Quinta-feira / Vigésimo Quinto Dia
Estou amarrada firmemente, completamente indefesa. Meus pulsos presos aos braços de uma cadeira com cordas cor de rosa, minhas pernas afastadas e amarradas pelas canelas. Estou vestindo um sutiã rendado, rosa claro, e a calcinha do seu conjunto, colocada para baixo para expor minha pequena gaiola de castidade, apertada e latejante.
Lívia está de pé à minha frente, impecável e fria. Ela sorri com um ar de superioridade e, lentamente, se inclina para encaixar uma mordaça entre meus lábios roxeados, pintados com um tom profundo.
“Quero ver você reclamar da sua castidade agora...” diz Lívia, com um brilho no olhar. Ela dá uma risadinha malvada, pega a bolsa e caminha em direção à porta.
Eu tento me mexer, balbuciar alguma coisa... mas tudo que consigo é um som abafado. Ela abre a porta, olha para mim uma última vez e pisca, satisfeita. Me deixa ali, sozinha e completamente desamparada.
O som da porta batendo ecoa na minha mente... e logo se mistura a uma voz suave.
“Bom dia, dorminhoco... Estou terminando de me arrumar, vá se trocar também, temos que sair.”
Abro os olhos devagar, piscando contra a luz suave do quarto, e encontro Lívia em pé diante do armário, colocando sua calcinha. Ela está deslumbrante: meia arrastão, lábios de um vermelho intenso e um delineado marcante que acentua ainda mais sua presença poderosa.
Fico ali observando em silêncio por alguns segundos. Ela tem se arrumado mais para ir à faculdade depois que começou o curso, mas hoje... hoje ela parece ter caprichado de verdade. Deve até ter acordado mais cedo para fazer essa maquiagem.
Mas mesmo com essa pontada de ciúmes no peito, não consigo deixar de apreciar a imagem. Ela está simplesmente maravilhosa.
“Bom dia, amor. Estou indo...” respondo, tentando disfarçar o misto de desejo e insegurança, enquanto me levanto da cama para me trocar.
No canto da minha sala, enquanto o professor segue com a sua aula monótona, minha mente vagueia. Tento me lembrar da última vez que fiz sexo de verdade. Teoricamente, nem faz tanto tempo assim… Eu já devo ficado três semanas sem fazer sexo com Lívia — por falta de vontade, cansaço, ou por simplesmente eu ter falhado na hora H. Mas agora é diferente. As paredes duras da gaiola de castidade pressionando meu membro carente, me fazem sentir falta de uma bucetinha gostosa e macia.
E é nesse desejo que a imagem de Luna surge forte em minha mente. Apoiada em uma mesa, sua saia curtinha erguida até a cintura, expondo-se para mim. Meu pênis, ainda pequeno, mas agora livre, se enterra com vontade em seu interior, em movimentos firmes e cheios de urgência.
Minha brutalidade contrasta com a delicadeza da minha aparência, maquiada e feminina. Meu pé repousa sobre a mesma mesa onde ela se apoia. Uso seus cabelos dourados como um arreio, puxando-os para me lançar com mais vigor contra sua entrada. Os olhos de Luna se reviram nas suas órbitas, hipnotizada por um prazer que não consegue conter.
E então — como um estalo — volto para a sala. O som da lousa sendo apagada, o burburinho dos alunos saindo.
Eu continuo me imaginando como a Samy feminina, mesmo assim estou muito mais ativo no sexo do que jamais estive...
Com a aula finalizada, recolho meus materiais e vou direto para a sala de educação sexual.
Entro na sala de aula e cumprimento Caio e Bruno, que já estão vestidos com suas blusinhas e sainhas. Sorrio para eles, e vou direto me trocar também.
Enquanto Bruno me ajuda a dar o laço no meu vestido na parte de trás, ouvimos o som inconfundível dos saltos de Luna ecoando pelo corredor.
