Era uma daquelas festas de criança — o aniversário do filho de um amigo da minha mãe. Não era exatamente o tipo de programa que eu curtia, mas acabei indo mesmo assim, mais por insistência dela do que por vontade.
A casa estava cheia, crianças correndo pra lá e pra cá, adultos conversando, o cheiro de churrasco no ar. Eu me mantive meio afastado, só observando tudo. Foi quando a vi.
Fernanda.
Ela estava ali perto da mesa do bolo, conversando com umas mulheres. Um vestido justo, simples, mas que deixava claro que ela sabia como usar o corpo. O cabelo preso, uns fios soltos caindo no rosto. E aqueles olhos... foi impossível não notar quando ela me encarou pela primeira vez.
Trocamos olhares. Não foi só um relance rápido — a gente se encarava, medindo, testando. Eu percebi o jeito como ela desviava o olhar e depois voltava a me olhar, quase com um sorriso no canto da boca. Eu também não tirava os olhos dela.
De repente, ela se aproximou, meio que sem avisar.
— Não sabia que você viria — falou baixo, perto do meu ouvido.
— Minha mãe que me empurrou pra cá — respondi, com um sorriso. — Mas agora que tô aqui, acho que valeu a pena.
Ela arqueou a sobrancelha, me olhando com aquele jeito de quem sabe exatamente o que tá fazendo.
— Você sempre foi assim direto?
— Só quando acho que vale a pena arriscar.
Ela riu, e o clima ficou mais pesado. Ia dizer algo, quando uma mulher passou entre a gente, puxando ela pra uma conversa rápida. Fiquei ali, meio sem jeito, sentindo que algo tinha acabado de começar.
Mais tarde, encontrei ela perto da piscina, sozinha.
— Pensei que tinha fugido de mim — disse, tentando disfarçar a ansiedade.
— E perder a chance de entender seus olhares? Nem pensar.
Ficamos em silêncio, só curtindo a presença um do outro. Ela virou o corpo, deixou a gente se encarar. Quando ia puxar assunto, ouvi a voz do Carlos, marido dela, chamando do outro lado do quintal.
— Fernanda! O bolo já foi cortado?
Ela se afastou rápido, e eu só consegui ouvir:
— Já vou, amor.
Antes de ir, ela me olhou, sussurrou:
— Me espera no banheiro dos fundos daqui a pouco.
Fiquei ali, parado, com o coração na boca.
Quando a festa começou a esvaziar, vi ela perto do portão. Com o vestido justo, o casaco nos ombros e aquele olhar que dizia “vem”.
Me aproximei. A primeira coisa que senti foi o beijo. Forte, quente, inevitável. Ela segurou minha nuca, eu agarrei a cintura dela. O corpo dela colou no meu, e foi quando ela percebeu.
— Tá duro — disse, mordendo o lábio.
— Você que me deixa assim.
Ela sorriu, e me puxou pra um canto mais escuro. Se ajoelhou na minha frente, abriu meu zíper e... o resto... você já sabe.
Ela se ajoelhou na minha frente, abriu meu zíper e… o resto… você já sabe.
Mas o que você não sabe é que, naquele momento, meu corpo inteiro ficou em alerta. O calor da boca dela me envolveu de um jeito que me tirou o ar. A língua de Fernanda era precisa, intensa, e cada movimento me fazia gemer baixinho, com os punhos cerrados tentando conter o impulso de gemer alto naquele banheiro.
Ela me olhava de vez em quando, com os olhos brilhando de malícia, como se estivesse se divertindo em me deixar à beira da explosão. Até que, de repente, parou.
Limpou o canto da boca, ainda ajoelhada, e me encarou com um sorriso safado.
— Você não tem ideia do quanto isso é louco pra mim — disse, ainda com a respiração descompassada. — Eu lembro de você pequeno… correndo pela casa da sua mãe… me chamando de “tia Fernanda”...
Ela se levantou lentamente, com aquele corpo colado ao meu, a mão escorrendo pelo meu peito.
— E agora… olha pra você. Um homem. Forte. Gostoso. Um homão que me deixou molhada só de olhar.
Ela mordeu o lábio, apertou meu quadril com as duas mãos e me puxou de volta pra um beijo intenso, com gosto de pecado e coragem. Mas o beijo foi interrompido por três batidas na porta.
TOC TOC TOC
— Amor? Tá tudo bem aí? — era o Carlos. A voz dele soava desconfiada.
O coração disparou. Fernanda levou o dedo aos lábios me pedindo silêncio e respondeu com a voz mais natural possível:
— Já saio, amor. Só estava ajudando o Rodrigo com uma manchinha na camisa dele, ele derrubou bebida.
— Ah… tá bom… — Carlos respondeu, mas não parecia totalmente convencido. O som dos passos dele se afastando aliviou a tensão por um segundo.
Nos entreolhamos. Ela respirava fundo, ainda com o rosto corado, o batom levemente borrado.
— A gente precisa sair logo — sussurrei.
— Eu sei… — disse ela, arrumando o cabelo e me ajudando a fechar o zíper. Antes de abrir a porta, me encarou uma última vez.
— Ainda vamos nos encontrar outras vezes.
E saiu como se nada tivesse acontecido, com o andar provocante e o perfume dela ainda grudado em mim. Eu fiquei ali por alguns segundos, ainda zonzo, tentando processar tudo.
Ela era a esposa do Carlos. A melhor amiga da minha mãe.
E eu queria mais.