O contraste era brutal. E, por isso mesmo, lindo.
Rebecca ainda ajoelhada na beira da cama, o corpo nu lambuzado do sêmen de Vinícius — espesso, quente, recém-saído de dentro dela — parecia em estado de graça. Ela olhava para o próprio peito, para a barriga onde escorriam filetes lentos, como se contemplasse uma pintura viva. Os dedos tocavam aquele líquido com reverência, com curiosidade, com desejo renovado. Ela sorria, fascinada, como se estivesse coberta de ouro líquido.
— Olha isso, amor… — sussurrou, encantada. — Você tá vendo como ele me marcou?
Era como se o sêmen dele tivesse um valor simbólico superior. Não era só gozo — era conquista. Era o sinal da posse, da força, do rei. O que escorria pelo corpo dela parecia ter cheiro de domínio, textura de vitória. E ela o aceitava como se fosse um presente sagrado.
E então, ali perto da cama, no chão de madeira, estava o meu.
O meu gozo.
Tinha escorrido da minha mão segundos antes, depois do clímax contido, tremido, silencioso. Uma poça pequena, pálida, já começando a esfriar. Esquecida. Ninguém olhava pra ela. Nem ela. Nem ele. Nem eu.
Era o meu orgasmo.
O meu aplauso.
A minha “homenagem”.
Mas agora, posto ao lado do que cobria o corpo da mulher que eu amava, parecia outra coisa. Frágil. Tímida. Descartada.
Ela sequer notou.
Não por maldade — mas porque o que ela carregava no peito ainda era quente, vivo.
O meu já estava no chão.
Já era chão.
E eu aceitei.
Porque naquele contraste... estava toda a verdade do que havíamos nos tornado.
E tudo o que eu sempre quis sentir.
Sem poesia.
Só carne.
E realidade.
Rebecca ainda estava ajoelhada, o corpo marcado, o peito lambuzado, os cabelos grudando na pele suada. O riso dela tinha diminuído, mas o olhar ainda brilhava — aquele brilho de mulher satisfeita, cheia, no auge de si mesma. Ela virou o rosto e viu Vinícius recostado na cabeceira da cama, o peito subindo e descendo devagar, o corpo ainda em estado de guerra, mas vitorioso.
O pau dele ainda estava ereto. Não completamente... mas ainda duro, ainda brilhando do próprio gozo, latejando com os últimos espasmos de poder.
Rebecca olhou pra ele como se visse um altar. E se aproximou. Sem dizer uma palavra. Apenas deslizou sobre os joelhos, com a calma de quem conhece o caminho e o desejo. Ela segurou a base com delicadeza e, sem hesitação, levou a boca até ele. Passou a língua devagar, limpando. Cada canto. Cada sulco. Sugando com suavidade o que restava. Não por obrigação. Mas por prazer. Por devoção.
Gemia baixinho. Como quem aprecia um sabor raro. Como quem guarda o gosto do que foi entregue.
— Tá vendo, amor? — disse entre uma lambida e outra, me olhando de lado — tem coisa que se limpa com a boca... com vontade.
E então, como se aquilo fizesse parte do ritual, ela apontou com o queixo na direção do chão — onde meu gozo esfriava, esquecido, escorrendo solitário entre os veios da madeira.
— Aquilo ali... é teu. Cuida, vai?
Pega um paninho. A homenagem caiu fora do lugar.
Ela voltou pro pau dele, lambeu a glande com a língua aberta, como se limpasse uma joia.
E eu, duro, envergonhado, apaixonado, fui até a cozinha.
Papel toalha na mão.
O chão me esperava.
E a realidade também.
Saí da sala meio tonto, cambaleando de pernas moles como se tivesse corrido uma maratona sem sair do lugar. Entrei na cozinha com o coração ainda batendo no pescoço, o suor frio descendo pelas costas. Peguei o pano como quem segura um bilhete de humilhação, mas também — e eu sabia disso — como um símbolo do meu lugar.
Abri a janela por um segundo, só pra puxar ar, e fui atingido pelo silêncio da noite lá fora. A rua escura, o poste tremeluzindo, e um cachorro latindo distante. Tudo parecia quieto demais. Longe demais do que estava acontecendo ali dentro.