“Oi, meninas... Como vocês estão?”, diz ela, alegremente, cruzando a porta com um sorrisinho no rosto.
Em seguida, ela se vira direto para Caio com uma ironia escancarada no tom.
“Oi, Lailinha... Está usando algo diferente hoje?”, pergunta com um risinho travesso.
Caio responde meio contrariado: “Oi, Luna... Você sabe que estou...”
“Mostra pra gente!”, diz ela animada, batendo palminhas.
“Tá bom...” Ele murmura, com um suspiro resignado. Então levanta a saia com cuidado e desliza a calcinha de lado, revelando sua nova gaiolinha rosa e delicada.
“Awww...” Luna se derrete, inclinando a cabeça de forma teatral. “Olha como é pequenininho... Ficou ótimo...”
Eu encaro seu dispositivo, surpreso. Eu conheço o pênis de Caio. Não é enorme, mas definitivamente é bem maior do que essa gaiolinha que agora o aprisiona.
“Ugh... parece apertado... Não dói, Caio?”, pergunto, impressionado.
Luna se vira para mim num estalo.
“Ei! Ei! Não tem nenhum Caio aqui!”
“Ah! Desculpa!”, digo rapidamente, sem jeito.
Ela estreita os olhos e continua com um tom ameaçador. “E não se esqueçam de afinar essa voz, vocês dois! Eu não vou avisar de novo!”
Eu limpo a garganta, envergonhado, e repito com um tom mais doce: “Eh... Não dói... hum... Laila?”
Bruno respira aliviado por ter escapado da bronca, e Caio responde, ajustando o tom de voz para um tom mais suave e feminino. “Hum... Não é exatamente dor... Está mais para um incomodo... Constante...”
Então Luna comenta, agora com um tom mais simpático: “Como tudo, você vai se acostumar, Laila! Tenho certeza de que logo você vai pedir uma ainda menor para a Gabi!”
Fico pasmo. Ainda menor?! Essa aí já parece que vai explodir... o pênis do Caio não cabe em nada menor...
Luna continua, em um tom doce: “Minhas fofurinhas, hoje vamos falar sobre maquiagem. Vocês estão lindas com os cabelos longos e bem penteados, mas para serem garotas perfeitas, precisam saber como aplicar uma bela maquiagem.”
Eu me lembro da garota bonita em que me tornei quando Lívia me maquiou. Fico curioso para saber se consigo ficar assim novamente.
“Quando se trata de maquiagem cada garota tem seu próprio estilo e preferências, mas os princípios básicos para acertar em cheio, seja ela simples ou complexa, são os mesmos. Então, hoje vou ensinar para vocês um tutorial básico para que possam se preparar rapidinho para as nossas aulas. E para uma maquiagem mais elaborada... pratica, pratica e pratica...”
Ela dá uma leve batidinha na mesa e sorri com energia. “Vamos começar.”
Luna caminha pela sala, colocando um kit de maquiagem em cada bancada. Quando olho para o meu, me sinto um pouco intimidado — são tantos potinhos, pincéis, lápis e frasquinhos diferentes que fico paralisado por um momento, sem saber por onde começar. Olho de lado e vejo que Caio e Bruno parecem tão confusos quanto eu.
Luna começa a explicação com sua voz doce e empolgada: “Primeiro, temos que começar aplicando a base. Apliquem um pouco da base líquida por todo o rosto e espalhem dando leves batidinhas com a esponja, nada de esfregar, só dê batidinhas...”
Me inclino sobre a bancada e começo a procurar pelo produto certo. Base líquida... base líquida... — até que encontro um tubinho bege com o nome estampado.
Com a ajuda do espelho da bancada, despejo um pouco da base em filetinhos por todo o meu rosto e, com uma esponjinha, começo a espalhar como Luna instruiu.
Luna caminha entre as mesas com seu olhar atento, corrigindo posturas, ajustando o uso da esponja. Quando ela chega na minha bancada, se abaixa levemente e, com a ponta dos dedos, me guia para passar a base até mesmo nas pálpebras e na região da boca.
