Esse texto é um diário, onde fantasia e desejo se misturam, mas onde a verdade do que pulsa por dentro nunca se esconde.
Nesta parte 4, o corpo ainda não fala alto não há cenas explícitas, nem entrega física.
Aqui, o que se revela é a inquietação, o fogo que começa a arder na sombra, a descoberta do que ainda está por vir.
Porque o erótico não está só no ato, está no antes, no olhar que observa, no silêncio que consome.
Prepare-se: o que se inicia agora vai incendiar tudo na parte 5.
_________________________________________________________
Eu voltei para a cidade naquele domingo à noite, abandonando a roça dos avós, onde passava os fins de semana. Lá, tudo parecia maior, mais solto, mas aqui, na casa pequena onde morava com minha mãe, a realidade era outra apertada, cheia de silêncio e expectativa.
Sou filho único. Sempre fui. A casa tinha o eco das minhas próprias dúvidas e o calor contido das noites solitárias. Minha mãe, uma mulher batalhadora, tinha começado um novo relacionamento. O namorado dela, Pedro, era um homem gentil, meio desajeitado, mas sempre tentando agradar, principalmente a mim. Ele aparecia com lanches especiais, brinquedos que eu nem tinha pedido, sempre com aquele sorriso meio tímido, tentando se fazer presente.
Naquela noite, enquanto trocava de roupa, sentia um peso invisível no peito. Os conflitos que fervilhavam dentro de mim pareciam maiores que as paredes daquela casa. Eu não sabia quem era, não sabia o que sentia só sentia a inquietação que queimava, uma mistura de medo, confusão e algo que eu ainda não conseguia nomear.
Minha mãe perguntou como foi o fim de semana, tentando puxar conversa. Respondi com um sorriso vazio, cansado demais para mentir bem. O Pedro, do outro lado da sala, deixou sobre a mesa o meu lanche favorito, mais uma tentativa silenciosa de conquistar um espaço na minha vida.
Deitei cedo naquela noite, mas o sono não vinha fácil. Os pensamentos rodavam na minha cabeça, me puxando para um lugar que eu não queria entender.
Na manhã seguinte, acordei com o sol entrando pela janela, anunciando mais um dia de aula. A rotina parecia simples, mas para mim era uma tempestade invisível. Tomei o café rápido, ajeitei a mochila, e saí de casa com passos pesados, como se carregasse o mundo inteiro nas costas.
Chegando à escola, percebi que os amigos da minha idade já não me despertavam tanto interesse. As conversas, as brincadeiras, tudo parecia distante, como se eu estivesse olhando para eles através de um vidro embaçado.
Foi durante o intervalo que eu vi o professor da outra sala. Alto, calmo, com uma presença que parecia ocupar todo o espaço. No intervalo, observei-o caminhar em direção ao banheiro dos alunos. A calça que vestia delineava seus movimentos, revelando contornos que meu olhar não podia ignorar, era quase como se tivesse desenhado o formato de seu pau sobre a calça.
Quando ele fez aquele gesto sutil um toque discreto, quase instintivo, durou apenas um segundo quando ele levou a mão e com os dedos deu aquela leve coçada, meu corpo reagiu de forma inesperada. Um calor desconhecido cresceu dentro de mim, um fogo silencioso que queimava entre o medo e a fascinação.
Não sabia o que aquilo era. Só sabia que estava ali, dentro de mim, como uma sombra que se recusava a desaparecer.
Eu não sei quando começou. Mas havia algo errado comigo ou diferente, talvez. Como se meu corpo respondesse a mapas que ninguém mais usava. Enquanto os outros meninos se esgoelavam por fotos de atrizes, trocavam revistas escondidas e falavam de "gatas", eu fingia. Fingia rir. Fingia querer. Fingia ser um deles.
Nesse dia, o corredor fervia com o calor do intervalo. Fui ao banheiro mais pelos minutos de silêncio do que por necessidade. Era como fugir da fumaça de uma fogueira que não era minha.
Entrei. Rodrigo já estava lá dentro, com aquele jeito espalhafatoso de sempre. Ele virou pra mim, sem filtro, como quem mostrava um troféu:
— Olha aqui o monstro, disse rindo, puxando a calça pra baixo e exibindo o pau duro como se fosse um prêmio. — Tu nunca viu um desse tamanho, né?
Ri de canto de boca. Por dentro, nada. Nem cócega. Nem calor. Nem faísca. Olhei rápido, como se olhasse pra uma fruta estragada no mercado: vi, reconheci, mas não quis. Era carne exposta. Carne que não me dizia nada.
Fingi uma provocação:
— Só tamanho mesmo, né? Porque feiura…
Ele riu alto, satisfeito com o próprio atrevimento, e guardou.
Mas ali, naquele banheiro, naquele instante... uma memória me atravessou feito correnteza: A imagem dele com o pau exposto, grosso, escuro, a mão envolta naquele volume latejante, o braço tensionando enquanto se masturbava naquele banheiro como se estivesse sozinho. Mas eu vi. Eu vi tudo. Vi o gozo escorrendo, pingando no chão de cimento batido.
