Passei a não me importar mais com nada ao redor, estava ali com a minha amada, minha mulher ali me beijando. E para melhorar a situação, aquele peso desde o acontecido, praticamente não existia mais.
Mas claro que havia dúvidas na minha cabeça. Por exemplo, por que Mônica acabou por me perdoar tão facilmente depois do que aconteceu? Para ser sincero isso eram coisas que eu nem queria pensar no momento, apenas beijar a minha mulher e aproveitar para matar a saudade daquele beijo daquele corpo. Porém comecei a notar coisas diferentes no comportamento de Mônica, ela parecia mais... fogosa.
— Tá com muito tesão, é?
— Eu tô. Com saudades do meu gostoso. — Ela disse.
Ela rapidamente pulou no meu colo e assim sentou se encaixando em cima do meu volume, começando assim a rebolar.
Ela ficou ali me beijando enquanto tirou a minha camisa e começou a passear sua língua pelo meu corpo. Podia sentir a língua quente dela passeando pela minha barriga enquanto Ela Foi distribuindo beijos até chegar na minha calça. Logo ela deu um pulo e saiu de cima de mim, e sem perder tempo colocou minha calça pra baixo, juntamente com a minha cueca.
— Já vai chupar? — Perguntei.
— Não só chupar. — Ela disse. — Vou é mamar muito essa pica. Deve ta cheia de saudades.
Eu não podia negar, estava com muito tesão pois o beijo dela estava mais fogoso, completamente diferente. Claro que o meu pau saltou para fora com uma violência, ele estava completamente duro na frente dela enquanto ela pegou com a sua mão e começou a movimentar os dedos, batendo uma punheta gostosa, enquanto abocanhava as minhas bolas — E também, o meu pau, completamente.
Não quis saber de muita coisa, apenas estava curtindo o momento e principalmente aquela chupada gostosa dela. Mônica estava ali mamando bem gostoso a minha pica, alternando junto com as minhas bolas enquanto arranhava me a coxa. Eu fui levar meus dedos para puxar os fios de cabelo dela e ela simplesmente tirou os dedos dali, disse que por enquanto ela que iria aproveitar.
— Hum, amor, acho que eu sei o que você quer. — Ela disse.
Depois de deixar o meu pau todo babado, Ela Foi e tirou a sua roupa deixando seus pequenos seios pra fora. Ela então ficou esfregando seus seios em mim, e assim fiquei sentindo os biquinhos duros se esfregando no meu pau enquanto passei a gemer gostoso.
Ela Foi encaixando o meu pau entre seus pequenos peitos e ficou esfregando ele ali. Ela acabou deixando cair um fio de saliva, e assim começou a esfregar seus seios enquanto ficava dando línguadas na cabecinha da pica. Depois de deixar o meu pau todo babado, ela se levantou e tirou o restante da roupa. Como ela estava linda, estava maravilhosa. Porém notei algo próximo da bunda dela.
— Ué, mas como isso foi parar ai?
— A tatuagem? — Ela respondeu, e sim, estava me referindo a tatuagem que ela tinha agora na bunda. Um diabinho. Ela não tinha tatuagens antes.
— Gostou? Fiz no meu segundo dia. — Ela tornou a falar.
— Mas você disse que não gostava. — Comentei.
— Bom, a gente muda de ideia, além do mais, eu achei ela linda. Imagina essa bunda rebolando pra você? — Ela sorriu, e logo me puxou.
— E pra onde vai?
— Pra cama. Se for me comer, faz de quatro. Me sinto mais confortável assim.
Me carregando no braço acabamos indo para a cama. Mas confesso que estava indo com mais dúvidas do que certezas, a tatuagem foi esquisita mas justificável, mas e essa história de dar pra mim? Eu então acabei indo até ela, e assim que entramos no meu quarto eu a vejo se ajoelhar na cama e assim se preparando para ficar na posição que falou.
— Amor, você tem certeza que você quer isso? — Perguntei.
— Claro que sim amor, todo esse tempo viajando foi para ter certeza de que não podemos mais continuar sexualmente como estamos.