Me olho no espelho. A base cobriu tudo, até demais — meu reflexo está pálido, quase fantasmagórico. A imagem de uma boneca de porcelana meio gótica me encara de volta.
“Agora vamos nos livrar dessas olheiras.” Luna continua, voltando ao centro da sala. “Maquiagem ajuda bastante, mas antes de pensar nisso, é importante que vocês comecem a dormir melhor, viu?”
Bruno se intromete em tom de deboche, mas ainda falando com sua voz afeminada. “Tirar essa gaiola de castidade ajudaria...”
Luna vira o rosto para ele devagar, um sorriso doce surgindo nos lábios, cheio de ironia. “Ah, Sasha, querida... não vejo como dar a vocês um motivo pra passar a noite assistindo pornografia ajudaria com isso...”
Às vezes acho que a Luna fala essas coisas diretamente pra mim... Foram muitas as noites em que virei assistindo pornografia escondido depois que a Lívia foi dormir. As primeiras noites foram bem difíceis, mas é possível que essa gaiola de castidade tenha até ajudado a regular meu sono.
Bruno se recolhe, sem uma réplica.
Luna dá uma risadinha, se divertindo com a reação de Bruno, e então retoma o tom didático: “Bom, mas se mesmo dormindo melhor vocês ainda estiverem com olheiras, essa amiguinha aqui vai resolver seus problemas.”
Ela levanta um pequeno tubinho, retirado do kit de maquiagem do Caio, e o balança no ar.
“Em cada kit, vocês vão encontrar dois tipos de corretivo: um mais escuro, que é da cor da pele de vocês, e outro de tom mais claro. Peguem primeiro o mais escuro.”
Começo a vasculhar novamente o kit de maquiagem, lendo os rótulos até encontrar os dois corretivos em tubinhos parecidos. Pego o mais escuro, e fico impressionado — ele realmente parece ter o tom exato da minha pele.
Imagino que cada kit deve ter sido montado com muito cuidado, e que Luna — ou talvez a própria Srta. Marília — tenha um olho muito bom pra conseguir escolher os tons ideais para a pele de cada aluno, mesmo nós não estando por perto para comparar.
“Com esse pincel menorzinho aqui,” continua Luna, segurando um pincel de cerdas curtas e densas, “apliquem bastante corretivo abaixo dos olhos. Não se esqueçam da área que fica bem embaixo dos cílios. Depois espalhem com batidinhas usando a esponja. Uma dica que eu sempre dou, é vocês olharem para cima para alcançar melhor as áreas escondidas.”
Com bastante cuidado, sigo o passo a passo. Aplico o corretivo com o pincel pequeno, tentando espelhar os movimentos que Luna demonstrou. No início, o produto parece se acumular demais, deixando minha pele com uma aparência argilosa — o que me faz questionar se estou fazendo isso corretamente.
Mas, aos poucos, com as batidinhas suaves da esponja, o tom parece se adequar, o excesso desaparece, e minha pele fica com uma aparência muito mais suave e uniforme.
“Agora, com o corretivo mais claro,” diz Luna, animada, “vocês vão aplicar só um pouquinho em algumas regiões do rosto pra dar luminosidade. São elas: ao longo do centro do nariz; logo abaixo dos olhos; naquele vinco que fica abaixo do nariz; na pontinha do queixo; e horizontalmente no centro da testa. Depois disso, é só esfumar tudo com a esponja.”
Todos começamos a aplicar o produto com insegurança. É informação demais de uma única vez. Luna, então, passa calmamente por cada bancada, repetindo as instruções e apontando com os dedos exatamente onde o produto deve ser aplicado.
Quando todos terminam de aplicar o corretivo, Luna continua.
