Minha namorada virgem quer dar o cuzinho. Parte 3

Um conto erótico de Pedro
Categoria: Heterossexual
Contém 4288 palavras
Data: 24/07/2025 08:47:49

Cheguei em casa, e me encontrei com Rafael, que estava assistindo um programa aleatório na televisão. Eu me sentei para fazer companhia para ele, e ele mandou a real:

— Brother, eu já consegui um lugar pra ficar, e não é muito longe daqui. Parece que a seguradora do prédio onde eu moro fechou lá um acordo também, acredito que em três meses já posso voltar. Consegui alugar um quartinho pra ficar.

— Você tem certeza de que deseja isso mesmo? — Perguntei. .

— Tenho, mano. Vai dar tudo certo, sucesso.

Me despedi e fui dormir, estava cansado, com a mente cheia e precisando descansar. Pelo menos, amanhã a minha Mônica estaria de volta.

Confesso que dormi igual uma pedra, e sequer percebi o dia passando, e acordei praticamente com o corpo pesado, avoado. A luz suave da manhã estava atravessando a persiana mal fechada.

Era meu dia de folga, e por isso o despertador ficou de lado. A casa estava silenciosa, só o som dos passarinhos lá fora e o vento leve balançando as folhas da árvore em frente à janela. Estiquei o braço e alcancei o celular, ainda largado do lado da cama.

Tinha uma notificação no WhatsApp. Era da Mônica. Uma mensagem de voz.

Desbloqueei e coloquei o aparelho no ouvido, já com aquele sorriso automático só por ouvir o nome dela. A voz dela entrou suave, animada, meio cantarolada:

— Oi, amor... bom dia! Aaaaai, eu tô morrendo de saudades de você… risadinha abafada... acho que a gente já tá voltando hoje ou amanhã de manhã, tá? Eu te aviso certinho, tá bom? Quero te ver logo, te abraçar, dormir agarradinha em você... te amo!

Fiquei ali parado, ouvindo de novo. Como eu era bobo, meu Deus, ficava feliz só de ouvir a risada e a voz dela. Mas ao mesmo tempo, fiquei pensando nas tais "flags" que tive em dias anteriores, e principalmente pela tal suposta ausência dela.

"Tá viajando, Pedro", pensei comigo mesmo. "Ela só tá com saudade." Mas alguma coisa não batia. Era como quando a gente conhece alguém tão bem que percebe o menor desvio de tom, a menor hesitação. E eu conhecia a Mônica. Muito bem.

Mesmo assim, sorri. A mensagem dela tinha um jeito carinhoso que me desarmava, me fazia esquecer dos meus próprios pensamentos. Mas por dentro, uma pontada incômoda insistia em ficar. Como uma unha encravada da alma: pequena, discreta, mas latejando.

Levantei, fui até a cozinha, preparei um café forte e tomei olhando pela janela. Ela ia voltar logo. Talvez tudo fosse só saudade mesmo. Ou talvez... eu só precisasse ouvir a voz dela ao vivo, olhar nos olhos dela, pra ter certeza de que aquele sentimento estranho era só coisa da minha cabeça.

De repende, ouço alguns barulhos na sala. Com a xícara de café em mãos, eu vou caminhando até a sala.

Rafael já estava com a mochila nas costas, fechando o zíper e organizando os tênis.

— Vai mesmo? — perguntei, ainda coçando os olhos.

Ele se virou e sorriu, meio sem jeito.

— Acho melhor, né parceiro? . Já fiquei demais… e fui meio saidinho aqui na casa, né? Você precisa da sua privacidade, Pedro. Não quero atrapalhar.

— De boa, cara… To ta ligado que eu não penso mais nisso.

— Cara, me desculpa por tudo, aquele dia. Tava no calor do momento. — Ele disse.

— Papo reto, Rafael, ali se tem alguém que fez cagada fui eu, né? Me deixei levar, não podia.

— Também né truta, que mulher gostosa! — Disse, ele rindo. Eu dei um soco de leve no ombro dele. Ele respondeu:

— Cria, vou te dar a visão: Conta pra sua namorada essa fita ai, não fica de caô, sem segredos, se ela descobre de outra forma, vai ser pior. Seja honesto e se precisar de ajuda pra advogar, estamos ai.