— Você sabe que isso não é um problema. Eu quero que tenha certeza do que quer.
— Seu bobo. Já falamos sobre. Eu não quero perder a virgindade, mas tem outra coisa que eu quero dar pra você agora.
Ela então levou uma de suas mãos até seu rabo, abrindo a sua bunda e deixando exposto o seu cuzinho. Era um cuzinho todo rosa, lindo. Eu comecei a me aproximar ela pediu para que babasse naquele cuzinho para facilitar a penetração.
Claro que caí de boca, e comecei a sugar e chupara aquele cuzinho gostoso. Fui passando a língua, lambendo aquele anel, que ficava piscando na minha boca. Ela ficava ali, rebolando.
— Para quem é virgem você tá sabendo o bastante coisa hein? — Falei, ao deixar a boca escapar.
— Claro né amor... — Ela então falou pausadamente. — Eu disse para você que eu iria me preparar para esse momento. Quero ser muito gostosa para você.
Ela então empinava bem aquela bunda. Mirava o cuzinho pra mim — E implorava pela pica.
— Vai amor, me come. Deixa eu sentir seu pau...
Foi então que fui colocando a cabecinha depois de deixar o cuzinho dela bem babado.
— Ai amor. — Ela disse, sentindo um pouco de dor no começo.
— Está doendo? — Perguntei.
— Sim, mas soca, vai. Eu aguento.
Porém o mais incrível foi que a dor, em pouco tempo deu lugar a uma sensação de felicidade. Mônica começou a rebolar sua bunda na minha pica, jogando o seu cuzinho gostoso contra mim. Ela apoiava as mãos na cama, praticamente as jogando sob os lençois, enquanto dava aquele cuzinho apertado.
Aquele cuzinho era sim, muito apertado, estava uma delícia meter nele. Eu estava ali metendo gostoso, enquanto ela jogava sua bunda e fazia seu cu enterrar meu pau.
— Porra, ta gostoso pra caralho...
Passei a meter mais forte, quando eu segurei a bunda dela ela me pediu para bater.
— Vai, seu puto, surra a minha bundinha.
Então a bater mais forte na bunda dela, enquanto eu fui enterrando o cuzinho.
— Ai, tá ardendo mas eu adoro assim!
Mônica foi falando algumas coisas que na hora eu não levei a sério. Fui ali metendo gostoso no cuzinho dela, e quando estava perto de gozar ela mandou tirar. Colocou meu pau encostado na coxa dela, próximo à virilha e mandou eu gozar ali. Ela se deitou e eu fiquei esfregando meu pau no lado da virilha dela, onde assim comecei a gozar. Jorrei muita porra, que acabou sujando parte do lençol.
Pensei que Mônica iria pedir descanso, mas ela já me puxou para me beijar enquanto pediu para que eu comesse o cuzinho dela de novo.
— Quero mais, amor. Me come. Quero ficar toda arrombada.
Passei então a voltar a comer, agora na posição papai e mamãe. Daquele jeito o cuzinho dela ficava mais apertado, e podia sentir um pouco de incômodo por parte dela, mas por algum motivo ela não pediu para parar.
— Eu vou gozar na bucetinha, amor!
Continuei comendo ela assim até gozar, porém dessa vez ela mandou gozar dentro.
Parti então para sua bucetinha, onde ela mandou eu lamber. Fiquei ali lambendo os lábios da bucetinha e pude comprovar que ela ainda tinha seu cabacinho. Um alívio grande tomou conta de mim, percebi no fim das contas que eu não passava de um idiota em ter desconfiado que ela poderia ter dado para alguém naquele passeio.
Depois acabamos indo tomar banho. O sexo foi tão gostoso que tirou nossa energia E acabamos indo dormir juntos.
A luz da manhã se infiltrava pelas frestas da cortina, delicada, suave, como se respeitasse o silêncio sagrado daquela manhã depois da tempestade que foi a noite anterior. E que tempestade.
