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No outro dia, matamos aula novamente e mamãe não diz nada. Contudo, não fazemos nada sexual o dia todo. Pudera, após o sexo intenso de ontem. Só conversamos e jogamos jogos de tabuleiro. Mais tarde o ajudo com as malas. O resto das coisas vai depois com a mudança. Ele me consola quando começo a fungar, emocionada. Enquanto isso, mamãe sem nenhuma consideração sai novamente para a gandaia após o trabalho. Velha safada. Estou com ódio dela. Exausta, peço a ele apenas uma pausa de quinze minutos, mas acabo dormindo em sua cama. Seu cheirinho é relaxante.
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Por volta de 1h da manhã, acordo quando a porta da frente bate com força. Espio e vejo mamãe com uma expressão exasperada. Suas bochechas estão coradas, de pinga. Ela se joga no sofá e liga a TV, cujo volume já estava alto e faz maior barulhão de repente, e ela se apressa para abaixar.
- Ainda arrumando suas coisas? – pergunto a Pedro, com pena.
- Ainda – ele diz. – Mas estou acabando.
Vou para meu quarto sem deixar a mamãe perceber. Um tempo depois escuto os pés descalços do Pedro marcharem em direção à sala. Sonolenta, me levanto de novo para ver.
- Pedro, não começa – mamãe diz, logo que ele se senta no sofá. Sua voz está um pouco arrastada.
- Não começa com o quê? Eu estava até agora arrumando minhas coisas, não posso assistir TV um pouco? Vou viajar amanhã cedo, esqueceu...?
- Tudo bem então! – ela resmunga. Depois se levanta e vai até a cozinha, mas larga o celular no assento. Vendo que meu irmão não vai agir, corro agachada e pego o celular. Meu irmão me olha surpreso, ao mesmo tempo que vigia a cozinha.
Só tenho tempo de ver uma notificação. É do tal professor. “Amor me perdoa, isso nunca me aconteceu antes”. Pedro faz um "pssh" e eu jogo o celular no assento e me escondo atrás do sofá, e vejo a sombra dela voltando. Quando percebo por um momento tenso que mamãe não notou nada, mando uma mensagem para o Pedro, dizendo que acho que o professor de matemática broxou. Ele me responde: “Velho broxa” com emojis chorando de rir 🤣🤣🤣 e uma sequência enorme de várias letras “K”. Me seguro para não rir também, com mamãe no sofá bem atrás de mim.
- Qual a graça? – ela pergunta, após meu irmão dar risada olhando para o celular.
- Não posso nem rir? – ele replica.
Depois disso, mamãe bota uma competição culinária na TV e eles ficam assistindo. Ao longo do episódio até riem juntos algumas vezes, sem querer, e logo param constrangidos. Quando termina o capítulo, Pedro a chama, mas ela finge não escutar.
- Você pode parar com isso só essa noite, antes de eu ir embora?!
Após um momento, mamãe suspira e o encara com olhar de desdém.
- Só quero saber se você entendeu, o que eu expliquei aquele dia - Pedro diz. - Que não teve deboche de você em momento algum.
- Se não era deboche, era o que, então? E você e sua irmã se agarrando a semana toda, também não foi gozação comigo?
Pedro respira fundo.
- Na verdade mãe... agora não tem por que eu esconder nada... antes mesmo de sentir algo pela Camila, eu tive atração por você algumas vezes… e após contar isso para a Amanda, ela nos convenceu que você também sentia algo... Não estou tentando me vitimizar, já admiti minha culpa várias vezes.
- Desculpa, mas eu não consigo acreditar... – mamãe rebate. - Mesmo que eu não fosse sua mãe, por que um jovem na flor da idade como você sentiria atração por uma velha como eu?! Nem os velhos me querem… - mamãe olha dispersa para baixo. Ela fez o comentário final em um tom mais baixo, como se falasse consigo mesma, e penso que teve a ver com o que rolou antes dela chegar em casa.
- Mãe, você não é velha, de jeito nenhum! Não tem nem 40 anos, e aparenta ser muito mais jovem... Na realidade, você é a mulher mais linda que eu conheço! Seu corpo, seu rosto, tudo é perfeito. E não tem por que eu mentir quando já não tenho mais nada a perder.