— Falou, parceiro. só quero que se cuide.

Nos abraçamos com aquela força rápida de amigos que se entendem, mesmo sem precisar falar tudo. Rafael me deu dois tapinhas nas costas e disse:

— Te mando o endereço lá. Passa um dia, a gente assiste um jogo, toma umas cervejas… ou qualquer coisa.

— Fechado — respondi.

Ele saiu, e a sala ficou em silêncio.

Fiquei ali parado por um instante, olhando para a porta fechada. Depois me joguei no sofá. Suspirei fundo. Comecei a arrumar as coisas, colocar a casa em ordem. Precisava limpar minha cabeça também. Talvez tudo aquilo fosse só saudade da Mônica. Talvez eu estivesse só tentando preencher o vazio da distância.

Mas não podia negar que o que rolou com Rafael e a loira ainda me rondava. Não pela experiência em si, mas pela sensação de estar traindo algo que eu ainda valorizava. A Mônica era especial. Ela ainda era virgem. Sempre me dizia que queria esperar, que queria que fosse no momento certo. E ali estava eu, cruzando limites que antes eu julgava intransponíveis. Sentia uma leve culpa, e sabia que mais cedo ou mais tarde teria que conversar com ela sobre isso. Com calma.

Peguei o notebook. Precisava organizar algumas coisas, e vi que a caixa de mensagens do trampo estava cheia. Não ia ver nada disso hoje, Deus me livre. Fazia uns dias que não entrava no Facebook. As notificações ainda me mostraram uma solicitação de amizade.

Elisa.

A amiga da Mônica. Aquela que estava com ela na viagem. A tal "aniversariante saidinha". Mas o que ela quer?

Aceitei. E, curioso, mandei uma mensagem direta:

“Oi, tudo bem? Vi que me adicionou. Precisava de algo?”

Ela estava offline. Não respondeu.

Sai das mensagens e fiquei rolando o feed. De repente, caiu numa foto dela, eu dei uma curtida. Acabei, por curiosidade, entrando no perfil dela.

Elisa tinha cabelos negros, lisos até a cintura, tinha jeitinho de crente, gostava de usar bota e saia, ao menos nas fotos. Mas religiosa ela não tinha nada. Muitas fotos de perfil, e muitos.

Diferente da Mônica, que raramente postava alguma coisa, Elisa era praticamente uma blogueira da própria vida. Fotos, legendas, comentários, check-ins. Fui direto nas fotos da tal viagem.

Havia várias imagens dela com as outras meninas. Mas um álbum chamou minha atenção: “Dias incríveis 💙”.

Cliquei.

Desci a página lentamente. E lá estavam. Algumas fotos dela com um homem… mais velho. Bem mais velho. A barba cerrada, cabelos começando a ficar grisalhos. Tinha ali fácil uns quarenta. Elisa sorria ao lado dele, em uma das fotos os rostos quase colados. Intimidade. Tanta que chegava a ser desconfortável de ver. Parecia um casal — mas estranho, por causa da diferença de idade.

Continuei rolando.

E então, meu coração deu um leve aperto.

Curiosamente, tinha uma foto onde Mônica estava de perfil, com alguém do lado dela. Um homem, claramente muito mais velho, devia ter ali seus 40 anos. Era o mesmo homem das fotos com Elisa, mas tinha apenas uma foto.

Na foto, Mônica soltava um gostoso riso, e o homem ali, olhando para ela, sério. Ela estava rindo. Rindo de verdade, não aquele sorriso posado. Ela estava com a cabeça levemente virada para ele, e ele olhava para ela como se dissessem algo engraçado só entre eles. A proximidade era demais. Aquilo não parecia uma simples foto entre aluna e instrutor. Parecia... mais.

Fiquei olhando praquela imagem por uns bons segundos. As engrenagens da minha mente giravam, tentando achar uma explicação lógica, mas nada encaixava.

Fechei o notebook. Logo eu abri novamente.