Abri os olhos devagar, ainda com o corpo relaxado e a mente flutuando nas lembranças recentes. O lençol estava meio bagunçado, o travesseiro ao meu lado vazio. Estiquei a mão por reflexo, procurando por ela, e sorri sozinho ao perceber que Mônica já havia se levantado.
Levei alguns minutos pra reunir coragem e sair da cama. O cheiro de chá e pão torrado chegou até mim antes mesmo de abrir a porta do quarto. Era acolhedor, quase doméstico. No espelho do banheiro, ainda meio amassado de sono, me olhei e dei uma risada baixa — parecia que eu tinha corrido uma maratona. Escovei os dentes devagar, ainda me perguntando como é que uma menina como ela conseguia me virar do avesso com tão pouco.
Quando saí, encontrei a mesa posta com um capricho que só podia ter vindo dela. Chá fumegante, torradas douradas, geleia artesanal, manteiga, uma saladinha de frutas cortada com perfeição. E ela ali, de costas pra mim, ajeitando algo nos pratos. Estava de moletom, o cabelo solto com leves ondas das horas de sono, e ainda assim… parecia uma pintura.
— Bom dia, dorminhoco — disse ela, me olhando por cima do ombro, com aquele sorriso que fazia o tempo parar.
— Bom dia, minha chef particular — brinquei, me aproximando.
Ela virou-se devagar e, antes que eu pudesse puxar a cadeira, veio até mim. Me deu um beijo leve, mas cheio de significado, e depois me fitou com aqueles olhos que sempre escondem mais do que mostram. Ficou me olhando em silêncio por um tempo, como se estivesse tentando decorar o contorno do meu rosto, ou talvez gravar o instante.
— Nossa, que saudades de comer um café da manhãgostoso. — Comentei.
— Mesmo? — Ela disse, dando uma risada em seguida. — Mas por que, meu amô?
— Porque o Rafael cozinha mal pra caralho. — Comentei, dando uma gostosa risada.
— Eita! — Ela riu, também. Mas pareceu sem graça. Logo, mudou o assunto.
— E aí… — ela começou, num tom quase provocativo. — O que você achou da noite passada?
Sorri de canto, puxando a cadeira e me sentando.
— Mônica… sinceramente, acho que nunca vivi uma noite tão intensa quanto aquela. Você parecia outra pessoa. Como se estivesse… faminta. Cheia de vontade. — A encarei. — Tava toda gostosa. Isso tudo foi saudade, ou o que?
Ela hesitou por um segundo. O olhar dela desviou pro chá, depois pra janela, e por fim voltou pra mim. Um sorriso suave, quase triste, surgiu em seus lábios.
— Só estava com saudades, Pedro. Muita saudade.
— Eu também estava com saudades, meu amor. — Fui até ela, e dei um selinho em sua boca. Logo, fomos tomar nosso café. Em paz.
Ela sentou à minha frente, me serviu um pouco de chá, como se quisesse mudar de assunto com gestos ao invés de palavras. E eu respeitei. Aquela manhã era dela, e o silêncio entre nós, por mais que dissesse muito, não precisava ser quebrado à força.
— Está uma delícia isso aqui — comentei, tentando trazer leveza. — Você acordou cedo só pra preparar tudo isso?
Ela riu, sincera dessa vez.
— Acordei com fome. Literalmente. — E piscou pra mim.
Rimos juntos. Mas lá no fundo, enquanto tomávamos nosso chá e mordiscávamos frutas, eu sabia que algo nela ainda estava distante. Como uma carta que não chegou ao destino, mas que deixou vestígios no caminho.
— Sabe, amor, tem uma coisa que gostaria de conversar contigo depois.
— Pode ser agora se quiser, Pedro. Sabe que não gosto de ficar curiosa! — Ela comentou, fazendo um bico.
— Depois, amor.
Depois do café da manhã que ela preparou – leve, carinhoso, como só ela saberia fazer – nos largamos no sofá da sala. A TV ligada em algum programa qualquer, que nenhum de nós prestava atenção de verdade. Eu só conseguia observar o jeito como ela se encostava em mim, meio deitada, com as pernas jogadas sobre as minhas. Ela não ia pra faculdade hoje. Nem amanhã, nem depois.
