O internato - Capítulo 28

Um conto erótico de Bernardo, Daniel e Theo
Categoria: Gay
Contém 2688 palavras
Data: 19/07/2025 19:38:48

Capitulo 28 - Amor verdadeiro:

...

Bernardo:

— O Daniel vai ser chamado para o time principal — comentou Lorenzo naquela tarde de segunda-feira, enquanto assistíamos ao treino de natação debaixo da arquibancada. — É o melhor nadador da escola.

— Eu sei — respondi, observando o garoto que eu amava dar braçadas firmes e elegantes de uma ponta à outra da piscina. — Ele tem talento.

Lorenzo tirou os olhos do caderno onde desenhava um hotel sombrio entre montanhas distantes. Olhou para mim de um jeito estranho, como se tentasse decifrar meus pensamentos.

— Você ainda gosta muito dele — afirmou com frieza.

— Está tão na cara assim? — perguntei, dando um sorriso sem graça.

— Está estampado. E ele ainda gosta de você. Deu pra ver nos olhos dele na sexta-feira.

— Eu sei que ele gosta... mas eu o machuquei muito — falei, lembrando da noite em que confessei a traição. — Ele nunca vai me perdoar.

— Imagino as coisas horríveis que ele deve ter dito na hora, mas estava com raiva. Você deveria tentar conversar. Vi vocês juntos algumas vezes e, sinceramente, nunca vi um casal tão apaixonado. Não deixe isso morrer assim.

— Tenho medo de ser rejeitado — disse, passando a mão pela franja e afastando-a dos olhos.

Lorenzo riu baixinho e voltou ao desenho, agora aparando arbustos em forma de animais.

— Vou te dizer algo que já falei várias vezes para o Gabriel — disse, enquanto desenhava um menino brincando no parquinho do hotel, cercado pelas esculturas vivas. — O medo existe, mas se a gente não o enfrenta, ele nos engole. Até quando vai deixar isso te afundar?

Ele começou a sombrear o telhado do hotel, dando ao desenho um ar quase fotográfico, em tons de preto e branco. Era um trabalho bonito, mas o clima que emanava era assustador. Notei que os arbustos em forma de animais pareciam prestes a atacar o garoto.

— Que cena é essa? — perguntei, percebendo o clima tenso do desenho.

Lorenzo sorriu.

— É o Hotel Overlook, de O Iluminado. Aquela parte do livro em que o Danny está brincando e os arbustos ganham vida.

— Não lembro disso no filme.

— Porque o filme cortou mais de 80% do livro. Um livro espetacular que virou um filme só ok.

— Livro é sempre melhor — comentei, lembrando de As vantagens de ser invisível. — Já virou regra.

O apito do treinador nos tirou da conversa. Virei o rosto e vi Daniel mergulhando com dois colegas. Ele nadava com agilidade impressionante e chegou ao fim da raia antes dos outros, girando e voltando de costas. Foi o primeiro a sair da água. Samuel e Théo, sentados na arquibancada, aplaudiram sua vitória.

— Você trapaceou! — gritou um garoto moreno de cabelo raspado. — Pulou antes do apito!

— Para de inventar, João! — Daniel respondeu com sarcasmo. — Você que é lento feito uma tartaruga!

João, irritado, empurrou Daniel com força. Ele caiu no chão de mármore da piscina e bateu a cabeça. Um filete de sangue misturado à água tingiu seus cabelos.

— Diretoria, agora! — o treinador gritou para João, visivelmente chocado. — E está fora do time!

Vinícius, o tesoureiro do grêmio, saiu correndo em busca da enfermaria. Daniel tentou se levantar, mas o treinador o conteve com a mão firme em seu peito.

Eu queria ficar ali, oculto na sombra da arquibancada, mas não consegui. Era o Daniel. E ele estava machucado. Corri em direção a ele, mas Samuel me segurou pelo braço.

— Eu preciso ver como ele está! — implorei, sentindo as lágrimas caírem.

— Ele precisa de calma, não de mais confusão — Samuel disse, não soltando meu braço.

— Eu te mantenho informado — Théo falou de forma mais tranquila. — Mas agora não é hora.

Olhei para Daniel, ainda caído no chão, e entendi que Théo tinha razão. Minha presença só deixaria tudo pior.

— Por favor, me avisa de tudo — pedi, secando os olhos.

— Eu prometo — Théo disse, olhando diretamente nos meus olhos. E eu acreditei nele.

Abracei meu antigo melhor amigo. Ele pareceu surpreso, mas retribuiu. Senti que ele estava disposto a deixar o passado para trás. Pela primeira vez em muito tempo, percebi que ele estava em paz.