E então ouvi.
Antes mesmo de voltar ao quarto, ouvi o som abafado. Um gemido. Depois outro. Depois a respiração acelerada, o estalo surdo de pele contra pele.
Ela já estava gemendo de novo.
Aquilo me atravessou como uma vertigem. Uma onda de calor subindo do estômago ao peito. Ela não tinha parado. Nem por um minuto.
Rebecca — minha mulher — já estava sendo tomada outra vez. O corpo ainda sujo, ainda suado, ainda lambuzado… e novamente aberto.
Voltei com o pano nas mãos, as pernas trêmulas. A porta entreaberta deixava escapar os sons. O quarto tinha virado selva.
Ela ria entre os gemidos. Ele rosnava baixo. E eu, parado na beira da sala, com o pano na mão, só conseguia pensar:
Ela não descansa... ela renasce.
E aquela noite ainda não tinha acabado.
Não pra ela.
Nem pra mim.
Quando voltei à porta do quarto, o pano ainda úmido na mão, ela já estava em movimento de novo — incansável, renascida, tomada por um impulso que não era só físico, mas algo mais fundo, mais primitivo. Rebecca agora estava sobre ele. Montada. O corpo completamente nu, brilhando de suor e gozo, as coxas abertas, firmes, se apoiando nos quadris de Vinícius como quem assume o comando sem pedir permissão.
Vinícius estava deitado, braços atrás da cabeça, o corpo relaxado, mas o olhar atento, faminto. O pau dele já estava dentro dela de novo, e ela se movia com aquele vai e vem lento, calculado, como quem sabe exatamente o que está fazendo — e o quanto está sendo assistida.
— Isso... — ele murmurou, a voz grave, rouca, marcada por prazer e admiração. — Usa esse corpão que eu te ajudei a construir, vai... mostra que valeu cada agachamento.
Ela riu, jogando o cabelo pra trás, rebolando com mais firmeza.
— Ah, você quer ver resultado, né? Então segura... — disse com aquela voz carregada de deboche e tesão.
Os quadris dela começaram a se mover mais rápido, o som da pele contra pele voltando com força, ritmado, molhado. Os seios saltavam com o movimento, os gemidos ficavam mais altos. Mas o que me atravessou mesmo foi o olhar.
Porque ela olhou pra mim.
No meio da cavalgada, rindo, mordendo o lábio, ela virou o rosto e me encarou. Com aquele brilho nos olhos. Não de culpa, nem de provocação vazia. Mas de felicidade pura. De alguém que estava vivendo algo intenso, inteiro — e queria que eu estivesse ali, vendo tudo.
— Amor... — disse entre um gemido e outro — tá vendo o que você fez comigo? Olha pra tua mulher... olha o que eu virei.
Ela cavalgava como quem celebra, como quem dança.
E eu... assistia em silêncio.
Com o pano na mão.
E o coração escancarado.
O ritmo dos quadris de Rebecca começou a falhar — não de erro, mas de excesso. Ela cavalgava com intensidade, rebolando fundo, gemendo cada vez mais alto, o corpo inteiro molhado, os cabelos grudados na testa, as mãos apoiadas no peito dele como se buscassem equilíbrio num terremoto interno.
— Ai... ai, meu Deus... — ela arfava, entre o riso e o grito — eu tô... tô vindo de novo...
Os movimentos dela se tornaram desordenados, o quadril tremia, as coxas apertavam a cintura dele com força. Os olhos dela se reviraram por um segundo, e então veio o gozo. De novo. Violento. Descontrolado.
Ela gritou. Não gritou o nome de ninguém. Gritou por dentro. O corpo encolheu, depois se abriu, depois caiu — as mãos frouxas, os seios arfando, o ventre espremendo cada resíduo de prazer. O orgasmo parecia rasgar dela em camadas, como se tivesse explodido do fundo da alma.
Ela desabou sobre ele, o rosto encostando no peito dele, as pernas ainda tremendo.
Vinícius sorriu. Passou a mão pelas costas dela, e sem uma palavra, girou o corpo com ela ainda encaixada. A dominou. De novo.