Disse que estava com tudo adiantado e queria aproveitar mais tempo comigo. Confesso que meu coração deu um salto com isso. Mônica sempre foi muito dedicada, então pra ela faltar aula assim... só podia ser saudade mesmo.
Passei a mão devagar pelos cabelos dela e falei, meio sem jeito, mas com o coração firme:
— Mô… você já pensou na gente morando juntos?
Senti ela parar os movimentos por um segundo, e então erguer o rosto. Os olhos dela me encararam com aquela mistura de surpresa e doçura que sempre me desmonta.
— Morando juntos? Tipo… morar mesmo?
Eu sorri, acariciando de leve a bochecha dela.
— É. A gente já tá junto faz um tempo, seus pais gostam de mim, os meus adoram você… E, sei lá, acho que a gente combina, se entende. Eu pensei que talvez fosse hora de dar esse próximo passo.
Ela se ajeitou no meu colo, me olhando de um jeito que parecia querer guardar cada palavra minha. O brilho nos olhos dela crescia, e eu senti meu peito apertar, como se estivesse prestes a ouvir o “sim” mais importante da vida.
— Eu… eu adoro essa ideia. — Ela sorriu. — De verdade. Sempre imaginei isso, mas achava que podia ser cedo demais. Mas agora... parece tão certo, tão natural.
Peguei a mão dela e dei um beijo leve.
— Então… o que você acha da gente fazer isso nas suas férias? Assim você tem tempo pra conversar com seus pais, separar suas coisas com calma... e a gente vai preparando tudo.
— Sim! — ela respondeu, com tanta empolgação que nem esperou eu terminar. — Sim, nas férias! Vai ser perfeito. Vai ser o nosso começo.
Ela se deitou de novo sobre mim, apertando o abraço com força. Mônica parecia completa naquele momento, mas por qual motivo, eu sentia que tinha algo mais faltando? Tinha alguma coisa errada — Ou fora do lugar.
Acariciei devagar os fios do cabelo dela enquanto o tempo parecia passar mais devagar.
Foi então que, sem muita cerimônia, soltei:
— Amor... Eu preciso te perguntar, aconteceu alguma coisa naquela viagem pra São Paulo?
Ela virou o rosto pra mim na hora, meio surpresa. Franziu as sobrancelhas e fez uma expressão entre curiosa e desconfiada.
— Por quê? — perguntou. — O que... Deseja saber?
— Porque uma amiga sua, a... — Pausei, tentando lembrar seu nome, que veio em seguida. — Elisa, me adicionou no Facebook. Eu aceitei por educação, claro, já que vocês são amigas, mas achei estranho. Nunca falei com ela.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos. Pegou uma mecha do próprio cabelo e começou a enrolar no dedo, olhando pro canto da sala como se buscasse uma resposta entre as paredes.
— A gente não é tããão amiga assim — disse enfim, num tom arrastado.
— Mas como não? Você foi até no aniversário dela?
— Eu sou mais próxima da Vanessa e da Isa. A Elisa é... conhecida. Mas enfim, o que ela quer com você?
— Não sei — respondi, dando de ombros. — Mandei um “oi”, perguntando o que ela queria, e ela nem respondeu. Só achei curioso.
Ela deu um risinho contido, meio forçado, e balançou a cabeça.
— Pedro, eu não gosto muito disso, dela vindo falar com você. — Ela pareceu me apertar mais ainda. — Ela namora, e fica dando trela para outros homens, eu aposto que ela acha que pode tirar casquinha com você.
— Tá com ciúmes é? — Perguntei.
— Estou. — Ela disparou. Achei fofo. Mas eu não deixei passar tão fácil. Joguei verde.
— Eu sei que ela namora. Eu vi o namorado dela no facebook, mas também vi umas fotos dela com um sujeito que poderia ser até pai de vocês, ou um irmão mais velho. Tem até cabelo grisalho.
— Ah... — Ela tentou disfarçar. Continuei.
— Mas tem mais, tem uma foto que você aparece toda abraçada com ele. E ai eu te pergunto, quem é ele?
