Olá, leitores. Eu me chamo Carlos. Sou um professor universitário cinquentão, meio barrigudinho e calvo com dignidade. Nesta minha série de contos, narro as minhas aventuras tentando comer algumas vizinhas e, quem sabe, conquistar o coração de alguma(s) dela(s) para formar um harém com várias esposas (um objetivo de vida bem fácil, eu sei...). Quem puder ler os primeiros capítulos, só procurar a série.
No mesmo em que este capítulo se passa, eu e a Odete estamos dando entrada no nosso processo de divórcio amigável. Mas isso não quer dizer que estou sozinho. Tenho um pequeníssimo harém de duas mulheres.
A Eliana é minha “namorada”. 30 anos, engenheira. Inteligente, sorridente, decidida quando quer, embora ainda mantenha uma coleira emocional presa ao marido, Leandro. Eles ainda são oficialmente casados. E eu? Sou o “reserva”. O cara que ela ama secretamente, mas não assume publicamente. A Eliana não me impede de me envolver com outras mulheres, porque ela própria também está com dois homens ao mesmo tempo. O corpo dela parece ter sido desenhado com precisão de escultor grego e malícia de deusa pagã. Seios fartos, pesados, redondos, quase exagerados de tão bonitos. Cintura fina, barriga definida, quadril largo, coxas torneadas de academia. O bumbum é grande, firme, empinado. A pele bronzeada, os olhos verdes.
Já a Rebecca é a minha “amiga colorida”. Ela tem 29 anos, é advogada e ainda profundamente religiosa. Casada com Maurício, mas cada vez mais distante dele. A Rebecca é aquele tipo de mulher que parece viver um conflito eterno entre o que sente e o que acha que deveria sentir. Doce, reservada, inteligente. Tem um senso de certo e errado que beira a rigidez, mas aos poucos vai se permitindo viver outras possibilidades. O nosso arranjo é simples, pelo menos em teoria: somos amigos, desses que se contam tudo. E que, de vez em quando, se permitem uma transa carregada de carinho, tensão e um pouco de culpa. Ela quer se divorciar, mas ainda teme o julgamento da família, da igreja, da sociedade. Eu a escuto, a respeito e, quando ela quer, a beijo. E transo com ela com o cuidado de quem segura algo precioso e frágil ao mesmo tempo. Por trás da aparência comportada, ela tem um corpo que desafia todos os estereótipos da mulher recatada. Seios pequenos e firmes. Uma bundinha empinada, arredondada e hipnotizante, que se move com graça involuntária. Pernas bem desenhadas, olhos castanhos que às vezes brilham com uma malícia inesperada.
No conto passado, eu, a Eliana e a Rebecca finalmente acertamos nosso relacionamento. Mas as duas estão percebendo que tinham algumas arestas abertas ainda.
Na segunda de noite, era quase oito e meia da noite quando me larguei no sofá, de bermuda e camiseta, para assistir à reprise de Chelsea e Newcastle pela Premier League. Jogo que eu tinha feito questão de não saber o resultado, porque passou ao vivo mais cedo, enquanto eu estava preso na faculdade, e eu queria assistir como se fosse ao vivo. E que jogão.
Eu adorava futebol inglês e aquele Chelsea e Newcastle estava pegado, cheio de chances, um zero a zero daqueles cheios de emoção. Quando acabasse, eu ia abrir o grupo de WhatsApp da galera do futebol pra ver os comentários do Rogério e do Érico. Estava assim quando o celular vibrou. WhatsApp. Rebecca.
Rebecca: “Está livre agora?”
Carlos: “Sempre estou livre pra você.”
Carlos: “Bem... Menos exceto quando estou com a Eliana.”
Carlos: “Mas não é o caso agora.”
Demorou menos de um minuto para ela responder:
Rebecca: “Preciso de um favor.”
Rebecca: “Pode vir aqui me ajudar a limpar o apartamento?”
Rebecca: “Tipo agora? O Maurício chega amanhã de manhã e o negócio aqui tá feio.”
Pensei. Olhei para o relógio no canto da tela. Quase oito e meia da noite. O jogo tava emocionante e eu realmente não tava muito a fim de perdê-lo.
Carlos: “Tô indo.”
Levantei, peguei o meu robô aspirador e um espanador. Vesti um tênis qualquer e subi para o apartamento dela.
A Rebecca abriu a porta antes mesmo de eu tocar a campainha. Vestia um shortinho de malha cinza claro, daqueles que ela só usava quando tava sozinha em casa pois parte da bunda de fora, camiseta larga, dessas de propaganda, decotada, sem sutiã. As alças caindo do ombro. Cabelos presos num coque bagunçado e chinelos simples. O corpo dela, magrinho, cintura fina, aquele quadril empinadinho e os seios pequenos, duros. E piorava tudo o fato de estar meio suada.
— Oi — disse ela, meio sem graça.
Ela abriu espaço e entrei. Quando fechei a porta, ela se virou para mim, ajeitando a camiseta, como se tentasse se cobrir.
— Não queria que você pensasse que, sei lá, que eu te chamei pra isso achando que ia rolar sexo ou qualquer coisa do tipo. Também não quero abusar dessa nossa... amizade — disse ela, apressada, com um tom que deixava claro que usava a palavra “amizade” como um jeito mais confortável de definir aquilo que a gente tinha.
Dei de ombros.
— Rebecca, amigos servem pra essas coisas. Se eu quisesse algo em troca, não seria seu amigo.
Ela mordeu o lábio e balançou a cabeça.
— E... Não me sinto confortável em te cumprimentar com beijo ou selinho enquanto não resolver minha situação com o Maurício.
— Também não me importo.
Ela soltou um suspiro aliviado e deu um meio sorriso. Eu olhei ao redor... e caralho. O apartamento estava um caos. Poeira em cima dos móveis, no chão, nas quinas. Lixo empilhado em um canto da cozinha. Parecia que ninguém limpava aquele lugar há um mês.
— Três semanas sem faxina — disse ela, acompanhando meu olhar. — E no meio disso, uma dedetização e uma mini reforma. Eu acabei de voltar para cá há meia-hora.
— Você acha que a gente vai dar conta disso antes da meia-noite?
Ela puxou o cabelo para trás, rindo nervosa.
— Chamei as garotas do grupo da academia. Mas só duas podiam: a Eliana e a Letícia.
Pegamos os panos, produtos, baldes. Eu botei o robô pra rodar na sala enquanto a Rebecca começou a limpar a cozinha. Fui direto pros móveis da sala.
Depois de uns vinte minutos em silêncio, ela apareceu ao meu lado, limpando o rack.