— Obrigado — sussurrei.

Naquela noite, não acompanhei Lorenzo à reunião dos góticos na cabana. Fiquei sozinho no meu quarto, esperando por qualquer notícia. Elas vieram por mensagem de WhatsApp. “Ele está bem. Foram só dois pontos na cabeça.” Agradeci a Deus ao ler. Mas ainda assim, o sono não veio.

— Estava pensando em irmos juntos à festa junina — Giovana disse na manhã seguinte, enquanto colocávamos nossas bandejas sobre a mesa do refeitório.

— Tradução: ninguém te chamou — provoquei, sorrindo.

— O Patrick me convidou — ela respondeu, revirando os olhos enquanto colocava o canudo no suco de morango com leite.

— Ao menos alguém te quis — disse, mexendo na salada de frutas, sem fome.

— Ouvi dizer que o Nick queria te chamar — ela comentou com um sorriso maroto.

— Que ele nem tente essa gracinha — falei, rindo também.

Olhei para minha melhor amiga. Giovana conseguia me fazer rir até nos piores dias. Sempre dizia o que eu precisava ouvir, mesmo que doesse. Me fez levantar quando eu mais precisei. Se isso não é amizade, não sei o que é.

— Ele é atrevido — ela disse, bebendo o suco. — Mas então... vamos juntos?

— Vai ser divertido — respondi.

— Bom dia, meus lindos! — Théo chegou, colocando a bandeja ao meu lado e se sentando. — Ué... abandonou o modo gótico?

— Não me senti à vontade com aquelas roupas — confessei —, mas gostei da ideia do esmalte. — Mostrei as unhas pintadas de azul. — Combina comigo, né?

— E com uma drag também — brincou, com um sorriso. — Daqui a pouco aparece montado no palco.

— Eu ia arrasar, amor — respondi rindo.

— É bom ver vocês de novo como amigos — Giovana comentou. — Nunca deviam ter se afastado.

Olhei para Théo. Pela primeira vez em muito tempo, nossa conversa não estava carregada de mágoas. Éramos apenas dois amigos, como no começo.

— E espero que seja sempre assim — Théo segurou minha mão.

— Também espero — sorri para ele.

...

Gabriel:

Entrei na cabana do zelador e ela já estava lá, como sempre. Era a primeira a chegar e a última a sair. Talvez gostasse do silêncio naquele ambiente escuro, onde podia escrever seus poemas com tranquilidade. Ou talvez apenas valorizasse os momentos de solidão, já que dividia o quarto com Irina e raramente conseguia um tempo só para si.

— Oi — disse, sentando-me num canto mais escuro da cabana, onde ela não pudesse me ver tão bem. Mas Roberta sempre percebia.

— Aconteceu de novo. Eu vejo nos seus olhos — disse com a voz baixa, quase num sussurro. — Vai me contar agora?

Olhei para Roberta, envolta em seu habitual capuz negro. Alguns fios dourados escapavam, iluminados mesmo pela fraca luz. Seus olhos azuis brilhavam, intensos e atentos.

— Não aconteceu nada — menti, tentando segurar as lágrimas ao lembrar do que houve após a festa de Pedrinho.

Era difícil lidar com as lembranças confusas e invasivas de quando Gustavo me procurava e eu tinha que me deitar com ele a força. Aquilo me causava um mal-estar profundo. Sentia o estômago revirar. Serrei os punhos, tentando conter o turbilhão que crescia dentro de mim. A raiva, o nojo, a impotência... tudo misturado.

— Isso que você guarda dentro de si vai te destruir aos poucos, Gabriel — disse Roberta com firmeza. — Me deixa te ajudar.

— Vai se meter na vida de outro! — rebati, levantando do chão. — Ou talvez esteja só precisando de um namorado... quem sabe assim para de vigiar os outros.

— Vai ser assim então? — ela cruzou os braços. — Vai continuar afastando todo mundo com essa raiva?

— Não vou ficar nessa reunião idiota hoje — falei, abrindo a porta da cabana. — E nem pense em vir atrás de mim, porque eu não quero conversar.

— Como quiser, Gabriel — ela voltou a atenção para o caderno. — Mas lembre-se: afastar as pessoas não resolve nada. Um dia você vai precisar de alguém.

Não respondi. Apenas saí, batendo a porta com força. Andei sem rumo pelo colégio. Passei pela quadra coberta, pelo prédio principal, pela piscina — onde vi um aluno sendo atendido pela enfermeira. Era Daniel. Ele estava com um curativo na cabeça, e a enfermeira o ajudava a se sentar. Procurei Bernardo com os olhos, mas ele não estava ali. Vi ao longe Lorenzo saindo debaixo da arquibancada e indo em direção ao colégio. Achei curioso. Nunca imaginei que ele assistia aos treinos escondido nas sombras. Mas deixei esse pensamento de lado.