E fiquei ali, nos amigos de Elisa, tentar encontrar esse homem, mas não o encontrei em lugar nenhum. Era perda de tempo tentar encontrar, possivelmente nem as tinha adicionado. Peguei a foto dele e joguei no google search para ver se achava algo. Nada.

Logo, desisti, e deixei o notebook de lado.

O silêncio da casa voltou. Mas agora, era um silêncio incômodo. Cortante.

Me encostei no sofá, olhando para o teto.

Talvez fosse só coisa da minha cabeça. Ou talvez não.

A verdade é que eu estava começando a me perder em pensamentos demais. Fiquei remoendo a conversa com o Rafael sobre a tal "periculosidade da faculdade para gente virgem", como ele havia colocado com aquele tom provocador, com até uma certa "mágoa" por já ter vivido isso.

Aquilo ficou na minha cabeça por tempo demais, como se tentasse plantar uma pulga atrás da orelha que eu nem queria ter. Mas, sinceramente... a Mônica nunca me decepcionou. Ela sempre foi madura, carinhosa, focada. E, além de tudo, sempre foi sincera comigo.

Decidi que não ia alimentar paranoia. Talvez fosse só um momento bobo, um devaneio criado pela saudade e pelas imagens soltas que vi. Aquele cara mais velho poderia muito bem ser um professor, um conhecido qualquer, até mesmo um parente da amiga dela, vai saber. Ok... nas fotos ele aparecia próximo, íntimo até. Mas e daí? Estavam todos juntos, viajando. A Elisa também aparecia próxima do cara — isso talvez fosse mais revelador sobre ela do que sobre a Mônica.

Deixei o celular de lado e fui correr um pouco, aproveitar pra exercitar. A casa estava limpa, silêncio preenchia o ambiente, e por mais irônico que fosse, eu até estava me sentindo bem. A saudade apertava, mas havia algo reconfortante no silêncio daquela manhã.

Depois da caminhada, volto pra casa. Fui direto pra geladeira e virei quase meia garrafa de água geladinha. Fiquei pensando no que iria fazer hoje. Mônica até o momento nem ligou para avisar que horas ela iria embora.

De repente, a campainha tocou.

Franzi o cenho. Não esperava ninguém. Se fosse Rafael, ele certamente teria avisado antes. Se fosse vizinho, geralmente batem na porta. Caminhei até lá meio desconfiado, enxugando o rosto na toalha, estava calor hoje.

Quando abri... meus olhos se arregalaram.

Era ela.

Mônica.

Ali, parada na minha porta, com aquele sorriso travesso e aquele olhar que sempre desmontava qualquer defesa minha. Antes que eu conseguisse sequer abrir a boca, ela pulou em cima de mim.

Literalmente.

– Surpresaaaa! – ela disse, me enchendo o rosto de beijos, o pescoço, a boca, a testa, tudo ao mesmo tempo. Suas mãos estavam frias, como quem veio direto do carro ou da rua, mas seu corpo estava quente, e seu perfume... era exatamente o mesmo que ela usava sempre.

Eu ri, pego totalmente desprevenido, tentando entender o que estava acontecendo.

– Ué... você não ia avisar quando fosse sair pra que eu pudesse esperar?

– Justamente por isso que eu não avisei! – ela respondeu, puxando minha mão e me guiando pra dentro. – Queria te pegar desprevenido mesmo. Ver se você tava "se comportando" durante minha ausência...

Fiz um gesto com a mão, apontando em volta.

– Tudo em ordem por aqui. E aí... estava tudo em ordem lá?

Ela me lançou um olhar direto, carregado de um misto de ternura e malícia.

– Tava sim. Mas eu senti tanto a sua falta, Pedro... tanto.

Fechou a porta atrás de nós, largou a mochila no canto da sala como se estivesse voltando pra casa, e me abraçou de novo, dessa vez mais devagar, como se estivesse relembrando meu cheiro, minha presença, minha existência ali. Eu retribuí o abraço, tentando absorver aquele momento, tentando afastar qualquer sombra de dúvida que ainda restasse.

Ela estava ali. Comigo. E isso era tudo que importava naquele instante.

— Você manteve tudo impecável. Que orgulho! — disse me dando mais um selinho demorado.