A semana passou estranha. Eu ia pra escola, voltava, fazia tudo no automático, como quem anda com as pernas mas deixa a cabeça em outro lugar. Desde segunda, quando vi o professor Igor no banheiro dos alunos, alguma coisa ficou me rondando por dentro. Ele nem dá aula pra minha turma, mas sempre aparece nos corredores, na sala dos professores, agora até no banheiro. Aquele dia, eu entrei e ele já tava lá, de costas, mijando. A calça meio caída, a cueca branca justa. Não olhei direto, mas também não virei o rosto de vez. Ele percebeu minha presença, virou só um pouco o rosto e disse: "Bom dia." A voz dele ecoou diferente ali, abafada, quase íntima. Respondi com um aceno, lavei as mãos e saí. Mas levei a imagem comigo. Não foi tesão, foi outra coisa. Um incômodo, uma faísca, um nó que eu não sabia se queria desatar ou apertar mais.
Em casa, tudo igual: minha mãe tentando agradar o novo namorado, o tal do Silas. Ele se acha homem de família, vive com camiseta regata. Às vezes me chama pra ver jogo na sala, pergunta da escola, tenta forçar uma relação que não existe. Outro dia, entrei na cozinha e ele tava de costas, fritando ovo sem camisa. Vi o pelo espalhado nas costas, o jeans frouxo na cintura, a cueca aparecendo. Senti um desconforto esquisito, quase uma náusea. Ao mesmo tempo, fiquei ali olhando, por um segundo a mais. Me perguntei o que há de errado comigo. Por que eu nunca sinto nada por gente da minha idade? Por quando Rodrigo me mostro seu pau duro no banheiro da escola, não me causou nem arrepio? E por que, então, esse monte de homem mais velho parece carregar algo que me puxa pra um abismo?
Na quinta à noite, arrumei a mochila com pressa. Sexta eu ia pra roça de novo. O cheiro do mato, da lenha, da terra vermelha... mas não era só isso. Era o tio Marcos. Ele. Sempre ele. Não sei explicar o que acontece comigo perto dele. Quando ele fala meu nome, quando me chama de “campeão” com aquele sorriso de canto de boca. Não é só carinho. Tem outra coisa ali, algo que me deixa aceso e em alerta, como se minha pele lembrasse de tudo que eu tento esquecer.
Na sexta, entrei no ônibus com a alma já meio solta. Encostei a testa no vidro e deixei a estrada me embalar. As árvores passavam rápido, os pensamentos mais ainda. Tava voltando pra roça. E no fundo... eu sabia. Alguma coisa ia acontecer.
Chegando na roça na sexta à tarde, eu sempre era recebido como o neto mais novo da família meio mimado, sabe? Meus avós faziam questão de cuidar de mim como se eu fosse a joia rara que eles nunca tiveram direito de perder. A casa simples, cheia daquele cheiro de madeira antiga e café coado na hora, já parecia um abraço só de abrir a porta. Eu ia toda sexta, sem falta, como quem volta pro único lugar onde podia realmente respirar tranquilo. Lembro da primeira coisa que minha avó fazia: pegar um prato cheio de bolo de fubá fresquinho, com uma manteiga que derretia fácil na boca, e sentar comigo na varanda, enquanto o sol começava a descer devagar atrás das árvores. Era ali, naquele instante simples, que o mundo parecia fazer sentido mesmo que dentro de mim a cabeça estivesse cheia de pensamentos que nem eu conseguia entender direito.
Sábado na roça, todo mundo se juntou como de costume, e a tarde quente nos levou até o rio no fundo da propriedade um lugar onde o tempo parecia desacelerar. O tio Marcos veio junto, sempre com aquela presença que preenchia o espaço sem esforço; ele tirou a camisa e a calça, ficando só de short surrado, a pele bronzeada brilhando sob o sol intenso. Enquanto os primos e primas mergulhavam e se entregavam às brincadeiras na água fresca, eu fiquei ali na margem, sentindo o choque do frio contra a pele quente, mas incapaz de tirar os olhos dele. Cada gesto do tio carregava um magnetismo silencioso, um peso que puxava algo dentro de mim, despertando sensações confusas que eu ainda tentava entender.
Andressa escorregou na pedra e machucou o joelho. Ela logo falou que não dava pra ficar no rio, que queria voltar pra casa. Minha avó se ofereceu pra ir com ela, cuidando, como sempre. Mas o tio Marcos, do nada, disse que ia junto. Na hora, senti um aperto estranho no peito, um frio que subiu até a garganta. Eu lembrei do que tinha visto semana passada, quando flagrei o tio no banheiro, se tocando enquanto cheirava a calcinha da Andressa.
O caminho da margem do rio até a casa era longo, uns quinze minutos andando pela trilha no mato. Depois que eles foram, eu fiquei ali, parado, o coração apertado, sentindo um peso no peito. Minha avó estava com eles, então eu tentei não pensar demais, mas a dúvida não me largava. O silêncio, a presença do tio Marcos, tudo parecia esconder algo. Eu não conseguia tirar da cabeça que alguma coisa estranha estava acontecendo, mesmo com minha avó junto. A curiosidade cresceu tanto que eu não aguentei mais. Inventei uma desculpa, falei que tinha esquecido algo na casa dos avós, e saí atrás deles, decidido a ver o que realmente rolava naquela volta silenciosa pra casa.