Continuei andando até chegar a uma parte mais isolada do terreno, onde quase ninguém costumava ir. Havia apenas uma laranjeira ali. Sentei-me debaixo dela e fiquei observando o pôr do sol atrás do colégio. A forma como os raios dourados projetavam sombras compridas sobre a grama irregular era bonita. Vi alguns alunos passando em grupo, rindo, como se o mundo fosse um lugar leve. Eles pareciam felizes... como se vivessem outra realidade. Uma realidade da qual eu estava excluído.

Meu peito se enchia de raiva. Queria voltar para casa com um grito preso na garganta. Queria que Jair e Gustavo pagassem por tudo que fizeram. Mas ao mesmo tempo... não tinha forças. Tinha medo. Medo de perder Pedro, medo de minha mãe não acreditar. Quem acreditaria que o pai de família exemplar e o filho mais velho, sempre tão respeitado, tinham máscaras tão bem colocadas?

Às vezes eu pensava que, se meu pai ainda estivesse vivo, tudo seria diferente. Talvez minha mãe não tivesse se envolvido com Jair, e talvez Gustavo tivesse seguido outro caminho. Talvez eu mesmo não tivesse essa tristeza constante me corroendo. Quase não me lembrava do meu pai — ele faleceu quando eu tinha apenas tr3s anos. Lembrava apenas de uma vez em que estávamos juntos no carro. Minha mãe dizia que ele era um homem íntegro, que faria tudo pela família. Mas como diz aquela música da Legião Urbana: "os bons morrem jovens". Um tumor no cérebro o levou embora cedo demais.

— Tá com frio? — uma voz me tirou dos pensamentos. Levantei os olhos e vi um garoto branco, de cabelos e olhos castanhos, me olhando com simpatia. Já o tinha visto antes na escola.

— Um pouco — admiti, percebendo que estava escurecendo e que eu tremia.

Ele tirou o moletom vermelho com capuz e me estendeu.

— Pode pegar — disse, com um sorriso leve e descontraído.

— E você? — perguntei, surpreso com a gentileza.

— Estou com calor — respondeu, dando de ombros. — E, sinceramente... te achei bem bonito.

— Bonito? — repeti, surpreso, como quem ouve algo bom pela primeira vez em muito tempo.

Vesti o moletom. Era macio, quente, e tinha um perfume amadeirado envolvente. Ele se sentou ao meu lado, bem próximo.

— Bem bonito, aliás — disse, corando. — Me chamo Nick.

— Gabriel — respondi, meio sem graça.

— O que faz aqui tão afastado? — perguntou, com a voz doce.

Dei uma risadinha, meio sem jeito.

— Gosto de vir aqui pensar. E você?

— Gosto de correr um pouco antes de dormir — respondeu. Foi aí que notei seu short esportivo e o tênis de corrida. — Me faz bem. Mas agora preciso terminar meu percurso antes do sinal. Foi um prazer te conhecer, Gabriel.

Levantou-se e começou a correr.

— Seu casaco! — gritei.

— Depois você me devolve! — gritou de volta. — Até mais!

Ele acenou. E eu retribuí. Pela primeira vez em muito tempo, um garoto parecia realmente... interessado. E mais importante: não era alguém ligado à dor. Era apenas... alguém gentil.

...

Théo

Théo

– Só queria entender quando é que você vai me convidar pra ser seu par na festa junina – falei com um tom brincalhão, ajeitando o cabelo diante do espelho do quarto e lançando um olhar de canto pro Samuel, que estava deitado na cama, completamente concentrado no livro que lia.

– Você sabe que eu acho essas festas uma perda de tempo – respondeu, sem levantar os olhos da página.

– Para de ser desmancha-prazeres, Samuel – retruquei, rindo enquanto deixava a escova sobre a pia. – Ia ser legal.

– Ah, com certeza! – ele debochou, dando uma risadinha sarcástica. – Quem não se anima com a ideia de se fantasiar de caipira, usar um chapéu ridículo e uma maquiagem que parece feita com carvão? Isso sem falar nos estereótipos que esse tipo de festa reforça.

Revirei os olhos diante do drama e me joguei na cama ao lado dele, com um sorriso malicioso brincando nos lábios.

– Você realmente não vai sossegar enquanto eu não disser que sim, né? – ele disse, colocando o livro de lado e se aproximando devagar.