Fomos até o sofá, e eu a abracei de lado, como gostava de fazer. Ela se aninhou no meu ombro como se aquele fosse o lugar mais confortável do mundo. Fechei os olhos por um instante, sentindo a paz que só ela sabia me trazer.

— E então, como foi São Paulo? Me conta tudo. — perguntei, passando os dedos de leve pelas pontas do cabelo dela.

Mônica se animou de imediato, como uma menina contando a um amigo seu passeio de férias.

— Foi incrível, amor. A gente foi na USP, e eu juro, parecia outro mundo… o campus é enorme, e o laboratório de anatomia animal é surreal. A gente viu esqueletos reais de equinos, répteis… uma veterinária mostrou como fazem necropsia em animais de grande porte. Eu fiquei vidrada!

Eu sorria vendo ela tão empolgada. A paixão dela pelos animais e pela profissão era algo que me encantava desde o começo. Era leve, sincera, genuína.

— Pô, bacana hein. E o que mais aconteceu? Me conta, vai? — Comentei.

— Depois a gente passou no MASP. Eu e a Isa — lembra da Isa, né? — a gente ficou horas lá. Teve uma exposição de arte moderna brasileira, mas o que eu mais amei foram os retratos renascentistas. É meio bizarro pensar que aquele monte de coisa antiga pode dizer tanto com tão pouco…

— Você tá virando uma filósofa? — brinquei, e ela me deu um tapinha de leve.

— E você um bobão — retrucou, rindo.

— É, pô. Nunca vi você gostar dessas paradas.

— Isso é, mas é influência. Minha amiga gosta dessas coisas. Mas foi bacana. — Ela comentou.

— E mais? Balada? Diversão? Me fala tudo.

Ela hesitou por meio segundo. Um daqueles silêncios que, se você não estivesse prestando atenção, passaria batido.

— Teve sim… uma noite a galera quis sair, e a gente foi numa baladinha lá na Augusta. Nada demais. Música alta, um pouco de gente bêbada dançando feio. Eu, a Elisa, a Vanessa e a Isa ficamos mais no canto, mas depois dançamos um pouco também. Foi legal até.

Ela olhou pra frente ao dizer isso, sem encontrar meus olhos.

— Bebeu? — perguntei com um sorriso suave.

— Um pouquinho. Só uma caipirinha. Nem gosto muito. — respondeu, sorrindo de canto, como quem quer tranquilizar.

— Também, né? — Comentei, pra quebrar o clima. — Da última vez que você colocou alcool na boca veio direto pra cá.

— PEDRO! — Ela respondeu, dando um tapa no meu ombro, e dando uma risada. — Eu sei disso, não me faça lembrar desse papelão. Hahahaha!

— Eu gostei, cuidei de você a noite toda.

— Você é um fofo mesmo... — Ela disse, dando um carinho em meu rosto.

— E os caras? Tinha uns veteranos acompanhando a turma?

Ela me olhou, meio surpresa pela pergunta, mas não pareceu se ofender.

— Tinha. Um ou outro. Mas nada demais. Sabe como é, eles gostam de bancar os "donos do rolê". Mas eu fiquei na minha, Pedro.

— E aquele Marcos lá? — Perguntei direto a ela, pois a encarada que ele me deu no ônibus era de alguém que com certeza faria algo.

— Ah, esse ai... — Ela voltou a olhar pro nada. E depois respondeu, olhando para meus olhos. — Esse ai não me importuna mais. Eu confesso, ele tentou se aproximar de mim durante a viagem, até tentou algo, mas ele foi "colocado no lugar dele".

— Ele me deu uma encarada no ônibus que eu não gostei não. — Respondi, enquanto ela pegou minhas mãos e olhou nos meus olhos.

— Ah mas ignora ele, amor. Eu não daria trela pra ele não, tu me conhece.

E eu conhecia. Mas mesmo conhecendo, algo lá dentro cutucava. Não era desconfiança dela… era mais sobre tudo ao redor. O que Rafael disse, as fotos que vi, a dúvida de Elisa ainda sem resposta.

