Acendeu mais um cigarro, apagou tudo o que havia escrito até então e resolveu mudar a linha do conto que tentava escrever. Três horas mudando de assunto e não produziu uma linha que o deixasse satisfeito. Recomeçou. Escreveria algo engraçado. Acertara: um conto de humor, mas... por onde começar? Contar uma festa caipira? Um batizado ou um casamento na roça? Talvez os dois. Isso. Uma noiva que dava à luz a um filho diante do altar da igreja. Ótimo. O filho se chamaria Severino e aprenderia a ler e escrever numa escola também do sítio. Um dia leria trechos de um velho romance e resolveria ser escritor. Escritor medíocre, sem técnica e o pior: sem inspiração para escrever algo que.... porra! Esse era ele!
Não se chamava Severino, não nascera durante a cerimônia de casamento de sua mãe, mas também queria ser escritor. Já escrevera alguns contos. Sofríveis, mas escrevera. Agora que começava a se sentir maduro, que até tinha até estudado bem a gramática, faltava- lhe o essencial: inspiração.
Sentiu um aperto no peito e encheu os olhos de lágrimas. Silenciosamente levantou- se e foi ao banheiro. Tirou a roupa, abriu um pouco o chuveiro e, como costumava fazer, colocou o pênis sob a água e mijou deliciosamente. Também como sempre, o membro excitou- se no contato com a água morna. O desfecho era conhecido: agora sentaria sobre a tampa do vaso sanitário e gozaria numa relaxante masturbação. Esqueceu a falta de inspiração e procurou concentrar-se num bom motivo para um gozo melhor ainda. Lembrou- se de Ivete. Era inacreditável que entre tantos nomes fosse lembrar alguém da infância vivida na fazenda de cana- de- açúcar. Segurou o pênis e começou a aperta-lo ligeiramente. Sem pressentir iniciou uma retrospectiva de sua infância, mas só das coisas relacionadas com sexo: as mulheres tomando banho quase nuas; o resfolegar noturno dos pais no quarto ao lado; o galo, os patos, o cachorrão enganchado com a cadelinha assustada; o cavalo com sua ferramenta enorme preenchendo o rasgo da égua; Gilmar, o veadinho que dava por chimbras... A cada lembrança sua excitação aumentava e de repente a idéia nasceu: por que não escrever suas peraltices sexuais? Levantou- se apressado enrolou uma toalha na cintura e voltou ao computador. Em menos de meia hora já havia escrito quase dez páginas e não pensava em parar. Havia ainda muita coisa a colocar no papel. Daria um livro inteiro. Escreveria no ritmo em que estava: calmo, concentrado e... sempre excitado! De vez em quando, nos intervalos entre uma linha e outra de raciocínio, apertava o pau roxo de tesão. Não queria parar. Masturbar- se agora afetaria a inspiração e ele não queria deixar muita coisa para depois. Estava iniciando um novo tópico quando a campainha tocou.
Abriu a porta. Era Raul, um garoto de13 anos que lhe servia como Office-boy. - E aí, Mauro? Vou descer amanhã pro comércio. Vai mandar comprar alguma coisa?
- Vou. Vou, sim. Escuta, agora eu estou meio ocupado... Daria para você passar amanhã antes de descer? O garoto pensou um pouco e ele ia dizer que não tinha nada para mandar comprar quando o telefone tocou. Era sua mãe ligando da fazenda. Dona Marta ligava uma vez por semana, mas quando o fazia esquecia do tempo para ficar ouvindo o filho e lhe contando as novidades do campo. Mauro passou a ligação para o quarto e Raul tomou o seu lugar em frente ao computador. Ao contrário da maioria dos garotos de sua idade, o jovem gostava muito de ler e sempre dava sua opinião nos textos escritos por Mauro. Voltou o texto para o início e começou uma leitura silenciosa e cada vez mais interessada. Dez ou doze minutos foram passados antes Mauro retornar à sala. Sorriu ao observar a concentração do adolescente. "Esse aí ta quase furando as calças" - pensou maliciosamente. Raul notou a sua presença, mas não esboçou nenhuma reação.
Eram bastante amigos, quase irmãos, afinal apenas seis anos separavam suas idades.
O texto estava quase no fim quando o autor observou um pequeno erro de digitação. Debruço- se sobre o garoto para pegar o mouse. Raul havia terminado a leitura e virou a cabeça, ficando com o rosto a poucos centímetros do rosto do amigo. Mauro tomou um choque ao senti-lo tão perto. Os lábios grossos e bem feitos; os olhos negros e grandes; novamente a boca, lábios entreabertos... sentiu- lhe o hálito gostoso! O escritor sentiu um calafrio e saiu da incômoda e excitante posição. Tentando refazer- se, perguntou:
- O que achou do texto? Raul levantou- se, contornou a cadeira e pôs- se diante do amigo. Sua expressão era incomum. Estava sério, mas numa seriedade cândida e frouxa; sonhadora... carregada de luxúria! Por alguns instantes permaneceram calados. De repente Raul baixou o calção e a cueca: - Olha como eu estou!