– Acho que você gosta quando eu insisto – respondi, puxando-o levemente pela camisa, fazendo com que ele se deitasse por cima de mim.

Samuel riu, aquela risada baixa que sempre me deixava mole por dentro. Mas não disse nada. Só abriu um pouco mais as pernas. Um convite mudo. Eu entendi na hora.

Me aproximei, passando as mãos devagar pela coxa dele, sentindo a pele quente sob o jeans. Fui subindo até alcançar o cós da calça e desabotoei com calma, olhando direto nos olhos dele. Ele não desviou o olhar, só inspirou fundo. Quando baixei a calça e a cueca dele de uma vez, o pau já estava meio duro, grosso, imponente ali na minha frente. Lambi os lábios, sentindo o gosto da antecipação.

Inclinei o corpo e passei a língua na base, bem devagar, provocando. Ele soltou um gemido curto, quase rouco. Então comecei a chupar de verdade, fundo, com vontade, sentindo ele crescer na minha boca, cada vez mais duro. As mãos dele vieram pro meu cabelo, segurando firme, mas sem forçar. Ele deixava eu conduzir, mas dava pra sentir como ele queria mais. Sempre queria mais.

— Porra, Théo… — ele murmurou. — Tu faz isso como ninguém…

Eu gostava de ouvir isso. Gostava de ver ele se contorcer, fechar os olhos, gemer baixinho. Quando senti que ele tava quase gozar, parei. Lambi a ponta, provocando, e subi por cima dele, passando as mãos pelo abdômen dele até alcançar o peito.

— Quero você em mim agora — sussurrei no ouvido dele, mordendo de leve o lóbulo.

Samuel virou comigo na cama, me deixando de bruços. Eu senti a pele quente dele colar na minha, o peso do corpo dele contra minhas costas. Ele espalhou beijos pelo meu ombro, enquanto me preparava com cuidado, sem pressa, com aquele jeito que só ele tinha. E quando finalmente me penetrou, eu arqueei o corpo, gemendo baixo, sentindo ele todo dentro de mim.

Os movimentos começaram lentos, profundos, como se ele quisesse me preencher por inteiro. Eu gemia a cada investida, segurando no lençol, querendo que ele nunca parasse. Samuel sabia exatamente como mexer comigo. Sabia como me deixar no limite, como me fazer implorar sem precisar dizer nada.

— Você é meu, Théo — ele disse contra meu pescoço, enquanto aumentava o ritmo.

— Sempre fui — respondi, entre gemidos.

Quando gozei, foi intenso. Corpo tremendo, peito ofegante. Ele veio logo depois, gemendo meu nome, enterrando o rosto entre minhas costas. Ficamos ali, colados, suados, ofegantes. Ele ainda dentro de mim, o coração dele batendo contra minhas costas.

Ele me beijou. Foi um beijo calmo no início, daqueles que aquecem devagar, mas logo nossos corpos estavam colados e as respirações se misturavam. Seus dedos passeavam pela minha pele com cuidado,

– Quer ir comigo na festa junina? – ele perguntou baixinho.

– Quero – sorri, com os olhos quase fechando de sono.

Ele me envolveu com os braços, acariciando minhas costas com a ponta dos dedos. Era um carinho que aquecia mais do que qualquer coberta. Era amor.

– Eu te amo muito, Théo – sussurrou mais uma vez.

– Eu também te amo, Samuel – murmurei, acolhido naquele abraço – Sempre amei.

Fiquei pensando na força daquele sentimento. Achei que já tinha vivido algo especial antes, mas não... o que eu sentia por Samuel era diferente. Era verdadeiro. Como o que Bernardo sentia por Daniel – e que talvez os dois ainda não tivessem conseguido entender por completo.

– No que tá pensando? – ele perguntou, com a voz sonolenta.

– No amor – respondi. – No quanto eu te amo... e no quanto o Dani e o Bernardo ainda se amam, mesmo que não admitam.

– E o que você vai fazer? – ele perguntou, afagando meu cabelo.

– Tentar ajudá-los – falei, beijando seu peito com carinho. – Eles precisam de um empurrão. E eu quero que eles tenham o que a gente tem.

Samuel sorriu e me abraçou mais forte. Logo depois, adormecemos ali, colados um no outro. Corações tranquilos.

...

Continua...

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Comentários

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Não estou acreditando que o diabo do Nick vai entrar na vida do Gabriel, esse menino já ñ sofre d+ ñ? Bom, ñ sou muito fã do Bernardo, mas se ele e Daniel se amam, que fiquem juntos...Ao menos espero que ele tome vergonha na cara dessa vez e ñ traia ele denovo.

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