Mas naquele momento, com ela ali no meu peito, com a pele dela tão próxima, com o cheiro do cabelo recém-lavado, o corpo ainda quente da estrada e do sol, nada disso parecia importar tanto quanto deveria.

— Senti sua falta. — murmurei.

— Eu também. Muito mais do que achei que sentiria. — respondeu olhando pra mim com um brilho doce nos olhos.

E aí, naquele instante, eu escolhi acreditar no que via, e não no que imaginava. Talvez as palavras de Rafael fossem só isso — palavras. Talvez eu estivesse mesmo só precisando parar de olhar demais para sombras. Mas ai eu me lembrei de outro detalhe: Da tal escapada na minha casa. A tal boquete "forçada". Como eu ia falar isso pra ela?

Aliás, como eu poderia cobrar ou ficar desconfiado de algo dela, quando nem eu consegui me controlar? Eu tava era sendo um machista do caralho.

Ela me beijou de novo. E eu a beijei de volta, inteiro. Ficamos ali num beijo longo, de língua. Logo ela parou o beijo e me encarou. A conversa então voltou entre nós, sinceramente, eu sentia falta era mais disso mesmo: Uma conversa.

— E foi só isso? — perguntei, tentando soar natural, mas sentindo o peso da minha própria pergunta. Me odiava por ainda duvidar. — Não teve mais nada?

Ela hesitou por um segundo. Olhou nos meus olhos, depois desviou o olhar para a parede atrás de mim. Seus dedos brincavam com a gola da blusa.

— Ah, eu acho que não. Na verdade, eu tava era doida pra voltar, eu te falei né? Eu tenho um presentinho pra você mais tarde... — Ela disse.

— Ué, o que? — Perguntei.

— Pedro... — disse com a voz mais baixa, serena. — Tudo o que eu faço... tudo que eu fiz lá, eu fiz pensando em você. Por você. Pra gente. Tá bom?

Engoli seco. Ela não dissera exatamente “não aconteceu nada”, mas também não afirmara o contrário. E mesmo assim, havia algo naquela resposta que me desarmava. Como se o peso da culpa caísse todo sobre mim.

Fiquei em silêncio por uns instantes, observando ela ajeitar o cabelo atrás da orelha, o jeito como sorriu pra mim com doçura. Eu me senti um idiota. Um completo idiota. Não era justo com ela esse sentimento de suspeita. E ainda mais eu... que guardava um segredo bem mais concreto do que qualquer coisa que eu suspeitasse dela.

Respirei fundo. Achei que talvez aquele fosse o momento certo. Ao menos, ela não podia deixar de saber o que houve:

— Amor... eu queria te contar uma coisa — comecei, passando a mão na nuca. Ela ergueu as sobrancelhas, atenta. — Enquanto você tava viajando, aconteceu uma parada meio... curiosa.

Ela arqueou a sobrancelha, já mais alerta. Mas não disse nada, apenas assentiu com a cabeça para que eu prosseguisse.

— Eu conheci um cara, chamado Rafael. Gente boa, sabe? Tava lá no fut com os amigos, ele é amigo de outro amigo, foi conexão, saca?

— Eu sei amor, que bom que fez amizades na minha ausência, mas, o que isso ai tem de confuso? Ahhh não, não me diga que você pegou ele? — Disse, rindo.

— Não gata, se é louco? — Cai na gargalhada. — Eu sou espada, né?

— Eu tô zoando, seu bobo. — Ela respondeu.

— Então... Ele ficou um tempo aqui em casa... na verdade, morou por uns dias. Deu uns B.O. no apê dele, sabe? Mas ele já está em outro lugar, foi só uns dias mesmo.

— Sei... — disse ela, mas sem esboçar muito.

— Enfim... a convivência foi tranquila, ele tem umas histórias meio doidas, mas é um cara legal. Eu... acho que, se você entendesse tudo, iria até gostar dele.

Ela me olhou mais firme dessa vez.

— Ué, como assim? — Ela me olhou nos olhos. — Entender o quê, exatamente?

Antes que eu pudesse responder, a campainha tocou.

Foi como uma cena escrita por alguém irônico. Arqueei um sorriso nervoso e me levantei.