Cheguei em casa e tudo estava estranho demais um silêncio pesado que não combinava com o barulho habitual da casa dos avós. Passei pelo quarto e vi minha avó dormindo, tranquila, alheia ao que parecia estar acontecendo. Sabia, lá no fundo, que algo estava errado. Então, escutei um ruído vindo do quarto no fundo, como se algo tivesse caído no chão. Com o coração batendo forte, me aproximei silenciosamente, tentando entender o que rolava.
Quando espreitei pela porta entreaberta, vi o tio Marcos e a Andressa. Não era só o toque de carinho comum havia uma intensidade nos gestos dele, um domínio sutil no jeito como ele beijava o pescoço dela, enquanto a mão dele deslizava com cuidado sobre o peito dela. Andressa segurava algo com a outra mão, era o pau do tio Marcos, aquele pau grosso que mão dela nem fechava direito. – Eu coloco devagar, ele dizia enquanto beijava o pescoço dela e tentava tirar o short dela, no que ela respondeu:
- Não tio, é grosso demais e errado.
- Coloca ele na boca, para você experimentar. Ele disse.
Naquele instante, meu peito apertou, o mundo parecia girar estranho, e eu fiquei ali, imóvel, diante de um segredo que eu ainda não sabia como lidar.
Cheguei devagar, tentando me afastar daquela cena que não queria mais ver. Esbarrei em algo que caiu no chão, fazendo um barulho seco, e o coração disparou. Corri para me esconder, tentando controlar a respiração acelerada e o nó que se formava no peito. Vi o tio Marcos saindo apressado, andando rápido rumo ao rio, e decidi pegar outro caminho, correndo para tentar chegar antes dele.
Quando finalmente cheguei à margem do rio, sentei num tronco caído, tentando recuperar o fôlego e organizar os pensamentos que insistiam em girar sem parar. O silêncio ao redor só fazia crescer aquela tensão interna, como se o ar estivesse pesado demais para respirar. Foi só quando ele chegou e me viu ali, sentado, que lançou aquele olhar um olhar tão cheio de descrença, de surpresa e de algo que eu não conseguia decifrar, como se tivesse certeza de que eu não estaria ali. Naquele instante, um frio percorreu minha espinha, misturado com uma sensação estranha de estar, de certa forma, um pouco seguro, apesar de tudo.
Então, minha tia apareceu, cortando o momento com uma pergunta simples, porém carregada:
— Você trouxe a caixa que eu pedi?
O tio Marcos me fuzilou com o olhar, cheio de significado, e eu gelei. Ali, naquele instante, soube que tínhamos mais um segredo, pesado e silencioso, entre nós.
Voltamos pra casa no silêncio engolido da tarde. O sol ainda ameaçava existir, mas já se escondia entre nuvens e poeira. Nenhuma palavra foi dita. Nem um olhar. Tio Marcos caminhava na frente, com a toalha suada jogada no ombro, e eu atrás, como quem carrega o próprio segredo nos ombros.
Já dentro de casa, tentei me ocupar com qualquer coisa. Lavei os pés no tanque, troquei de roupa, fiquei andando de um lado pro outro. A cabeça ainda girava, carregando a imagem dele o corpo, o gemido abafado, o pau pingando gozo como um ritual profano.
Andressa ainda dormia desde que voltamos. Parecia exausta. A mochila dela encostada na porta, a rede vazia balançando de leve. Tava esperando o pai vir buscá-la, mas até aquele momento, nada.
Mais tarde, ele apareceu na porta do quarto, sem entrar. Bateu de leve com os nós dos dedos e falou:
— O lanche tá pronto... se quiser, é melhor comer agora antes que esfrie.
— Tá bom, já vou — respondi, tentando parecer casual, como se meu estômago não tivesse dado um nó só com o timbre da voz dele.
Ele assentiu com a cabeça e foi embora. Foi só isso. Nenhum olhar torto, nenhum comentário atravessado. Nada. Me perguntei se aquilo tudo era coisa da minha cabeça a cena no rio, o olhar desacreditado, o clima estranho. Talvez eu tivesse exagerado, talvez ele nem tivesse percebido nada. Talvez...
Eu ia entrando na cozinha quando ouvi minha mãe falando com tio Marcos.
— Tem razão, Marcos ela disse, sorrindo ele precisa mesmo aprender a tirar leite.
Tio Marcos riu de leve, meio satisfeito.
Minha mãe então me olhou e falou:
— Amanhã, acorda cedo, tá? Você vai pro curral com o Marcos aprender a tirar leite.
Eu só balancei a cabeça, tentando parecer tranquilo.
Marcos me olhou de canto de olho, deu um sorriso discreto e saiu da cozinha.
Eu fiquei ali parado por um segundo, com o coração batendo mais rápido.
Sabia que o dia seguinte não ia ser igual a nenhum outro.