— Obrigada de verdade, Carlos. Você podia estar em casa... sei lá...
— Assistindo reprise de futebol — minimizei sem mentir, na esperança de que ela não soubesse o quanto amo futebol.
Ela riu.
— Isso. E tá aqui limpando essa zona.
Trabalhamos mais um pouco. Quando fui limpar os rodapés da sala, Rebecca me perguntou timidamente:
— Carlos, você está mesmo se divorciando da Odete?
Eu pausei por um segundo e olhei para ela. Tinha algo na forma como ela perguntou, como se estivesse tentando ser cautelosa. Respirei fundo e confirmei:
— Sim, estou. Na verdade, ela até está mais feliz que eu com isso.
A Rebecca parecia refletir sobre minha resposta. Depois, enquanto esfregava o balcão da cozinha, ela falou novamente, mais baixa:
— E ela vai continuar morando com você?
— Sim, ela vai ficar no apartamento até encontrar um novo lugar. Vamos ficar em quartos separados, mas só como amigos, claro.
A Rebecca me olhou e fez uma expressão que eu não sabia bem como interpretar. Ela parecia um pouco pensativa.
— Ah... eu entendo — disse ela, com um sorriso leve, mas discreto.
Voltamos a faxinar em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. O robô já tinha feito um bom serviço em um quarto, mas ele era necessário em metade da casa. A Rebecca se abaixou pra pegar um pano caído. A camiseta desceu e eu vi um pedaço do peito dela. E então a campainha tocou.
A Rebecca foi atender. Eu fiquei parado por um instante, secando o suor da testa com a manga da camiseta. Quando a porta se abriu, lá estavam elas: Eliana e Letícia.
A Eliana entrou primeiro. Veio com um shortinho jeans curto e uma camiseta branca amarrada na cintura, deixando o umbigo à mostra. Cabelos presos em um rabo de cavalo alto e tênis simples. O corpo dela, sempre firme, bronzeado, as coxas torneadas, a barriga chapada.
A Letícia veio logo atrás. Uma calça legging preta e uma blusinha de academia justa. O top deixava os seios pequenos bem marcados e a barriga, nem sarada, nem flácida, aparecendo quando ela se movia. Tinha um jeitinho meio contido, mas o corpo chamava atenção. O rosto dela meio sério, quase curioso.
— Oi, gente — disse Eliana, sorrindo.
— Oi — respondi, trocando um olhar rápido com ela. Não teve beijo, nem abraço. A presença da Letícia tornava esse tipo de cumprimento inapropriado.
— E aí — disse Letícia, pegando um pano de prato que a Rebecca ofereceu.
Recomeçamos a faxina. Cada um pegando uma parte da bagunça. Eliana ficou na cozinha, Rebecca no banheiro, eu na sala, Letícia nos quartos. De vez em quando, cruzávamos pelos corredores, trocando comentários rápidos. Mas dava pra sentir os olhos da Letícia seguindo cada troca de olhar minha com a Eliana ou com a Rebecca.
Depois de quase meia hora, já estávamos todos suados. Minhas costas grudando na camiseta, o cabelo da Rebecca já saindo do coque, colado na nuca dela. A camiseta da Eliana marcada de suor no meio dos seios. A blusinha da Letícia úmida, colada no corpo, os mamilos bem visíveis. E a faxina ainda na metade.
Foi quando a Letícia soltou, no meio do corredor, esfregando um balde:
— Vocês são um trisal, né?
Congelamos. Rebecca parou, o pano ainda na mão. Eliana virou-se devagar, um pano de prato pendurado no ombro. Eu fiquei com a vassoura no meio do movimento. Nos entreolhamos, como se todos tentassem decifrar se ela estava brincando ou falando sério.
— Não — disse Rebecca, rápida demais, firme, mas o leve rubor nas bochechas a entregava. Ela tentou disfarçar voltando a esfregar o chão.
— Sim — disse Eliana, com um sorrisinho meio provocador, aquele que ela soltava quando queria deixar alguém sem graça.
— É... bem mais complicado do que isso — falei, soltando o ar devagar.
A Letícia estreitou os olhos, estudando nossas reações.
— Tá. Mas vocês duas já transaram com o Carlos?
A Rebecca quase deixou o pano cair. O rosto dela ficou vermelho até as orelhas, e ela abaixou a cabeça, a voz saindo num quase sussurro:
— Sim.
Eliana manteve o sorriso leve, mas cruzou os braços, como se desafiasse:
— Sim.
— E uma sabia da outra? — insistiu Letícia, agora apoiando o balde no chão e encarando Rebecca primeiro.
A Rebecca soltou um suspiro, os ombros cedendo levemente:
— Sim.
A Eliana só deu um meio sorriso, aquele que dizia “e daí?”:
— Sim.
— Vocês têm um grupo no Telegram? Imagino que seja um grupo privado e secreto, só com os três, pra falar de coisas confidenciais e talvez sexuais, onde nudes são permitidos? — Letícia não tirava os olhos da gente. — Embora eu tenha certeza absoluta de que a Rebecca nunca mandou nem selfie.
A Eliana riu, balançando a cabeça:
— Temos.
A Rebecca fechou os olhos por um segundo, quase como se estivesse se resignando:
— Temos.
— Temos — confirmei, dando de ombros.
A Letícia foi até a cozinha sem pressa, abriu a geladeira da Rebecca, pegou uma Coca-Cola, abriu a lata e tomou um gole longo. Encostou-se na pia, o olhar afiado.
— Vocês são um trisal, sim — disse, como quem acabava de concluir uma equação.
A Rebecca cruzou os braços e ergueu o queixo, tentando recuperar o controle:
— Como você descobriu?
A Letícia deu outro gole, encarando a gente por cima da lata.
— Vocês são discretos. Mas não tanto quanto pensam. Comecei a notar pelos olhares de vocês na academia. Podia ser paranoia. Afinal, nenhuma das outras garotas notava nada. Mas aí, eu confirmei metade disso no dia do cinema. Quando o Carlos e a Eliana quase transaram do meu lado. Era claro que ele tinha algo com a Eliana. E hoje, essa tensão toda e essa cumplicidade com a Rebecca... Você sendo o único homem que ela chamou... A Rebecca, essa mulher casada toda certinha e pensativa do que os outros vão achar, sozinha e vestida assim em casa com um homem divorciado... ficou meio óbvio.
Ficamos em silêncio. A Rebecca mordia o lábio, sem saber se ria ou entrava em desespero. A Eliana soltou um riso abafado. Eu apenas balancei a cabeça e decidi tomar a dianteira. Me apoiei no cabo da vassoura e falei:
— Tá. Já que chegou até aqui, acho que é justo você saber de verdade. Eu e a Eliana estamos juntos. A gente tem um acordo. A Rebecca...
