor saga atualmente disparado.

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O jogo quase acabando e vocês querem colocar fogo no parquinho... Eu realmente achei que aconteceria algo ruim com a Mari. Quando eu li que ela ficou em choque e paralisou, pensei que ela iria ficar submissa igual quando estava com Alberto, mas ainda bem que ela despertou e conseguiu se defender.

Parabéns menin@s.

🌻🌻🌻

E um forte abraço

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Pensei o mesmo. Ainda bem que foi diferente, pois deu toda uma nova dinâmica para a série. Gosto de ver o Celo crescendo e a Mari combativa.

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Eu sei que o mundo vai cair na minha cabeça, mas foi somente eu que ficou com a impressão de que a Mari fucou fazendo um doce desgraçado pra cima do Celo? Ele errou sim em sumir, mas ele também viveu uma vida de agua de salsicha por 20 anos por causa dela e agora ela vem com esse papo de que ele tem que reconquistar ela, sinceramente eu nao vejo assim. Mas em relação a perdão cada um tem sua régua e o Celo mostra mais uma vez que tem um coração enorme e a Mari a capacidade de manipulacao que só as mulheres tem. 3 estrelas fácil

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Ambos tem sua parcela de culpa, mas depois que o Celo descobriu o real problema da Mari e mesmo assim meteu o pé, dormiu com várias e estava "buscando a si mesmo" ela ficou do mesmo jeito: abandonada.

Ela correu atrás inúmeras vezes e em mais de uma ocasião levou uma facada enorme que foi ver o amor da sua vida, seu parceiro de 20 anos, agarrado com outra.

Honestamente, não sei o que tu espera, acho que ninguém nessa vida veio para ser tapete dos outros, todos tem um limite e a Mari atingiu o dela ao deixar um outro homem entrar na vida dela. O sofrimento de nós homens é diferente do sofrimento das mulheres, enquanto a gente começa bem e curtindo a vida adoidado até ir caindo na real aos poucos, a mulher faz o caminho contrário, e tu nem precisa checar isso num conto erótico, certeza que se tu mesmo não tiveres história, conheces alguém que tem.

Enfim, apenas compartilhando minha opinião de forma respeitosa

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Finalmente Celo abriu os olhos para seu sentimentos e percebeu onde estavam seus erros.

Teve que quase perder para entender a verdade.

Mais um ótimo capítulo.

Não sei, mas vejo Jonas e seu parceiro como pessoas que estão apenas atrás de dinheiro e tem algo meio estranho, posso estar errado, e além do dinheiro ainda teria como lucro uma mulher para si.

Bom, apenas especulação, o melhor é aguardar os próximos capítulos.

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Gostei da atitude da Mari, só prova que a personagem não é mais uma cordeirinha.

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Ufa pensei que Mari não conseguiria se defender. Espero que depois disso essa Jonas suma da vida dela, ai só sobra a cobra da Cora para sair do caminho. Parabéns Meninas excelente conto.

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Ptz, o Jonas cagou tudo. Pensei que o Celo teria um adversário de peso, que mesmo não tendo espaço no coração da Mari, seria um oponente digno até o fim. Agora... vamos esperar... no momento, trânsito livre para o Celo.⭐️⭐️⭐️

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Muito bom espetacular capítulo uma pedra a menos no caminho do casal , gostei da Mari fritou os ovos

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Sinceramente dá vontade de colocar a Mari e o Celo em um pote e deixar na estante pra ninguém mexer

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Aiaiai... Agora que o Jonas vai ser um problema...

Sensacional o capítulo!!!!

Parabéns, meninas!

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Porra, vocês acabaram com meu personagem favorito :(

Vou ter que voltar a torcer pra Mari ficar com o senhorzinho dono do bar onde o Celo vai tocar quando quer dar umas escapadas...

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Tomou onde merece urubu, era pra Mari ter dado mais de uma joelhada, novamente espetacular meninas ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

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⭐⭐⭐

👏🏻👏🏻👏🏻

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🥹👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

Espetacular, meninas!

Os olhos chegaram a suar!

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Com o calor desse conto, até elefante na bunda sua....

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Na bunda nada! Kkkkkkkkkkk

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Nabunda afunda. Kkkkk

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