Ela parou. O cabelo agora entre os dedos ficou imóvel. Os olhos continuavam voltados pro canto, como se fugissem dos meus. Depois soltou um suspiro leve e falou:
— Ah Pedro, você ta falando do Vítor? Ele é um veterinário, formado na USP, da aulas lá e também foi instrutor da nossa viagem. A gente conheceu ele durante a visita ao laboratório. Ele chegou a passear com a Elisa, a mim e as meninas, mas foi por pouco tempo. Te juro. — Ela olhou pra mim e sorriu. — Você sabe que eu sou sua, né?
Ela estendeu a mão e apertou a minha, tentando suavizar o clima. E antes que eu pudesse insistir no assunto, ela mudou completamente de direção.
— Mas e você? Me conta como foi essa semana. Deve ter tido um monte de pepino no trabalho, né? Fora o que me contou.
Aquela mudança brusca me fez entender: ela estava desconversando. Mas decidi não forçar. Ainda não. Algo dentro de mim dizia que se eu pressionasse, ela se fecharia. E parte de mim queria acreditar que não tinha sido nada. Pelo menos o nome do sujeito eu já tinha.
Suspirei e resolvi seguir o fluxo.
— Foi corrida. Tive dois relatórios técnicos gigantes pra entregar, e o cliente novo da consultoria é um pé no saco. Exigente, detalhista, e ainda por cima fala cuspindo. — Ela riu. — Mas no fim das contas deu tudo certo. E você? Me conta mais da sua viagem. Aposto que amou a USP.
Os olhos dela brilharam com o assunto. A tensão se dissolveu num segundo.
— Pedro... foi incrível. A gente visitou o hospital veterinário, viu cirurgias sendo feitas... eu fiquei toda arrepiada. Vi um laboratório de reprodução animal que tem um sistema de acompanhamento por câmeras 24h. E os professores de lá... nossa, super acessíveis. Me deu até vontade de tentar uma transferência.
— Morar em São Paulo? — Perguntei.
— Hahaha, te peguei, né? Nah, eu to brincando. Gosto de onde eu moro. Tenho você. Deixa eu continuar.
Ela continuou animada:
— E a gente também foi no MASP! Foi eu, e todas as meninas. Você ia amar, amor. As obras são muito impactantes. Eu fiquei parada em frente a um quadro de uma mulher com olhos tristes por, sei lá, uns cinco minutos. Me lembrou as expressões que eu vejo nos animais doentes.
— Profundo isso — falei, achando lindo o jeito como ela via o mundo.
— E... bom, teve uma noite que a gente saiu pra uma balada. Nada demais! Só música, dança, e eu morrendo de saudade de você.
Ela sorriu, mas baixou os olhos por um instante. Aquele segundo de hesitação voltou a me cutucar por dentro.
Mas ela logo se inclinou e me deu um beijo no pescoço, sussurrando:
— Fico tão feliz de estar aqui com você. Me faz bem.
Ela estava deitada sobre mim, a cabeça repousando no meu peito, como se fosse o lugar mais seguro do mundo. O silêncio entre nós era confortável, daqueles que não exigem palavras, só presença. Mas percebi quando ela mexeu levemente a cabeça, pensativa.
— Amor… — a voz dela saiu mansa, quase tímida. — Quem é exatamente o Rafael? Aquele que a gente encontrou mais cedo… vocês parecem bem próximos.
Sorri, passando a mão de leve pelos cabelos dela.
— Um amigo que fiz na sua ausência, bacana ele né?
— Sim. — Ela comentou. — E como se conheceram, eu nunca vi ele aqui.
— Acredita que conheci ele num jogo de futebol society? — comecei. — Foi logo no dia seguinte que você viajou com a sua turma da faculdade pra São Paulo. Um amigo em comum me chamou, e ele tava lá. Depois rolou um churrasco, e cara… a gente bateu uma sintonia absurda.