Olhei pra Rebecca, que respirou fundo, os braços ainda cruzados, o olhar firme. Como definir exatamente a nossa relação mesmo?
— A Rebecca é... uma amiga especial. Temos... uma amizade que inclui... algumas coisas a mais — continuei, escolhendo bem as palavras.
A Eliana soltou um pequeno riso e balançou a cabeça.
— O nome disso é sexo, Carlos. Não precisa florear.
A Rebecca virou o rosto, mas não protestou. Eu respirei fundo e continuei:
— O que importa é que somos honestos uns com os outros. Sempre. Ninguém aqui esconde nada. E tudo que acontece, acontece pelos três.
A Letícia escutou tudo em silêncio, as mãos segurando a latinha de Coca-Cola. Quando terminei, foi Eliana quem quebrou o gelo:
— E agora, Letícia? O que você vai querer em troca do seu silêncio?
As duas se encararam. O olhar da Letícia parecia analisar a Eliana com calma, enquanto um sorriso brincava no canto da boca dela. Um segundo de tensão pairou no ar. Ela desviou o olhar para nós três e disse:
— Vou querer entrar para o harém do Carlos.
A Rebecca arregalou os olhos e deu um passo à frente.
— O quê?! — disse ela, a voz falhando entre a indignação e o choque. A Rebecca me caparia antes de cogitar a ideia de pertencer a um harém.
A Eliana soltou um riso aberto e levou a mão à cintura.
— Essa eu quero ver.
Senti meu rosto queimar.
— Letícia, olha, não é bem assim... Isso aqui é uma relação complexa e não um harém. E...
A Letícia soltou uma risadinha e balançou a cabeça.
— Eu tô brincando, Carlos. Já tenho problemas demais com um namorado safado. Só queria ver se você ia ser honesto. E foi. Ponto pra você.
Eliana soltou um suspiro e deu um sorriso largo.
— Garota danada — disse ela.
A Rebecca pareceu relaxar um pouco e soltou um leve riso, meio sem graça. Ela respirou fundo, com a mão no peito, quase como se estivesse se preparando para se explicar:
— Olha, Letícia, eu e a Eliana não somos um harém do Carlos. Somos duas amigas adultas, com um acordo, e...
Letícia a interrompeu, como se não tivesse paciência para explicações longas:
— Rebecca, minha querida, quando um homem está com mais de uma mulher, e há possibilidade de outras entrarem, isso é um harém! A diferença é que o seu, pelo visto, é bem mais igualitário e consensual que a da ficção.
A Rebecca tentou corrigir, mas sua timidez a fez gaguejar:
— Não... não é bem assim... é só... é diferente, porque a gente...
Letícia a interrompeu novamente, agora com um sorriso irônico e um olhar de aprovação para mim:
— Eu dou créditos ao Carlos. Está modernizando algo tão antigo e sexista quanto o conceito de harém. Ele transformou isso num estilo mais poliamoroso e atual. Bem jogado.
A Letícia deu mais um gole na Coca e disse:
— Eu conheço vocês três. Pelo menos um pouco. Por causa da academia, da universidade. Rebecca, você sempre foi uma mulher muito legal. E, sinceramente, me surpreendeu como você é da paz. Nunca tentou pregar pra ninguém. Principalmente pra mim.
Ela hesitou antes de continuar.
— Porque, olha, eu sou aluna do Maurício. E já cansei de ouvir os discursos antiquados e retrógrados dele, cheios de arrogância e hipocrisia. Ele sempre falando que a mulher é feita para servir ao homem, que não deve trabalhar fora de casa, que o papel da mulher é cuidar da casa, dos filhos e do marido. Sempre com aquele discurso do tipo “o homem é o provedor, a mulher é a auxiliadora”. Se não concorda com isso, a mulher é vista como desobediente. Fico pensando se ele acha que somos escravas. Ele não aceita que uma mulher tenha sua própria carreira, seus próprios sonhos, e que não precise de um homem para nada. E o pior é que ele usa a Bíblia pra justificar essa visão machista e antiquada.
A Rebecca ficou sem saber onde enfiar a cara. Passou a mão no rosto e murmurou:
— É... ele é complicado e...
A Letícia continuou:
— E, Carlos, eu sou sua aluna há anos. Sempre soube que você era um cara legal. E sua história com a Odete sempre deixou claro que você é do tipo que não se importa que a mulher seja como quiser ser e faça o que quiser fazer.
A Letícia então concluiu:
— Eu tô feliz por vocês três. De verdade. E podem contar comigo. Não vou sair espalhando nada. Mas — ela sorriu e apontou para Rebecca —, eu torço muito pra você chutar o traseiro do Maurício com toda força. E assumir logo esse namoro com o Carlos. Quando a Odete sair, claro.
A Eliana riu. Depois disso, decidi parar aquela pausa e voltarmos à faxina. Já tínhamos feito o mais difícil, mas o chão ainda estava coberto de sujeira, as prateleiras estavam cheias de pó.
Rebecca, apesar de exausta, parecia determinada a terminar tudo antes de dormir, o que me surpreendeu. Ela se movia de um lado para o outro, sempre com aquele ar de quem consegue se manter no controle. A Rebecca estava de joelhos, passando um pano com cheiro de vinagre na borda do rodapé da sala, quando a Letícia, do nada, jogou a bomba:
— Rebecca, você é uma mulher de sorte, viu? Tanto o Carlos quanto a Eliana beijam muito bem.
Ela disse aquilo rindo, com aquele sorrisinho zombeteiro e os olhos brilhando de quem adora uma provocação. Eu parei de esfregar a parede por instinto.
A Rebecca, que até então parecia concentrada na faxina, congelou. Sua expressão virou uma mistura de confusão e embaraço.
— O quê?! — Rebecca largou o pano no chão, levantou o tronco e ficou parada, com os olhos arregalados. — Eu não sou bi, não faço essas coisas. Beijar a Eliana nunca passou pela minha cabeça. Não mesmo!
Aí fez uma pausa e olhou fixamente para mim, depois para a Eliana.
— Peraí. Que história é essa? Carlos? Eliana? Quando vocês beijaram a Letícia?!
Eu e Eliana nos entreolhamos, um sorriso de nervosismo surgindo nos nossos rostos. Ela deu uma risadinha abafada, passando a mão no cabelo. Eu respirei fundo e fui o primeiro a me manifestar:
— Foi durante a festa de carnaval — comecei, tentando encontrar as palavras. — Aquela da brincadeira dos vampiros, lembra? Eu acabei “mordendo o pescoço” da Andréia, da Eliana e da Letícia. As três ficaram comigo e a gente acabou fincando meio junto, meio misturado. Todo mundo se beijou, mas num clima de carnaval. Mas durou pouco porque a Jéssica veio e acabou me “eliminando” da festa e fui pra casa.