“Agora fixem tudo usando o pó compacto”, diz ela, enquanto pega um dos kits e mostra a embalagem. “Tem dois em cada bolsinha — usem o mais claro primeiro. Com a esponjinha, espalhem o pó por todo o rosto.”
Abro minha bolsinha e encontro os dois estojos. Pego o mais claro e começo a aplicar com a esponja, tentando ser cuidadoso.
São tantos passos... Enquanto aplico o pozinho, tento repeti-los mentalmente para não esquecer depois.
Quando todos parecem ter terminado, Luna se posiciona novamente no centro da sala e ergue um novo pincel.
“Vamos dar um contorno no rosto pra deixá-lo mais delicado”, explica, deslizando os dedos suavemente pelas laterais do próprio rosto. “Usando esse pincel mais gordinho, apliquem o pó mais escuro nessa região inferior das bochechas, bem aqui.”
Observo seu gesto com atenção e sigo o exemplo, tentando seguir suas instruções com precisão.
Enquanto trabalhamos, ela acrescenta: “Contornem também o nariz. Apliquem um pouquinho na pontinha pra dar a impressão de que ele é arrebitado, e também nas laterais, de baixo até aqui em cima, perto das sobrancelhas.”
Com a ajuda gentil de Luna, aplico o contorno no nariz. Agora, ao me olhar no espelho da bancada, vejo que aquele tom fantasmagórico de antes já sumiu completamente.
“Ok, fofuras... Agora vamos colocar um pouco de cor nessas bochechas com o blush. Mas nada de exagerar, hein? Queremos um visual natural, não o de uma boneca Barbie.”
Mesmo com o aviso, acabo aplicando um pouco demais, e minhas bochechas ficam muito avermelhadas. Me olho no espelho, desconcertado. Luna se aproxima com um sorrisinho paciente.
“Calma, Samy, nada que não se resolva.” Ela pega o pó compacto claro que usei, e suaviza o tom. “Tá vendo? A maioria das vezes dá para concertar. Tá ficando linda, continue assim...”
Com minha maquiagem consertada, Luna continua:
“Agora vamos fazer os olhos”, anuncia, pegando uma paleta colorida. “Vamos usar primeiro uma sombra um pouco mais clara e depois vamos intensificando. Comecem pelo canto externo do olho, é ali que queremos mais intensidade de cor. Depois, com batidinhas arrastadas, espalhem pela pálpebra como se estivessem varrendo o olho.”
Luna percorre em cada uma das bancadas, perguntando nossas preferências e, nos ajudando a escolher os tons de sombra que mais combinam para cada aluno.
Quando termino de aplicar o tom mais claro que selecionamos, ela continua:
“Com o outro tom, vocês fazem o mesmo processo. Apliquem no cantinho do olho e espalhem com batidinhas arrastadas...”
Pego o segundo tom, e repito o movimento com cuidado. A pálpebra agora exibe um degradê sutil e encantador.
Quando todos parecem ter terminado, Luna nos mostra uma espécie de caneta e balança levemente no ar.
“Vamos para o delineado. Prestem atenção porque é um pouco complicado.” Ela levanta a caneta e demonstra os movimentos no ar. “Comecem pelo final do olho e façam uma linhazinha pra formar o ‘gatinho’. Depois puxem de volta até a raiz dos cílios. Preencham o desenho e completem do canto interno até o meio do olho.”
Engulo seco. O delineado parecia ser a parte mais difícil. Tentei algumas vezes, tremendo, apagando, tentando de novo. Só consegui algo que realmente ficou bom porque Luna me ajudou com paciência, segurando minha mão para guiar o traço.
“Awww... Vocês estão ficando tão fofinhas…” comenta toda meiga, com um brilho de orgulho nos olhos. “Agora curvem seus cílios com um curvex, e rodem levemente a escova do rímel na raiz dos cílios.”
Pego o equipamento, sem saber muito bem o que esperar. Quando o encaixo e aperto, fico impressionado com o efeito. Meus cílios ficam curvados pra cima, erguidos, como os de uma boneca. Quando aplico o rímel, o efeito se intensifica. Os fios escurecem e ganham volume, deixando meu olhar mais profundo e feminino.