Agora ele estava por cima. Os braços ao lado do rosto dela. O pau ainda dentro.
E sem dar tempo de descanso, começou a metê-la. Firme. Direto. Pesado.
— Vai, respira... — ele murmurou no ouvido dela — porque eu ainda não acabei.
Rebecca gemia fraca, o corpo derretido, mas ainda aberto, ainda recebendo.
E ele macetava.
Com fúria tranquila.
Com o vigor de quem sabe que já venceu — mas quer deixar claro.
E eu, ali.
Sentado.
Com o pano agora esquecido no colo.
Vendo ela ser desmontada de novo.
Peça por peça.
Com amor, violência e glória
Rebecca mal conseguia respirar quando ele a puxou pelos cabelos, firme, direto, como quem ainda tinha algo pra dizer — não com palavras, mas com o corpo. Ela gemeu surpresa, mas não resistiu. Deixou-se levar, o corpo mole e suado obedecendo ao gesto com naturalidade. Ele a colocou de joelhos sobre a cama, o rosto dela virado pra ele, os olhos ainda marejados de prazer, as pernas trêmulas.
Vinícius se afastou um passo, o corpo tenso, o pau duro e latejando, ainda molhado, brilhando das últimas estocadas. Ele respirava pesado, a mandíbula travada. Estava pronto — no limite. E ela sabia.
Ajoelhada, descabelada, marcada, Rebecca o olhou com aquela expressão misturada de exaustão e tesão renovado. Um sorriso pequeno se abriu nos lábios dela.
— Vai, meu rei... termina o que começou — disse, a voz baixa, rouca, satisfeita.
Ele se masturbava rápido agora, os olhos cravados nela. O corpo inteiro dele se contraiu. Um gemido grave escapou do peito. E ele gozou. Forte. Com raiva e alívio.
Rebecca nem se mexeu. Só olhou pra ele, firme, recebendo. O rosto quente, o peito ainda arfando. A respiração dos dois pesando o ar.
Eu ali, sentado, duro, em silêncio.
Vendo minha mulher ajoelhada, marcada, feliz.
Sabendo que tudo tinha se cumprido.
Sem poesia.
Só verdade.
Crua. Real. E vivida.
Vinícius ainda estava recostado na cama, o corpo suado, o peito subindo e descendo devagar, mas com aquele sorriso de quem sabia exatamente o que tinha acabado de fazer — e o efeito que tinha deixado. Rebecca se virou, ainda ofegante, e falou com a voz rouca, quase rindo:
— Pega uma água pra mim? Acho que eu me desidratei...
Ele soltou uma risada curta, satisfeito, se levantou sem pressa e saiu do quarto nu, com a calma de um vencedor indo buscar o troféu que ele mesmo preencheu. Ficamos sozinhos. Eu e ela.
Rebecca ainda ajoelhada na cama, o corpo brilhando de suor e gozo, se jogou de lado, rindo, os cabelos grudando nos ombros. Me olhou com aquele sorriso safado e doce que só ela sabia fazer.
— E aí, amor? Tá vivo?
— Mal. — respondi, com um meio sorriso, ainda tonto. — Mas tô. Não sei se por orgulho, tesão ou colapso nervoso.
Ela deu uma gargalhadinha leve e se esticou na cama, estalando as costas.
— Nossa… você viu o que ele fez comigo?
— Vi tudo. — sussurrei. — E ainda tô tentando entender como você ainda tá falando.
Ela mordeu o lábio, os olhos meio fechados, e acariciou a própria coxa devagar, como se ainda sentisse os ecos do que tinha acabado de acontecer.
— Amor… teve uma hora que eu juro que perdi o fôlego.
De verdade. Ele entrou tão fundo que eu senti na garganta.
Mas quando eu vi você ali... me assistindo daquele jeito...
Ela respirou fundo, os olhos marejados de tesão e ternura.
— Aquilo me deu força.
Me deu mais tesão ainda.
Porque eu tava sendo fodida como nunca… e amada como sempre.
Eu engoli seco. Quase tremendo.
— E agora? — perguntei. — O que você sente?
Ela riu, se esticando com preguiça.