— Pedro, mano! Abre a porta ai, parceiro. — Era a voz de Rafael.

— Falando nele... peraí, amor. — Fui até a porta.

Eu me levantei para ir até a porta, enquanto ela apenas assentiu, olhando para ela. Logo, eu me coloquei em frente a porta. Abri.

Rafael, de camiseta cinza e bermudão colado, bem típico de um carioca, estava lá com aquele ar sempre relaxado.

— E aí, parceiro! Esqueci umas coisas aqui. Cê tá de boa?

— Tô, e não tô, irmão. Mas entra aí — disse, dando espaço, com o coração acelerado. — Ela chegou de viagem.

Rafael sorriu com um brilho divertido nos olhos.

— Opa... Então a digníssima está na área, então acho que cheguei na hora certa pra ver esse reencontro aí, hein?

Ele entrou, e Mônica se levantou do sofá com um leve sorriso, mas nos olhos... havia algo mais.

— Oi! Ele tava falando de você agora.

— Poxa, é mesmo, irmão? — Ele olhou ali pra mim?

— Sim, eu ia "contar sobre a sua estadia aqui".

— Entendi, mas ó. — Ele então interrompeu qualquer coisa, e olhou pra ela. — Esse cara aqui passou a semana toda obcecado em você. Se lembra disso, princesa. Esse rei aqui é todo seu, morô?

— Bem que você falou que ele era descolado. — Comentou ali minha namorada, rindo da situação.

— Eu sorrio pra vida, porque senão, a vida não vai sorrir pra mim. — Ele respondeu.

E ali estávamos nós três. Três pessoas que, de formas diferentes, guardavam segredos que ainda não tinham sido completamente ditos.

— Família, eu vou lá pegar minhas coisas, vou de fininho.

Rafael pediu licença e caminhou até o quarto onde tinha ficado aquela semana. O som das gavetas sendo abertas e do zíper de alguma mochila preenchia o silêncio meio denso que ficou na sala. Eu e Mônica nos sentamos novamente no sofá, lado a lado. Ela ainda tinha um leve sorriso nos lábios, mas... estava mais calada do que o normal.

Talvez fosse só o cansaço da viagem. Ou talvez... outra coisa.

Ela olhou pra frente, depois cruzou as pernas e ajeitou a blusa como quem tentava se ocupar com pequenos gestos. Eu fiquei quieto por uns instantes, tentando não forçar clima. Mas por dentro, o coração batia mais rápido que o normal.

— Mas então, o que mais você vai me contar? — Perguntou Mônica ali, desviando o olhar.

— Bom, é coisas relacionadas... A nós. Eu vou esperar ele ir.

— Claro, amor. — Ela respondeu. Logo, voltou a sua atenção a porta do quarto de hóspedes, quando ela se fechou.

Rafael voltou com uma mochila pendurada num ombro e uma sacola na mão.

— É isso, minha família — disse, parando perto da porta. — Agora é cada um no seu quadrado. Mas ó... Pedro, tu sabe que eu sou teu parceiro. E Mônica — ele virou-se pra ela, com aquele sorrisinho de canto que só ele conseguia fazer — tudo que aconteceu foi responsabilidade minha, beleza?

Ela levantou uma sobrancelha. Não respondeu nada, só assentiu com a cabeça, com um sorriso educado, mas contido.

— Cuida bem desse cara aqui — ele disse por fim, apontando pra mim. — Ele é um dos manos mais gente boa que eu já conheci. E Pedrão, qualquer coisa, me avisa, caralho. Fui.

— Pode deixar, Rafael — ela respondeu com um tom doce, mas os olhos... eu não sabia o que ler neles.

Rafael se despediu de mim com aquele toque de mão e abraço meio torto, bem de amigo mesmo. Quando a porta se fechou, a casa ficou mais silenciosa do que nunca.

Eu respirei fundo. Sabia que tinha chegado a hora.

— Amor... deixa eu só terminar de te contar o que rolou enquanto você tava fora.

Ela se virou pra mim, agora com os olhos atentos, mas tranquilos. Não parecia assustada, nem tensa. Só... curiosa.