“E por fim, um batonzinho...”
Luna novamente nos ajuda a escolher a cor. Para mim, acabamos escolhendo um rosinha claro, com um brilho discreto. Ela me orienta na aplicação. Pinto meus lábios devagar, colorindo-os com cuidado.
Ao final, Luna toca levemente meu queixo. “Agora pressione um lábio contra o outro... assim. Isso! Pra espalhar direitinho.”
Quando me olho no espelho, não consigo conter um sorriso. O resultado final é encantador.
“Awww... Vocês parecem lindas princesinhas...” murmura Luna, com os olhos brilhando.
Não consigo desviar meu olhar do espelho. Não é uma maquiagem tão elaborada quanto a que a Lívia fez em mim. Eu não tive o tempo, e nem a habilidade para isso. Mas mesmo assim... os traços estão mais delicados, meus olhos têm um brilho diferente, minha boca parece suave e convidativa. Eu realmente estou parecendo uma garota agora. Uma garota bonita...
Finalmente desvio o olhar para Caio e Bruno.
Eles também ficaram bem bonitinhas... Os observo com as bochechas coradas.
Luna caminha até o centro da sala, batendo palminhas animadas para chamar nossa atenção.
“Meninas, hoje vocês têm lição de casa. Pratiquem! Amanhã é a nossa última aula, mas a Srta. Marília também vai exigir que vocês usem maquiagem nas aulas dela. E nem ela nem eu queremos ver maquiagem malfeita!”
O aviso me pega de surpresa. Eu tinha esquecido que o curso com a Luna era só de duas semanas.Um aperto discreto se forma no meu peito. No fim das contas, eu acabei gostando muito dela...
“Amanhã, vou deixar os kits de maquiagem nas bancadas, venham rápido para não atrasar a nossa aula. Tchau, meninas! Até amanhã!”
Ela se vira para sair, mas a voz de Bruno ecoa logo atrás, em tom apressado e ainda feminino. “Ei, Luna, espera!”
Luna para e olha por cima do ombro com um sorriso. “Ah! Sim, Sasha?”
“A maquiagem... como a gente tira?”
Luna solta uma risadinha divertida. “Ah, sim, quase esqueci. Tem um produtinho em cada kit chamado demaquilante — foi o que eu usei pra corrigir suas falhas com o delineado e o batom. É só passar um pouco com algodão.”
Abro novamente meu kit, e logo encontro o frasquinho mencionado.
“Agora sim,” diz Luna, se despedindo com um aceno alegre. “Tchau, tchau...”
Suspiro profundo observando Luna se afastar. Tomara que Lívia não me dê muitas tarefas para fazer esta tarde... Eu já achei bem difícil me maquiar com a ajuda da Luna. Sozinho, e com o pouco tempo que eu vou ter entre as aulas... vai ser ainda pior.
Preciso treinar... penso, preocupado. Preciso pedir emprestado o kit de maquiagem da Lívia também...
Termino de remover toda a maquiagem com cuidado, troco de roupa e me sento, esperando pela minha namorada. O tempo passa. Fico ali um bom tempo sozinho, balançando o pé, nervoso. Depois, olho para o relógio.
Onde está a Lívia...?
Caio e Bruno já foram embora há um bom tempo, e Lívia ainda não veio se despedir. Isso não é exatamente um combinado nosso, mas ela sempre aparece. Ela se atrasou algumas vezes esta semana, sim, mas hoje está muito mais atrasada. Normalmente, a essa hora, ela já estaria no trabalho.
Mando mais uma mensagem. Nada.
A ansiedade começa a se acumular no peito. Será que ela está bem...?
Levanto da cadeira e sigo pelo corredor em direção à sala de aula dela. Quando chego lá, nada também.