A Rebecca ficou em silêncio por um momento, eu a via com a expressão de quem não sabia se ria ou ficava irritada.
— E teve outra vez... — Eliana mordeu o lábio inferior. — Na noite do cinema francês, aquela que você não pôde ir. Tava só a gente no cinema, sessão vazia... e, bom... — Ela deu de ombros. — A gente não se aguentou. Começamos a nos beijar ali mesmo. Eu e o Carlos ficamos bem empolgados, sabe? Tipo, muito empolgados. Mãos naquilo, aquilo na mão... e talvez, talvez, no meio disso tudo, a gente tenha beijado a Letícia também. Algumas vezes. De língua. Foi meio automático. Eu estava a dois minutos de empurrar a cabeça dela pra fazer boquete no Carlos? Estava. Mas, veja bem, eu não tava pensando direito...
A Rebecca ficou em silêncio, olhando para nós dois como se tentasse assimilar tudo.
— Então, vocês dois e a Letícia... — disse Rebecca, com uma leve risada nervosa. — Como é que eu não sabia disso antes?
Eu olhei para ela com um sorriso torto, e a Eliana soltou uma risadinha, encurtando o espaço entre a gente.
— Você não perguntou nada nessa natureza.
Era verdade.
— Tem mais alguma mulher secreta? — perguntou.
— Beijamos a Andréia no Carnaval e eu vi a Carolina pelada acidentalmente meses atrás — resumi. — Só isso que aconteceu. — A última vez que fiz sexo com a Odete foi no aniversário da Jéssica, lá no sítio. Ela queria dar pro Enéias, mas ele preferiu comer a Andréia na nossa frente.
— Juro que não beijei nenhuma outra mulher além das que já citei — resumiu Eliana.
A faxina, no entanto, não parava. O suor escorria pelo meu rosto. A Rebecca, com os fios de cabelo grudados na testa, o rosto ruborizado do esforço, mas com um sorriso genuíno de gratidão. A Eliana estava com o top molhado de suor, e a Letícia estava visivelmente cansada, com os ombros um pouco caídos.
A equipe improvisada funcionou bem. A Eliana tomou conta da cozinha. A Letícia fez questão de limpar os espelhos e janelas, “Porque eu odeio ver sujeira no reflexo”. Eu fui para o chão, rodapés e pequenos reparos.
A cada meia hora, a gente ria de alguma bobagem. A Letícia fazia piada de tudo. A Eliana implicava com o modo “antiquado” com que eu usava o rodo. A Rebecca, ainda tentando entender como se meteu num trisal sem perceber, dava um sorrisinho toda vez que alguém fazia um comentário idiota.
Finalmente, antes das 23h30, conseguimos terminar. Cada canto estava limpo, e a casa tinha finalmente recuperado a sua aparência inicial. Estávamos todos suados, os rostos vermelhos, roupas grudadas na pele, mas sorrindo e satisfeitas com o resultado.
— Ufa! — exclamou Rebecca, com um suspiro de alívio. Ela olhou para os três, e o sorriso dela era sincero e cheio de gratidão. — Muito obrigada, gente. Sério mesmo. Eu não teria conseguido sem vocês. Eu sei que foi puxado, mas vocês foram incríveis.
Eu dei um sorriso cansado, e Eliana foi até ela, tocando seu ombro amigavelmente.
— Claro, Rebecca. A gente sempre se ajuda — disse Eliana, de forma leve, mas sincera. — Afinal, sou um trio...
A Letícia foi a primeira a se despedir. Ela sorriu e deu um abraço apertado na Rebecca.
— Tchau, gente! Cuidem-se! — disse Letícia, se virando para nós.
Ao se afastar, me deu um sorriso travesso, um aceno rápido, e saiu pela porta.
A Eliana foi logo depois, se aproximando de Rebecca e a abraçando calorosamente.
— Até logo, Rebecca — disse Eliana, passando ao lado de mim, com um abraço e um selinho, e logo em seguida, saiu também.
Eu fiquei por último. A Rebecca me olhou por um momento antes de me abraçar. O abraço dela foi apertado, com uma energia que parecia ter mais significado do que palavras podiam expressar.
— Obrigada, Carlos — disse, com uma voz baixa, mas cheia de gratidão. — Você é um bom amigo. Mesmo que eu não entenda tudo, valeu pela ajuda.
Eu retribuí o abraço, sentindo o calor dela.
Fui direto para o meu apartamento, pronto para cair na cama. Mas, idiota que sou, abri sem querer o grupo do futebol no WhatsApp. O que eu vi me fez gemer de arrependimento.
Érico: “MEU DEUS, ESSE SEGUNDO TEMPO FOI HISTÓRICO!!!”
Rogério: “O Chelsea virou nos acréscimos! Golaço do Sterling, mano!!!”
Eu não podia acreditar. Tinha perdido o melhor jogo do ano. Soltei um suspiro pesado e olhei para o celular, pensando em como queria esquecer aquele spoiler e assistir o final da reprise na manhã seguinte.
O segundo arrependimento da noite foi ter esquecido de tomar banho antes de capotar na cama.
Na noite seguinte, cheguei na academia, que estava um pouco mais vazia do que de costume. Apenas algumas pessoas se aqueciam na esteira, mas logo pude ver as quatro que me interessavam. Quatro mulheres, cada uma de um tipo, e todas absurdamente lindas.
A Carolina estava na esteira. Corria com fones de ouvido e a pele levemente bronzeada brilhando de suor. Usava um top azul-marinho justo, que mal disfarçava os seios fartos saltando a cada passada. A calça legging preta parecia pintada no corpo, e o movimento do quadril dava um ritmo hipnótico à esteira. Seus cabelos escuros estavam presos num rabo de cavalo firme, que balançava com cada passada. Aquilo tudo combinava perfeitamente com a expressão concentrada, quase zen, como se correr fosse uma forma de meditação sensual.
A Rebecca estava mais ao fundo, na bicicleta ergométrica. O corpo reto, mas o movimento das pernas revelava um vigor inesperado. Usava um conjunto vinho: top de alças largas e uma legging de cintura alta que realçava o bumbum empinado. Os seios pequenos, firmes, desenhavam-se sob o tecido como uma obra de arte moderna. Ela conversava com Eliana, rindo discretamente, mas seus olhos varriam o ambiente com cautela. Ainda se sentia um pouco culpada por estar ali, entre amigas, de roupa colada, mesmo sabendo que não havia pecado algum.