— Lembra que eu te falei do Rafael? — comecei. — Ele ficou aqui alguns dias porque teve um problema no apê dele. Foi meio inesperado, mas a convivência foi até boa. Ele é meio doido, mas gente boa. Só que... Teve um dia que ele trouxe uma mulher aqui.

— Ué, sério? — Ela franziu a testa. — Que tipo de mulher?

— Uma... mulher casada.

Mônica manteve o olhar em mim, sem piscar muito.

— Já vi que esse é cafajeste mesmo. — Ela então deu uma breve risada, mas pediu para que eu continuasse.

— Assim, eu acho errado isso ai, mas não julgo. Acho que cada um faz o que quiser. Depois assuma as consequências. E é por isso que irei assumir a minha agora.

— Você ta me assustando, Pedro. Ta falando de quê? — Ela perguntou.

— Eu tava em casa, e... Na verdade, chegando em casa. Ouvi ali uns gemidos , e fui ver o que era. E acabei vendo. Eu sei que não devia. Foi errado, mas... Eu vi.

— Viu o que? — Ela perguntou, toda curiosa.

— Vi eles... juntos. tavam trepando na cama e caralho, eu fiquei com tesão.

— Eu entendo. — Ela comentou, mordendo o próprio lábio, esfregando os dedos.

— Então sei lá, eu tava ali na boa assistindo, batendo uma. Ela era loira igual a você, e...

— Oxe. Tava imaginando eu dando pro seu amigo? — Ela riu. — Mas que descarado. Não sabia que tinha esses fetiches ai.

— Para! Não tenho não. Eu acho que era a saudade, enfim. Só sei que eu tava lá... E... ela acabou me provocando também. Acabou rolando... uma coisa. Só... uma coisa. Nada demais, nada completo.

— O que?

— Ela aproveitou que eu tava de olhos fechados e me chupou enquanto ele comia ela, e eu deixei. Mas foi só isso, não rolou nada demais!

Eu parei. Era difícil olhar nos olhos dela naquele momento, mas eu precisava ser sincero. Mais do que tudo.

— Eu me senti um merda depois. De verdade. Ainda me sinto. E por isso... tô te contando. Porque eu não quero segredos entre a gente.

Houve um silêncio.

Ela apenas me olhou por alguns segundos. Nenhum traço de raiva. Nenhuma lágrima. Nenhum gesto abrupto.

Apenas um sorrisinho, quase de alívio.

— Pedro... — ela disse, pegando minha mão. — Eu não esperava por isso. Mas... obrigada por me contar.

— Você... não tá brava?

— Claro que não. Foi uma situação aleatória, num momento estranho. Foi ela quem te procurou, não o contrário. Eu conheço você. Sei do teu coração. Eu... só achei corajoso você me contar.

Ela apertou minha mão e depois me puxou pra perto, com aquele jeito que só ela sabia ter.

— Eu te amo, tá? Isso não muda nada pra mim.

— E você não fica com ciúmes?

— Fico, ué. — Ela disparou, dando um murro no meu ombro. — Mas a culpa talvez seja minha também, tantos anos juntos, eu só nas preliminares, né. Mas isso vai mudar hoje.

— Como assim?

E então, me beijou. Doce. Intenso. Como se, naquele momento, todo peso que existia entre nós tivesse dado lugar à compreensão.

Não podia negar que a reação dela foi muito estranha. Eu imaginei ali um término, mas no lugar acabou tendo uma aceitação.

Aquele restante do dia estava reservado para muitas surpresas. Muito agradáveis, porém outras, nem tanto.

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Comentários

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Eu realmente acho que aconteceu algo na viagem, mas por enquanto acredito que ela realmente o ame.

Porém acho que ela andou brincando um pouco, mas em vez de ser com o coroa, acho que ela brincou com a amiga. Talvez ela tenha usado plug ou vibrador, com a ajuda da amiga, pra facilitar o processo do sexo anal.

Também achei que a Mônica conhece o Rafael... mas pode ter sido uma pista falsa plantada pelo autor. Ficou bem ambíguo isso, na medida certa.