Agora meu coração bate mais rápido. Decido que não dá mais pra esperar. Pego minha mochila e saio com passos apressados, indo direto para a loja onde ela trabalha. Talvez ela tenha ido direto pra lá. Talvez só tenha esquecido o celular em casa... talvez...
Ainda mais preocupado, decido ir à loja em que ela trabalha para ver se ela chegou.
*
Para ver como foi a aula de Lívia é só entrar na seguinte URL sem os _ entre os números:
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****https://www.casadoscontos.com.br/texto/20_25_07_12_76****
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Leia primeiro por lá... depois volte aqui para continuar.
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Eu estou atravessando o pátio da faculdade, ainda ansioso e perdido em pensamentos, quando um colega da aula de economia se aproxima de mim com uma expressão hesitante.
“Ei, Samy! Sinto muito pela Lívia...”
Paro de andar, confuso, franzindo as sobrancelhas. “Sente muito? Por quê?”
Ele parece surpreso com a pergunta, mas responde com cautela. “Vocês terminaram, não é?”
Minha boca se abre, surpreso. “Não! Por que você acha isso?!”
“Ah... Sério?” Ele balança a cabeça, sem jeito. “Bem... Ela parecia estar solteira... Quer dizer... Acabei de vê-la no refeitório... E bem...”
“Ela não está solteira.” Interrompo antes que ele continue. “Você deve ter se confundido, vou procurá-la.”
Sem entender exatamente o que ele quis dizer, sigo em direção ao refeitório da faculdade.
Chego ao refeitório da faculdade, que está bem cheio. Estudantes espalhados por todo canto, vozes altas e bandejas batendo nas mesas. Olho ao redor, tentando localizar minha namorada.
Onde está a Lívia...?
Me estico na ponta dos pés para enxergar melhor por entre as mesas. Os ruídos de conversas, risadas e talheres se misturam no ambiente, e nada da minha namorada. Até que algo me chama a atenção — um casal animado demais para o ambiente em que estão.
O rapaz beija uma garota com intensidade, agarrando-a sem qualquer pudor. Suas mãos apertam com avidez as nádegas dela, metendo os dedos entre suas partes por cima do vestido. A garota ri baixinho e se esfrega contra ele como se não houvesse ninguém ao redor.
Nossa... essa menina é bem gostosinha... penso, ao notar as curvas do corpo e a forma como ela se entrega aos toques. E tem o cabelo igual ao da Lívia...
Continuo observando o casal, e inclino a cabeça de leve. O rapaz agora desliza suas mãos sobre os seios dela, sobre o vestido.
Esse vestido... Tenho a sensação que já vi esse vestido...
Me aproximo um pouco mais. Tento focar melhor no rosto da garota. Ela vira levemente de perfil, sorrindo entre beijos, com uma expressão apaixonada enquanto o encara.
É quando meus pés congelam no chão. Meus olhos arregalam.
É a Lívia.
“Ei!!! Lívia!!!” grito, indignado, sem nem pensar.
Ela se vira de imediato, surpresa. “Samy?”
Marcho até ela, ainda sem acreditar no que vejo. “O que você está fazendo?!”
“Oi, amor...” Lívia ajeita os cabelos, tentando parecer natural. “Esse é o Rick...”
O rapaz me encara com uma tranquilidade irritante. “É um prazer, cara.”
Eu o ignoro. “O que você está fazendo?! É isso que você faz ao invés de ir para o trabalho?!”
Lívia me encara, e a expressão muda num instante. Os olhos, antes meigos, agora estão afiados.
Lívia se vira calmamente para o rapaz, a expressão de desconforto. “Desculpa, Rick. Falo com você depois.” Em seguida, se aproxima dele e encosta os lábios num beijo mais longo que um selinho.
Rick assente com um suspiro resignado, lançando um último olhar para ela antes de se afastar, decepcionado.
Lívia se volta para mim com os olhos faiscando de raiva. “Qual é o problema com você?!”