A Eliana, minha namorada/amante dos sonhos. Ela estava no leg press, empurrando com as pernas grossas, tão torneadas que pareciam esculpidas. A bunda enorme e firme empurrava contra o banco do aparelho, e o top branco molhado de suor deixava pouco à imaginação. A calça legging cinza clara, quase prateada, grudava nela. Cada repetição era uma aula de anatomia provocante.
E, por fim, a Lorena. De costas para mim, agachava com dois halteres leves nas mãos. O conjunto verde-oliva que usava revelava o quanto a bunda dela era absurdamente redonda, dura e empinada. Não tinha os seios grandes como Eliana ou Carolina, mas o corpo era elegante, magro, com curvas que pareciam ter sido desenhadas em caderno de arquiteto. Quando se virou, sorriu e ergueu as sobrancelhas:
— Olha quem chegou...
— Carlos — disse Carolina, tirando um fone e sorrindo com aquele charme tranquilo dela.
— Boa noite, garotas — cumprimentei, tentando não olhar descaradamente para nenhuma das quatro, embora fosse difícil. — Cadê o resto do povo?
— A Jéssica saiu pra um jantar chique com o Rogério — respondeu Lorena. — Aniversário de namoro.
— De namoro? — estranhei momentaneamente, porque os dois são casados desde que os conheço.
— Eles comemoram aniversário de primeiro beijo, namoro, noivado, casamento... — explicou Lorena, rindo.
A Eliana completou, com aquele brilho malicioso nos olhos:
— E a comemoração sempre começa no restaurante e sempre termina no motel pela noite toda.
— Eles se amam, vai — disse Carolina.
— Sarah e Andréia estão com dor de cabeça. Natália foi jantar com a Alessandra, a nova vizinha que ela está votando para entrar no grupo e a Letícia está indisposta — respondeu Carolina, resumiu o que rolou no grupo de WhatsApp.
Depois disso, fiz uma série rápida de aquecimento no supino. Não deu nem dois minutos e a Lorena apareceu ao meu lado.
— Assim, você vai quebrar a coluna.
— Achei que tava indo bem.
— Tá com o banco muito alto. E tá forçando o ombro. Deixa eu te mostrar. — Ela ajeitou o banco, sentou-se primeiro para mostrar, com a bunda roçando o acolchoado. Depois, mandou que eu me deitasse. — Agora segura assim. Ombro baixo. Peito aberto. Isso. Agora vai.
Obedeci, tentando não focar no decote dela, mas estava a trinta centímetros do meu rosto.
— Melhorou? — perguntou ela, de pés ao lado do banco, as mãos prontas para me dar suporte, mas também, sem querer, oferecendo uma visão tentadora do abdômen liso e da curva dos seios sob o top colado.
— Melhorou sim... — respondi, tentando manter o foco.
Carolina desceu da esteira, limpando o rosto com a toalha.
— Você está ficando menos buchudinho, Carlos.
— Ainda tô longe de acompanhar vocês — falei, sentando para descansar entre as séries. — Mas chego lá.
Depois disso, continuei a série de supino com a ajuda da Lorena. Ela era precisa, firme nas instruções e, ao mesmo tempo, descontraída. Tinha um jeito de rir dos próprios comentários que dava leveza a qualquer ambiente. Fizemos mais duas séries juntos antes de eu seguir para a remada baixa.
Enquanto puxava o cabo e sentia a tensão nos dorsais, vi a Rebecca se aproximar do bebedouro. Ela encheu a garrafinha, olhou em volta, como sempre cautelosa, e veio até mim.
— O Maurício voltou de Roma hoje de manhã — disse ela, num tom neutro, mas com um leve incômodo nos olhos.
— Não o vi na faculdade hoje.
— Ele estava bem cansado e com jet lag. Mas disse que quer marcar um jantar amanhã com Jonas, Cinthia e seu Raimundo. Disse que quer agradecer por eles terem me hospedado.
— Você parece animada com isso... — falei, com leve sarcasmo.
— Ele odiou que eu não ficasse num hotel ou na casa da minha mãe. Ficava repetindo que casa cheia de homem não era lugar de mulher casada. Como se eu fosse uma adultera e fosse trair ele só porque tinham homens lá.
— Bem... Você e eu...
— É diferente! — Rebecca ficou como um pimentão. — Nunca me hospedei na sua casa.
— Bem, se quiser conversar depois, me manda mensagem. Sou todo ouvidos.
— Acho bom mesmo! A culpa de eu ter me transformado numa adúltera é toda sua! — brincou e voltou para a bicicleta.
Fiquei olhando enquanto ela subia novamente e ajustava a intensidade. A legging vinho realçava cada curva do bumbum empinado, e o suor leve na lombar marcava ainda mais a pele clara. A Rebecca tinha um charme discreto, quase tímido, mas era justamente isso que me deixava ainda mais excitado com ela.
No aparelho ao lado, a Eliana fazia agachamento com barra. E cada descida era uma pequena tortura. As coxas musculosas tremiam com o esforço, os quadris firmes empinavam como se o corpo todo estivesse esculpido para provocar. Os seios grandes balançavam com o movimento, contidos apenas parcialmente pelo top branco. Troquei um olhar com ela. Foi rápido. Mas ali estava. Um brilho malicioso, “eu sei que você está vendo e gosto disso”.
A Carolina, no outro canto, fazia supino reto com halteres. Os seios balançavam suavemente a cada subida e descida dos braços. Mesmo usando um top largo, o volume era inegável. Ela não se preocupava em esconder, não fazia pose. Era sensual pela naturalidade. A postura firme, os braços tão bem definidos quanto os olhos atentos.
Lorena e Rebecca passaram juntas para um treino de glúteos na máquina. Deitaram-se de bruços para levantar as pernas contra a resistência, alternando séries. Dava para ver como cada movimento fazia as bundinhas delas saltarem sob as calças coladas. A de Lorena mais arredondada e compacta, a de Rebecca mais discreta, mas empinada. Difícil concentrar nos pesos com tanta distração ao redor.
Mas eu não era burro. Mantinha o olhar controlado, fingia fitar o relógio ou ajeitar a toalha. Tudo para não levantar suspeita. Só trocava olhares prolongados com a Eliana. E mesmo esses eram racionados. Nós dois sabíamos bem: qualquer descuido e o segredo virava fofoca.
Depois de mais alguns exercícios, alonguei-me perto da porta, pronto para ir embora. Rebecca e Eliana ainda estavam conversando num canto, mas não disseram nada. Apenas trocaram um olhar silencioso que eu captei, mas não consegui decifrar. Então ouvi a voz da Carolina:
— Tá indo? Vamos junto. Lorena e eu já estamos de saída também.