Ela levantou um pouco a cabeça, apoiando o queixo no meu peito pra me encarar. Eu continuei:
— Sabe aquele tipo de pessoa que parece que você conhece há anos? A gente se entendeu de cara. Piadas parecidas, gostos parecidos, visões parecidas sobre umas paradas da vida… Desde então, ele virou figurinha carimbada por aqui.
— Figura carimbada mesmo né? — Ela franziu a sombrancelha. — Trouxe até uma sirigaita pra cá.
— Ele foi embora por isso mesmo. Sentiu que não devia, ficou mal pelo que aconteceu.
— Ah, mas você e ele podem ficar de boa sabe? — Ela se levantou e deu um selinho na minha boca. — Você acha que eu iria acabar com nossa história por causa de um desvio seu? Somos maiores que isso.
— Você ta demonstrando uma maturidade que até eu me assustei. Você não era assim, Mônica.
Mônica assentiu, pensativa, e seus olhos brilharam um pouco. Era sutil, mas eu conheço aquele olhar. Curiosidade com uma pitada de fascínio.
—Eu acho que ta na hora de crescer um pouco, né? — Ela respondeu.
— Enfim... Foi assim que conheci ele.
— Ele parece gente boa mesmo. Ia ser legal trocar uma ideia com ele… nós três — ela disse, voltando a se deitar em meu ombro, o acariciando.
— Vai gostar dele, com certeza. Só não quero muita proximidade não, hein? — brinquei, rindo.
Ela soltou um riso leve, um tanto nervoso. Se ajeitou no meu colo e perguntou:
— E ele é casado? Ele tá namorando? Ta traindo alguém com essas sirigaitas ai?
— Que nada — respondi. — Ele é bicho solto do mato, como ele mesmo diz. Já te contei aquela história dele com uma mulher casada?
Ela arregalou os olhos, mas disfarçou rápido.
— Contou sim — ela murmurou, quase como se pensasse alto. — A puta.
— Ele ficou todo preocupado comigo, pensando que você tivesse aprontando no passeio.
Ela fechou um pouco a cara, mas depois tentou disfarçar. Me respondeu.
— Quem aprontou aqui foi você, né gato?
— Você realmente me perdoou? — perguntei.
— hahaha, desculpa— Ela riu. — Eu tô só tirando com a sua cara.
— Mas perdoa ele. — Comentei. — Ele tem problemas com isso, a pessoa que ele amava, traiu ele nos tempos da faculdade dela. Homem com trauma é fogo.
Nesse instante, o celular dela vibrou no bolso de trás da calça jeans. Ela se mexeu pra pegar, sem sair de cima de mim. Olhou a tela, leu a mensagem, e imediatamente bloqueou o telefone de novo. Os olhos dela voltaram a mim, como se nada tivesse acontecido.
— Quem era? — perguntei, curioso.
— Já tão perguntando de mim — ela disse, dando de ombros. — Faltando aula, né? Pessoal se preocupa.
Eu apenas concordei com a cabeça, mas não deixei de notar o jeito como ela desconversou rápido demais. Havia algo nos olhos dela… não era só saudade, nem só carinho. Era como se um pedaço dela estivesse ali comigo, e outro estivesse… em algum outro lugar. E eu só não sabia onde ainda.
Duas horas se passaram desde que a gente se ajeitou no sofá, entre carinhos, beijos e conversas soltas. Mônica parecia mais tranquila, mais leve. A sombra que vi nos olhos dela antes tinha se dissipado, ao menos por agora.
Ela se levantou devagar, ainda com aquele jeito doce de quem não quer ir embora. Arrumou o cabelo na frente do espelho da sala, pegou a mochila e se virou pra mim com um sorriso de canto, daqueles que dizem mais do que qualquer palavra.
— Eu vou pra casa — disse. — Meus pais devem estar doidos pra saber como foi a viagem, e eu… queria conversar com eles também. Dizer que tô bem.
Assenti com a cabeça, mesmo não querendo que ela fosse. Levantei, fui até ela e a abracei com força. Ela me olhou nos olhos, e naquele instante, tudo parecia fazer sentido.
— Vai com calma — falei, segurando seu rosto. — Me avisa quando chegar, tá?
— Pode deixar. Eu te amo, Pedro.