Tá de parabéns

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Eu tenho a impressão que a amiga dela deve ter traçado o velho e ela tbm flagrou e acabou cedendo a tentação, a pergunta é, deu só o cuzinho, ou deu a ppk também?

Quanto ao Rafael, eu acho que ela pode conhecer ele... Ou deve ter achado atraente kkkk

o que será um perigo viu?

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interessante a reação dela ai tem coisa mas vamos deixar para o próximo capitulo

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A reação dela foi no mínimo atípica, que pode significar muita coisa ou quase nada, realmente são indecifráveis às atitudes da Monica, para mim ela é um copo preenchido até a metade, tá quase cheio ou quase vazio. É uma mulher para ser aquela companheira maravilhosa durante a vida inteira ou é uma vagabunda manipuladora.

O Pedro se mostrou um cara decente, cometeu um erro grave para o relacionamento dele com a Monica, teve até atenuantes, mas foi errado, mas mostrou maturidade e honestidade, contando toda a verdade e na hora certa, antes de qualquer intimidade, dando a Monica a chance de tomar conhecimento da situação e assim agir de acordo com a ciência do erro cometido pelo Pedro.

Rafael ainda é enigmático, esse capítulo o deixou ainda mais misterioso, tive a leve impressão que a Monica já o conhecia. Ansiedade máxima para saber o desfecho.

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Já posso te dar um spoiler aqui que o Rafael tem uma amizade genuína com o Pedro e não é um pilantra, o cara realmente gosta dele. Ve como irmão.

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Grato, mas agora, aumentou ainda mais a ansiedade para desvendar a situação. Kkkkk 🤔

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Espero q tenho hoje mais um capítulo

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Que pedrada amigo, eu juro que eu pensei que esse pedro ia enrolar pra contar mas o cara meteu na lata, e o mais espantoso foi a nossa heroina perdoando kkkk

Pra ela perdoar assim algo ocorreu

Eu notei uma coisa nesse conto ai mas deixo pros srs falarem kkk

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Achei admirável a atitude dele, foi homem em assumir sua cagada, estava disposto a assumir as consequências, mas a aceitação dela só me levantou mais dúvidas sobre o q ela fez e sobre seu caráter, acho q esse boquete q o Pedro recebeu não vai ser nada comparado ao q ela fez nessa viagem, e o cara mais velho da foto deve está envolvido, em um trecho da conversa Monica disse algo sobre influência, aí eu pergunto, será q essa influência fará bem ao casal, ou Pedro será mais um q toma gaia por culpa da tal má influência?

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Eu sabia que ele não seria igual ao lento do Bruno do outro conto, não ia enrolar pra falar, se o Bruno tivesse metido a lata pra Kaori logo de cara, ela podia até ter terminado com ele, mas ao menos ele teria moral, ficou enrolando, foi corno de volta, pelo menos lá acabou bem, já aqui, tenho minhas dúvidas. Só vejo final feliz aqui se o nosso herói deixar pra lá a pica que ela levou na viagem antes dele e curtir a virgenzinha (isso se ela ainda for);

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Caraca, eu tô muito comprado com esse conto, quero muito saber o que aconteceu e o que vai acontecer hahahahah. A Mônica é tão misteriosa, pqp. Aguardo ansioso a continuação, tá bom demais Kayrosk!

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Crlho essa tensão todo tá me deixando agoniado, quero saber oq aconteceu mesmo nessa viajem aaaaaaaaaah kkk faz logo a versão da Mônica contando oq ouve vai kkk

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Pra ela ter perdoado de boa essa boquete do pedro ai é porque ela fez foi algo pior kkkkkk

ou deve ser cuckqueen

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Capitulo mais curto para mostrar melhor os desdobramentos, sem muita putaria, mas se preparem que as pedradas vão começar a vir

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cara a reação dela foi tudo, menos a esperada, ele deu a munição que ela estava precisando

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Deixei mesmo indícios de que algo aconteceu na viagem, ela pode ter traido ele com a amiga, ou com o tal homem mais velho, e até o Marcos, afinal ele foi colocado na história.

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Ou pode nem ter traído ele, pode ser que ela seja apenas uma ninfetinha safada mesmo que não se importe que ele dê escapadas.

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