A Lorena assentiu, pegando a toalha e a garrafinha:
—Tá quente demais hoje.
Nos despedimos das outras, e os três saímos da academia, andando a pé os poucos quarteirões até nosso prédio.
— Você melhorou mesmo — disse Carolina, do meu lado esquerdo, com um tom divertido. — Eu duvidava muito, mas você está entrando no quarto mês na academia.
— Ah, obrigado pelo elogio — rebati, sorrindo.
As duas riram. Caminhávamos devagar pela calçada. A luz dos postes formava sombras sobre os corpos suados das duas. As costas de Carolina estavam completamente molhadas, a calça marcando cada centímetro da bunda. Lorena, com o top colado e a calça mais clara, também exibia o contorno dos seios pequenos e duros sob o tecido.
Fingia escutar as piadas sobre a nova série da Netflix. Mas, por dentro, pensava o tempo inteiro sobre como queria comer aquelas duas também.
Mas, por fora, tentava ser apenas mais um vizinho educado voltando pra casa depois da academia.
Não tive nem meia-hora. Tinha acabado de sair do banho, o corpo ainda quente depois da academia, quando a campainha tocou. Vesti uma bermuda, sequei o cabelo de qualquer jeito e fui até a porta. Quando abri, dei de cara com Eliana e Rebecca.
Eliana trazia aquele sorriso que sempre me desmontava, enquanto a Rebecca parecia mais contida, mas com um brilho diferente no olhar.
— Oi, garotas — comecei, meio sem saber o que dizer. — Eu preciso avisar que a Odete tá aqui em casa hoje.
Eliana respirou fundo, trocou um olhar com Rebecca e disse:
— É com ela mesmo que a gente quer falar, Carlos.
Meu coração parou. A Rebecca continuou, num fio de voz:
— É. Precisamos falar com a Odete.
Antes que eu pudesse perguntar por quê, a porta do quarto da Odete se abriu. Ela apareceu na porta, descabelada, de pijama, segurando uma caneca, olhos sem sono nenhum, com aquela cara de quem tava ouvindo tudo por trás da porta. O silêncio durou uns segundos. Ela olhou de mim pras duas, voltou pra mim. Eu senti minhas pernas bambearem.
— Vocês querem falar comigo? — perguntou ela, entortando um sorriso.
A Eliana segurou a mão da Rebecca e respondeu, firme:
— Queremos. Só nós três.
Odete olhou pras duas, pra mim, pras duas, pra mim. Foi aí que eu vi, nos olhos dela, a conclusão chegando. O sorriso dela se abriu, debochado:
— Eu não acredito... O Carlos tá comendo duas gostosas casadas como a Eliana e a Rebecca? — Ela gargalhou, apoiando a mão na cintura.
Eu senti meu rosto queimar. A Rebecca ficou vermelha como um pimentão, baixou os olhos, constrangida. A Eliana franziu a testa, curiosa:
— Digamos que seja verdade, como você saberia disso, Odete?
A Odete deu de ombros, com aquele jeito debochado que eu já conhecia tão bem.
— Ah, vocês acham que eu sou cega? Você acha que eu morei com esse homem por quantos anos? Conheço cada olhar, cada risadinha. E vocês duas não são muito discretas vindo aqui assim e querendo falar comigo como se tivessem uma bomba atômica de revelação.
A Rebecca escondeu o rosto na mão. Eu tentei amenizar:
— Odete, não é bem assim...
Mas ela me interrompeu, rindo:
— Carlos, pelo amor de Deus, não precisa se explicar. Eu tô é orgulhosa. Eu sabia que tu ainda tinha esse mojo todo dentro de ti. Sabia que era capaz de dar a volta por cima. Só não imaginava que fosse dar conta da Eliana, que eu sempre soube que era safada, e da Rebecca, que eu jurava que era santinha.
A Rebecca pareceu querer cavar um buraco no chão e desaparecer. A Eliana respirou fundo, tomou a frente, como sempre fazia quando a situação apertava.
— Odete, a gente realmente precisa conversar com você. Só nós três, sem o Carlos. Pode ser?
Eu senti um aperto no peito.
— Não sei se isso é uma boa ideia...
Odete gargalhou:
— Ih, Carlos, não vai morrer, não! — Ela olhou pras duas. — Bora, vamos lá pro meu quarto. E você, nada de ouvir atrás da porta, hein?
Fiquei parado no meio da sala, segurando a toalha molhada, vendo as três sumirem pelo corredor. A porta do quarto bateu e eu fiquei sozinho, olhando pro chão, pro teto, pras paredes. Meu coração disparado, sem saber o que diabos ia sair dali.
Levou mais de meia-hora de papo entre as três. Eu estava recostado no sofá, quando elas saíram do quarto. A Rebecca vinha na frente, ajeitando os cabelos. Eliana apareceu logo atrás, aquele olhar altivo. Odete foi a última a sair, mais serena do que eu esperava, usando uma camiseta velja que cobria só até a metade das coxas.
A Odete veio até mim e me deu um abraço apertado, demorado, com o corpo inteiro. Era um gesto de despedida e aceitação ao mesmo tempo. Quando se afastou, sorriu de um jeito costumava quando estava prestes a dizer algo duro, mas justo.
— Eu torço de verdade pra tua felicidade, Carlos — disse. — Mesmo. Vocês três aí que se entendam.
Estava ficando aliviado, mas ela se virou para as duas.
— Mas deixa eu avisar uma coisinha pras garotas: o jogo é jogado.
A Rebecca abaixou o olhar na hora e a Eliana cruzou os braços, ainda firme.
— Vocês duas transaram com o Carlos enquanto ele ainda era meu marido. Então, não venham chorar quando eu der pro Leandro e pro Maurício.
A Rebecca ficou vermelha. Abaixou ainda mais a cabeça.
— Eu tô... tô pensando seriamente no divórcio — murmurou, quase como se estivesse pedindo desculpa à própria consciência.
— Você pode tentar — respondeu Eliana, sem tirar os olhos da Odete, com a voz doce, mas carregada de desafio e veneno. — Sério, pode tentar. Mas duvido que ele vá procurar outra com a esposa que tem. Eu confio no meu taco.
— Eliana... — murmurei.
— Ah, Carlos, só tô dizendo que não sou trouxa e nem corna — ela disse, sem me olhar.
A Odete respirou fundo, como se segurasse alguma coisa dentro do peito. Mas o que veio depois foi pior do que eu esperava.