Fico boquiaberto. “Comigo??? Eu que te pergunto! Você estava beijando outro cara!”
“E???” Ela cruza os braços, a expressão desafiadora. “Não foi a primeira vez, foi?!”
Baixo um pouco o olhar, hesitante. “Não...” O silêncio entre nós pesa. Penso por alguns instantes, buscando um argumento. “Mas daquela vez não teve sentimento!”
“Nem dessa vez!” rebate ela, com veemência.
“Claro que teve!” gesticulo, exasperado. “Você está na faculdade! Eu não quero que você beije outros caras!”
Ela bufa, sarcástica. “Ah, claro! A mariquinha toda cheia de glitter quer me dar ordens agora!”
Na mesma hora, levo a mão ao rosto. Ah! Eu não devo ter tirado a maquiagem direito... Tento limpar apressadamente, esfregando a bochecha com os dedos, mas não deve ter funcionado.
Ela balança a cabeça, impiedosa. “Sou eu quem dá as ordens aqui! E a próxima é que você nunca mais atrapalhe meu encontro! Eu queria transar com ele agora mesmo!”
Meu coração aperta. A raiva e a humilhação se misturam na garganta. “Eu sou seu namorado! Você devia transar comigo!”
Lívia não hesita nem por um segundo. “Eu só quero alguém maior, Samy! Eu não vou me desculpar por isso! Você devia se desculpar pelo seu pinto pequeno!”
Me calo. As palavras dela me atravessam como lâminas. Algumas pessoas em mesas próximas olham em nossa direção com sorrisos e risadinhas mal-contidas, mas tudo isso me parece distante. O som do mundo ao redor se apaga. Eu só consigo olhar para Lívia, ainda furiosa... e agora indo embora.
Ela vira as costas e atravessa o refeitório com passos firmes, saindo da faculdade sem nem olhar para trás. Vejo que ela não foi atrás de Rick — ele foi para o lado oposto. Mas mesmo assim... vê-la partir me baqueia de um jeito que nem o escândalo, nem os olhares, nem os risos maldosos conseguiram.
Sem forças para qualquer coisa, volto para casa de cabeça baixa, como se o peso do mundo tivesse se instalado sobre meus ombros.
Entro em casa e imediatamente percebo que todas as luzes estão acesas. Meu coração bate um pouco mais forte. Lívia também já chegou... Ela realmente deve ter faltado no trabalho hoje...
“Lívia?” Chamo, esperançoso, enquanto fecho a porta atrás de mim.
Nenhuma resposta.
Decido procurá-la no nosso quarto. Subo as escadas e, assim que chego ao corredor, encontro minha camisola jogada no chão.
Meus ombros murcham ao encarar o tecido estendido no piso. Ela não quer dormir comigo...
Paro em frente à porta do quarto e bato suavemente. “Lívia?” tento de novo, num tom mais calmo.
Nada.
Seguro a maçaneta e tento abrir devagar, mas a porta está trancada. Encosto a testa na madeira fria e suspiro fundo. “Amor... Vamos conversar... Por favor...”
Mais silêncio.
Desisto por ora e desço para a sala, esperando que, mais tarde, talvez ela me procure. Passo a tarde inteira remoendo cada palavra dita, cada gesto trocado, revivendo a briga como se pudesse, de algum jeito, consertar tudo com o pensamento.
Mais uma vez, no fim do dia, tento chamá-la. Subo novamente, paro em frente à porta do quarto, e bato com delicadeza. “Lívia...? Podemos falar...?” Tento, com a voz embargada.
Nada de novo. Nenhuma palavra. Nenhum som.
Abatido, aceito com o coração pesado, que a noite terminará assim. Pego minha camisola do chão e a observo.
Lívia que exigiu que eu começa-se a usa-la...
Mesmo brigados... Sinto a necessidade de usa-la para dormir.
Volto à sala, visto a camisola, e vou dormir no sofá.
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