Nos beijamos ali, no meio da sala. Foi um beijo calmo, mas cheio de amor. Havia ternura nos lábios dela, mas também uma chama, um desejo que ela não escondia mais. Ela se afastou devagar, como se cada passo fosse difícil de dar.
— Eu também te amo, Mônica.
Fiquei parado na porta, observando enquanto ela descia as escadas do prédio. Quando desapareceu da minha vista, fechei a porta e soltei o ar num sorriso bobo. Eu estava leve. Radiante. Com a cabeça cheia de planos e o coração cheio dela.
Fui até a cozinha, peguei um copo d’água. Ainda pensava no nosso beijo quando meu celular vibrou.
Olhei a tela.
Notificação do Facebook.
Uma solicitação de mensagem.
Elisa.
Fiquei olhando praquilo por uns segundos. Elisa? A amiga da Mônica?
Cliquei.
Elisa:
Oi 😊
Demorei uns segundos pra responder. Abri o perfil dela antes. Era mesmo ela — a garota das fotos com Mônica na viagem.
Respirei fundo e respondi.
Eu:
Oi… tudo bem?
Eu:
Algo que eu possa te ajudar?
Demorou só um pouco, e ela respondeu de novo.
Elisa:
Na verdade… nada demais 😅 É que a Mônica não parava de falar de você lá na viagem. Fiquei curiosa. Resolvi adicionar… fiz mal?
Li a mensagem duas vezes.
Eu:
Ah, entendi… tranquilo então. Não, não fez mal, só achei inesperado mesmo.
Eu:
Se for só isso, tá de boa.
Fechei o chat e deixei o celular de lado.
Dois minutos depois…
Ping.
Ping. Ping. Ping.
Voltei a olhar.
Elisa curtiu sua foto. Elisa curtiu sua outra foto. Elisa reagiu com 😍 em uma foto com Mônica. Elisa curtiu uma foto de dois anos atrás.
Franzi a testa.
— Ué… — murmurei.
Era só curiosidade mesmo… ou tinha alguma outra coisa ali?
Fiquei ali uns minutos encarando a tela do celular, vendo as curtidas da Elisa subindo uma atrás da outra. Dei uma risada sem graça, balançando a cabeça.
— Tá, né…
Não fazia sentido alimentar conversa. Nem tinha clima pra isso. Deixei quieto, fechei o aplicativo e fui cuidar da vida. Tinha que preparar a marmita pro dia seguinte e revisar uns documentos que o chefe pediu — o mundo real me puxava de volta rapidinho.
A noite passou sem mais nenhuma novidade, e dormi até bem.
Na manhã seguinte, fui acordado por uma vibração já familiar. Peguei o celular meio sonolento, mas meu rosto se iluminou de imediato ao ver a notificação do WhatsApp.
Mônica ❤️:
Bom dia, amor! ☀️💛
Hoje eu passo aí mais tarde, tudo bem? Quero te esperar quando voltar do trabalho 😚
Sorri sozinho, sentindo o coração aquecer.
Eu:
Bom dia, minha linda. Pode sim, vou adorar voltar pra casa e te ver aqui.
Guardei o celular no bolso e fui direto pro banho. O dia seria puxado. Hoje eu ia trabalhar em campo, na unidade da Petrobras.
Nada de ar-condicionado ou reuniões — o que me esperava era poeira, sol na cara e muita análise em área de risco. Mas, sinceramente, eu gostava desses dias. Era quando me sentia mais engenheiro, mais útil. Ver o mundo real, sujar as botas e tomar decisões ali, no calor da operação, tinha algo de gratificante.
Enquanto dirigia até lá, pensei brevemente em Elisa. Não respondi mais, nem abri o chat. Parecia melhor assim. Não ia alimentar confusão onde não existia. Mas uma pulga pequenininha ficou ali atrás da orelha… algo na forma como ela chegou, meio sorrateira, ainda me incomodava.
Mas tudo bem. Hoje o foco era outro.
E mais tarde, teria Mônica me esperando em casa — e só isso já fazia o dia valer a pena.