— Pois então escuta, Eliana. — A voz dela baixou, quase sussurrada. — O Leandro agora é minha prioridade. Eu vou pirar o cabeção dele de um jeito que ele vai viciar na minha buceta. E eu vou filmar tudinho. Só pra mandar pra você.
Fiquei paralisado. Conhecia aquele tom da Odete. Não era blefe.
Eliana deu um sorriso leve, debochado, mexendo no próprio cabelo como se fosse um aviso.
— Então tá, querida. Vou ficar esperando esse vídeo. Com toda a paciência do mundo.
— Gente... — tentei intervir. — A gente já passou por coisa demais pra transformar isso aqui num campo de guerra.
Odete a observou sem se deixar afetar pelo tom provocador de Eliana.
— Eu não tenho o menor problema com vocês duas transando com o Carlos. Nem um pingo de raiva ou ressentimento. Na verdade, nem considero isso traição. Nosso casamento sempre foi aberto. Por mim, isso era do jogo. E, já disse, sou sincera quando digo que estou feliz que ele esteja querendo um relacionamento além de sexo.
Ela fez uma pausa, e a tensão na sala parecia aumentar a cada segundo.
— Mas eu acredito que todo casal, qualquer que seja a configuração, deve ter direitos iguais.
As duas olharam como se não entendessem o que estavam sendo dito.
— Você e a Rebecca foram adúlteras — continuou Odete, sua voz mais incisiva. — Então, não vejo nenhum motivo para que o Leandro e o Maurício não possam “pular a cerca” também. É só isso que estou dizendo. Não é vingança, é apenas igualdade. Dar aos dois o que é deles por direito.
A Eliana, no entanto, não vacilou. Ela olhou para Odete com um ar de desdém, como se tivesse visto através de tudo.
— E se os dois santinhos já tiverem pulado a cerca? — perguntou Eliana, com um sorriso irônico.
— Então, está todo mundo quites e eu não encosto um dedo neles. — Ela pausou e pensou. — Pelo menos, antes do divórcio no caso do Maurício. Eles já pularam a cerca?
Eliana e Rebecca se olharam constrangidas. Até onde as duas sabiam, seus maridos eram fieis. Elas não tinham como provar nada contra eles.
— Ok. Eles são fiéis. Pelo menos, achamos que eles são — admitiu. — Mas se você acha que isso vai ser fácil, melhor se preparar. Você pode tentar, mas eu duvido que ele vá se deixar levar pela sua lábia.
Odete apenas sorriu, sem se abalar.
— Então, está tudo certo... — disse Odete, sorrindo. — Mas, quanto ao vídeo, era brincadeira. Só vou ter revelar que dei pro Leandro depois que ele já souber de você e do Carlos. Afinal, direitos iguais. E, depois, quem sabe brincamos os quatro na cama... Quanto ao Maurício, pode relaxar, Rebecca. Como você já vai se separar, te dou a minha palavra que vou esperar o divórcio.
Eliana respondeu com um sorriso cheio de confiança. A Odete apenas voltou para o seu quarto.
— Mas vocês duas têm a minha benção e a minha boca fechada para ficarem com ele — disse, antes de fechar a porta com delicadeza.
O silêncio que ficou no ar era espesso. Quase dava pra tocar.
Depois que a Odete saiu de cena, era a vez das duas terem uma conversa séria comigo. Fomos para a mesa da sala de jantar.
— Eu e a Rebecca estávamos trocando umas ideias depois daquele papo todo da Letícia sobre trisal e harém — disse Eliana, me olhando de lado. — E querendo estabelecer limites pra nossa relação.
Assenti com um movimento de cabeça, curioso.
— Não é que a gente esteja com ciúmes — começou Rebecca, ajeitando a postura, meio nervosa. — Mas a gente precisa de segurança. E clareza.
— Concordo — emendou Eliana. — Nada de surpresas.
— Vocês estão achando que eu fiz algo errado? — perguntei, tentando não parecer na defensiva.
— Não, Carlos — respondeu Eliana. — A gente só quer alinhar.
Rebecca foi direto ao ponto:
— A gente aceita a ideia de que você tenha mais mulheres, porque nosso lado também tem mais homens, mas a gente não quer que você chegue amanhã dizendo que comeu uma terceira mulher que conheceu num congresso ou na feira.
— Isso. A gente quer que seja algo conversado, autorizado, que a gente conheça e confie na mulher. Sabemos que você não é do tipo que sai por aí comendo prostitutas, mas queremos ter um pouco menos de incertezas e menos sustos.
— E mais nenhuma casada — emendou Rebecca. — De casada virando adúltera, basta nós duas. Eu veto qualquer nova mulher casada ou com namorado.
— Nada de mulher casada ou compromissada — reforçou Eliana, como se as duas tivessem ensaiado aquilo. — Só solteiras confiáveis. E que conheçamos.
— Tá... — comecei, mas Rebecca me cortou.
— Na verdade, a gente pensou numa lista de mulheres aprovadas que poderiam entrar no nosso grupo. Só essas. Ninguém fora dela.
— Lista? — perguntei, já prevendo o golpe.
Elas se entreolharam. Eliana então falou:
— Lorena, Natália, Carolina e aquela nova vizinha, Alessandra.
Fiquei em silêncio por um instante. Elas tinham resumido as possíveis novas candidatas às amigas dela na academia. Aquelas que as duas tinham certeza absoluta de que não dariam para mim e nunca entrariam para um harém. Particularmente, achei genial da parte das duas.
Era basicamente uma forma
— As casadas, como a Jéssica, a Andreia e a Sarah, estão completamente fora de questão — disse Rebecca.
— E a Letícia nem pensar — completou Eliana. — Ela tá namorando o Antônio, então ela só se torna elegível se terminar com ele. Só depois.
— E mesmo assim, tem que avisar a gente primeiro — emendou Rebecca.
— E nenhuma outra mulher que não esteja nessa lista — decretou Eliana. — Se alguma dessas arrumar namorado, tá fora automaticamente.
Fiquei observando as duas, enquanto elas retomavam o fôlego. Havia uma tensão leve, mas não ruim. As arestas foram aparadas. Aquilo me fez sorrir por dentro. E aquelas duas já me faziam felizes, principalmente por terem aceitado uma à outra. E, de todo modo, era óbvio pros três que elas tentando eliminar qualquer nova mulher sem dizer isso diretamente. Um veto camuflado, mas não injusto. Só seria engraçado se eu comesse uma das quatro daquela lista...
— Tudo bem. Eu concordo com os termos.
A Rebecca relaxou um pouco na cadeira, e Eliana recostou no sofá, mais confortável. Houve um silêncio agradável.
— Obrigada por entender, Carlos — disse Rebecca, com um leve sorriso.