Mauro, de boca quase escancarada, viu diante de si a beleza pura e perigosa do garoto. Jamais pensou em ficar assim frente à visão de um homem nu. Mas Raul não era um homem. Naquele instante era apenas um menino mágico que queria enfeitiça-lo com aquela rígida e latejante vara de condão. Seus tenros pelos pubianos brilhavam enfeitando o tronco daquela arvorezinha de prazer e subiam para simbolicamente refazer a relação sexo- vida num imaginário cordão umbilical. O pequeno deus, deus profano e tentador, estava sem camisa e seus peitinhos projetavam- se ligeiramente pela presença das pedras que marcam o fim da inocência sexual. Mauro tremia e nada respondeu quando o rapazinho perguntou- lhe:
- Quer pegar? Diante do silêncio, Raul deu mais um passo e falou num misto de pedido e ordem: - Toma, pega! Pega, vai! Mauro jamais soube explicar como sua mão tocou àquele instrumento macio e quente. Forçou levemente o prepúcio para trás e descobriu a glande brilhante, ligeiramente lubrificada. Massageou toda aquela cabeça vermelha e pulsante, deixando- a cada vez mais lisa. Ergueu os olhos daquela peça hipnotizadora e encontrou o olhar do menino. Era um olhar diferente, carregado de sono, embriagado de desejo. Fitou- lhe demoradamente sem
deixar de massagear o pênis enlouquecido daquela pestinha que lhe abria os olhos para uma nova aquarela no mundo do sexo. Carinhosamente Raul colocou a mão direita por trás da cabeça do rapaz e o puxou até seus lábios se tocarem. Beijaram- se loucamente. Nas mãos de Mauro, o cacete do menino parecia querer explodir. Depois a mão do adolescente colocou- se no ombro do outro e o forçou para baixo delicadamente. Como se tudo estivesse devidamente ensaiado, Mauro compreendeu e obedeceu. Curvou as pernas e ajoelhou- se diante do pequeno deus da luxúria.
Agora a visão era estonteante. O pênis do moleque roçava-lhe o rosto com ligeiros impulsos. Tudo estava perdido: adeus ao pudor, ao preconceito, ao bom senso... tudo era sexo. Sexo, prazer, gozo! Cheirou demoradamente a cabeça do maravilhoso pau. Aquele cheiro matava, mas matava de prazer. Não havia nada de sujo, não havia nojo: só o cheiro puro do adeus à infância inocente e o ingresso na ávida puberdade. Raul estava entrando em um mundo novo e ele, Mauro, embora desconhecesse aquela porta de entrada, sabia ser o passaporte do garoto. Sentiu- se feliz e orgulhoso. Fechou os olhos e deixou- se flutuar no prazer. Abraçou o moleque pela bunda e devagar, prazerosamente, foi deslizando os lábios pelo pau quente e húmido até agasalha-lo na boca. Fez movimentos com a língua e engoliu a saliva misturada ao líquido lubrificante. Com uma das mãos afagava os dois belos colhões e com a outra acariciava a bunda do rapaz. Raul acariciava os cabelos de Mauro e forçava o conjunto sexual contra o rosto dele. De repente Raul retirou o pênis da boca do companheiro e se afastou por dois passos. Livrou- se de toda roupa e reaproximou-se do outro. Fez com que se deitava no chão e escanchou-se sobre seu peito. Em seguida, adiantou- se em direção rosto de Mauro e ficou de cócoras sobre ele. O rapaz lambeu- lhe os testículos e, escorregando para baixo, fez com que o garoto ficasse quase sentado sobre seu rosto. Sentiu o cheiro do ânus do garoto. Não cheirava a fezes, era um cheiro natural, característico! Havia asseio, muito asseio e... muito tesão! Lambeu- lhe o ânus e ouviu- lhe gemer de prazer. Forçava a língua sem êxito contra o pequeno orifício natural e isso fazia crescer o desejo em ambos. Percebeu que Raul não conteria o gozo por mais tempo. Aguardou.
Raul se contorcia como sentindo uma dor insuportável. Baixou a bunda e pôs o cacete sobre a boca do parceiro. Foi o tempo necessário para que o esperma quente se lançasse com fúria sobre o rosto do escritor. Mauro movimentou- se rápido e recebeu na boca o resto da poção levemente adocicada, enquanto se masturbava e obtinha um prazer jamais alcançado em seus anos de folia sexual.
O garanhão furioso deu lugar a um potrinho domado e dócil que beijou a testa do companheiro antes de rolar para o chão e dormir o resto da tarde. Mauro ficou deitado ao seu lado por um bom tempo, depois, com um enigmático sorriso, levantou- se e voltou para o computador. Apagou o que estava digitado e começou tudo de novo.
Trabalhou a tarde inteira sentindo o cheiro de amor no ar e o rosto crespo pelo esperma endurecido. Quando sentia alguma dificuldade para continuar o texto olhava de lado e contemplava aquele corpo perigosamente inocente que lhe proporcionara tanto prazer; aquele órgão que repousava flácido, mas que era culpado pela baixa causada em sua masculinidade. Sorria e continuava inspirado.