— Sinto que ainda tô cheia dele.
Que meu corpo ainda tá vibrando.
E que você... — olhou nos meus olhos — vai dormir hoje com a imagem da tua mulher vencida e feliz.
E nesse momento, Vinícius voltou com a garrafinha na mão, os dois sorrindo, e eu…
Sentado.
Duro.
E totalmente dentro daquele amor estranho, real e inteiro.
A luz do abajur seguia acesa, amarelada, quente. A cama estava uma bagunça: travesseiros caídos, lençol amassado, cheiro de sexo ainda denso no ar. Nós três estávamos ali, quietos por alguns minutos, como quem respira depois de atravessar uma tempestade. Rebecca deitada de lado, a cabeça encostada no meu ombro, as pernas ainda entreabertas, o corpo colado no meu — suada, macia, viva. Vinícius ao lado, deitado de costas, os olhos fechados, o peito subindo devagar.
A gente conversava bobagem. Coisas cotidianas. O som da respiração se ajeitando. Ela riu de alguma piada minha sem graça. Ele respondeu com uma provocação qualquer sobre a luta. Parecia uma madrugada comum de casal... tirando o detalhe de que minha esposa estava nua, coberta de gozo, entre mim e o cara que tinha acabado de destruir ela na cama.
E então Rebecca levantou o rosto e olhou pro lado.
Parou. E sorriu.
— Olha isso…
Eu segui o olhar. O pau de Vinícius, ali, de novo, começava a erguer. Lentamente, como quem desperta de um cochilo. Já meio duro. Suficiente pra deixar claro: ele não tinha acabado.
Ela riu, aquela risadinha safada, deliciosa, quase inocente.
— Não tem paz mesmo, né?
Passou a mão pela barriga, se levantou um pouco, o cabelo caindo sobre os olhos. Olhou pra ele como quem vê uma provocação irresistível. E, sem pedir permissão, passou a perna por cima dele, montando como quem retoma o lugar favorito.
— Acha que eu não vi isso chamando por mim?
E antes que eu dissesse qualquer coisa, antes que o corpo dela se encaixasse de novo, ela virou o rosto e me disse, com um brilho divertido:
— Avisa tua punheta que vem reprise.
E cavalgou de novo.
Como se tivesse acabado de acordar com sede.
Dele.
Dela mesma.
De nós.
Ela gozou, ele gozou, eu me acabei na punheta.
Acabei dormindo. Não sei exatamente a hora. O corpo estava moído, os músculos doíam até nos dedos, a mão ainda suja, marcada pelo esforço de uma noite inteira batendo punheta. Me joguei na cama do quarto de hóspedes como quem se entrega — mais à exaustão do que ao sono.
Mas o descanso foi intermitente. Eu cochilava e acordava em ciclos curtos, quebrados. E toda vez que despertava, o som voltava.
Primeiro, era ela rindo.
Aquela risadinha leve, abafada, com o ar cortado de quem já está no limite do cansaço, mas não quer parar. Depois o gemido. Uma sequência irregular, às vezes mais alta, às vezes rouca, como se o prazer estivesse vindo mesmo quando o corpo já pedia trégua.
E eu, ali, deitado de lado, olhos fechados, a cabeça afundada no travesseiro, sentia meu pau latejar de novo. Mas não me mexia. Não tinha mais forças. Só escutava.
Mais tarde — talvez bem depois das três da manhã — o som mudou.
Não tinha mais risada. Nem palavras. Nem gemidos definidos.
Só o ruído da carne.
Seco. Rítmico. Constante.
Como se o quarto estivesse tomado só pelo som do corpo dela sendo macetado, sem pausa, sem voz.
E, de vez em quando, um gemido escapava.
Mas fraco.
Quebrado.
Como se ela nem conseguisse mais gemer inteiro.
Só o som dele — dos quadris batendo. Da cama rangendo. Da posse sendo reafirmada em silêncio.
E ali, no quarto escuro, o mundo fora reduzido àquele som.
Minha mulher… sendo fodida.
Sem palavras.
Só entrega.
Enquanto eu, o marido, ouvia.
E aprendia a dormir dentro da própria fantasia.