— A gente só quer manter tudo bonito entre nós — completou Eliana.
— E tá bonito — respondi. — Muito bonito, aliás.
A Rebecca se levantou, veio até mim e me deu um beijo demorado na bochecha. A Eliana se inclinou e me beijou nos lábios, com aquele gosto suave.
A conversa terminou com um silêncio confortável. As duas estavam tranquilas, e eu também. A Rebecca olhou o relógio discretamente e se levantou.
— Acho melhor eu ir. Ainda tenho que preparar umas coisas para amanhã — disse ela, pegando a bolsa com um movimento calmo, mas sempre meticulosamente contido.
Me aproximei para abrir a porta, e antes de sair, eu dei um selinho em sua boca. O beijo foi rápido, quase técnico, mas para a Rebecca foi quase tão ousado quanto enrabar a Andréia no meio da piscina no domingo. Ela retribuiu, mas quando os lábios se separaram, baixou o olhar, um leve rubor surgindo nas bochechas.
— Boa noite, Carlos — murmurou, tentando esconder o sorriso.
— Boa noite, Rebecca.
Eliana veio atrás, acompanhando-a até a porta. Quando a Rebecca já estava no elevador, ela voltou e, sem me dar tempo de respirar, me puxou pela camisa e me deu um beijo na boca. Um beijo firme, com gosto de desejo guardado. Nossas bocas se conheceram como se não se vissem há dias.
Fechei a porta com uma das mãos e, com a outra, puxei Eliana pela cintura. Ela riu baixo.
— Quanto tempo a gente tem? — perguntei, minha voz mais rouca do que eu pretendia.
— O Leandro só volta amanhã à tarde — respondeu, mordiscando meu lábio inferior. — Ficou na casa dos pais depois da reunião.
— Então você vai dormir aqui. Sem discussão.
Beijei-a de novo, desta vez com mais urgência. Empurrei-a de leve contra a parede. As mãos dela foram parar nos meus ombros, e as minhas deslizaram pelas suas coxas expostas pelo shortinho. O corpo dela parecia ter sido esculpido para encaixar no meu.
— Carlos... — murmurou entre os beijos, tentando resistir só por esporte. — E se a Rebecca esquecer alguma coisa e voltar?
— Ela entra no meio. Nós três sabemos que é questão de tempo até eu comer as duas juntas.
Ela riu, vencida, e deixou a cabeça cair no meu ombro. A respiração dela já estava mais rápida. Beijei o pescoço dela devagar, sentindo o suor da academia ainda não lavado. Um arrepio percorreu o corpo dela.
— Você vai dormir aqui hoje, Eliana. Vai tomar banho comigo, depois vamos foder muito — disse, puxando a alça da camiseta dela.
— Carlos... — disse, suspirando. — Você não presta.
— Eu sei. Mas você gosta mesmo assim.
Levei-a para o banheiro. Comecei a tirar minha bermuda, e ela fez o mesmo com a camisa dela. Nossos olhos se cruzaram por um instante. Entramos juntos no chuveiro. A água quente caiu sobre nossos corpos, e os toques se tornaram mais lentos, mais profundos.
Enquanto a água escorria pelos ombros dela, beijei-a novamente. Longo. Demorado.
— Você me deixa louco, Eliana — disse entre os beijos.
Ela sorriu, com um olhar de pura satisfação, e antes que eu pudesse fazer mais alguma coisa, ela me empurrou levemente para trás, deixando o espaço suficiente para que ela pudesse me desarmar com um toque suave e decidido. Tudo o que ela tocava parecia pegar fogo.
— E você gosta disso, não é? — Ela perguntou, sua voz embargada pela mesma necessidade que me consumia.
Ela já sorriu esticando os braços para mim e me puxando para um beijo quente. Em seguida, pegou o sabonete e ficou ensaboando o meu pau e meu saco. Não perdi tempo e meti a mão na bunda dela, sentindo o cuzinho com os dedos. Depois, peguei o sabonete e fui cuidar de limpar a bucetona dela, sentindo-a nos meus dedos.
A Eliana aproveitou para pegar o meu pau, que já dava sinais de vida, e começou a punhetar de leve. Ela desceu e começou a chupar bem de leve. A água do chuveiro caía nas costas dela e escorria pela bunda. Eu fiquei alisando o cabelo dela. Ela tomava cuidado para o boquete ser suficientemente gostoso a ponto de endurecer de vez meu cacete, mas não a ponto de me fazer gozar.
Quando achou que estava duro o suficiente, a Eliana tirou o meu cacete da boca, deu uma chupada nas bolas e, em pé, olhou para mim nos olhos e ordenou:
— Vamos!
Quando dei por mim, já estávamos no quarto. A Eliana já estava na cama, de quatro. Eu a segurei pelas ancas, virei sua cintura para mim, olhando aquelas belas costas, mas ela estava impaciente.
— Bota o caralho logo, bota!
Pincelei a cabeça na entrada, a segurei pela cintura e comecei a enfiar meu pau com vontade naquela buceta tão desejada. O tesão era tanto que exalava pelo quarto. Comecei a socar com vontade, dando estocadas como se fosse a nossa primeira vez juntos. Logo, estava dando tapas naquela bundona bela, enquanto ela mandava eu fazer mais e mais.
Eu e a Eliana metemos como loucos pelas horas seguinte. Com força, de meter o caralho com força pra fazer barulho e ela gemer gostoso. Em dado momento, ela resolveu incrementar e, gemeu no meu ouvido, mandou:
— Finge que está metendo na Rebecca...
Aquilo me deixou completamente louco. Meti com estocadas mais firmes e fortes por vários minutos, até ela gozar gostoso com uma pica na buceta e eu jorrar quase tudo que tinha de porra acumulada na bucetona dela. Caí exausto depois disso.
Pois bem, leitor. Nos próximos capítulos, as coisas vão ficar ainda mais loucas. A Eliana vai conhecer as mulheres do meu antigo harém. E eu terei um date improvisado com uma mulher que não esperava. Quem?
No capítulo 11, eu e a Eliana vamos fazer uma transa a quatro inesperada com um casal surpresa. Enquanto no capítulo 12, eu e a Rebecca vamos nos meter numa transa a quatro com uma troca de casais inesperada.
Coloquem nos comentários para com quem vocês torcem que eu transe nos próximos capítulos e se vocês torcem para que o meu relacionamento com a Rebecca evolua após os dois se divorciarem ou se a amizade está de bom tamanho.
Em breve, teremos a continuação.
NOTA DO AUTOR: Sim, esta história se passa durante “Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? - Capítulo 05”, nas partes da vida da Rebecca não-presenciadas pelo Jonas.