- Obrigada, você é muito lisonjeiro... – ela responde desconcertada e muito corada. – Mas eu ainda estou bastante chateada com vocês, independente se riram de mim ou não. Me sinto uma boba por vocês terem lido todas as minhas mensagens particulares com Amanda sem me dizer nada. De me verem dizer que usei aquelas fotos, enquanto vocês sabiam o tempo todo que eram suas...
Pedro emudece.
- Mas mãe sempre perdoa... - ela conclui após um suspiro.
- Obrigado, mãe... – Pedro se aproxima e estica os braços na direção dela de maneira receosa, esperando autorização para um abraço. Após certa hesitação, ela permite e o abraça também.
- De toda forma, essa viagem será boa para você. Para nósPor que ‘para nós dois’ mãe?
- Porque… porque nós já fomos longe demais nessa história toda. E se continuar assim, não quero nem imaginar… - ela é sincera demais, talvez pelo álcool, talvez pela proximidade da saída do Pedro de casa.
- Mas mãe, você confessou para a Amanda... que gostou do meu beijo, e que se excitou quando tocou no meu pênis aquela noite... E você sabe que eu também adorei...
- Pedro, não começa. Não me faça me arrepender de ter conversado com você.
- Tudo bem, mãe, esquece. Fico feliz que pelo menos eu saio daqui com tudo esclarecido com você.
Após um tempo em silêncio, ele retoma a palavra:
- Mãe, posso fazer uma pergunta? Você está saindo com alguém?
- Por quê...?
- Bom, você tem saído à noite. E não é com a Amanda, então imaginei…
- Tudo bem, estou sim... Com seu professor de matemática, Maurício.
Pedro faz uma expressão de desdém.
- E saiu com ele hoje? Parece que voltou meio chateada…
- Não vou falar sobre isso com você – ela replica com rispidez.
- Tudo bem, tudo bem...! – ele levanta as mãos. – Mas se aquele velho não está dando valor a uma deusa como a senhora, ele não te merece. Você é muito areia para o caminhãozinho dele.
Mamãe engole em seco e joga o cabelo para o outro lado do pescoço.
Com isso, assistem mais um episódio calados, tirando algumas reações e risadas. Quando acaba, Pedro se levanta.
- Mãe, acho que já vou dormir. Amanhã não precisa acordar para me levar na rodoviária, pegarei um Uber. Apesar da viagem, quero agradecer por tudo que você faz por nós e perdão mais uma vez pelo que aconteceu. E tente se entender com a Camila.
- Tá bom, filho – ela diz, de forma amorosa. Ele se senta ao seu lado e a abraça novamente. Ainda parcialmente abraçados, ele diz:
- Mãe, posso fazer apenas um último pedido para a senhora, antes de ir embora? Poderia me dar um beijo de despedida? Um selinho?
- Pedro, você sabe que não... - ela se vira para trás, olhando o corredor onde ficam os quartos. Tremo quando vejo a cabeça dela se projetar acima de mim no sofá. Me encolho instintivamente. Pedro a interrompe para salvar minha pele:
- Se é isso que te preocupa, a Mila está dormindo e o ventilador dela está ligado, ela não vai nos ouvir. Por favor mãe, daqui algumas horas eu ficarei seis meses fora, e a senhora nunca me deixou ficar nem três dias longe...! – ele pega nas mãos dela e ergue um olhar de cachorro que caiu do caminhão de mudança.
Fico surpresa com a demora dela para responder. Observo os dois sem muita nitidez pelo reflexo do vidro da cristaleira, que fica à direita do sofá.
- Não sei… - ela diz por fim.
- Eu beijo tão mal assim...? – ele comenta.
- Não filho, você sabe muito bem que seu beijo foi maravilhoso…, mas você não acha que isso só piorará as coisas...?
Meu Deus. Suo frio do meu esconderijo. Não esperava que as coisas iriam por esse lado aos 45 do segundo tempo.
- Não, mãe...! Se eu tiver pelo menos essa última lembrança, acho que conseguirei suportar melhor a distância de casa...! Eu juro que, se você topar, eu não piso aqui por muito tempo...
- Bobo! – ela ri. - Bom, mas é só um selinho...!
Recados: Capítulo novo na próxima semana. E outro capítulo bônus (além desse) se a vaquinha bater a meta até domingo - 12h. 💫
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